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Carta de Braga Netto em alusão a ditadura militar significa a tentativa de reconstruir o passado e criar uma memória falsificando os fatos

Para analistas, esse tipo de ação é o grande perigo dessas rememorações do passado. Para ele, esses grupos não são só saudosistas do passado de uma forma ingênua. Olham para o passado de um período ditatorial porque eles precisam justificar suas as ações do presente

Família celebra centenário do escritor Basileu Toledo França

Teatro-escola no Setor Leste Universitário que leva o nome do homenageado recebe solenidade às 19 horas

Iram Saraiva lança livro no qual conta a perda de sua mulher e sua vida sem a companheira

O ex-senador e ex-presidente do TCU lança a obra na quinta-feira, em Goiânia

Biblioteca Nacional disponibiliza acervo da revista Manchete para consulta pública

Publicação semanal começou a ser vendida em 1952 e só parou de circular em 2007. Arquivo completo pode ser acessado pelo site da Hemeroteca Digital

Adeus a Ursulino Leão

Extasiado, ao final da leitura de “Confiteor[i]”, de Ursulino Leão (1924-2018) pergunto-me: como transmitir esta emoção ao leitor da “Destarte”? À leitura deveria suceder um momento de reflexão mais profunda para que o cronista pudesse, então, trazer aos leitores desta coluna uma luz ainda que suave do clarão que exala dessas páginas, mas não... [caption id="attachment_152241" align="alignright" width="300"] A fazenda São João - palco em que a maior parte das memórias foi composta...[/caption] Rompo meu voto de sempre fazer uma reflexão posterior à leitura. Hoje deixo a emoção falar mais alto, quando o normal é a razão pontear as crônicas e ensaios sobre minhas leituras. Eis a resenha impossível de um livro memorável. É muito bom saber-me acólito e contemporâneo deste ser humano admirável que foi (que é!) Ursulino Tavares Leão. Lembro-me de uma página de Albert Béguin ao falar do “peregrino do Absoluto” (Léon Bloy) que afirma que sua vocação não era literária – era ser santo. Sobre o Ursulino dessas confissões finais cabe advertir ao leitor que, embora tenha obtido êxito em duas outras carreiras (a de advogado e de político), a vocação dele era a literatura. Literatura que, a exemplo de Bloy, Ursulino praticou sempre e até este final exuberante, com “o sentido, a necessidade e o instinto do Absoluto”. Confiteor é livro de um homem no pleno domínio de suas habilidades, no exercício da virtude da prudência, um crente que se permite ceticismo diante do mundo e das escolhas que não o façam sempre e antes e conscientemente um servo do Deus Vivo. É um que pode sempre dizer ao final: “Laus tibi Deo”. “Todo o Louvor a Deus” – sim, esta pode ser a fórmula da vida do escritor e conservador católico goiano Ursulino Tavares Leão. O dom que nos é dado pelo Criador, às vezes, demora a ser revelado. Insistimos, como Ursulino insistiu com as petições e os habeas-corpus. A Academia Goiana de Letras (AGL), onde o Autor manteve longa convivência, “transformou em paixão o dom de escrever que o Senhor me concedeu” – confessa em Confiteor, XII, pág. 47. Porque não escolhemos nossos temas, relembra-nos Ursulino, e sim por ele somos escolhidos. A frase completa é citada de leitura feita nos escritos de Mario Vargas Llosa: “o escritor não escolhe seus temas, é escolhido por eles” – afirma Ursulino na p. 46. O tema que me escolheu neste livro foi o da “busca do Sagrado” em Ursulino. Ele é tão evidente, que o leitor atento poderá ir garimpando nos algarismos romanos dos capítulos, como se fosse um catecismo. Procure, dileto leitor, no sábio que escreve este livro, verdades sob a legenda do jurista romano Eneu Domício Ulpiano (Séc. II d.C.): “na verdade, sou apenas um homem que desde a infância tem procurado cumprir as incumbências naturais de todo ser humano: viver com honestidade, não causar dano a ninguém, dar ao dono o que é seu” (pág. 22). O leitor encontrará muitas, como esta: “O irmão que eu não tive” – o irmão nosso e do aprendiz de fazendeiro de Crixás é o que ele reconhece como “o Cristo, Filho de Deus, concebido pelo poder do Espírito Santo, nascido da Virgem Maria, como meu irmão” (pág. 24). [caption id="attachment_152242" align="alignleft" width="300"]Ursulino na Fazenda São João, 94 anos de acúmulo de sabedoria Fazenda São João, um dos cenários em que "Confiteor" foi gerado (c) 2018. Contato Comunicação.[/caption] O homem que, como Cícero em seu “De senectude” (no ano 43 a.C.), exalta a chegada da velhice e procura aceita-la, há de reconhecer em Ursulino um clássico do sertão. “Acaso os adolescentes deveriam lamentar a infância e depois, tendo amadurecido, chorar a adolescência? A vida segue um curso muito preciso e a natureza dota cada idade de qualidades próprias. Por isso a fraqueza das crianças, o ímpeto dos jovens, a seriedade dos adultos, a maturidade da velhice são coisas naturais que devemos apreciar cada uma em seu tempo.” (Cícero, em "A arte de envelhecer", 43 a.C.) É muito parecido ao que Ursulino diz sobre a sequência das fases de nossa vida: a infância, a meninice, a adolescência, a maturidade, a velhice – a senectude, de onde com o exercício diário do Autor chegamos a crer que “viver é transfigurar-se” (pág. 117). E quem afirma essa verdade é o autor que admite que “Deus é o timoneiro” da sua (dele) vida – e o deveria ser sempre da nossa: “Bem antes de chegar à velhice (aos trancos e barrancos), senti grande alívio quando fiquei convicto de que Deus é somente amor. Desde então, não o divorcio da minha vida. “Tenho-o nos meus sentimentos, no que imagino, no que realizo, no que recebo, das lágrimas que padeço e, principalmente, nas esperanças que deposito em minha intemporalidade. “Espírito perfeitíssimo, suprema inteligência, infinita misericórdia, bondade sem fim, justiça absoluta, onisciente e onipresente, sem princípio e sem fim, uno e trino, Deus é tudo. “E está em tudo.” É assim que Ursulino Leão, o para sempre “Leãozinho” para seu pai Seu Thomaz, fazendeiro e comerciante, dono da “Casa Maranhense” e para sua mãe Dona Luizinha, sua irmã Nazareth (Zaré) e todos os seus descendentes também poderiam declarar “Alvíssaras”, como ele assim professou aos 94 anos de uma vida exemplar – e nenhum poeta autêntico haveria de contestar:

“Sou quase um nada da criatura que fui pra viver me bastam do pão uma côdea e um pouco de vinho. Tateio na dúvida busco a verdade enxergo o mundo envolto em sombras perdida beleza. O perfume tênue da manhã e da flor um verso esquecido do ruído e das palavras somente ouço o fundo musical que os precede. Desventuras curvaram-me o dorso minhas pernas se escoram numa bengala mas não cedo minhas esperanças aos desenganos. Contudo outro dia minha velhice (marujo atento na gávea da nau) em distante curva descobriu os signos e me preveniu: Alvíssaras meu timoneiro! Avistei a travessia para os mares imensos permanentemente azuis infinitamente lindos em que Deus reside!”
Os “signos indecifráveis” do outono da vida deste profícuo escritor goiano (e universal) – Ursulino Leão – estão postos neste “canto-de-cisne”. Leiam-no. Encantem-se com a sabedoria da mocidade deste nonagenário que tem em seu conservadorismo, em sua elegância de viver e de amar ao próximo, de respeitar sua família e suas tradições – uma lição inolvidável para o século XXI. E para os que nas confissões procuram a fofoca, a declaração inusitada e o fato político, lamento decepcioná-los. Talvez a fraternidade com Pedro Nava, transcrevendo o famoso bordão “eu não tenho ódio; eu tenho memória” (pág. 113) que fala de uma pequena mágoa. E a sua paixão por Lena, a amada de toda a vida de Ursulino, coisa que não é novidade para nenhum iniciado nas artes de envelhecer do Leãozinho (ou do Urbano). Transcrevo abaixo um emocionado réquiem para o "Leãozinho", escrito por seu amigo e confrade na AGL, Iuri Godinho, mas que eu endossaria com orgulho.
“RÉQUIEM PARA URSULINO LEÃO” – Por Iuri Godinho, publicado no Facebook do Acadêmico, em 20/OUT/2018. Ontem pela manhã recebi um telefonema terrível. Paulo Leão, filho do meu confrade da Academia Goiana de Letras, meu amigo, meu confidente, conselheiro Ursulino Tavares Leão vivia suas últimas horas. Uma semana atrás foi internado com problema nada grave nos pulmões. Na quarta-feira teve duas paradas cardíacas em casa e foi para UTI, entubado, de onde não mais saiu. Chorei, chorei, chorei. Nos últimos cinco anos fui o editor de Ursulino. Publiquei suas obras derradeiras. Bebi uísque com ele e bebi dele sua inteligência luminosa de respostas rápidas e deliciosas. Conversar com Ursulino foi musculação pro meu cérebro. Ele ligava, eu ia: "Chegue 4 da tarde porque durmo depois do almoço". Sempre disse a ele que não conseguia acompanhá-lo na bebida. Ele começava com duas taças de vinhos, passava pro uísque. Ria franco, aberto, os olhinhos acesos. Jamais se embriagava. Eu me divertia com a sua birra em não beber em copo de plástico, coisa com a qual nunca me importei. Sabia tudo de Goiás. Viúvo, continuava apaixonado por sua Lena. Católico, dele publiquei um livro com sua visão de Jesus Cristo. Foi vice-governador e aos 94 anos falava de tudo como uma adolescente: "Vou votar nessa bosta do Meireles, mas porque ele é goiano. Depois é que vai valer e vou dar chicotada com Bolsonaro", brincava. Ele não votará no Bolsonaro. Ursulino, como meu amigo, meu confidente, esperou que eu lançasse meu livro na noite dessa sexta-feira, 19 de outubro de 2018, para não me atrapalhar. Como me disse seu filho Paulo, deveria ter ido ontem, mas me esperou acabar de lançar o livro e se foi agora há pouco. Há um mês ele me chamou em seu apartamento no Setor Oeste. Tinha finalmente colocado um ponto final em suas memórias, que eu insistia para que publicasse até ele me chamar de chato. Ficava me enrolando. Ria quando eu cobrava o livro. Naquele dia em seu apartamento disse que estava deprimido, que sabia quando ia morrer, que o momento se avizinhava. Falei para ele parar de bobagem, nunca o havia visto daquele jeito. Tanto repeti que ele, para se ver livre de mim e com um olhar triste — que nunca foi o seu — pediu que eu não me importasse, que aquilo era coisa de velho. Queria, mais uma vez, se ver livre de mim. Quando seu filho Paulo me ligou ontem chorando, pediu para que eu publicasse o último livro de seu pai. Como se isso fosse necessário. O que Paulo não sabia era que naquela última conversa o Ursulino me disse tudo: como queria a capa, a contracapa, o papel do livro: "Vai ser meu último livro, capriche". Queria que eu publicasse a foto de uma árvore velha, encarquilhada, que ficava em sua fazenda. "Ela é como eu". Eu ria: "larga de ser besta". Estou morrendo de saudades do Ursulino. Uma saudade de filho, uma saudade desgraçada. Um misto de agradecido por ter tido a honra de conviver e trabalharmos juntos. Uma raiva porque nunca mais vamos beber uísque e porque eu queria ter nascido uns 50 anos antes para ter aproveitado mais do meu amigo, meu confidente.
Adalberto de Queiroz, 63, Jornalista e poeta, autor de “O rio incontornável” (poemas, Editora Mondrongo, Itabuna-BA, 2017). [i] LEÃO, Ursulino. “Confiteor”. Goiânia, Contato Comunicação, 2018. 244 p. Prefácio de Ângela Jugmann. Autobiografia.

Livros sobre a história do Centro de Goiânia serão lançados nesta quinta (6)

Assinada por vários expoentes da literatura goiana, as obras dão sequência ao projeto iniciado com “Alameda dos Buritis”, de Narcisa Abreu Cordeiro e Rogério Arédio Ferreira

Jarbas Marques diz que Jávier Godinho foi o quarto jornalista a ser preso pela ditadura em Goiás

[caption id="attachment_138702" align="alignright" width="620"] Jarbas Silva Marques e Jávier Godinho: primeiros jornalistas presos pela ditadura em Goiás[/caption]

O historiador e jornalista Jarbas Silva Marques, de 75 anos, radicado em Brasília, foi um dos presos políticos mais torturados pela ditadura. Na semana passada, ele disse ao Jornal Opção que lamentou a morte do jornalista Jávier Godinho. “Jávier foi o quarto jornalista a ser preso pela golpistas de 1964.”

A ditadura prendeu os jornalistas Jarbas Silva Marques, Batista Custódio, Telmo de Faria, Jávier Godinho e Élbio de Brito Guimarães. “Nesta ordem”, frisa. “Nós fomos presos pelo delegado de polícia Jurandir Rodovalho e fomos interrogados por Rivadávia Xavier Nunes e Joviro Rocha”, relata o pesquisador.

Jarbas Silva Marques conhece os bastidores da esquerda como poucos. Leu praticamente todos os livros sobre o período e, sobretudo, conviveu com alguns dos próceres da esquerda. Ele está se preparando para escrever suas memórias, nas quais pretendem contar tudo — “sem contemplação”. Será uma visão mais realista do que heroica.

Biografia de precursor do Yoga em Goiás durante ditadura militar será lançada na sexta (21)

Livro escrito pelas jornalistas Carla Lacerda e Dalvina Nogueira retrata história de Nestor Mota, responsável por difundir prática indiana em solo goiano

José Mendonça Teles e a janela aberta da sensibilidade

Morto há uma semana, escritor goianiense deixa um legado memorialista dos mais importantes para Goiânia, cujas ruas e pessoas são louvadas em suas crônicas mais bem acabadas

Menino símbolo da campanha de 1998 volta a emocionar Marconi em Alexânia

Faustino protagonizou uma das cenas mais marcantes e emocionantes de toda a primeira campanha do tucano

Enxugamento de secretarias foi feito em 2014 por Marconi Perillo. Ana Carla ainda não participava do governo

Marconistas dizem que a senadora Lúcia Vânia equivocou-se, poia economista chegou ao governo depois de 2014

Elis Regina e Janis Joplin unidas pelo 19 de janeiro. Você sabe o motivo?

Duas das vozes mais importantes da história da música dividem data em sua trajetória

Obra de Cora Coralina será celebrada após homenagem recebida na Itália

Evento às 20h desta sexta-feira (18/12) promovido pela Seduce enaltece relevância do legado da escritora vilaboense

“Há informações históricas que não podem ser apagadas, fingir que nunca existiram”, diz Miguel Cançado

Janete Ferreira Os projetos de lei que visam estabelecer o direito ao esquecimento no Brasil permitem o apagamento de informações da internet e de meios de comunicação e utilizam termos vagos para promover a supressão de dados. A avaliação consta de parecer aprovado na segunda-feira, 5, em reunião do Conselho de Comunicação Social (CCS). O relatório que deu origem ao parecer foi assinado pelos conselheiros Ronaldo Lemos, Walter Ceneviva e Celso Schröder, durante sessão comandada pelo goiano Miguel Ângelo Cançado, presidente do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional e ex-presidente da OAB-GO. O relatório refere-se a quatro projetos que tratam da remoção e da exclusão de informação pessoal na internet, com o objetivo de resguardar dados pessoais para que não sejam utilizados sem o consentimento do interessado. O parecer é pela rejeição integral de dispositivos que tratam do direito ao esquecimento e foi emitido um dia antes de a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados ter aprovado projeto de lei 215/2015, que prevê punição a crimes contra a honra praticados em redes sociais. “É preciso tomar cuidado com práticas que podem ameaçar a liberdade de expressão, o direito à informação ou desequilibrar o papel de todos os atores da sociedade”, alertou o presidente Miguel Cançado, ao lembrar que a sessão estava sendo realizada no dia em que a Constituição Cidadã completava 27 anos. “Há informações históricas que não podem simplesmente serem apagadas, fingir que nunca existiram”, destaca. Para ele, ofensa é um juízo de valor subjetivo, de modo que o tratamento deve ser feito com grande cautela para evitar o surgimento de arbitrariedades. Na avaliação de Ronaldo Lemos, vice-presidente do Conselho de Comunicação, os projetos que tratam do Direito ao Esquecimento apresentam um viés inadequado ao tratar do tema, que continuará a ser debatido no conselho. Lemos observa que o direito ao esquecimento não é doutrina jurídica com raízes históricas, mas emerge de situações casuísticas, notadamente em decisão recente da Corte Europeia de Justiça em favor de um cidadão espanhol que requereu a supressão do nome dele dos serviços de busca na internet. O conselheiro, porém, observa que, mesmo na decisão europeia, fica claro que em nenhuma hipótese há supressão ou apagamento de conteúdos. Lemos observa que, ao contrário de decisão da Corte Europeia de Justiça, as propostas em tramitação no Congresso brasileiro não criam exceção a sua aplicação para personalidades públicas, as quais, no caso europeu, são expressamente excluídas da abrangência do direito ao esquecimento. O Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional já se manifestou contrariamente à supressão de conteúdos quando apreciou o direito à publicação de biografias. O que é o Direito ao Esquecimento Refere-se a pedidos na Justiça apresentados por cidadãos para que grandes sites de busca, como o Google, suprimam dados pessoais armazenados em seus servidores sobre essas pessoas. A Comissão de Tecnologia e Informação do Conselho de Comunicação Social recomendou ao colegiado que se posicionasse sobre a questão porque, na última terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou projeto que prevê o Direito ao Esquecimento. O projeto aprovado pela Câmara também aumenta as penas para crimes de calúnia, injúria e difamação cometidos na rede mundial de computadores e concede às autoridades competentes o livre acesso a dados e comunicações de usuários sem a necessidade da autorização judicial prévia. A decisão do Conselho foi encaminhada imediatamente à CCJ da Câmara. Janete Ferreira é jornalista.