Instalada após as revelações feitas pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados ouve, nesta quarta-feira, 16, representante da empresa de fiscalização das casas de apostas. Desdobramentos da Operação Penalidade Máxima revelam que o grupo criminoso negociava altos valores com jogadores de times brasileiros para, entre outras ações, receber cartões durante as partidas de futebol.

A empresa Sportradar Integrity Services faz o acompanhamento de apostas, prevenção e detecção de fraudes e manipulação no esporte. Ela foi contratada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para fazer o monitoramento e prevenção das fraudes.

O debate atende requerimento dos deputados André Figueiredo (PDT-CE) e Mersinho Lucena (PP-PB). Segundo os deputados, a ideia é investigar por que o sistema não conseguiu “impedir a manipulação do mercado de apostas envolvendo os jogadores”, diz Mersinho.

O debate, presidido pelo deputado Julio Arcoverde (PP-PI) e relatado pelo deputado Felipe Carreras (PSB-PE), será realizado às 14h, no plenário 8.
Penalidade máxima

O escândalo veio à tona após denúncia do presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, ao Ministério Público de Goiás. Na etapa final da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022, ele foi informado que um jogador do time estava sendo ameaçado por um apostador.

A peça acusatória aponta que, a partir do mês de setembro do ano passado, o suposto grupo criminoso prometeu e efetivamente concedeu vantagem indevida a diversos jogadores para convencê-los a manipular os resultados nas partidas, principalmente com o objetivo de assegurar que os atletas fossem punidos com cartões amarelos (em um dos casos, houve a combinação para o recebimento de um cartão vermelho).

De acordo com o Gaeco, por meio de conteúdo localizado em aparelhos celulares apreendidos, apurou-se que na 25ª rodada do Brasileirão 2022, realizada entre 3 e 5 de setembro, parte dos denunciados elaborou uma lista de jogadores cooptados para o esquema de corrupção.

Na maioria desses eventos, os denunciados Bruno Lopez, Vítor Yamasaki, Luis Felipe Rodrigues e Thiago Chambó se uniram para cooptar atletas de diferentes clubes para que eles recebessem cartões amarelos nas partidas, o que, de fato, aconteceu. Somente na partida Fluminense e Goiás, foi negociado um cartão vermelho. De acordo com a denúncia, em apenas uma das rodadas, as negociações representaram um lucro de cerca de R$ 720 mil aos manipuladores.

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