Resultados do marcador: Crítica

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A narrativa ácida e inquietante de Rodrigo Novaes de Almeida

Os contos provocam o desassossego, a reflexão sobre a natureza humana e suas atitudes, às vezes, desprovidas de lucidez e compaixão

Ibaneis diz que Moro não fez nada pela segurança pública do País

“Moro pode conhecer muito de combate a corrupção, mas de segurança pública ele não entende nada", afirma o governador

Mary Shelley e a metáfora da mulher em Frankenstein

Criatura e Criadora vivenciaram a luta pelo espaço e pelo amor

Romance recria a vida do padre António Vieira na ilha de São Luiz do Maranhão

“Vieira na Ilha do Maranhão” é o mais novo clássico da literatura brasileira. A história deve redundar num belo filme de época

Daniel Francoy faz uma poesia simpática ao musgo

Tomara que o poeta permaneça ativo, evoluindo a técnica artesanal e atento ao seu tempo. Poesia carece de franqueza, sem temer a absorção da problemática cotidiana

Romance de Rosângela Vieira Rocha narra história de um amor que fere e traumatiza

“Dolorida e contraditoriamente fortalecida, nunca mais fui a mesma. Ninguém sai incólume do convívio com um perverso, a subespécie humana mais letal que existe”

Era uma Vez em Hollywood mostra um Tarantino conservador? Aceito isto e saúdo o diretor

O cineasta lamenta a Hollywood real e perdida. Lança um olhar saudosista não apenas àquela Hollywood, mas também sobre o mundo que se foi com a invasão dos bárbaros Marcelo Franco Especial para o Jornal Opção “Tarantino e “metalinguagem” e “Tarantino e Sergio Leone” são palavras e nomes que sempre andam juntos. Pois fui ver “Once Upon a Time... in Hollywood” (“Era uma Vez em Hollywood”) já ciente disso — o título do filme, bem se vê, ecoa “Once Upon a Time in America” (“Era uma Vez na América”) e “Once Upon a Time in the West” (“Era uma Vez no Oeste”), ambos do operístico Leone, diretor reverenciado por Tarantino (e por mim: além dos dois filmes mencionados, minha lista de dez melhores filmes ainda inclui outro do italiano, “The Good, the Bad and the Ugly” — para mim, quem não gosta daqueles exageros no limite do kitsch, um cinema, digamos, de “horror vacui” e de saturação, é ruim da cabeça ou doente do pé). O novo filme de Tarantino é, nas suas quase três horas, o espetáculo prometido. Alguns se entediarão — é preciso compreender que o “nada” que os personagens fazem, tocando suas vidinhas, é apenas a superfície de um mundo em ebulição. Quem leu o romance “O Sol Também se Levanta” (Bertrand Brasil, 294 páginas, tradução de Berenice Xavier), de Ernest Hemingway, reconhece a matéria: no livro, alguns amigos bebem, pescam, correm de touros, amam e traem — e essas vidas quase ordinárias mostram justamente que, como no “Eclesiastes”, não há nada de novo sob o Sol, mesmo com o mundo ao redor se alterando. [caption id="attachment_208059" align="aligncenter" width="620"] Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e Quentin Tarantino | Foto: Divulgação[/caption] Muito já se escreveu sobre esse novo Tarantino, e a ideia de que 1969 mudaria Hollywood para sempre é evidente no enredo (o crime Charles Manson-Sharon Tate ronda o filme; assassinato, recordo-me agora, ocorrendo no mesmo ano do lançamento de “Easy Rider”, tudo se amalgamando naqueles tempos acelerados). A escritora Joan Didion, aliás, amiga de Tate, escreveu no calor do momento (“The White Album”; “O Álbum Branco”, editora Nova Fronteira): “Many people I know in Los Angeles believe that the Sixties ended abruptly on August 9, 1969, ended at the exact moment when word of the murders on Cielo Drive traveled like brushfire through the community, and in a sense this is true. The tension broke that day. The paranoia was fulfilled”. É isso. “The paranoia was fulfilled”: a paranoia se cumpriu porque a maçã já estava podre, jamais porque havia hippies em cada esquina (sempre mostrados negativamente no filme), mas sim porque o Ocidente vem praticando um lento assassinato contra tudo aquilo que havia criado para sublimar nosso precário estado neste “vale de lágrimas”. Talvez haja quem creia que Tarantino tenha pretendido dizer que aquilo que nos mostra — o mundo pré-Charles Manson em confronto com os novos tempos — seja parte de um reino de fantasia (daí o “Era Uma Vez” do título). Não me parece. Ele — ou ao menos o filme que nos apresenta — claramente lamenta aquela Hollywood efetivamente real e desde então perdida. Ou antes: ele — ou o filme — lança um olhar saudosista não apenas àquela Hollywood, mas também sobre o mundo que se foi, por assim dizer, com a invasão dos bárbaros. Não li entrevistas suas sobre o filme, mas fico com essa versão. Bem sabemos que Tarantino ama os filmes dos anos 60 e 70, o que soa contraditório com a narrativa da contraposição “velha Hollywood versus nova Hollywood”. Não importa: o filme, como toda obra, acaba por se destacar de seu criador. Note: Leonardo DiCaprio vive ao lado de Roman Polanski e Sharon Tate, e, assim, o mesmo furacão está enterrando a carreira de seu personagem e criando oportunidades para Tate, oportunidades que, depois de sua morte, provaram-se ilusórias. Não se vence facilmente um furacão. Esse tipo de contraponto de épocas que se sucedem rapidamente tem servido muito bem ao cinema e à literatura, como, por exemplo, no soberbo romance “O Leopardo”, de Tomasi di Lampedusa, levado às telas por Luchino Visconti. Mas o Príncipe de Salina de “O Leopardo” suspira, lamenta e tenta se adaptar, ainda que canhestramente. Já Tarantino está mais para o xerife de “Onde os Fracos Não Têm Vez”, que revi outro dia. O título em português, claro, deveria ser “Onde os Velhos Não Têm Vez”, mais fiel a “No Country For Old Men”, um resumo do filme, ou antes, do magnífico livro de Cormac McCarthy (publicado pela Alfaguara, 256 páginas, tradução de Adriana Lisboa), escritor que ainda vai ganhar o Nobel de Literatura. A chave do filme — e do livro, evidentemente — é todo aquele conflito entre a velha e a nova criminalidade, conflito sinalizado pelo xerife, envelhecido e deslocado, tateando com pouca convicção um caminho naquele mundo que desconhece, o que Tommy Lee Jones mostra à perfeição. McCarthy já foi chamado, com razão, de Shakespeare do Oeste. Também a nova Hollywood de 1969 confunde seus antigos moradores. Mas voltemos a Tarantino, agora com spoiler. Não é sem motivo que Sharon Tate não morre no filme: os bárbaros — a Família Manson, mas podemos acrescentar a Guerra do Vietnã, a contracultura e mais um bocado de outras coisas — são vencidos pelos valores da dupla DiCaprio e Brad Pitt. Ainda que meio confusamente — somos todos falhos —, há ali um código ético de conduta para a vida. Pena que seja ficção: aqui no mundo real, “Hannibal ad portas” venceu a batalha. Estão afirmando, aqui e ali, que Tarantino, louvando um passado mais glorioso, uma “época de ouro”, acabou por se mostrar retrógrado, crime capital nos tempos atuais. Ele teria feito com 1969 o que Michel Houellebecq faz, em sua literatura e em entrevistas, com 1968, dessacralizando o “annus mirabilis” da turma que quer nos guiar àquela utopia um tanto borrada que, nos garantem, é nosso destino inexorável — um mundo de placidez em que bovinamente todos ouviremos “Imagine” e, superados os conflitos humanos, perceberemos que nossa própria essência se perdeu com eles. Justamente por isso, aliás, na cosmovisão “progressista” a nostalgia é um sentimento absolutamente retrógrado (na verdade, eu diria que o filme é mais uma fábula moral conservadora do que um manifesto retrógrado, mas deixemos essas diferenças para outra hora). Quem não tem olhos de ver e usa lentes identitárias condenará sempre o passado — Richard Brody, na “New Yorker”, acusou Tarantino de fazer um filme “ridiculamente branco”. Mas se os valores (note: os valores, não os defeitos) dos velhos “cowboys” que Brad Pitt e Leonardo DiCaprio interpretam (o achado de eles serem cowboys é de Edson Aran, que escreveu o melhor texto sobre o filme) são resiliência, lealdade e algum tipo de código moral que envolva justiça, tiro a naftalina de uma nostalgia que não querem que sintamos, muito menos no universo pop, e a exibo. [caption id="attachment_208056" align="alignleft" width="316"] Brad Pitt e Leonardo DiCaprio estrelas do filme "Era uma Vez em Hollywood"[/caption] Não desatei aqui nenhuma camada oculta do filme: essas análises sobre ele ser ou não retrógrado ou conservador pululam nas revistas especializadas. De qualquer modo, se disserem que exagero, o fato é que esse tipo de “cultural war” segue ocorrendo em boa medida porque a turma que continua esperando alguma carona para voltar de Woodstock ainda nos faz viver sob a sombra dos anos 60. Aceito então esse Tarantino conservador e o saúdo, ainda que exagerando suas cores. Ou talvez o filme não seja nada disso, talvez eu esteja fazendo justamente o que critico em progressistas que tudo veem com lentes ideológicas. Será que há apenas ambiguidade onde eu e outros tantos enxergamos conservadorismo? Talvez, talvez, talvez — mas tudo bem: no caso de Tarantino, ficar somente com o espetáculo já é uma grande pedida; contudo, ter nostalgia de um tempo em que se podia justamente sentir nostalgia me parece um pecado menor. Ora, que digo? Sabemos que todas as épocas têm seu lado menos luminoso, seus sótãos escuros, mas ao diabo com qualquer pudor: corrigindo Drummond, sejamos docemente nostálgicos, não pornográficos, e pensemos que a vida, mesmo imperfeita, pode ter alguma coerência; sobretudo, tentemos encontrar essa coerência — ainda que fabulosa e hollywoodiana —, porque é cova medida, muito medida, a parte que nos cabe deste latifúndio terreno. (Coda: confesso que extraímos muito de filmes e damos muito valor ao cinema, quando é a literatura, somente a literatura, a única arte apta a nos explicar as engrenagens do mundo.) Marcelo Franco é crítico e não é cinéfilo.

James Joyce e o terror imposto pela religião

Stephen Dedalus perde a fé católica e no Deus criador, terrível e onipotente. Ganhará na liberdade o direito de perder-se por sua conta e risco

Para especialista, problemas do Plano Diretor começaram na versão de 2007 e se intensificam em novo projeto

Coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas e Estudos da Cidade (Nipec), Anamaria Diniz, falou ao Jornal Opção sobre o projeto e seus problemas

A consciência e as imagens em Proust, do ponto de vista de Walter Benjamin

Nenhum texto literário é mais tecido do que o do autor de “Em Busca do Tempo Perdido” e da forma mais densa; para ele nada era suficientemente intenso e duradouro

Meu adeus ao cinema prosaico de Pedro Almodóvar

Inexiste fabulação no filme “Dor e Glória” e a história é rasa. Os filmes neorrealistas italianos continham muito mais fantasia. Cinema é fantasia

Presidente da Comissão Especial diz que Governo não tem maioria para aprovar Reforma da Previdência

Presidente da comissão especial da Câmara diz que gestão Bolsonaro não tem maioria para aprovar a PEC e que presidente demonstra desprezo pela democracia

“Promover cortes no sistema S é um desastre, ameaça à Educação brasileira”, diz deputado

Vinicius Cirqueira (Pros) também teceu críticas à administração de Bolsonaro, que completa 100 dias

Reforma tributária teria evitado crise dos combustíveis, diz Ataídes

Parlamentar do PSDB tocantinense afirma que política de preços determinada pelo ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, é descalibrada, de lógica empresarial

“Não se combate criminalidade com intervenção e sim com investigação”

[caption id="attachment_117610" align="aligncenter" width="620"] Foto: divulgação[/caption] O deputado Laerte Bessa (PR-DF) não aplaude a intervenção federal decretada no Rio de Janeiro como medida para conter a onda de criminalidade no estado. Diretor da Polícia Civil do DF por quase oito anos, Bessa acredita que o Exército Brasileiro não está preparado para impedir a atuação do crime organizado que tomou conta das instituições do Rio de Janeiro. A saída, acredita Bessa, é outra.