Resultados do marcador: Literatura

Ambientado no Japão de 1960, o romance de Haruki Murakami é magistral quanto ao amor, vida e morte

“Para Fugir dos Vivos”, recém-lançado livro de Eltânia André, se divide em narrativas íntimas de dois irmãos e de seus distintos universos

Apesar de a escritora americana ter vivido no País por quase duas décadas, sua literatura praticamente não foi traduzida para o português. Elisabeth é tida como uma das mais importantes poetas americanas

Segundo livro do maranhense radicado em Goiânia, Kaio Bruno Dias, o intitulado “Respeite a Solidão Alheia” é um retrato da vida cotidiana
[caption id="attachment_62467" align="alignnone" width="620"] Por meio da literatura, Kaio nos transporta e nos sensibiliza pela busca do nosso próprio Eu | Foto: Reprodução[/caption]
Marielle Sant’Ana
Sabe aquele trecho da música “Quase sem querer” do Legião Urbana, “às vezes o que eu vejo quase ninguém vê”? Bom, é bem isso que a gente enxerga ao se deparar com a poesia do mais goiano que muito goiano, o maranhense Kaio Bruno Dias, no seu mais recente livro lançado “Respeite a solidão alheia”. Ele tem a capacidade de nos fazer perceber coisas que a gente, insensivelmente, não nota em nossas vidas cotidianas.
Com simplicidade e uma linguagem contemporânea despretensiosa, que representa o nosso jeito coloquial de expressar ideias, a obra nos diz a partir de uma perspectiva intimista, introspectiva e também extrospectiva sobre temas que estão divididos em nove partes relacionadas à solidão, amor, frustrações, perda de ônibus e tantos outros. Coisas que uma maioria já deve ter passado, passa ou passará algum dia.
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A obra, a partir de uma perspectiva intimista, diz sobre temas variados, que vão desde a solidão à perda de ônibus | Foto: Divulgação[/caption]
Quem nunca deixou a tevê ligada para abafar o som da própria solidão? Ou ficou no Facebook, Whatsapp e tantos outros aplicativos que visam a interligação entre pessoas, mas se sentia desconectado de si mesmo, solitário em meio a multidão? Um dos poemas que se pode destacar, duramente, esta nossa realidade é esse:
“sempre que ficava só
deixava uma música tocando
para não ter a sensação
de estar sozinho.”
O livro “Respeite a solidão alheia” nos diz algo que vai além da própria solidão tão característica dos escritores ao elaborarem expressivamente seus textos. O poeta, fazendo-nos perceber nossa própria solidão enquanto leitores e nossas identificações com os escritos de algo alheio a nós, transforma sua visão literária singular em algo coletivo, compartilhado a todos os que o lerem.
Assim, por meio da literatura, Kaio nos transporta e nos sensibiliza pela busca do nosso próprio Eu. Uma busca feita por lobos e lobas solitários em que só quem passa sabe e só quem vive sente. Neste mundo contemporâneo enlouquecido, onde “nada é feito para durar” como já anunciou o sociólogo Bauman, essa tal busca por quem somos é uma atitude que pode ser encarada como “corajosa” diante do espelho feito pela nossa consciência. Uma procura, portanto, que deve ser respeitada por configurar-se na mais bela e pura solitude.

Primeiro lançamento irá acontecer no dia 29 de abril na biblioteca do Sesc Centro
[caption id="attachment_33710" align="alignnone" width="620"] Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
A fim de proporcionar maior exposição, valorização e reconhecimento dos escritores locais, o Sesc Goiás abre as inscrições para o Lançamento de Livros de escritores goianos do ano de 2016. Serão realizados cinco lançamentos em 2016 com quatro autores/coletivos por lançamento, com entrada franca para o público. As inscrições são feitas através do site www.sescgo.com.br.
O projeto Sesc Lançamento de Livros existe desde 2010 e visa a parceria com autores goianos para lançar suas obras literárias. O projeto já atendeu mais de 100 autores desde sua 1ª edição. As ações do Sesc Lançamento de Livros auxiliam no registro, distribuição e acesso a cultura goiana.
O primeiro coquetel de lançamento será realizado no dia 29 de abril. Os demais acontecem em 24 de junho; 29 de julho; 30 de setembro; e 28 de outubro. São selecionados quatro autores para cada lançamento por ordem de inscrição.

"Dédalo da contemporaneidade", o italiano é autor de diversas obras, ensaios e artigos, sendo considerado um dos intelectuais mais cultos do mundo

Com base em mito mexicano, a escritora goiana Maria Luiza Pires Medeiros lança novo livro, o romance “Elo — O Tempo e A Vida”

Livro que tem como pano de fundo o mundo corporativo mostra as falhas das empresas de comunicação atuais

Vencedora três vezes do Prêmio Jabuti, a autora de “Ciranda de Pedra”, “As Meninas” e “As Horas Nuas”, agora, tem tudo para conquistar o maior do mundo, o Nobel de Literatura
[caption id="attachment_57899" align="alignnone" width="620"] UBE indicou a escritora ao Prêmio Nobel de Literatura de 2016 | Foto: Reprodução[/caption]
Luís Antonio Torelli
Especial para o Jornal Opção
Lygia Fagundes Telles é a maior escritora viva do Brasil. Sua indicação ao Prêmio Nobel de Literatura foi uma iniciativa muito feliz, lúcida e justa da União Brasileira de Escritores (UBE). Para o nosso país, a concessão do prêmio à autora de obras-primas como “Ciranda de Pedra”, “As Meninas” e “As Horas Nuas” seria uma imensa conquista, à altura da qualidade e importância de nossa literatura, uma das mais ricas, diversificadas e belas do mundo, mas que jamais recebeu reconhecimento de tamanha envergadura.
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Foto: Reprodução[/caption]
Por isso, a candidatura é muito importante para o País, nossa população, literatura e setor editorial. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) apoia a indicação de Lygia, que, aos 92 anos, é uma expressão do que há de melhor na literatura nacional. Independentemente da decisão da Academia Sueca de Letras, responsável pela eleição do vencedor do Nobel de Literatura, a presença de nossa escritora entre os indicados é uma ótima oportunidade para todos os brasileiros conhecerem melhor nossa grande autora e o mundo saber quem é Lygia Fagundes Telles.
É importante entender como funciona o processo de indicação e escolha dos candidatos e do vencedor do Nobel. A Academia Real das Ciências da Suécia, que promove pesquisas científicas, é responsável pelos prêmios de Física, Química e Economia. O Instituto Karolinska, da Universidade de Estocolmo, indica os ganhadores em Medicina. A Academia Sueca de Letras escolhe o vencedor em Literatura. E o Comitê Nobel Norueguês, formado por pessoas indicadas pelo Parlamento daquele país, é quem entrega o prêmio da Paz.
Estas instituições enviam formulários a cientistas, professores e intelectuais de todo o mundo, solicitando a indicação de candidatos, cujos currículos e trajetórias são examinados por comitês de especialistas. São estes que, em cada um dos quatro órgãos, votam e elegem os vencedores. Tomara que, em outubro, quando costuma ocorrer o anúncio dos ganhadores, em Estocolmo, na Suécia, o Brasil receba pela primeira vez um Prêmio Nobel. Seria fantástico que essa inusitada conquista se desse no universo dos livros e por meio da genialidade de Lygia Fagundes Telles.
Nossa menina autora ganhou três vezes o Prêmio Jabuti (1966, 1974 e 2001), o primeiro que recebeu em sua brilhante trajetória de escritora e o mais importante do setor editorial brasileiro. Agora, tem tudo para conquistar o maior do mundo, o Nobel de Literatura. Sempre desbravadora, foi uma das primeiras mulheres a se formar na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Integrante da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras (ABL) e da Academia das Ciências de Lisboa, pode, mais uma vez, ser pioneira, dando o primeiro Nobel ao Brasil.
Saiba, porém, querida Lygia, que, para todos nós, você já é a maior, independentemente do resultado final. Cabe-nos agradecer tudo o que já fez e ainda fará pela literatura e o livro do Brasil.
Leia abaixo um trecho de "As Meninas", romance de 1973.
"Sentei na cama. Era cedo para tomar banho. Tombei para trás, abracei o travesseiro e pensei em M.N., a melhor coisa do mundo não é beber água de coco verde e depois mijar no mar, o tio da Lião disse isso mas ele não sabe, a melhor coisa mesmo é ficar imaginando o que M.N. vai dizer e fazer quando cair meu último véu. O último véu! escreveria Lião, ela fica sublime quando escreve, começou o romance dizendo que em dezembro a cidade cheira a pêssego. Imagine, pêssego. Dezembro é tempo de pêssego, está certo, às vezes a gente encontra as carroças de frutas nas esquinas com o cheiro de pomar em redor mas concluir daí que a cidade inteira fica perfumada, já é sublimar demais. Dedicou a história a Guevara com um pensamento importantíssimo sobre a vida e a morte, tudo em latim. Imagine se entra latim no esquema guevariano. Ou entra? E se ele gostava de latim. Eu não gosto? Nas horas nobres deitava no chão, cruzava as mãos debaixo da cabeça e ficava olhando as nuvens e latinando, a morte combina muito com latim, não tem coisa que combine tanto com latim como a morte. Mas aceitar que esta cidade cheira a pêssego, exorbita. ¿Qué ciudad será esa? ele perguntaria na maior perplexidade. ¿Tercer Mundo? Terceiro Mundo. ¿Y huele a durazno?Na opinião de Lia de Melo Schultz, cheira."
Luís Antonio Torelli é presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

Publicação estará disponível já em abril

Publicado pela Editora Unicamp, a nova edição do livro de 1982, “Do vampiro ao cafajeste — uma leitura da obra de Dalton Trevisan”, tem 17 novos artigos

Em textos distintos, mas de nome próximo (“A Enxada!” e “A Enxada”), os escritores narram a lida com a terra e o desumano

Em vida, a poeta norte-americana teve apenas dez poemas publicados, ainda que tenha legado a posteridade mais de 1800 escritos. Dickinson ganha cada vez mais traduções

Confira alguns dos títulos destacados por escritores e críticos de Goiás, como Edival Lourenço, Ademir Luiz, Francisco Perna Filho, Carlos Augusto e Itamar Pires

[caption id="attachment_55114" align="aligncenter" width="620"] Reprodução[/caption]
Miguel Jorge
Especial para o Jornal Opção
Neste Natal, que não se percam as esperanças,
mesmo entradas em melancólica desarmonia.
Mesmo a se digladiarem entre o sim e o não,
Abrir-se em alegrias para os sonhos
que se têm para sonhar.
Não se percam as vozes no sobrevoo de outras vozes,
Dos que se crêem felizes com o princípio eterno do amar.
Socorrem-nos as rezas a partir do agora. As comezinhas causas
das cozinhas, a segurança de não mais sentir-se armado,
Pois a realidade da vida é igual à própria vida.
(o menino plantou uma árvore de Natal.
Nasceram nela olhos mecânicos. Em um deles
viam-se bombas, como que disfarçadas em pombas.
Em outro, corações partidos, esvaziados de lembranças).
- Vale mais o interior das pessoas, a horizontalidade dos dias,
- O elo das flores, o virar das esquinas sem medo.
- As alvas manhãs sem condenações.
- As alegrias das casas, embora adversidades tantas.
(O menino ficou imaginando: se plantasse outra
árvore, o que nasceria dela? Era bem difícil adivinhar.
Viria outro planeta em seu socorro? Alguém lhe traria
de volta os patins que ontem lhe roubaram? As vozes voltariam
cheias de calor?)
Neste Natal, várias chaves abrirão novas portas, esperamos. Músicas,
murmúrios, milagres a se renovarem, ausentes de qualquer surpresa.
Pois, Natal é dar voltas ao mundo, é dar rimas ao
universo, é iluminar com novas luzes velhas estrelas.
(O menino fechou os olhos, alguém acendeu uma luz.
Era o sonho que voltava, talvez a iluminar seu futuro.
Havia coisas belas, figurações de anjos, campos de céus,
e uma criança a sorrir na manjedoura).
Neste Natal, precisa-se recorrer às harmonias das cores,
todas elas. Esquecer as armas, mesmo as que se havia
imaginado, que bombas são intervalos para pesadelos.
(O menino ajoelhou e rezou. Não sabia por quem, ou
para quem, mas orava. Estava diante dele mesmo a se dizer:
que os homens, os deuses, as religiões não podem pesar-se
em balanças. As almas se reconhecem, os corações abrigam-se
nas cores que os céus apontam. O mesmo céu que dá vida às flores,
nos intriga com seu silêncio).
O menino não se lembrou de mais nada,
nem mesmo dos patins. Sabia que a vida era
cheia de atalhos. Não havia perturbações,
nem desânimo em seu coração. Lá fora, as árvores
arrebentavam-se em florações e quem por lá passasse
certamente ergueria os olhos para elas. Certamente
sorririam. Certamente não teriam mais pensares para absurdas
geografias. Verdadeiramente o dia teria sido.
Natal de 2015