Por Euler de França Belém

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Elia Kazan pode ter delatado comunistas, mas vai ficar como grande diretor de cinema. E foi amante de Marilyn Monroe

Stanley Kubrick ousou dizer que Kazan era “o melhor diretor que temos na América, capaz de fazer milagres com os atores que utiliza”

Jornal Opção lança o mais moderno, ágil, interativo e acessível portal de mídia de Goiás

Ao ler na edição online que o Jornal Opção lançaria um moderno e avançado portal, um jornalista, pesquisador na área de história e publicitário escreveu no Facebook: “O que já era bom vai ficar me­lhor”. O profissional tem razão: trata-se de uma, apesar do desgaste da palavra, revolução. Como diz a publicidade do automóvel Sentra, trata-se de outro portal — inteiramente novo. Não se fez uma plástica, uma mera mudança de design. O Jornal Opção está mais ágil, interativo e acessível. O analista de T. I. Hugo Wan­tuil, diretor da empresa Renovatio, o jornalista Carlos Willian, que atuou como consultor, e Patrícia Moraes Machado, diretora-editora do Jornal Opção — defensora da filosofia de que a informação deve ser livre e crítica —, são os principais responsáveis pelo projeto. O objetivo é ampliar aquilo que o Jornal Opção sempre faz bem: apurar e analisar os fatos com o máximo de rigor. Mas não basta isto — é preciso comunicar de maneira mais adequada e rápida com os leitores. O novo projeto facilita a vida dos jornalistas e, sobretudo, dos leitores. Pode-se dizer que o novo projeto é um presente para os leitores. Os que usam tablets e smartphones ficarão surpresos com as novas facilidades. “É um mundo novo, tão novo quanto as tecnologias da Apple e, entre outras, da Samsung”, compara Carlos Willian. Carlos Willian diz que o acesso ao jornal já era fácil — há jornais que nem os assinantes conseguem acessar sem certo esforço —, mas agora ficou muito mais fácil e intuitivo. Os leitores, ao assinarem o jornal — gratuitamente —, terão acesso integral a todas as suas páginas. Eles poderão receber as informações no seu e-mail. Quaisquer novas reportagens — ressalte-se que o Jornal Opção tem uma versão impressa, que é semanal, e uma versão online, que é diária, sempre atualizada e “furando” os jornais diários — serão comunicadas imediatamente, em questão de segundos, aos leitores cadastrados. E, com um click, os leitores poderão encaminhar os textos para as redes sociais. O novo layout do jornal aumenta a visibilidade de todas as reportagens e artigos — o que facilita o acesso, a navegabilidade. Mais do que um site comum, trata-se, de fato, de um portal — similar, guardadas as proporções, a outros grandes portais do País. “Nós usamos a plataforma WordPress, sistema de gerenciamento de conteúdo que também é utilizado pelo maior jornal dos Estados Unidos, o ‘New York Times’, pela CNN e pela revista “Forbes’”, afirma Carlos Willian. “É o que há de mais moderno, interativo e intuitivo.” O Jornal Opção está cada vez mais “cosmopolita e universal”, anota Carlos Willian. “O portal do Jornal Opção é um dos mais modernos do País e, seguramente, é o mais moderno de Goiás, e possivelmente do Centro-Oeste.”

Curi e Amaral foram os deuses do rádio esportivo. Com morte de Luciano do Valle, Galvão Bueno é o último dos moicanos

[caption id="attachment_2584" align="alignleft" width="300"]Jorge Curi e Waldir Amaral: os dois principais narradores esportivos da era de ouro da Rádio Globo. Fotos: Agência O Globo Jorge Curi e Waldir Amaral: os dois principais narradores esportivos da era de ouro da Rádio Globo. Fotos: Agência O Globo[/caption] Entre as décadas de 1960 e 1970, embora o País já estivesse mesmerizado pela televisão, a audiência do rádio esportivo era certamente alta. Nas cidades do interior de Goiás, ao menos até 1970, o rádio, sobretudo a Rádio Globo, era dominante. As pessoas ficavam em volta do rádio, quase sempre um gigante, ouvindo tanto notícias quanto jogos de futebol. Jorge Curi, Waldir Ama­ral, Antônio Porto e José Carlos Araújo eram os craques da narração esportiva. Mario Vianna —“com dois ‘enes’”, frisava — era o comentarista de arbitragem. Sem papas na língua, dizia, se necessário: “Ladrão!” Era empolgante. Jorge Curi, Valdir Amaral, An­tô­nio Porto e José Carlos Araújo (o ú­ni­co vivo) tinham a capacidade de tornar o jogo mais emocionante e, ao mesmo tempo, crível. Eles eram dotados de grande imaginação esportiva e comunicacional. Sabiam pôr o jogo na cabeça do ouvinte. Es­cutando-os, com suas vozes perfeitas — como se fossem cantores líricos —, ficava-se com a impressão de que se estava vendo o jogo e, até, participando dele. O quarteto não gritava — está na moda gritar e ser grosseiro — e falava de maneira cadenciada, com vozes e linguagem precisas. Lembro-me que eu e meus amigos, crianças apaixonadas por futebol — cheguei a ser um atacante de relativa qualidade —, discutíamos com frequência sobre quem era melhor: Jorge Curi ou Waldir Amaral (confira a narração). Quase sempre dava empate. Porque os dois eram mesmo muito bons. Tinham domínio preciso da palavra e entendiam de futebol. Eram apaixonados e racionais. Pode-se dizer que, paralelo ao clássico disputado no campo, havia um clássico disputado no rádio. A Rádio Globo era tão excepcional, com uma cobertura de tão alta qualidade do futebol carioca, que, às vezes, ficava-se com a impressão de que nos outros Estados não havia futebol — exceto em São Paulo, com a Rádio Bandeirantes, onde brilhava Fiori Gigliotti (“Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo”), espécie de Graciliano Ramos da narração esportiva. Em Goiás, é claro, havia torcedores de clubes de São Paulo e Minas Gerais, para ficar em dois exemplos, mas não eram muitos. Eu era torcedor do Pelé Futebol Clube, opa, eu quis dizer Santos. Mas a maioria de meus colegas, dada a intensa cobertura da Rádio Globo, torcia, nesta ordem, para Flamengo — alguns diziam “Framengo” e os maliciosos riam —, Fluminense, Botafogo e Vasco. Aqui e ali, encontravam-se até torcedores do América. Embora o Santos fosse o time de minha devoção, eu torcia também para Flu­minense, Atlético Mineiro e Grêmio — e nem sabia da existência do Goiás, hoje, ao lado do Santos, o time de minha devoção. Vi a Copa de 70, aquela do “Pra Frente, Brasil. Salve a Seleção”, numa televisão preto e branco, na casa de João Borges e Iodete, amigos dos meus pais, na cidade de Porangatu, no Norte de Goiás. A residência foi transformada em cinema, com gente em todos os lugares, até nas janelas. A imagem não era perfeita — os “chuviscos” misturavam-se aos jogadores e à bola. Mesmo assim, era um avanço e todos nós, adultos e crianças, estavámos muito interessados, embora, às vezes, eu me lembrasse do “radião” da nossa casa e, sobretudo, das vozes encantadoras de Jorge Curi e Waldir Amaral — cada um narrava um tempo do jogo. Li, na revista “Exame”, que Walterci de Melo, o sócio do La­boratório Teuto, começou a vida vendendo telas de vidro para colocar na frente das televisões. As telas retiravam o brilho excessivo e reduziam os “chuviscos”, deixando a imagem eventualmente mais nítida. Mas, em 1970, Melo ainda era um jovem e não mascateava pelas cidades do interior. Con­tentávamo-nos, então, com as tevês brilhantes. Mais tarde, com a televisão em cores, a imagem melhorou e o rádio, com seus fantásticos narradores esportivos, foi sendo esquecido ou pelo menos perdeu prestígio. [caption id="attachment_2586" align="alignleft" width="300"]Luciano do Valle e Galvão Bueno: na televisão, os dois substituíram as estrelas do rádio esportivo, com certa competência mas sem muito brilho. Fotos: Divulgação/ESPN e ESPORTV Luciano do Valle e Galvão Bueno: na televisão, os dois substituíram as estrelas do rádio esportivo, com certa competência mas sem muito brilho. Fotos: Divulgação/ESPN e ESPORTV[/caption] Os narradores do rádio permanecem, alguns são muito bons, como Edson Rodrigues e Oscar Ulisses Santos, mas perderam a hegemonia para os narradores de televisão, como Luciano do Valle, Silvio Luiz, Galvão Bueno, Osmar Santos (criativo, mas, por problemas de saúde, fora do mercado), Cleber Machado e Milton Leite. Durante anos, na Globo e. depois, na Bandeirantes, Luciano do Valle foi a estrela. Luciano do Valle, que morreu na semana passada aos 66 anos, era articulado, bem informado e narrava tão bem quanto comentava. Nos últimos anos, havia perdido um pouco o vigor. Tanto que “perdeu” o posto de principal narrador para Galvão Bueno. Este não é superior. Mas, como a Globo transmite os principais jogos do país, deixando as quirelas para as outras emissoras, como a Band, Galvão Bueno firmou-se como “o” narrador. Ao contrário do que sugerem alguns críticos, Galvão Bueno é um narrador competente, entende de futebol e tem noção exata do que é o meio televisão. O que lhe falta às vezes é capacidade analítica, discernimento crítico. Quanto à passionalidade, não há o que criticar, pois futebol é como o amor: exige paixão — ainda que, diferentemente do amor, exija, mais do narrador e do comentarista do que do torcedor, certo distanciamento para comparar e julgar as ações de jogadores, técnicos e árbitros com mais equilíbrio. Galvão Bueno quer ser um narrador-comentarista, o que não é. Sobretudo, é narrador, e dos bons. Foi um dos primeiros a entender que a narração da televisão não pode ser idêntica à do rádio e, portanto, precisa ser mais cadenciada e menos emocional — sem deixar de ser vibrante. Ele é mais detestado, especialmente por intelectuais, menos por si e mais por simbolizar a TV Globo. Com a morte de Luciano do Valle, e com Galvão Bueno, o último dos moicanos, prestes a se aposentar, a narração esportiva começa a ficar cada vez mais técnica e didática. Está mais próxima de Parreira e Felipão do que de Telê Santana e Muricy Ramalho. Não há mais narradores-criadores, como Osmar Santos. Galvão Bueno talvez seja o último da estirpe. Os narradores jovens são mais “assépticos” e menos assertivos — o que, a rigor, não é defeito, e sim sinal de que entenderam os novos tempos. Eles se firmam como filhos da era da técnica, com a emoção mais controlada pela razão. Sempre vai aparecer um Neto e um Milton Neves, no campo do comentário esportivo, mas o estilo deles, passional e agressivo, está em decadência e sem nenhuma elegância.

Revista Cult cria seção de tradução de poesia inédita e começa com Emily Dickinson recriada por Augusto de Campos

[caption id="attachment_2582" align="alignleft" width="300"]Emily Dickinson: a Walt Whitman de saia dos Estados Unidos. Foto: Wikipedia Emily Dickinson: a Walt Whitman de saia dos Estados Unidos. Foto: Wikipedia[/caption] A “Cult” criou uma seção, “Torre de Babel”, para publicar traduções de poesias inéditas. Augusto de Campos inaugura a página com tradução de uma poesia de Emily Dickinson. O poeta pós-concretista captura bem o trabalho da poeta americana. Apesar de se apresentar como tradutor transcriativo, é bastante fiel ao conteúdo e à forma do poema da Walt Whitman de saia da América — inclusive no uso de sua pontuação estranha, com travessões que, digamos, “falam”, “cortam” e “acrescentam”. Mais: o travessão, se pontua, se cria uma pausa, não fecha necessariamente a questão, sugerindo mais continuidade, aberturas. Augusto de Campos, excelente no campo da tradução, é fiel também ao uso às vezes idiossincrático de maiúsculas, típico de la Dickinson, poeta do século 19 que parece ter escrito ontem, de tão vivaz e atual. As maiúsculas sugerem palavras que se tornam “sujeitos”? Talvez. A iniciativa da revista é excelente e espera-se que faça como a “Folha de S. Paulo”, que, depois de publicar poesias de vários autores no extinto suplemento “Folhetim”, reuniu-as e publicou um livro. A minha Vida era uma — Arma — À Espreita — até que um Dia Passou o Dono — e Me levou Em sua companhia — E agora em Selvas Soberanas — Caçamos em Terras estranhas — E sempre que por Ele eu falo Ressoam as Montanhas — Sorrio, e a luz cordial que mana Todo o Vale irradia — Tal uma face Vesuviana Fluindo de alegria E quando à Noite — Ido o Dia — Eu velo o Sono do meu Mestre — É mais suave do que Pluma A Cama que nos resta Seu inimigo — é o meu — Não ousa uma outra vez — Quem meu Olho-luz viu Ou meu Dedo desfez — Embora eu possa — viver mais Maior ainda é o Seu poder — Pois tenho só o de matar, Sem ter o de — morrer —

Alberto Dines diz que todos os donos de jornais apoiaram o golpe civil-militar de 1964

A revista “Cult” publica um perfil de Alberto Dines. “Todos os donos de jornais eram a favor do golpe” (de 1964), garante. O jornalista e biógrafo diz que foi demitido da “Folha de S. Paulo” porque escrevia textos críticos sobre Paulo Maluf. Sobre leituras: “Tenho uma curiosidade enorme. A toda hora, encomendo mais livros. Não cabe mais nada aqui” (na sua biblioteca). Depois de pesquisas rigorosas — e com a vantagem de que escreve muito bem —, Dines publicou duas biografias excelentes: “Morte no Paraíso — A Tragédia de Stefan Zweig” e “Vínculos do Fogo”, a respeito do escritor e dramaturgo judeu António José da Silva, que, nascido no Brasil, foi “morto em Portugal pela Inquisição”. Dines conta que foi crítico de cinema, aos 19 anos, na revista “Cena Muda”. Escreveu roteiros de cinema para Mário Tivelli. “Dois chegaram a ser rodados, um deles o primeiro filme brasileiro sobre futebol: ‘O Craque’”, relata a repórter Patrícia Homsi, da “Cult”. Salvador Allende foi o responsável indireto pela demissão de Dines do “Jornal do Brasil”, onde fez história. “A ordem da censura era para não dar manchete sobre [a morte de] Allende, ‘para que não houvesse uma comoção no Brasil’. Dines, então, fez um jornal sem manchete. ‘Eu contrariei e ridicularizei uma ordem da censura e fui demitido por isso’, relata.” Roberto Civita, possivelmente, conseguiu um convite para Dines ir para a Universidade Columbia, nos Estados Unidos.

TV Anhanguera busca identidade com Goiás mas novela da TV Globo avacalha os goianos

A TV Globo está pressionando a cúpula da TV Anhanguera, sua cara em Goiás, para que aumente a audiência no Estado. Mas a Anhanguera não dá mesmo sorte. No momento em que tenta buscar ou reforçar sua identidade com Goiás, tentando refundar a tese da goianidade, uma novela da Globo avacalha com os goianos, apontando-os como caipiras inescapáveis.

Bienal do Livro de Brasília expõe excelentes livros da produção universitária do país e do exterior

No sábado, 19, estive na 2ª Bienal do Livro de Brasília. Palestras de Ariano Suassuna (que se repete cada vez mais), Leonardo Padura, Frei Betto, Mia Couto foram aplaudidos. Mas o que interessa mesmo numa bienal são livros de qualidade, sobretudo quando baratos. Encontrei bons livros por preços que variavam de 3 a 10 reais. Mas os livros universitários estavam com preços altos. Ressalte-se que, apesar dos preços altos, editoras universitárias, como Unicamp, Unesp e UFMG, levaram excelentes livros tanto de autores nacionais quanto de estrangeiros. Dois livros interessantes: “O Amor às Bibliotecas” (Unesp), de Jean-Marie Goulemot, e “Machado de Assis Leitor — Uma Viagem à Roda de Livros”, organizado por Ruth Silviano e José Marcos. Uma editora espanhola vendia uma biografia de Miguel de Unamuno. O stand da Companhia das Letras — muito pequeno e com escassos lançamentos — deixou a desejar. Havia, é claro, o lixão-encalhe de sempre. Mas o que importa mesmo é que vi dezenas de pessoas comprando livros e sempre falando que, com preços mais acessíveis, seria possível ler mais. Adultos, adolescentes e crianças pareciam gostar do clima meio de festa da bienal.

Carlos Nascimento recebe Troféu Imprensa. O apresentador está se tratando de um câncer

[caption id="attachment_2551" align="alignleft" width="175"]Karyn Bravo e Carlos Nascimento Karyn Bravo e Carlos Nascimento[/caption] Um dos melhores apresentadores de telejornal do Brasil, porque não é um autômato ledor de teleprompter, Carlos Nascimento, tratando-se de um câncer, está afastado do SBT desde setembro de 2013. Na quarta-feira, 23, aparecendo ao lado de Karyn Bravo, ele recebeu o Troféu Imprensa de Melhor Telejornal pelo “Jornal do SBT”. Aplaudido pelo público, Carlos Nascimento está mais magro, mas com boa aparência. Silvio Santos renovou o contrato do jornalista e está pagando seus salários em dia. O Portal dos Jornalistas relata que 195 mil pessoas votaram pela internet “e escolheram os melhores de cada categoria. Os três mais votados pelo público foram apresentados em ordem alfabética ao corpo de jurados, formado por Keila Jimenez (Folha de S. Paulo), Leão Lobo (CNT e Rádio Iguatemi), José Armando Vannucci (Jovem Pan e TV Gazeta), Valença Sotero (Caras), Décio Piccinini (Rede Brasil de Televisão e Rádio Iguatemi), Paulo Cabral (Contigo), Cristina Padiglione (Estadão), Flávio Ricco (Diário de S.Paulo e UOL), Paulo Barboza (Rádio Capital) e Ricardo Feltrin (Folha.com e UOL)”. O programa do SBT, mostrando a premiação, irá ao ar no domingo, 27, a partir das 21 horas.

Iúri Rincon Godinho substitui Luiz Augusto Pampinha na coluna Geleia Geral, do Diário da Manhã

[caption id="attachment_2303" align="alignleft" width="400"]Luiz Augusto Pampinha e Iúri Rincon Godinho: o primeiro está licenciado; o segundo vai editar a coluna Geleia Geral Luiz Augusto Pampinha e Iúri Rincon Godinho: o primeiro está licenciado; o segundo vai editar a coluna Geleia Geral[/caption] A estrela do jornalismo do “Diário da Manhã” é um jovem de 80 anos — Luiz Augusto, ou, como é conhecido por todos, apenas Pampinha. Ele escreve a coluna “Geleia Geral”, há vários anos, e sempre com graça e inteligência. Suas notas são divertidas e picantes. E há, claro, as fotografias das mulheres nuas e seminuas, que todos aprovam, mesmo quando fingem desaprovar. Há pouco tempo, fez uma cirurgia de coluna no Hospital de Acidentados, feita pela equipe do notável ortopedista Sérgio Daher, o craque que criou e dinamiza o Crer. Agora, vai passar por uma nova cirurgia. Por isso vai ser substituído, a partir de quinta-feira, 24, e por algum tempo, pelo jornalista Iúri Rincon Godinho, que é dono de um texto tão ferino e perspicaz quanto o de Pampinha. Proprietário da agência Contato, o workaholic Iúri Rincon torce para que Pampinha se recupere rapidamente. “Gênio da nota curta e bem-humorada, ele é insubstituível”, diz.

Provando que a carne é fraca, Friboi retira o cantor Roberto Carlos do ar e o substitui pelo ator Tony Ramos

Friboi-volta-a-liberar-comentários-em-comercial-de-Roberto-Carlos-300x200O cantor Roberto Carlos não come carne — nem mesmo se for Friboi. Mas, por 25 milhões de reais, até o Soldado Invernal, do filme “Capitão América”, começa a falar e recupera a memória em cinco minutos. A JBS, dona da marca Friboi, sabendo que Roberto Carlos, talvez o cantor mais amado do país — Chico Buarque e Caetano Veloso são mais admirados e respeitados do que amados —, é vegetariano (se é que isto existe mesmo), deu a tacada de mestre: contratou-o para dizer que, sendo Friboi, até o rei da música romântica abriria uma exceção e provaria a carne, que, como se sabe no Céu e no Inferno, é fraca. A publicidade não é de primeira, mas alcançou uma repercussão extraordinária — não se sabe se inteiramente negativa ou positiva. Provocou debates, sobretudo porque o Rei olhou a carne, franziu a testa, com a cara meio azeda que é sua marca quase registrada, mas não ousou prová-la. O telespectador deve ter ficado com a seguinte impressão: a carne do Friboi é bonita de se ver, como se fosse um quadro, mas não é adequada para se comer. Sabe aquela velha televisão de cachorro? A mensagem da publicidade é parecida. O Portal Imprensa diz que o Friboi decidiu substituir a publicidade, possivelmente porque “não pegou bem”. O “comercial com o cantor ficou no ar por apenas dois meses”, diz o portal. Baseado em reportagem da “Folha de S. Paulo”, o portal informa que “o anúncio foi substituído por três novas peças protagonizadas pelo ator Tony Ramos”, old-propaganda “da marca, na qual permanece apenas música de Roberto Carlos com o som de fundo. A assessoria de imprensa da Friboi informou que o comercial saiu do ar no tempo previsto e que é normal que a campanha tenha sido atualizada”. Como a publicidade falhou — ao não convencer o Rei a tocar na carne, quanto mais prová-la —, era mesmo preciso recorrer a um ator, à representação. Tony Ramos, o Capitão América patropi, aparentemente aprecia carne – Friboi ou qualquer outra.

Grupo de Roberto Balestra pode bancar Celsinho Borges para deputado estadual. Se Abelardo Vaz desistir da disputa

Por falta de estrutura, Abelardo Vaz (PP) pode não disputar mandato de deputado estadual em 5 de outubro deste ano. Como o ex-prefeito de Inhumas está indeciso, outro nome foi posto na roda. Trata-se de Celsinho Borges, que foi candidato a vice-prefeito na chapa de Rondinelly Carvalhais Barros, em 2012. A dupla perdeu para o advogado Dioji Ikeda, do PDT, mas se tornou conhecida no município e região. Integrante da nova geração de políticos do grupo comandado pelo deputado federal Roberto Balestra, Celsinho é o plano B que pode virar plano A. A diferença entre Abelardo e Celsinho é que ao primeiro sobra falta de vontade para disputar e, no segundo, sobra vontade de ser candidato.

A lista dos camponeses que foram mortos na Guerrilha do Araguaia

O jornalista e historiador Hugo Studart revela que mais camponeses participaram da guerrilha, nos Estados do Pará e de Goiás (Tocantins), do que registram PC do B e pesquisadores. A batalha talvez tenha de ser (re)vista como um movimento com maior envolvimento de populares

Guerrilha do Araguaia: camponeses não identificados (sobreviventes ou desaparecidos)

[relacionadas artigos="2146"] O pesquisador Hugo Stu­dart relaciona os “camponeses não identificados — sobreviventes ou desaparecidos”. Os nomes a seguir são “citados em documentos militares, ou pelos apelidos, ou sem os sobrenomes. Todos eles teriam sido detectados pelos órgãos de informações militares ou como tendo aderido à guerrilha, ou como ‘apoios fortes’ dos guerrilheiros”, anota o doutor em História. 1 e 2 — Adão e Adãozinho — Pai e filho, citados como “apoios fortes” à guerrilha. 3 — Alumínio — Paradeiro desconhecido. 4 — Epaminondas — Para­deiro desconhecido. 5 — Hilário — Documento do CIE o menciona como “apoio forte” e “contato da Sônia”. 6 — Humberto — Paradeiro desconhecido. 7 — Pedro Cantador — Documento do CIE o aponta como “apoio forte” à guerrilha. 8 — Rafael — Paradeiro desconhecido. 9 — Rita — Paradeiro desconhecido. 10 — Sabonete — Militares o arrolam como “apoio forte” aos guerrilheiros. Paradeiro desconhecido. 11 — Sandoval — Paradeiro desconhecido. 12 — Toinho — Camponês que aderiu à guerrilha antes da chegada dos militares. “Apoio forte” da guerrilha, segundo o Exército. Teria se entregado a 10 dezembro de 1973. 13 — Zequinha — Paradeiro desconhecido. 14 — Zezinho — Em 1974, encontrava-se preso. Leia mais: A lista dos camponeses que foram mortos na Guerrilha do Araguaia

Quase uma Thomas Pynchon de saia, a americana Donna Tartt lança romance, recebe aplauso da crítica e ganha Pulitzer

O prêmio foi concedido à escritora pelo romance de formação “The Goldfinch”, que sai em setembro pela Companhia das Letras. A autora admite influência de Dickens e Dostoiévski e diz que a literatura é a arte mais espiritual [caption id="attachment_2141" align="alignleft" width="620"]Donna Tartt revela que está escrevendo novo romance e espera não demorar dez anos para publicá-lo | aFred R. Conrad/The New York Times Donna Tartt revela que está escrevendo novo romance e espera não demorar dez anos para publicá-lo | aFred R. Conrad/The New York Times[/caption] Os escritores americanos em geral são prolíficos. Mark Twain, Henry James e Jack London publicaram várias obras. Saul Bellow e John Updike (a prosa era seu forte, mas publicou poesia e fez desenhos de qualidade) deixaram vários livros, com mais altos do que baixos. Philip Roth, que se diz aposentado, e Joyce Carol Oates (que escreveu até sobre boxe) surpreendem com uma literatura intensa, mesmo publicando com, talvez, excessiva frequência. Donna Tartt, de 50 anos, segue na contramão dos citados e de seus modelos Herman Melville e, sobretudo, Charles Dickens e Dostoiévski, e publica pouco, mas sua literatura, além de respeitada por críticos do primeiro time, faz muito sucesso entre os leitores. A qualidade de sua prosa elaborada, os personagens muito bem construídos, a criação de um mundo tão “perfeito” que parece aquele em que vivemos chamam a atenção da crítica. A escritora Ruth Rendell, uma das grandes damas do romance policial, disse a respeito do romance “A História Secreta” (Companhia das Letras, 520 páginas, tradução de Celso Nogueira): “Como estudo do remorso e seus efeitos na mente, do homem ‘bom’ que mata, ‘A História Secreta’ é um livro comovente e profundo. Como thriller, é um dos melhores que já li. Mas, como romance de estreia, é realmente espantoso”. O romance “O Amigo de Infância” (Com­panhia das Letras, 592 páginas, tradução de Celso Nogueira) mereceu elogios rasgados de duas publicações americanas respeitáveis: “‘O Amigo de Infância’ parece destinado a se tornar um clássico. Con­quista o leitor como um conto de fadas, mas não o consola com a ilusão do faz de conta” (“New York Times Book Review”) e “Atmosfera sensual... Construção psicológica precisa... Um romance que leva o leitor a um lugar que vale a pena ir” (“New Yorker”). Depois de um sumiço de dez anos, Donna Tartt voltou às livrarias, no ano passado, com o romance “The Goldfinch” (será publicado em setembro pela Companhia das Letras, com tradução de Sara Grünhagen, mas ainda não tem título definido; literalmente, seria “O Pintassilgo”), que acaba de ganhar o Pulitzer, espécie de Nobel americano. Trata-se do terceiro romance da autora. Layout 1 Ao premiá-la, os organizadores do Pulitzer disseram que “The Goldfinch” é “um romance sobre envelhecimento escrito de maneira bela, que estimula a mente e toca o coração” (cito trecho traduzido pela “Folha de S. Paulo”, mas, no lugar de “envelhecimento”, talvez seja mais apropriado amadurecimento). Seria um romance de formação, como “Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister” (Editora 34, 608 páginas, tradução de Nicolino Simone Neto), de Goethe, e “A Montanha Mágica” (Nova Fron­teira, 992 páginas, tradução de Herbert Caro), de Thomas Mann. Eva Saiz, do “El País”, diz que “The Goldfinch” — “El Jilguero” em espanhol — conta a história do adolescente Theo Decker. O menino vê sua mãe morrer num atentado terrorista num museu de Nova York e rouba o quadro O Pin­tassilgo, do pintor holandês Carel Fabritius (1622-1654), do século 17, e circulará por vários locais, como Las Vegas e Amsterdã. Nascida no Mississippi, portanto tão sulista quanto Faulkner (a violência do romance “Santuário” ecoa na sua prosa? Quem sabe), Donna Tartt admite a influência de Dickens, talvez na perspicaz exploração do mundo da infância, mas há um descolamento da literatura do inglês, pois a prosa da autora de “A História Secreta” é mais intrincada, às vezes próxima da literatura policial — mais a de Patricia Highsmith (de sua crua amoralidade) do que a de P. D. James — e mesmo da prosa de outra autora americana, Carol Joyce Oates. A diferença é que Oates é mais, muito mais sombria, uma espécie de versão feminina do primeiro Ian McEwan, aquele a quem chamavam de “Mcabro”. Donna Tartt não é uma autora de romances policiais, embora seus livros também sejam romances policiais — como, de resto, algumas das obras de Dos­toiévski e de tantos outros autores canônicos. A autora certamente cobra um lugar ao lado de Melville, Dickens e Dostoiévski — de quem é filha honorária, por certo. Ela, aqui e ali, atualiza os três escritores, notadamente Dickens e Dos­toiévski (o de “Crime e Castigo”, “Os Irmãos Karamázov” e, com o romance atual, “Os De­mônios”. Neste romance, Dos­toiévski interpreta o mundo pragmático, filosófico e, ainda assim, perfunctório dos terroristas). Na verdade, é cedo para falar de um “lugar” na literatura, na americana ou na universal, para Donna Tartt, cuja obra está em construção. Mas é provável que está cavando um espaço entre Faulkner e Flannery O’Connor. Não deixa de ser curioso que, entre seus pais literários, inclua apenas um americano, Melville — destacando um inglês, Dickens, e um russo, Dostoiévski. Seria uma forma de não se colocar sob a influência de Faulkner? Quase tão arredia quanto Tho­mas Pynchon, Donna Tartt concedeu uma entrevista ao diário “ABC”, de Madri. O jornal nota que “A História Secreta”, traduzido para 25 idiomas, vendeu mais de 5 milhões de exemplares. O sucesso não a tornou uma figura pública, da moda. Mulher bonita e inteligente, teria feito sucesso em programas de televisão. Decidiu, porém, recolher-se a um lugar no campo e segue escrevendo, lentamente, sempre à mão. Dez anos depois, lançou “O Amigo de Infância”, novo sucesso literário e de vendas. De novo, desapareceu do mapa e volta agora com “El Jilguero”, que saiu na Espanha pela Editora Lumen, com 1152 págs. Na Espanha, o romance está sendo apresentado, quiçá de maneira exagerada, como “o primeiro clássico do século 21” (os espanhóis terão se esquecido da prosa extraordinária de Javier Marías?). Michiko Kakutani, crítica do “New York Times”, escreveu: “Não se trata só de suspense e intriga... Donna Tartt criou uma novela gloriosa, que nos devolve o prazer intenso e compulsivo da leitura”. Frise-se que Kakutani é quase sempre econômica nos elogios. Inés Martín Rodrigo, do “ABC”, pergunta sobre como começou a história de “El Jil­guero”. Donna Tartt diz que faz anotações em pequenos cadernos e os guarda. As impressões sobre Amsterdã, apresentadas no livro, foram registradas há mais de 20 anos. “Meus livros sempre começam com uma espécie de estado. Neste caso, o estado era escuro [ou obscuro], sombrio, em Amsterdã, e também na Park Avenue. Nova York é Nova Amsterdã, as cidades estão conectadas. Isto foi o que me deu a ideia de escrever sobre arte e uma pintura em particular — ‘O Pintassilgo’, de Carel Fabritius” (o “ABC” prefere “Fabrizio”). Por que “O Pintassilgo”, de Carel Fabritius? “Vi o quadro em uma exposição em Amsterdã. Não sabia que era uma pintura da era dourada flamenca. Sua forma estava muito adiante de seu tempo.” Mesmerizada, leu a história do quadro e do artista que o criou. “Fabritius morreu tragicamente (em 1654, em Delft, na explosão de um depósito de pólvora).” Trata-se de um problema que nós, do século 21, “conhecemos muito bem”. Porém, naquela época, era uma coisa rara, portanto deve ter sido “incompreensível para as pessoas”. Como o romance descreve um atentado terrorista ocorrido num museu americano, a repórter espanhola pergunta se a cena foi escrita antes ou depois do atentado de 11 de Setembro de 2001, nas Torres Gêmeas de Nova York. Donna Tartt disse que escreveu antes e que possivelmente, se não tivesse elaborado o trecho, não o teria feito depois do atentado em que morreram mais de 3 mil pessoas. “Antes do 11 de Setembro ocorreram numerosos pequenos atentados, como antes de um grande terremoto, quando se produzem pequenos tremores. Era uma premonição, algo que nos estava advertindo. É muito inquietante, os escritores estão conectados com certas correntes subliminares. Don DeLillo escreveu sobre o desastre das Torres Gêmeas em 1990. É como se tivesse previsto o futuro.” De­pois, DeLillo publicou “Homem em Queda” (Companhia das Letras, 264 páginas, tradução de Paulo Henriques Britto) — baseado no 11 de Setembro —, romance quase tão bom quanto “Extremamente Alto & Incrivelmente Perto” (Rocco, 392 páginas, tradução de Daniel Galera), de Jonathan Safran Foer. Como o 11 de Setembro mudou a vida dos nova-iorquinos?, inquire a repórter. “O mais surpreendente foi sua resiliência. Durante duas ou três semanas, era incompreensível pensar que a vida ia voltar à normalidade. A cidade estava arrasada, mas logrou recuperar-se.” Inés Martín sugere que as personagens de Donna Tartt “são muito reais, tanto que parecem ter vida própria para além do romance. Como consegue isto?” A autora diz que demora anos escrevendo e burilando suas histórias. “É trabalho, trabalho duro. Não há segredos. Trabalhei neste livro onze anos. A trajetória de Theo se dá em tempo real”, diz a escritora. Ela afirma que, ao escrever o livro, foi acompanhando o crescimento, a evolução do personagem. Ao construi-lo, foi conhecendo o personagem. “É certo que demoro muito a escrever meus livros, mas gosto disso, porque dá aos personagens uma riqueza e uma profundidade que é impossível falsear.” Trata de artesania apurada, fina. Donna Tartt não tem medo de ser esquecida pelos leitores, por ficar tantos anos sem publicar, longe dos holofotes da mídia?, quer saber a repórter. Todo repórter é meio policial e, por isso, não aprecia quem, mesmo que por motivos razoáveis, se esconde. A escritora diz que não pensa as coisas como a repórter expõe. “O que se tem de fazer é envolver-se com o trabalho e acreditar que, quando terminá-lo, as pessoas vão gostar”, assinala a criadora de “The Goldfinch”. Ela admite que pode ser esquecida, por demorar tanto a publicar livros, escapando ao modelo do escritor-indústria, mas diz que se sente bem assim, optando por uma literatura mais bem elaborada e, assim, nada apressada. “Me preocuparia muito mais ter de escrever um livro por ano.” Ficaria “angustiada”. A autora busca mais ser lida, de verdade, do que ser aplaudida publicamente. Prefere que seus livros sejam conhecidos, as estrelas, e ela mesma quer ficar nos bastidores. A romancista diz que não se sente parte da indústria do livro. “Formo parte da indústria editorial durante algumas semanas a cada dez anos e logo desapareço. Quando regressar com meu quarto livro, não sei como serão as coisas.” Donna Tartt diz que passa anos em seu escritório, sem ver muitas pessoas. O que há de bom em ser escritor? “O melhor é ter uma vida alternativa. Escrever um livro é como ler um livro. Digamos que é um nível mais profundo, essa é a única diferença. Quando uma pessoa lê um livro, e realmente fica envolvida com a história, é a melhor coisa do mundo. Só há uma coisa melhor: escrevê-lo”. A repórter indaga: “Acredita que o amor pela leitura, pelos livros, segue existindo hoje em dia, apesar de todas as distrações tecnológicas que nos rodeiam?” Donna Tartt responde: “Sim, continua existindo. Fenômenos como os de ‘Harry Potter’ [que Harold Bloom avalia como uma estultice incomparável] ou ‘Crepúsculo’ são muito recentes. Num tempo em que os meios de comunicação são estrondosos, amamos os livros pelo silêncio que proporcionam. É um tipo de silêncio muito concreto. É o tipo de silêncio que só se obtém lendo um romance. Essa sensação de estar em outro lugar, de viver em outro local. Por intermédio de um livro se pode ter a experiência de se ter outra alma. Compreender o espírito de outra pessoa não é algo banal. Por isso a literatura é a arte mais espiritual”. Donna Tartt não é, como se diz, “antenada”. “Não tenho Facebook nem Twitter, mas, quando estava escrevendo este livro [“The Goldfinch”], a internet se tornou útil para mim, porque, como estava isolada no campo, me facilitava as coisas. Ademais, escrevo muito e-mails, me encanta escrevê-los, é como voltar aos tempos de Voltaire. Me encanta a velocidade e a intimidade do correio eletrônico” (isto, claro, se não pensamos nas revelações de Edward Snowden). A repórter do “ABC” diz que os três romances de Donna Tartt unem leitores e críticos. São apreciados por todos. “Fico alegre, mas o leitor é sempre o mais importante para mim.” Inés Martín pergunta se as críticas a afetam. “Trato de não lê-las, é muito melhor. Meu trabalho é escrever livros e não preocupar-me demasiado com o que dizem os críticos.” Ela diz que o escritor não precisa ficar muito consciente de como elabora seus livros, por isso é melhor não se interessar pelo trabalho dos críticos. Inés Martín relata que Donna Tartt começou a ler com 5 anos e, aos 19 anos, já havia lido todos os romances do século 19 da biblioteca na qual trabalhava. A escritora corrige: “Era uma biblioteca pequena e tampouco tinha muitos livros novos. Li os mesmos livros algumas vezes”. Quando decidiu que queria ser escritora?, pergunta a entrevistadora. “O que eu queria realmente, mais do que escrever, era ler. Me encantava ler e, se a pessoa gosta o suficiente de ler, começa a escrever os livros que gostaria de ler e não estão escritos”, diz Donna Tartt. A escritora vai demorar mais dez anos para publicar seu quarto livro? “Espero que não. Quando comecei este livro [“The Gold­finch”], não tinha ideia de que ia demorar 11 anos para terminá-lo.” A romancista acredita que a próxima obra sairá mais rápido. O que está escrevendo? “Um romance, porém não é boa ideia dizer do que se trata.” Donna Tartt afirma que, quando começa a escrever um livro, a história ainda é nebulosa e, se se põe a falar a respeito, “pode in­fluenciar de modo negativo no processo criativo”. [relacionadas artigos="2138"]  (Traduzi trechos da entrevista ao jornal “ABC”, que pode ser conferida integralmente no link http://bit.ly/Qe6TgC. Publico, no site do jornal, o primeiro capítulo do livro, mas em espanhol.)

Primeiro capítulo do romance The Goldfinch, de Donna Tart

Niño con Calavera

I

Me encontraba aún en Amsterdam cuando soñé con mi madre por primera vez en mucho tiempo. Llevaba más de una semana encerrado en el hotel, temeroso de telefonear a alguien o de salir de la habitación, y el corazón se me desbocaba al oír hasta el ruído más inocente: el timbre del ascensor, el traqueteo del carrito del minibar, incluso las campanas de las iglesias dando las horas, de Westertoren, Krijtberg, una nota sombría en el tañido, una sensación de fatalidad propia de un cuento de hadas. De día, sentado a los pies de la cama, me esforzaba por descifrar las noticias de la televisión holandesa (algo inútil, ya que no sabía una palabra de neerlandés), y cuando desistía, me quedaba junto a la ventana mirando el canal envuelto en mi abrigo de pelo de camello, pues me había marchado de Nueva York de manera precipitada y la ropa que me había traído no abrigaba lo sufi ciente, ni siquiera dentro de la habitación. Fuera todo era bullicio y alegría. Estábamos en Navidad y sobre los puentes del canal titilaban las luces por la noche; damen em heren de mejillas coloradas, con bufandas que ondeaban al viento gélido, pasaban estrepitosamente por los adoquines con árboles de Navidad atados a la parte trasera de sus bicicletas. Por las tardes una banda de músicos afi cionados tocaba villancicos que fl otaban, estridentes y frágiles, en el aire invernal. Un caos de bandejas del servicio de habitaciones; demasiados cigarrillos; vodka tibio del duty-free. Durante esos agitados días de encierro llegué a conocer hasta el último rincón de la habitación como un preso conoce su celda. Era la primera vez que estaba em Amsterdam; apenas había visitado la ciudad, y, sin embargo, la habitación en sí, con su belleza sobria, llena de corrientes y blanqueada por el sol, era como una vívida recreación del norte de Europa, una maqueta a pequeña escala de los Países Bajos: la rectitud protestante del encalado combinada con un lujo extremo traído en buques mercantes de Oriente. Pasé una irrazonable cantidad de tiempo examinando un par de minúsculos óleos con marco dorado que colgaban sobre el escritorio, uno de varios campesinos patinando sobre un estanque helado junto a una iglesia, y el otro, un velero zarandeado en un picado mar invernal; eran copias decorativas que no tenían nada de particular, aunque las inspecione como si guardaran una clave cifrada que me permitiera penetrar en el secreto corazón de los grandes maestros fl amencos. Fuera el aguanieve repiqueteaba contra los cristales de las ventanas y lloviznaba sobre el canal; y a pesar de que los brocados eran exquisitos y la alfombra mullida, la luz invernal evocaba el adverso ambiente de 1943: austeridad y privaciones, té aguado sin azúcar y a la cama con hambre. Todas las mañanas muy temprano, cuando todavía estaba oscuro fuera, antes de que entrara de servicio el personal diurno y el vestíbulo empezara a llenarse, yo bajaba a buscar los periódicos. Los empleados del hotel pululaban con voces apagadas y passos sigilosos, mirándome fugazmente con frialdad, como si no me vieran del todo, el estadounidense de la 27 que nunca aparecia durante el día; yo intentaba tranquilizarme diciéndome que el gerente de noche (traje oscuro, pelo cortado al rape, gafas de montura de pasta) tal vez haría lo posible para rehuir los confl ictos o evitar los escándalos. El Herald Tribune no informaba de mi aprieto, pero todos los periódicos holandeses publicaban la noticia en densos bloques de letra extranjera que fl otaban de forma torturante más allá de mi comprensión. Onopgeloste moord. Onbekende. Subí y me acosté de nuevo (vestido, porque hacía mucho frío en la habitación), y abrí los periódicos sobre la colcha: fotografías de coches patrulla, cintas acordonando el lugar del crimen, hasta los titulares eran indescifrables, y aunque no parecían mencionar mi nombre, no había forma de saber si ofrecían una descripción de mí u ocultaban la información a los lectores. La habitación. El radiador. Een Amerikaan met een strafblad. El agua verde oliva del canal. Como estaba aterido de frío y enfermo, y la mayor parte del tiempo no sabía qué hacer (además de la ropa de abrigo, había olvidado traer un libro), me pasaba casi todo el día en la cama. Daba la impresión de que anochecía a media tarde. A menudo, con el crujir de los periódicos desplegados, me sumía en un duermevela; la mayoría de mis sueños estaban teñidos de la misma ansiedad indefi nida que impregnaba las horas que pasaba despierto: juicios, maletas reventadas sobre el asfalto con mi ropa desparramada por doquier e interminables pasillos de aeropuerto por los que corría para coger aviones sabiendo que nunca llegaría a tiempo. A causa de la fi ebre tuve muchos sueños raros y sumamente vívidos, así como oleadas de sudor en las que me revolvía inquieto en la cama sin apenas distinguir el día de la noche; pero en la última y peor de esas noches soñé con mi madre: un breve y misterioso sueño que viví más bien como una aparición. Yo estaba em la tienda de Hobie —mejor dicho, en algún espacio encantado del sueño que era como una versión bosquejada de la tienda— cuando ella surgía de pronto a mis espaldas y la veía refl ejada detrás de mí en un espejo. Al verla me quedaba paralizado de felicidad; era ella hasta en el más mínimo detalle, incluso el dibujo que formaban sus pecas, y me sonreía, más hermosa y sin embargo no más avejentada, con el pelo negro y la graciosa curva ascendente de su boca; no era tanto un sueño como una presencia que llenaba toda la habitación, una fuerza completamente propia, uma otredad viviente. Aunque ese fue mi primer impulso, supe que no podía volverme, que mirarla signifi caba violar las leyes de su mundo y del mío; había acudido a mí del único modo a su alcance, y nuestras miradas se encontraron en el espejo durante um largo minuto silencioso; pero justo cuando daba la impresión de estar a punto de hablar —con lo que parecía una mezcla de regocijo, afecto y exasperación—, entre nosotros se elevó una neblina y me desperté.

II

Me habrían ido mejor las cosas si ella hubiera vivido. Pero murió cuando yo todavía era un niño; y aunque todo lo que me ha sucedido desde entonces es mi culpa, al perder a mi madre perdí de vista cualquier punto de referencia que podría haberme conducido a un lugar más feliz, una vida más plena o agradable. Su muerte marcó la línea divisoria: el antes y el después. Y si bien es triste admitirlo al cabo de tantos años, aún no he conocido a nadie que haga que me sienta tan querido como lo hizo ella. En su compañía todo cobraba vida; irradiaba una luz tan mágica que todo cobraba más vida y color al verlo a través de su mirada; recuerdo que unas semanas antes de su muerte, mientras cenaba con ella en un restaurante italiano del Village ya entrada la noche, me asió de la manga ante la inesperada y casi dolorosa belleza de lo que veía: de la cocina traían en procesión un pastel de cumpleaños; la luz de las velas formaba un débil círculo tembloroso en el techo oscuro, y lo dejaron en la mesa para que brillara en médio de la familia, embelleciendo el rostro de una anciana; todo eran sonrisas alrededor, mientras los camareros se hacían a un lado com las manos cogidas a la espalda; solo se trataba de una de esas celebraciones de cumpleaños que se podían ver en cualquier restaurante modesto del centro, y estoy seguro de que no recordaría esse episodio si mi madre no hubiera fallecido al poco tiempo, pero pensé en eso una y otra vez después de su muerte, y probablemente lo recordaré toda mi vida: el círculo iluminado con velas, um retablo de la felicidad compartida que se desvaneció cuando la perdí. Mi madre era guapa, además. Eso es casi secundario, pero lo era. Cuando llegó a Nueva York desde Kansas trabajó esporadicamente como modelo, aunque nunca se sintió lo bastante cómoda frente al objetivo para ser muy buena; de hecho, ese toque tan distintivo no se plasmaba en el negativo. Y, sin embargo, era plenamente ella misma, una rareza. No recuerdo haber visto nunca a otra persona que se le pareciera. Tenía el pelo oscuro, la tez pálida y pecosa en verano, y unos luminosos ojos azul porcelana; en la curva de sus pómulos había uma mezcla tan insólita de lo tribal y el crepúsculo celta que a veces la gente la tomaba por islandesa. En realidad era medio irlandesa y medio cherokee, de una ciudad de Kansas cercana a la frontera de Oklahoma; le gustaba hacerme reír llamándose a sí misma okie, como se conocía a los habitantes empobrecidos de ese estado que habían emigrado durante la Depresión, aunque ella era tan elegante, briosa y brillante como un caballo de carreras. Por desgracia, ese carácter exótico aparece demasiado crudo e implacable em las fotografías —las pecas disimuladas con maquillaje, el pelo recogido en una coleta a la altura de la nuca como algún noble de La historia de Genji—, y no hay ni rastro de su calidez, de su naturaliza alegre e impredecible, que era lo que más me gustaba de ella. Por la inmovilidad que emana en las fotos, es evidente que la cámara le inspiraba desconfi anza: tiene un aire vigilante y feroz, como si se preparara contra un ataque. Pero en vida no era así. Se movía trepidantemente rápido, con gestos repentinos y ligeros, y siempre se sentaba en el borde de la silla como una elegante ave de pantano a punto de alzar el vuelo espantada. Me encantaba su perfume de sándalo, tosco e inesperado, y el frufrú que hacía su camisa almidonada cuando se inclinaba para besarme la frente. Su risa bastaba para que apartaras de una patada lo que estuvieses haciendo y la siguieras. Allá adonde iba, los hombres la observaban con el rabillo del ojo, y a veces la miraban de un modo que me inquietaba un poco. Yo tuve la culpa de que muriera. Los demás siempre se han apresurado a negarlo: «eras un crío», «quién podía imaginarlo», «un accidente espantoso», «mala suerte», «podría haberle pasado a cualquiera»… Cierto, pero no me creo una palabra. Sucedió en Nueva York, un 10 de abril, hace catorce años. (Aún ahora mi mano se muestra reacia a escribir la fecha; he tenido que empujarla, para que el bolígrafo siga desplazándose sobre el papel. Antes era un día normal y corriente, pero ahora sobresale del calendário como un clavo oxidado.) Si aquel día todo hubiera ido según lo previsto, se habría fundido en el cielo inadvertidamente, desvanecido sin dejar rastro junto con el resto de mi octavo curso. ¿Qué recordaría ahora de él? Poco o nada. Sin embargo, la textura de aquella mañana, la sensación húmeda y saturada del aire, es más nítida ahora que el presente. Tras llover toda la noche en medio de una terrible tormenta, había tiendas inundadas y un par de estaciones de metro cerradas; los dos estábamos de pie en la moqueta empapada que se extendía fuera del vestíbulo del edifi cio de pisos donde vivíamos mientras el conserje favorito de mi madre, Goldie, que la adoraba, caminaba hacia atrás por la calle Cincuenta y siete con el brazo levantado y silbando para detener un taxi. Los coches pasaban zumbando bajo cortinas de agua sucia; sobre los rascacielos rodaban nubes cargadas de lluvia que de vez en cuando se abrían dejando claros de cielo azul nítido, y en la calle, bajo el humo de los tubos de escape, soplaba un viento suave y húmedo como de primavera. — Ah, está ocupado, señora — gritó Goldie por encima del estruendo de la calle, esquivando un taxi que dobló la esquina salpicándolo y apagó la luz verde. Era el más menudo de los conserjes: un puertorriqueño de tez clara, fl aco, pálido y enérgico que había sido boxeador de peso pluma. Aunque tenía las mejillas fl ácidas de tanto darle a la botella (a veces se presentaba en el turno de noche oliendo a J&B), era enjuto, musculoso y rápido; siempre estaba bromeando y continuamente se tomaba un descanso para fumarse un cigarrillo en la esquina, desplazando el peso de un pie al otro mientras se echaba vaho en las blancas manos enguantadas cuando hacía frío, contando chistes en español y haciendo desternillarse de la risa a los demás conserjes. — ¿Tienen mucha prisa esta mañana? — le preguntó a mi madre. En su chapa se leía «Burt D.», pero todo el mundo lo llamaba Goldie, derivado de gold, por su diente de oro y porque se apellidaba De Oro. — No, vamos con tiempo de sobra. No se preocupe. Pero parecía agotada y le temblaron las manos mientras se anudaba de nuevo el pañuelo, que se levantaba y agitaba con el viento. Goldie debió de percatarse, porque se volvió hacia mí (que estaba apoyado con actitud evasiva contra el macetero de hormigón que había frente al edifi cio, mirando a todas partes menos a ella) con cierta desaprobación. — ¿No vas a coger el tren? — me preguntó. — No, tenemos unos recados que hacer — respondió mi madre sin mucha convicción, al darse cuenta de que yo no sabía qué decir. Yo no solía fi jarme mucho en cómo iba vestida, pero el atuendo que llevaba esa mañana (gabardina blanca, un diáfano pañuelo rosa y zapatos bicolor negro y blanco) se me quedó tan fi rmemente grabado en la memoria que ahora me cuesta recordarla de outro modo. *Leia mais: Quase uma Thomas Pynchon de saia, a americana Donna Tartt lança romance, recebe aplauso da crítica e ganha Pulitzer