Opção cultural

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“Acidente com o Césio é tratado como tabu e ninguém o insere na história da cidade”

Gore e trash, obra dos goianos rememora, com muito terror ficcional, um dos episódios mais trágicos da história de Goiás

“Até você saber quem é”: a travessia de um escritor

O primeiro romance de Diogo Rosas G. nos dá a nítida certeza de que estamos diante de um estreante de peso que deverá surpreender-nos com outras boas criações no futuro

“ZUT”: uma aventura da linguagem

Wilmar Silva, sob o pseudônimo de Djami Sezostre, experimenta múltiplas possibilidades de artesanato literário

Danny Boyle leva a Berlim uma espécie de continuação de Trainspotting, clássico dos anos 90

O diretor nega, mas "T2" mais parece uma sequência para as aventuras vividas em 1996 [caption id="attachment_86892" align="aligncenter" width="620"] T2 é uma continuacão de "Trainspotting"? Danny Boyle nega essa suspeita, mas de fato parece[/caption] Rui Martins Especial para o Jornal Opção, de Berlim Eles formavam uma quadrilha, porém Mark Renton partiu com as 16 mil libras de um tráfico de heroína. Vinte anos depois, Renton retorna da Holanda a Edimburgo e reencontra Spud, Sick Boy e Begbie, em situações diversas e muito perigosas. "T2" é uma continuacão de "Trainspotting"? Seu diretor, Danny Boyle, nega essa suspeita, porém, a impressão é de um retorno dos quatro para reviverem, num contexto diferente, as aventuras que excitaram jovens hoje quarentões. [relacionadas artigos="86881"] "Não é uma sequência, mesmo porque o clima da época de 'Trainspotting' era outro, tudo mudou, e seria impossível reeditar, com o mesmo impacto, as aventuras do passado", diz Danny Boyle, o diretor e criador, que não precisa provar nada, pois já embolsou até um Oscar com "Slumdog Millionaire". Mesmo assim, não se pode evitar os comentários maldosos dos que veem os amadurecidos jovens de outrora como num exercício de come-back no estilo dos Rolling Stones. Porém, não se pode negar, o filme tem música, movimento, fotografia, cenas, enfim, tudo de bom, mesmo para os jovens de agora que nunca viram o primeiro "Trainspotting". A atriz búlgara Anjela Nedyalkova contou, no encontro com a imprensa, ter visto essa primeira versão quando bem adolescente e não ter gostado de certas cenas chocantes. Agora participante do "T2", ela viveu Veronika, a esperta garota que soube convencer o grupo a criar um grande bordel com sauna em Edimburgo, mas fugiu para Sofia com as 100 mil libras obtidas para execução do projeto, deixando seus amigos sem nada e obrigados a viverem novas aventuras. Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema

Richard Gere, Donald Trump e o jantar indigesto servido no Festival de Berlim

Único filme americano na competição internacional do Festival de Berlim, "O Jantar" levanta discussões sobre racismo, pobreza e falta de políticas públicas [caption id="attachment_86884" align="aligncenter" width="620"] Filme de Oren Moverman mostra discussões durante um jantar de família, que foi usado por atores e diretor para traçar um paralelo com posições polêmicas do novo presidente dos EUA[/caption] Rui Martins Especial para o Jornal Opção, de Berlim O filme "O Jantar” (The Dinner), com Richard Gere e Laura Linney nos papéis principais, embora servido num restaurante de alta classe com o maitre apresentando cada prato, acaba sendo indigesto aos convivas. Este, que é o único filme americano na competição internacional do Festival de Berlim, tem o seguinte enredo: [relacionadas artigos="86807, 86696, 85629"] Logo depois de servida a entrada e enchidos os copos com bom vinho, dois irmãos com suas esposas vão colocando sobre a mesa um recente problema criado por seus filhos, dois adolescentes, que, a exemplo do ocorrido já algumas vezes em Brasília e em Porto Alegre, talvez também em outras cidades brasileiras, atearam fogo e provocaram a morte de uma indigente que, enrolada num cobertor, tentava dormir numa cabine destinada a um aparelho para retirada de dinheiro. O gesto deliberado provocou gargalhadas nos dois garotos da alta classe norte-americana — o pai de um deles é político e deve se apresentar como candidato a governador —, que aproveitaram para filmar com o celular a luta da mulher contra as chamas. Assim, enquanto o jantar avançava, a mãe de um dos rapazes defendia seu filho, colocando a culpa na mulher sem teto por ter assustado os garotões. O mesmo fazia a outra mulher, que era a segunda esposa do futuro candidato a governador (Richard Gere) e, embora não fosse a mãe, defendia o rapaz com ardor — ela também era a madrasta de uma menina e de um filho adotivo negro adolescente, deixados pela primeira esposa que abandonara a família para fazer meditação na Índia. Bem antes da sobremesa, sabe-se que o filho adotivo, que não participara do crime, conseguira colocar na internet o vídeo do irmão e do primo criminosos, tendo rejeitado uma oferta em dinheiro feita pelo primo para ficar quieto. Enfim, depois do digestivo, o irmão do candidato a governador, que é psicótico, tenta quebrar a cabeça do sobrinho adotivo negro, que tinha colocado o vídeo do crime na internet. Por fim, a esposa do personagem de Richard Gere o ameaça com o divórcio, caso ele denuncie os culpados, como pretende, numa entrevista com a imprensa. E o enredo do filme serviu de comparação durante a entrevista coletiva do diretor Oren Moverman e do ator Richard Gere, conhecido por posições claras em defesa dos direitos humanos e que esteve, na quinta-feira, 9, com a chanceler alemã Angela Merkel. Eles afirmaram que o egoismo e a defesa dos próprios interesses apresentados pelo filme são paralelos à ideologia pregada pelo novo presidente americano Donald Trump. Richard Gere foi mais longe e ressaltou ter havido nos EUA um aumento de atos violentos e agressões racistas desde a campanha eleitoral de Trump, dizendo que os dirigentes que provocam o medo nas pessoas são responsáveis por incitar crimes terríveis. Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema

Uma salada de sons: de sertanejo raiz a Joe Satriani

Mais uma Playlist Opção! E, como sempre, a diversidade de sons impera. Temos desde as duplas de sertanejo raiz Tonico e Tinoco e Tião Carreiro e Pardinho ao virtuose da guitarra Joe Sartriani. É só dar Play! https://www.youtube.com/watch?time_continue=269&v=SIx5vI33hCI   https://www.youtube.com/watch?v=zRJrNrQBNqA   https://www.youtube.com/watch?v=8gsGhdZDC-0&feature=youtu.be   https://www.youtube.com/watch?v=x3zJOcI3LzY   https://www.youtube.com/watch?v=uJgzKpMQ9nA   https://www.youtube.com/watch?v=vScUbKoE-qs   https://www.youtube.com/watch?v=JmU0b8bxlG8   https://www.youtube.com/watch?v=8EuwjahnYqo   https://www.youtube.com/watch?v=SM6XnUGj8aA&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=0uLI6BnVh6w  

Governo francês decide construir muro a prova de balas em volta da Torre Eiffel

Decisão é para proteger visitantes e funcionários de possíveis ataques terroristas A Torre Eiffel vai ter um muro de proteção a prova de balas para prevenir ataques terroristas. A informação é do Público, de Portugal. Segundo o jornal, a medida integra um programa de investimento de 300 milhões de euros nos próximos 15 anos. Desse montante, 20 milhões serão aplicados no muro. A ação deverá alterar completamente a circulação de pessoas no local, que recebe aproximadamente sete milhões de visitas anuais. Os painéis de vidro terão uma altura de 2,5 metros e vão proteger toda a base da Torre. Os painéis serão permanentes e o objetivo é diminuir o risco de ataques terroristas ou a entrada de veículos nas proximidades do monumento. O governo francês já havia colocado barreiras de metal no local para a Euro 2016. Nesta sexta-feira, 10, a polícia francesa deteve quatro pessoas suspeitas de preparar um novo ataque terrorista em Paris. A prisão aconteceu na cidade de Montpellier. De acordo com a imprensa francesa, entre os detidos está uma menina de 16 anos. O ataque aconteceria com cintos explosivos num local turístico de Paris.

Best Mistake, música do Overfuzz, ganha videoclipe em plano-sequência

Gravação em uma única filmagem traz bailarina da Quasar Jovem em coreografia ritmada com imagens em slow motion

“Django” abre Festival de Cinema de Berlim relembrando a perseguição aos ciganos pelo regime nazista

Filme do diretor francês Étienne Comar conta a história de Django Reinhardt, um dos grandes guitarristas europeus dos anos 1940 e 1950 [caption id="attachment_86817" align="aligncenter" width="620"] Filme conta a história de Django Reinhardt, mas não se trata de um longa biográfico comum, pois cola a história do guitarrista ao contexto das perseguições contra os ciganos pelo regime nazista | Foto: Roger Arpajou[/caption] Rui Martins Especial para o Jornal Opção, de Berlim "Django", que abriu o 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim, não é um filme biográfico típico. Étienne Comar, seu realizador, preferiu colar a imagem de Django Reinhardt  no contexto das perseguições contra os ciganos, alvos do mesmo extermínio projetado pelos nazistas contra os judeus. Aliás, é um dos raros filmes a tratar do assunto. [relacionadas artigos="86696, 85629"] Django Reinhardt foi um dos grandes guitarristas europeus dos anos 1940 e 1950, tendo tocado com os grandes nomes do jazz americano e feito uma tournée com Louis Armstrong pelos Estados Unidos. Apesar de ter dois dedos atrofiados em consequência de um incêndio, Django era um virtuoso da guitarra. Com sua banda, ele tocava swing, blues e principalmente jazz, tendo sido um ícone da música popular em Paris, na época da Ocupação. No seu momento de maior prestígio, sentindo-se ameaçado por ser cigano — nascido na Bélgica, quando seus pais viajavam pela Europa em roulottes —, decidiu fugir para a Suíça. O filme deixa em suspenso se Django foi ou não acolhido pelos suíços, em 1943, mas o diretor Éttiene Comar falou de uma rápida acolhida, seguida de um retorno à França, para a cidade de Toulon, onde possuía parentes. Em Toulon, Django permaneceu incógnito, mas retornou a Paris, depois da Libertação, quando compôs um Réquiem para seus irmãos ciganos, composto para órgão, orquestra e coro. Essa composição foi executada apenas uma vez, em Paris, e dedicada a todos os ciganos massacrados pelos nazistas. A maior parte da partitura se perdeu, mas Étienne Comar obteve uma reconstituição para as cenas finais do filme com fotos de ciganos mortos nos campos de concentração nazistas. E essa história de perseguição étnica, num momento de guerra, se reveste de grande atualidade. Ao ver os ciganos perseguidos, os espectadores se conscientizam de que hoje o mundo revive um momento de guerra e perseguição, gerador de centenas de milhares de refugiados. A história se repete, sendo interpretada por outros líderes mundiais no papel dos mesmos personagens. "Django" não é um filme de entretenimento porque pode provocar má consciência nos espectadores. Fechar a Europa e as Américas aos refugiados? Quem quer ter hoje o papel de Hitler, na nova encenação do drama vivido pela humanidade nos anos 1930? Qual será o papel escolhido por Donald Trump? Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema

Deb and The Mentals e Water Rats tocam em Goiânia nesta sexta (10)

Noite de grunge e punk rock acontece a partir das 21 horas no Complexo Estúdio & Pub, no Centro

País que mais abrigou refugiados sírios, Alemanha sedia um festival antirracista e anticolonialista

O 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim começa mostrando ser um evento que reúne discursos favoráveis à política alemã pelos refugiados Rui Martins Especial para o Jornal Opção, de Berlim O 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim começa nesta quinta-feira, 9, com o filme francês "Django", de Etienne Comar. O festival deste ano terá um recorde de filmes brasileiros em exibição, sendo um goiano, além de um na competição internacional de longas-metragens ("Joaquim", de Marcelo Gomes), e outro na competição internacional de curtas ("Estás vendo coisas", de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca). Este Festival é francamente engajado, por decisão de seu diretor Dieter Kosslick, em favor da política alemã pelos refugiados. Talvez por isso, os filmes das diversas mostras filmes sejam claramente antirracistas e anticolonialistas. É o caso do filme brasileiro "Joaquim", que mostra a figura de Tiradentes, o primeiro rebelde contra os portugueses pela independência; do filme "Vazante", de Daniela Thomas, que revive o tempo da escravidão no Brasil, em Minas Gerais, na exploração das minas de pedras preciosas; de "Django", o filme da abertura, que mostra o cigano perseguido pela SS nazista; e do filme do haitiano Raoul Peck, "Não sou o teu negro", inspirado na vida de James Baldwin, um libelo contra o racismo nos Estados Unidos.

T2 Transpotting
Será que Did Renton criou uma família e comprou uma lavadora de carros como terminou o primeiro filme de Danny Boyle? O festival de Berlim dará a resposta logo no segundo dia do Festival com o retorno de Ewan McGregor. A expectativa é grande e a crítica estará mobilizada para reservar seu lugar na primeira exibição e será ainda mais difícil achar um lugar na grande sala onde Danny Boyle e Ewan McGregor falarão com a imprensa.
Aki Kaurismäki e Volker Schlöndorff
Outro retorno importante será o do finlandês Aki Kaurismäki, na terça-feira, 13, com seu novo filme "O outro lado da esperança", que é um conto talvez utópico sobre a amizade entre um refugiado sírio que, depois de viver rejeitado nas ruas de Helsinki, na Finlândia, é descoberto pelo dono de um restaurante, que lhe dá cama, comida e trabalho. O cineasta alemão Volker Schlöndorff também está de volta a Berlim, mas sem um tema social, embora continue criando dentro do universo do seu amigo suíço, já falecido, Max Frisch, que o inspirou no filme "Homo Faber". "De volta a Montaulk" é o novo filme de Schlöndorff na competição internacional e que é focado nos problemas amorosos de um escritor com a inspiradora da personagem do seu novo livro. Haverá ainda um filme francês de Martin Provost, "Parteira", com a veterana atriz Catherine Deneuve. O filme da atriz portuguesa Teresa Villaverde, convertida em cineasta com seu filme "Colo", mostra, também na competição internacional, uma família sofrendo as consequências da crise econômica. O presidente do júri da competição internacional é o cineasta holandês Paul Verhoeven, que com outros seis especialistas da Alemanha, Tunísia, México, Islândia, Estados Unidos e China distribuirão os Ursos de Ouro e de Prata. Rui Martins é convidado do Festival Internacional de Cinema de Berlim

Protagonista de “O Mágico de Oz” foi molestada por anões em set de filmagens

[caption id="attachment_86695" align="alignnone" width="620"] Judy Garland e os atores anões que interpretaram os muchkins[/caption] A atriz Judy Garland (1922-1969), que viveu o papel de Dorothy, no clássico “O Mágico de Oz” (1939), teria sido molestada no set de filmagens pelos atores anões que interpretaram os “munchkins”, durante a gravação do longa. A notícia veio à tona com a divulgação de uma nota do jornal The Sun a respeito do livro de memórias “Judy and I: My Life with Judy Garland”, escrito pelo esposo de Judy, Sid Luft (morto em 2005), que será publicado em breve. Judy relatou o caso ao marido e, segundo consta em seu livro, ela tinha 16 anos à época das gravações e os atores anões contavam por volta dos 40 anos de idade. De acordo com Luft, os anões bolinavam Judy, passando as mãos por debaixo do seu vestido. Aos mesmos anões foi atribuída a fama de proporcionarem algazarra, orgias e bebedeiras no hotel onde ficaram hospedados durante a realização de "O Mágico de Oz". Judy, que brilhou também no teatro e na televisão, tornou-se viciada em anfetamina e barbitúricos, vindo a falecer de overdose em 1969, aos 47 anos.

Jack Nicholson deixa “aposentadoria” para voltar ao cinema

Segundo a revista "Variety" o ator foi contratado para a nova versão de "Toni Erdmann"   [caption id="attachment_86674" align="alignleft" width="300"] Jack Nicholson deve protagonizar a nova versão de "Toni Erdmann" | Foto: Vera Anderson/WireImage)[/caption] Jack Nicholson, que não atua em um filme desde a comédia romântica "Como você sabe", de 2010, deve voltar ao cinema em nova versão de "Toni Erdmann", filme alemão indicado ao Oscar de Melhor filme em língua estrangeira neste ano. Para muitos, Nicholson estaria aposentado, mas informações da revista "Variety" garantem que o ator será o protagonista da nova versão do filme, a ser produzida pelo estúdio Paramount Pictures, que adquiriu os direitos cinematográficos da produção alemã. "Toni Erdmann" é um filme da escritora e diretora Maren Ade, que será produtora executiva ao lado de Jonas Dornbach e Janine Jackowski. Adam McKay, diretor de "A grande aposta" (2015), será um dos produtores do projeto ao lado de Will Ferrell e Jessica Elbaum. Ainda não há diretor escalado. O filme é um dos favoritos ao Oscar de melhor filme estrangeiro e se tornou uma sensação internacional desde sua estreia no festival de Cannes, em maio de 2016. "Toni Erdmann" será exibido na 10ª Mostra o Amor, a Morte e as Paixões.

O centenário da estreia de Manuel Bandeira como poeta

Aos caríssimos navegantes que aportam aqui no Opção Cultural: a “Terça poética” está de volta. Mas agora com algumas novidades. [caption id="attachment_86648" align="alignleft" width="620"] Manuel Bandeira estreou na poesia em 1917, com a publicação de "A Cinza das Horas" | Imagem: frame do filme "O Poeta do Castelo" (1959), de Nelson Pereira dos Santos[/caption] Continuaremos a publicar poemas inéditos daqueles que quiserem divulgar a sua produção, ficando aqui o convite para que o façam. É só enviar para este e-mail: [email protected]. Mas além da publicação de inéditos, a “Terça Poética” também contará com textos sobre poesia, isto é, comentários críticos, resenhas de autores clássicos e novos, ensaios sobre as formas poéticas, história da poesia, poesia e filosofia, etc. Portanto, aqueles que também quiserem divulgar seus escritos sobre algum poeta, um livro específico de ou sobre poesia ou mesmo acerca de um único poema, é só enviar para o mesmo e-mail. Pois bem, para recomeçarmos bem a “Terça poética”, nada melhor que dar destaque àquele é considerado por muitos se não o maior poeta brasileiro ou menos o que mais teve domínio do verso, da cultura e da tradição poéticas como um todo: Manuel Bandeira. “Esta pouca cinza fria...”: centenário de A Cinza das Horas O pernambucano Manuel Bandeira (1886-1968), como muitos poetas brasileiros de renome, foi atacado pela tuberculose, na juventude. Como forma de tratamento da enfermidade, Bandeira fixou-se na Europa, em junho de 1913, especificamente na Suíça, em um sanatório na região de Clavadel, perto de Davos-Platz. Por esse motivo, os que estudam o poeta sempre o associam às personagens do romance A Montanha Mágica, de Thomas Mann. Bandeira só retornaria ao Brasil em outubro do ano seguinte, tendo visto, antes disso, o irromper da apocalíptica Primeira Guerra Mundial. Fato é que este período contribuiu, em dada medida, para que Bandeira concentrasse em seu livro de estreia, A Cinza das Horas, publicado em 1917, certo ar soturno, com versos produzidos por um coração “que ardeu... em gritos dementes”, sendo que das “horas ardentes” só restou “esta cinza fria/ – Esta pouca cinza fria...”, como está escrito na Epígrafe do livro. Apesar de, a posteriori, Bandeira ter registrado em seu Itinerário de Pasárgada que nada tinha mais a dizer dos versos de A Cinza das Horas, senão “que ainda me parecem hoje, como pareciam então, não transcender da minha experiência pessoal, como se fossem simples queixumes de um doente desenganado, coisa que pode ser comovente no plano humano, mas não no plano artístico”, estes versos merecem ainda ser lidos e relidos. O primeiro dos poemas, “Desencanto”, já traz a tônica principal da obra: DESENCANTO Eu faço versos como quem chora De desalento... de desencanto... Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente... Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração. E nestes versos de angústia rouca Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca. – Eu faço versos como quem morre. Teresópolis, 1912 Destaco também o soneto “A Antônio Nobre”, dedicado ao poeta romântico português Antônio Pereira Nobre (1867-1900) que, curiosamente, esteve em Clavadel, em 1895 – antes que o lugar recebesse em seus domínios um sanatório, e lá escreveu também um soneto, intitulado “Ao cair das folhas”. O irônico é que Nobre morreu de tuberculose. Abaixo os dois sonetos. O primeiro, de Bandeira, e o segundo, de Nobre. A ANTÔNIO NOBRE Tu que penaste tanto e em cujo canto Há a ingenuidade santa do menino; Que amaste os choupos, o dobrar do sino, E cujo pranto faz correr o pranto: Com que magoado olhar, magoado espanto Revejo em teu destino o meu destino! Essa dor de tossir bebendo o ar fino, A esmorecer e desejando tanto... Mas tu dormiste em paz como as crianças. Sorriu a Glória às tuas esperanças E beijou-te na boca... O lindo som! Quem me dará o beijo que cobiço? Foste conde aos vinte anos... Eu, nem isso... Eu, não terei a Glória... nem fui bom. AO CAIR DAS FOLHAS Pudessem suas mãos cobrir meu rosto, fechar-me os olhos e compor-me o leito, quando, sequinho, as mãos em cruz no peito, eu me for viajar para o Sol-posto. De modo que me faça bom encosto o travesseiro comporá com jeito. E eu tão feliz! – Por não estar afeito, hei-de sorrir, Senhor, quase com gosto. Até com gosto, sim! Que faz quem vive órfão de mimos, viúvo de esperanças, solteiro de venturas, que não tive? Assim, irei dormir com as crianças quase como elas, quase sem pecados… E acabarão enfim os meus cuidados.      

Morre, aos 77 anos, Tzvetan Todorov

Morreu hoje, aos 77 anos de idade, em Paris, o filósofo e estudioso da literatura Tzvetan Todorov. Nascido em Sófia, capital da Bulgária, Todorov foi um dos grandes autores da segunda metade do século XX ligados ao estruturalismo, e estudado tanto por historiadores quanto por teóricos da literatura, antropólogos e psicanalistas. Entre suas principais obras estão: A Conquista da América: a questão do outro e A Gramática de Decameron.