Por Elder Dias

[caption id="attachment_9813" align="alignleft" width="620"] Osmar de Oliveira: morte depois de passar por todas as emissoras de TV de São Paulo / Foto: Divulgação/Band[/caption]
O ano não está bom para a saúde dos jornalistas esportivos. Especialmente para os da Band, que havia perdido seu principal narrador, Luciano do Valle, vítima de infarto em abril, quando iria para Uberlândia (MG) a trabalho no jogo Atlético Mineiro x Corinthians pelo Campeonato Brasileiro. Nesta sexta-feira, 11, perdeu um segundo integrante do primeiro time: o médico, narrador e comentarista Osmar de Oliveira, de 71 anos, morreu em decorrência de complicações no tratamento de um câncer de próstata.
Contestado como comentarista por se declarar corintiano de forma aberta e apaixonada — aliás, como seu colega e ex-jogador Neto —, Osmar era também fumante inveterado, apesar de também ser profissional da área de saúde. Antes da Band, ele já havia trabalhado em praticamente todas as emissoras e foi o primeiro jornalista a atuar em todas as TVs abertas de São Paulo.
Em maio, o jornalismo esportivo tinha perdido outro nome — o também narrador Maurício Torres, o número 1 da Record, vítima de arritmia cardíaca seguida de infecção pulmonar aos 43 anos.

[caption id="attachment_9735" align="alignleft" width="620"] Foto: Divulgação[/caption]
Apesar dos senões editoriais — que geralmente têm menos a ver diretamente com a área de Arte do que com a cúpula diretiva da redação —, as capas de “O Popular” durante a Copa mantiveram um padrão de bom gosto, em sua maioria.
A tradição de boas capas já vem de certo tempo, tendo começado ainda com Wilson Silvestre, veterano jornalista e também ex-integrante da equipe do Jornal Opção, e sido mantida com André Rodrigues. O editor-executivo é o responsável pelo aprimoramento do trabalho iniciado por Silvestre e que resulta frequentemente em boas citações do jornal em sites mundo afora. Foi o que ocorreu com a capa da quarta-feira, 8, intitulada “Furada histórica”, em que a bola Brazuca, um dos ícones do Mundial de 2014, aparece murcha, simbolizando a vergonhosa eliminação brasileira. A primeira página com o grafismo foi uma das dez que obtiveram destaque do Newseum, o Museu da Notícia, nos Estados Unidos.
Os goianos mereceram holofote internacional também no site da “The New Yorker”. Em meio a outras seis publicações brasileiras — entre elas “O Globo” e “O Estado de S. Paulo” — e sob o título “Humiliation, honor, and Brazil”, estava a já citada capa do Pop (embora sem aparecer a logo do jornal) e a de “O Hoje”, cujo título foi “Mineirão, 8 de julho de 2014”.
[caption id="attachment_9720" align="alignleft" width="300"] Fotos: Reprodução[/caption]
Ainda sobre as capas de “O Popular”: uma única chamada ocupou a metade superior da capa do jornal na quinta-feira, 10. Na verdade, era o principal tema, de fato, da primeira página — a manchete convencional ficou escondida na chamada “dobra de baixo”, menos valorizada, e tratava da liberação de recursos pelo Estado a prefeitos de municípios goianos no limite do prazo legal admitido pela legislação eleitoral.
O título da nota tinha um viés depressiva: “Mais um dia triste”. O “mais”, todos entendiam, era uma alusão indireta à manchete do dia anterior, a quarta-feira em que todos os jornais estamparam a “tragédia” da eliminação da seleção da Copa organizada pelo Brasil — “tragédia” deveria ter sempre aspas quando se referisse a futebol.
Mas o que poderia seria tão triste nesse dia seguinte a ponto de merecer tal destaque? A despedida de outra personalidade da importância histórica de Plínio Arruda Sampaio, cuja morte ofuscada justamente pela derrota acachapante no Mineirão? Um acidente de grande porte com um ônibus ou um avião? Um terremoto com milhares de vítimas?
Nada disso. A foto da chamada mostra jogadores vestidos de azul e branco arrancando para uma corrida em festa. O primeiro à esquerda é Messi e o grupo é o da seleção argentina comemorando a classificação, nos pênaltis, para a final da Copa do Mundo. O texto completo: “Mais um dia triste — O constrangimento da torcida brasileira ao assistir o fracasso da seleção, humilhada por 7 a 1 pela Alemanha, anteontem, teve uma segunda dose de tristeza e dor ontem: a seleção argentina, rival histórica no futebol, vai fazer a final no Maracanã após eliminar a Holanda. Muitos brasileiros já repetem que são ‘Alemanha desde pequenininhos’.”
Compreende-se que sair de uma competição de tal envergadura cause abatimento e desolação. O que não pegou bem foi qualificar o dia seguinte de “triste” simplesmente pelo fato de os argentinos terem feito sua parte, ainda que chegando à final da Copa praticando um futebol indigno de sua história e primando pelo antijogo — o que, no entanto, é assunto para outra pauta.
Foi uma espécie de humor negro às avessas: em vez de zoar algo sério, fez-se um chiste de seriedade sobre algo que nada mais é que entretenimento. A “gracinha” do jornal talvez caísse bem em uma publicação de linha irreverente, talvez no próprio tabloide “Daqui”, também do Grupo Jaime Câmara, mas ficou desnecessária, forçada e totalmente fora do padrão de sobriedade que “O Popular” evoca. É um risco que corre quem quer descontraído, mas não está acostumado a isso.
Foi com certeza uma manchete infeliz na história do jornal, que alguns dias antes havia acertado na mosca ao dividir a página entre a alegria pela classificação diante da Colômbia e a tristeza pela perda de Neymar: “Do riso fez-se o pranto”, o título, foi destaque nacional e apresentado com elogios em programas matutinos de canais esportivos País afora.
Nem sempre se pode acertar. Mas é possível evitar desgastes desnecessários. Com seu segundo “dia triste”, o Pop errou duas vezes. Primeiro, por ignorar que há um contingente de argentinos em Goiás e outro, bem maior, de simpatizantes da seleção argentina, e que grande parte deles são leitores do jornal, o maior do Estado; e, em segundo lugar, por fazer troça usando manchete séria para um assunto fútil — embora o futebol seja “a mais importante entre as coisas menos importantes”, como disse o técnico Arrigo Sacchi, quando dirigia a vice-campeã Itália na Copa de 1994.
Um jornal alemão não adaptaria sua logomarca pelo futebol. Mas, se agisse assim, certamente levaria a campanha além das eventualidades de vitórias e derrotas

Está dentro das regras não escritas que o politicamente incorreto tem margem grande de tolerância nas arquibancadas. É preferível tomar esta como apenas uma piada a mais

[caption id="attachment_9142" align="alignleft" width="300"] Galvão Bueno: hora de se dedicar a outra função na TV Globo | Foto: Reprodução[/caption]
Infelizmente, para muitos, é falsa a notícia de que Galvão Bueno vá se aposentar depois da Copa. Ocorre que, independente da turma do contra, ele tem competência para estar na principal equipe de esportes do País. Mas Galvão é mais do que um narrador: ele faz dublê de showman e comentarista e, por isso, acaba se desviando de sua função essencial. Como narradores, Cléber Machado e Luiz Roberto são, hoje, melhores que o criador de bordões. E Milton Leite (do Sportv/ Globosat e que já fez jogos pela emissora em rede aberta também) é melhor do que os três.
Todo profissional, em qualquer ramo, tem seu ápice e depois vem a decadência. Ou se recicla ou entra em parafuso. Cid Moreira, depois de anos à frente da bancada do “Jornal Nacional”, ganhou longa sobrevida porque se adaptou. O mesmo ocorreu com Léo Batista no esporte da Globo. Galvão Bueno pode ser um caso desses: superado na narração, pode se dedicar mais à apresentação ou um programa de variedades.

[caption id="attachment_9138" align="alignleft" width="300"] Tiago Leifert: bom humor, mas pouca profundidade no debate | Foto: Globo.com[/caption]
Em época de qualquer Copa, os canais que trabalham com esporte têm de se desdobrar para atender à sanha do espectador, que quer se informar— e na verdade, à demanda que eles próprios se impõem. Imagine, então, se a Copa é no Brasil, como ocorre desta vez.
Como era de se esperar, há uma overdose de mesas redondas, principalmente nos canais por assinatura. Algumas com teor mais técnico, convencionais, outras totalmente escrachadas. Ou seja, públicos para todos os estilos. Na Globo, o “Central da Copa” o formato de trazer convidados diversos faz com que vire uma espécie de “Altas Horas” sem Serginho Groisman. Como o público geral é pouco exigente com relação à crítica, predominam chistes e amenidades, comandados pelo bom (embora over muitas vezes) Tiago Leifert .

Apesar dos ufanismos à la Galvão Bueno, a imprensa esportiva brasileira está bem à frente da média dos colegas latino-americanos da mesma área de atuação, mais exagerados ainda
Faz sucesso na internet um vídeo em que um garoto argentino contradiz uma voz feminina (provavelmente sua mãe), que quer que ele renegue o que insiste em repetir: “Los brasileños son bueníssimos” (os brasileiros são ótimos), comparando o futebol canarinho com o portenho. A situação é inusitada, porque é mais comum que ocorra o contrário — brasileiros gostarem de torcer pela Argentina. Talvez por isso o grande sucesso do filmete de pouco mais de um minuto e que foi reproduzido em vários programas esportivos. Mas ainda bem que o menino guarda essa imagem de “bueníssimo” de nosso futebol. Nós, nativos, não temos tido a mesma opinião convicta.
Pode (e deve) ser só coincidência, mas a semana da imprensa goiana teve um fato curioso: as manchetes de “O Hoje” dos dias 30/6 e 1º/7 praticamente se repetiram na capa de “O Popular” dos dias 1º e 2/7, respectivamente.
Na segunda-feira, 30, a primeira página de “O Hoje” publicou “Procuram-se pediatras”, ressaltando a falta de profissionais da área e informando que há 925 especialistas para 2 milhões de crianças e adolescentes em Goiás, número que seria “quatro vezes menor” do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de um pediatra para cada mil pacientes. A conta não fecha — 925 está mais perto de mil do que de 500, que daria a razão exata em relação a 2 milhões. Na página 4 — e não na 3, como está na chamada da capa —, a explicação: a matéria de Cristiane Lima diz que “no Estado existem 2 milhões de crianças e adolescentes e 695 pediatras”, dos quais “cerca de 500 estão ativos”. A informação da reportagem foi truncada na hora de elaborar o texto da capa. No dia seguinte, o “Pop” repete o mesmo tema, com a manchete “27 bebês sofrem na fila por falta de UTIs”, embora enfocando na ausência de unidades pediátricas.
No mesmo dia 1º, “O Hoje” estampava “Goiânia deve ultrapassar 80 homicídios em junho”, baseado na previsão com os números de quatro dias antes. Furou o que o concorrente líder se propôs apenas no dia 2: “Um mês, 80 homicídios”. Edição diária que já nascia velho. Mais do que isso: tendo sido “avisado” com um dia de antecedência.
Das duas, uma: ou a equipe do “Pop” resolveu bancar o tema, ignorando o que já dizia o concorrente — e teria motivos para isso, por ser um jornal de maior alcance e reverberação que o outro — ou apenas não soube qual era o tema do dia do outro diário. Detalhe: as matérias do “Pop” estão mais bem elaboradas, até por causa da estrutura do jornal e da experiência de seus repórteres. De qualquer modo, é sinal de que há alguma acomodação pelos lados da Serrinha. Repetir assunto de manchete do concorrente no dia seguinte duas vezes seguidas é um acaso que não deveria acontecer com o principal veículo impresso de uma empresa do porte do Grupo Jaime Câmara.

[caption id="attachment_8801" align="alignleft" width="300"] Sarah Teófilo, aluna da PUC-GO, é finalista de concurso nacional de jornalismo ambiental | Foto: Arquivo pessoal[/caption]
Sarah Teófilo, repórter do Jornal Opção Online, é finalista da 2ª edição do Prêmio Tetra Park de Jornalismo Ambiental. O concurso é realizado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e a lista final, com seis nomes, inclusive o dela — saiu na semana passada. No 7º período de Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Sarah agora será entrevistada por profissionais da imprensa do Grupo Estado e por integrantes da Tetra Park. O resultado do prêmio, que dará direito a estágio no Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, em Austin (EUA), em 2015, sai dia 22 de agosto.
Na redação do Jornal Opção, ainda como estagiária, Sarah tem demonstrado personalidade na realização de reportagens e também na emissão de opinião, em artigos bem produzidos e posicionados. A conquista só ratifica o caminho aberto que tem a sua frente para se tornar uma grande profissional.
A “Folha de S. Paulo” da quinta-feira, 3, traz a última pesquisa Datafolha de intenção de voto para a Presidência da República. Há a retomada, ainda que circunstancial, da curva ascendente de Dilma Rousseff (PT). Na verdade, todos crescem: Aécio Neves (PSDB), de 19% para 20%; Eduardo Campos (PSB), de 7% para 9%; e a presidente, de 34% para 38%. Consequentemente, cai o número de votos que não seriam dados a ninguém. São dados interessantes e contextualizados pela manchete da “Folha”: “Copa melhora o humor do país, e Dilma cresce”. Em entrevista para o Jornal Opção no fim de abril (edição 2025), o comunicólogo Renato Meirelles já admitia — como fizera também Mauro Paulino, do próprio Datafolha — que a Copa do Mundo seria fundamental para o resultado das eleições. O caos não se concretizou, e isso, de certa forma, parece ter sido positivo para a presidente. E os fatos também conspiraram a favor dela. Principalmente o que pretendia lhe ser mais negativo: a vaia na abertura do evento, que causou repercussão mundial e a sensação, por parte de muitos brasileiros, de que o ato envergonhava o País. Um questionamento da pesquisa confirmou a informação: 76% dos entrevistados desaprovaram os xingamentos a Dilma. Da mesma forma, 60% consideram-se orgulhosos pelo fato de o Brasil sediar o Mundial e 65% disseram ter vergonha dos protestos durante a Copa. Um cenário bem diverso do que ocorreu durante a Copa das Confederações. O resultado é que, sem fazer nada, a petista acaba sendo transformando veneno em remédio. Reinterpretadas, as vaias lhe foram positivas. A Copa está no fim, mas o resultado em campo, ao contrário do que temem os teóricos da conspiração, parece que vai influenciar muito menos as eleições do que o desempenho do País fora dele. Até o momento, o caos é menor do que muitos previam. Se sair bem de alguma forma de uma prova de fogo como essa, depois de tanto superfaturamento, é algo que é bom, acima de qualquer partidarismo.
Outro que sai com cara de derrotado desta fase da campanha é o pré-candidato do PT ao governo do Estado Paulo Mourão, que trabalhou arduamente pela união das oposições e foi esquecido quando a união foi selada. A vaga de suplente da senadora Kátia Abreu hoje ocupada por Donizeti Nogueira não tinha melhor indicado que o ex-prefeito e ex-deputado. Pelo que conseguimos apurar Mourão parece ter sido atropelado. Sua presença na campanha é indispensável.

Neste Mundial, foi a segunda vez que a seleção não consegue ganhar de um adversário um pouco mais qualificado. E vem aí gente mais forte

O jeito foi usar outro perfil oficial, o do Palácio do Planalto (@blogplanalto) para descartar a falsa ameaça