Resultados do marcador: Racismo

Encontramos 91 resultados
Política
Sancionada lei que cria grupo reflexivo para acusados e condenados por racismo e injúria racial em Goiânia

Autora do projeto se inspirou no grupo de reflexão para homens acusados de violência doméstica

Segurança
Polícia cumpre mandado na casa de mulheres acusadas de postagens homofóbicas e racistas, em Uruana

Os policiais apreenderam aparelhos eletrônicos, celular, tablets e notebooks

Uruguaio
Preparador físico é preso preventivamente após caso de racismo em jogo da Sul-Americana

Uruguaio de 43 anos foi preso na noite de terça-feira, 11, depois da derrota do time peruano por 1 a 0 na Copa Sul-Americana

Morre José Aparecido, o árbitro negro que, agredido, “converteu” o Craque Neto

Comentarista esportivo virou ativista antirrascista na imprensa e diz que, se fosse hoje, mereceria ser preso pela agressão, ocorrida em 1991

Comandada pela primeira vez por um negro, CBF lidera combate ao racismo no futebol

Ednaldo Rodrigues tem implantado modernização de pensamento à frente da entidade, seja no futebol, seja em questões sociais

camisa preta Brasil
Amistoso da seleção
Brasil vai usar uniforme preto pela primeira vez na história

Ação faz parte de uma série de medidas organizadas pela CBF com o intuito de combater o racismo

Caso Vinícius Jr. furou a bolha do racismo na Espanha, diz jornalista Thiago Arantes

Em Barcelona desde 2013, goianiense diz que desta vez a discussão no país sobre outro ataque contra o craque negro foi muito além do futebol

Federação espanhola anula expulsão de Vini Jr depois de mais um caso de racismo

Além disso, a entidade decidiu interditar a arquibancada onde ocorreu a agressão ao jogador

Polícia espanhola prende suspeitos de pendurar boneco enforcado de Vini Jr

Boneco foi pendurado em uma ponte próxima ao centro de treinamentos do Real Madrid

Racismo
Hipocrisia: Conmebol apoia Vini Jr, mas fecha os olhos para casos semelhantes na América

Nos últimos seis anos, foram registrados 27 casos de racismo contra brasileiros em competições sul-americanas profissionais masculinas

Crime
Mulher é presa por racismo contra familiares de ex-companheiro em Goiás

Ela teria usado palavras ofensivas, de cunho racial, para injuriar a antiga sogra e outras pessoas

Caso Vini Jr: governo brasileiro notificará autoridades espanholas

Jogador brasileiro foi vítima, mais uma vez, de racismo

Vini Jr. enfrentou os racistas e pôs em xeque os donos do futebol

Talvez sem noção da amplitude do que realmente fez, mas com inteira consciência do que quer, o brasileiro se torna uma figura muito maior do esporte

Vini Jr | Foto: reprodução
De novo vítima, Vini Jr. diz que Espanha “aceitou exportar imagem de país racista”

Brasileiro chegou a apontar ao árbitro na arquibancada quem cantavam "mono, mono, mono” – que significa "macaco", em espanhol

Fogo nos racistas e coisa e tal

O negro não é de jeito nenhum mais amável que o branco europeu

Frantz Fanon, no livro “Pele Negra, Máscaras Brancas”

Um homem vira a esquina, sua pele preta se esconde na sombra da árvore sob a luz de um poste. É uma besta? Violento? Malicioso? O homem negro treme de frio. O branco, de medo. O homem negro não é de jeito nenhum mais amável que o branco, mas seus “erros” são imperdoáveis.

O racismo é violento. Ele vem do Estado, empresas e dos indivíduos. Sempre com violência. Primeiro, fere o indivíduo para depois machucar toda uma comunidade. Sangrando, a vítima tem a alma arrancada, para depois ser maculada por uma nova construída a partir de uma concepção do que se espera de um homem negro. Apesar da hostilidade, esta não é uma carta de ódio ao branco. 

Nos galhos das árvores plantadas na praça em frente de casa pelo meu pai as caixas de abelhas “enrolam cabelo” eram a minha maior diversão. Meus longos cabelos cacheados, crespos, eram o ninho perfeito para que elas entrassem, se enrolassem e me seguissem durante todo o dia até a hora do banho, quando eu era obrigado a botá-las para fora.

Aprendi com elas que enroscar os cabelos era uma boa técnica para reduzir o estresse. Ainda na juventude, meu cabelo, que era meu refúgio na ansiedade, começou a ser o motivo dela. “Cabeça de microfone” era um dos meus apelidos até os 14 anos. Mas não fui, nem nunca me permiti ser, escravo da ideia que os outros faziam e/ou fazem de mim. Sou escravo apenas da minha aparência, da cor da pele, do cabelo.

A consciência de que eu era preto demorou chegar. A construção de uma sociedade racista se dá pela epidermização de que os negros são inferiores. “É fato: os brancos se consideram superiores aos negros. Mais um fato: os negros querem demostrar aos brancos, custe o que custar, a riqueza do seu pensamento, o poderio equiparável da sua mente”, diz Frantz Fanon, no livro “Pele Negra, Máscaras Brancas”.

Essa ideia, enraizada na cabeça de milhares de crianças, se instala, primeiro, pela realidade econômica. Os brancos não foram escravizados pelos negros. Fato. Os brancos não são o alvo das forças policiais. O branco não é alvo de violência racial, não no Brasil. 

Passei muito tempo despercebido pelos olhares maldosos, pela desconfiança e até pelas abordagens violentas sem nenhuma suspeita. Mas o fato de me sentir alheio em nada altera a realidade.

À minha volta, no entanto, tudo era branco. Isso é racismo. Preto mesmo, era só quem os serviam, salvo raríssimas exceções, e isso é racismo. Na mídia, até pouco tempo, havia pouca representatividade, e isso é racismo. Hoje, ainda que desproporcional, alguns caminhos foram abertos pela força de quem sempre foi resistência. 

Resistência e revolução. Sobreviver a uma sociedade pautada pela subjugação uns dos outros só é possível de duas formas. Resistindo e transformando. Está nas mãos daqueles que almejam abalar as estruturas frágeis da sociedade, já que apenas o homem é capaz de fazer com que ela exista.

Desde cedo, minha mãe e meu pai me ensinaram sobre como me comportar na rua. “Cuidado, você não está imune à influência dos outros. Olhos atentos, coração aberto”.

“Olho de Tigre”, do rapper Djonga, não é nem de longe, para mim, a música mais significativa do mineiro. Ainda sim, é a única lembrada entre quem teme a fogueira. Responder a violência com mais violência? Legítima defesa abusiva? O inferno Banto foi considerado um fato atípico. Vitória da Justiça, por enquanto. Não tenho resposta para essas perguntas, mas sei, por experiência própria, que muitos de nós respondemos à violência ficando imóveis, apesar de o peito gritar por uma reação.

Djonga, com 28 anos, me fez lembrar de quem eu sou. Muito mais do que apenas um cara preto. Filho de Vilmeide e Divino, irmão, primo, repórter, curioso, ladrão. Humano. Sou tanta coisa que nem me lembro mais. 

Coragem e coração começam com cor. A luta contra o racismo não parte somente de quem o sofre. Mas é a luta do povo, é o sangue de gente e a revolta de um bando.