“Talvez seja o melhor presidente da CBF que a gente já teve, pelo menos o mais antenado”. A afirmação, da jornalista Milly Lacombe, conhecida por ser geralmente adepta de críticas ferrenhas e pouco dada a elogios, é sobre Ednaldo Rodrigues. Aos 69 anos, ele é o primeiro presidente negro da entidade, que ficou marcada por casos de corrupção ao longo de sua relativamente curta história, com menos de meia década.

Ednaldo tem feito coisas a que seus antecessores com certeza prefeririam dar ouvidos moucos. No domingo seguinte aos crimes cometidos contra Vinícius Júnior em Valência, durante jogo do time local contra o Real Madrid, todos os jogos das Séries A e B do Campeonato Brasileiro tiveram manifestações de solidariedade ao atleta e antirrascistas no protocolo. Ao entrar em campo, os dois times e a equipe de arbitragem vestiam camisas em alusão ao combate ao preconceito. Da mesma forma, em todos os jogos, antes do apito inicial, foi exibido um vídeo com artistas e outras personalidades falando a frase “com racismo não tem jogo”.

Fora de campo, trabalhando pelo futebol da seleção brasileira, Ednaldo tem um sonho particular: trazer o consagrado treinador Carlo Ancelotti para comandar os “canarinhos”. Para tanto, está convencido de que pode esperar até o começo do ano que vem, ou mesmo o fim da próxima temporada europeia, quase daqui a um ano. Nos dois temas, vem enfrentando narizes torcidos. No assunto mais grave, o racismo, chegou a denunciar ter ouvido comentários reprovando a decoração do auditório com a temática da campanha “Com racismo não tem jogo”, durante seu lançamento. A estrada de ambas as lutas é longa e dura, mas nada que um negro, ainda que poderoso, não saiba.