A revista “Cult” publica um perfil de Alberto Dines. “Todos os donos de jornais eram a favor do golpe” (de 1964), garante. O jornalista e biógrafo diz que foi demitido da “Folha de S. Paulo” porque escrevia textos críticos sobre Paulo Maluf. Sobre leituras: “Tenho uma curiosidade enorme. A toda hora, encomendo mais livros. Não cabe mais nada aqui” (na sua biblioteca).

Depois de pesquisas rigorosas — e com a vantagem de que escreve muito bem —, Dines publicou duas biografias excelentes: “Morte no Paraíso — A Tragédia de Stefan Zweig” e “Vínculos do Fogo”, a respeito do escritor e dramaturgo judeu António José da Silva, que, nascido no Brasil, foi “morto em Portugal pela Inquisição”.

Dines conta que foi crítico de cinema, aos 19 anos, na revista “Cena Muda”. Escreveu roteiros de cinema para Mário Tivelli. “Dois chegaram a ser rodados, um deles o primeiro filme brasileiro sobre futebol: ‘O Craque’”, relata a repórter Patrícia Homsi, da “Cult”.

Salvador Allende foi o responsável indireto pela demissão de Dines do “Jornal do Brasil”, onde fez história. “A ordem da censura era para não dar manchete sobre [a morte de] Allende, ‘para que não houvesse uma comoção no Brasil’. Dines, então, fez um jornal sem manchete. ‘Eu contrariei e ridicularizei uma ordem da censura e fui demitido por isso’, relata.” Roberto Civita, possivelmente, conseguiu um convite para Dines ir para a Universidade Columbia, nos Estados Unidos.