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Em seu primeiro pronunciamento, Michel Temer agrada, mas os desafios que ele tem pela frente são imensos. Henrique Meireles será fundamental

[caption id="attachment_60736" align="aligncenter" width="620"] Presidente Dilma Rousseff | Foto: Lula Marques/Agência PT[/caption]
A equipe econômica de Dilma Rousseff teme que se instale um quadro de quebradeira geral de empresas brasileiras, o que já começou a ocorrer, na verdade. A coluna Painel, da “Folha”, de sexta-feira, 8, publicou que uma das maiores preocupações seria a dívida das companhias nacionais no exterior, que chegaria a R$ 500 bilhões com vencimento até 2020. Num quadro de descrédito internacional do país, elas dificilmente conseguiriam renová-la. Ou fariam isso a um custo muito alto.
Também acenderam o alerta máximo as provisões de grandes instituições financeiras, como Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander, que separaram R$ 148 bilhões em seus balanços para fazer frente a eventuais calotes de empresas.
E o pior é que na avaliação do governo, a crise pode se agravar com ou sem impeachment. A vitória de Dilma Rousseff não seria suficiente para devolver a ela credibilidade e liderança. Michel Temer, ao lado de companhias como o deputado Eduardo Cunha e o senador Romero Jucá, já entraria em campo com capital político em corrosão.
Com isso, a equipe econômica procura alternativas para a superação da crise. A primeira seria a abertura de linha de crédito, com recursos do compulsório dos bancos, para que as empresas recomprassem os papéis das dívidas que têm lá fora. A segunda, afrouxar regras para que os bancos renegociem as dívidas que elas têm com eles no Brasil.
Uma terceira proposta seria destravar financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que teria se tornado extremamente conservador após a Operação Lava Jato.
Lojas fechadas
A verdade é que a crise se agrava na anomia do governo, que há anos se mostra incapaz de ditar política econômica. Com isso, o consumo cai, o desemprego aumenta, a arrecadação retrai. Na semana passada, o jornal Estadão publicou reportagem mostrando que novos shoppings abertos no País têm quase metade das lojas fechadas. Em empreendimentos inaugurados nos últimos três anos, o porcentual de lojas ociosas chega a 45% — no Centro-Oeste, é de 53%, revela o estudo do Ibope Inteligência. Em centros comerciais mais antigos a taxa é de 9,1%, o dobro da média histórica. A expansão descontrolada no setor e, principalmente, a crise econômica, levaram a essa situação.
São os shoppings “fantasmas”, com praças de alimentação vazias e tapumes no lugar de vitrines — no Shopping Bougainville, em Goiânia, várias lojas foram fechadas; as vitrines “fantasmas” são enfeitadas com mercadorias de outras lojas para dar a impressão de normalidade. Se considerados todos os 498 shoppings centers em operação, o número de unidades vagas chega a 12,2 mil. Esses pontos comerciais ociosos somam área de 1,7 milhão de metros quadrados.
Levantamento do Ibope Inteligência em parceria com a Associação dos Lojistas de Shoppings (Alshop) registra que o número de lojas vagas nos shoppings brasileiros atingiu neste ano níveis recordes e já faz empreendedores reduzirem o aluguel e até deixarem de cobrar a locação para segurar o lojista. Cada loja que se fecha, obviamente, trabalhadores ficam desempregados.

[caption id="attachment_53420" align="alignleft" width="620"] Se conseguir passar pelo processo com habilidade política, Dilma Rousseff pode sair fortalecida | Lula Marques/Agência PT[/caption]
"A ação de Eduardo Cunha, presidente da Câmara, que está lutando contra acusações em um caso de suborno, abre uma nova fase de incerteza no Brasil". Em tradução livre, é assim que começa o segundo parágrafo da matéria do jornal New York Times. O texto, assinado pelo correspondente Simon Romero, é preciso em analisar a atual situação de Dilma, que encara "uma severa crise econômica e um colossal escândalo de corrupção".
Simon, que fica no Rio de Janeiro, sabe bem o que a ação de Cunha significa para o Brasil, além das semanas de delicadas negociações políticas às vésperas do recesso parlamentar: um tempo de grande incerteza. Legalmente, Dilma pode ser impedida de governar? Não se sabe. Afinal, Dilma ainda não foi envolvida diretamente em nenhum dos casos de corrupção denunciados pela Lava Jato. Talvez — ressalte-se o talvez — Lula esteja mais próximo disso do que ela.
Politicamente, a presidente pode ser tirada do cargo — ou ao menos suspensa? Não se sabe. Cunha diz basear sua decisão em acatar o pedido de impeachment em um caráter técnico. Pode até ser verdade, visto que, de fato, ele recusou muitos outros pedidos de impeachment. Porém, não se pode tirar o fator político da equação. Lembre-se: Cunha também encara acusações de corrupção e, ele sim, tem seu nome citado clara e abertamente como envolvido no caso.
E economicamente, como fica a situação do País? Não se sabe. O mercado internacional acompanha com cautela o desenrolar do caso. A economia brasileira não vai nada bem. Ainda na quarta-feira (2/12), o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que reduz a meta fiscal de 2015 e autoriza o governo federal a encerrar o ano com um déficit de R$ 119,9 bilhões.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, parece ir no caminho certo, mas não consegue trilhá-lo e a equipe de Dilma não ajuda em nada, mostrando ser despreparada. Chegou-se a cogitar a saída de Levy, mas não dá para trocá-lo por um Nelson Barbosa, por exemplo, que é um bom economista, mas que mostra ser mais ineficaz no Ministério do Planejamento do que foi quando ocupou a secretaria executiva do Ministério da Fazenda — um Henrique Meirelles talvez fosse uma boa opção. Então, o que vemos é justamente isso: incertezas.
Outra análise, feita pelos jornalistas Mauricio Savarese e Brad Brooks em texto publicado no Washington Post, diz: "As chances de Dilma ser impedida não são insignificantes, mas também não são tão grandes quanto diz a oposição". E essa frase nos dá um cenário que pode ser, acredite, benéfico para Dilma.
Como o período é de incertezas, Dilma, se for hábil politicamente — algo que até agora provou não ser —, pode dar a volta na situação. Se provar não estar envolvida diretamente nos atos de corrupção e não ter feito nada contra a lei, Dilma não sairá do poder e ainda conseguirá enfraquecer a força política de Cunha no Congresso.
Ao tratar Cunha como um "barganhador" em seu pronunciamento ainda na noite de quarta, Dilma dá indícios de que partirá para a luta. Se conseguir ser hábil politicamente e fizer as mudanças certas em sua equipe de governo, a presidente pode conseguir dar a volta por cima e se manter no poder com capacidade de governabilidade. O que ela precisa fazer é aproveitar esse período de incerteza e "puxar a corda" para o seu lado.

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[caption id="attachment_21343" align="aligncenter" width="620"] Ex-diretor Paulo Roberto Costa: esquema montado na Petrobrás exigia 3% aos fornecedores da empresa (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)[/caption]
Ainda faltam 38 dias para o início do novo mandato da presidente Dilma, mas os próximos quatro anos de governo já estão comprometidos pela repercussão dos efeitos do petrolão. Travada, não dispõe de meios para anunciar uma linha de mudança econômica sem remendos. Nem conta com a certeza de ter um orçamento para 2015 antes do início do novo mandato.
A presidente passou a terça-feira em reuniões no Alvorada alternado com a Granja do Torto. Consultou Lula e outros conselheiros, escolhidos conforme a pauta de discussão de cada momento. A ideia central era o desenvolvimento da repercussão negativa do petrolão, avaliado pela Polícia Federal como um rombo de R$ 10 bilhões nas contas da Petrobrás.
O prejuízo pode chegar a R$ 21 bilhões no cálculo do banco Morgan Stanley, que se baseou numa informação do ex-diretor Paulo Roberto Costa: a cobrança de propinas montada na diretoria de Abastecimento da Petrobrás exigia 3% aos fornecedores nos negócios da empresa O banco americano comparou a taxa ao valor de investimentos feitos pela estatal nos últimos anos.
A questão que Dilma propunha aos conselheiros era a busca de uma fórmula para abafar o petrolão de modo a impedir que o impacto negativo do escândalo comprometa o segundo mandato que se inicia em janeiro. Indagava, por exemplo, se a antecipação da escolha dos novos ministros poderia ofuscar ou dividir espaço com o petrolão.
Concluiu-se que a temporada do escândalo continuará em cartaz na mídia pelo novo governo adentro com espaço próprio no noticiário sem fórmula mágica que o controle. O que pode acontecer tem efeito adverso. É a vigilância sobre atitudes do governo capazes de serem associáveis a tentativas de redução da importância do petrolão.
Mas, coincidência ou não, no dia seguinte aos encontros surgiram duas ações cuja divulgação pode ser confundida como esforço para diminuir o impacto das investigações da Polícia Federal. Um dos casos aconteceu na própria polícia, vinculada ao Ministério da Justiça. O outro ocorreu na Petrobrás, cujo conceito histórico está em jogo no petrolão.
A PF informou que o delegado Agnaldo Mendonça errou ao incluir o diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, sucessor de Costa há dois anos, entre os beneficiados pela corrupção na Petrobrás. A menção a Cosenza teria surgido entre empreiteiros acusados de pagar propina, mas a PF afirmou, pelo delegado Márcio Adriano Anselmo, que, até agora, não há nada que o incrimine. Note-se: um delegado foi chamado a corrigir outro.
No mesmo dia, a Petrobrás anunciou a destituição de cinco gerentes que teriam participadoda corrupção quando trabalhavam com Costa e outro antigo diretor preso, Renato Duque, que respondeu por Engenharia e Serviço, agora preso pela Lava Jato. Ambos indicados pelo PT. O afastamento dos cinco gerentes simbolizaria o início de uma limpeza na petroleira.
Na falta de uma opção mais afirmativa e imediata para neutralizar o petrolão, Dilma decidiu não conversar com os partidos aliados sobre posições deles na Esplanada dos Ministérios antes da provação pelo Congresso da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) sem a exigência do superávit primário correspondente a 1,9% no desempenho fiscal do governo em 2014.
Ainda no dia seguinte ao encontro de petistas com Dilma, o governo procurou aprovar a LDO na Comissão Mista do Orçamento do Congresso sem exigência explícita quanto ao superávit, mas não deu certo. Uma parte do PMDB tentou ajudar, mas os aliados não estavam motivados suficientemente. Querem mais atenção, mas nenhum deles foi chamado ao Alvorada em momento tão importante.
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