Fóssil brasileiro de 230 milhões de anos traz novo olhar sobre evolução pré-histórica
Pedro Moura
18 agosto 2023 às 13h19
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Um réptil de cerca de 230 milhões de anos, que media cerca de um metro e pesava entre 8 e 14 kg, trouxe pistas sobre a anatomia, biologia e evolução dos precursores dos dinossauros e pterossauros. O fóssil da nova espécie, que recebeu o nome de Venetoraptor gassenae, foi encontrado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul.
A descoberta revelou que os animais da era mesozóica evoluíram a partir de uma amplitude de formas muito maior do que se pensava. A afirmação foi realizada pelos pesquisadores na edição desta quarta-feira, 16, da revista científica Nature, uma das mais importantes do mundo.
O fóssil escavado no território do Geoparque Quarta Colônia, no município de São João do Polêsine, em 2022, é o animal mais bem preservado de um precursor dos pterossauros. Essa é a primeira vez que cientistas conseguem ter uma imagem tão clara de como foram essas criaturas que vieram antes dos famosos répteis voadores.
Características incomuns
O réptil descoberto apresenta uma combinação de características consideradas incomuns pelos pesquisadores, como um bico raptorial e mãos proporcionalmente grandes, munidas de garras longas e afiadas. O pequeno réptil se locomovia adotando uma postura bípede, tendo as mãos livres para manusear presas ou escalar árvores.
A criatura pertence a um grupo extinto chamado de Lagerpetidae, parentes mais próximos dos pterossauros, répteis voadores que dividiram a Terra com os dinossauros há 165 milhões de anos. O bico raptorial do animal antecede àquele dos dinossauros em aproximadamente 80 milhões de anos.
Em aves modernas, bicos semelhantes servem para rasgar carne ou consumir frutas duras. Associado às grandes garras em forma de foice, o bico pode ter servido para lidar com potenciais presas, e as garras podem ter ajudado o réptil a escalar árvores e a se livrar de seus predadores.
Os fragmentos ósseos do Venetoraptor gassenae ficarão em exibição no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia/UFSM, no município de São João do Polêsine (RS).
