Opção cultural

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Contos da pandemia (29): O velho e o rio, de Ítalo Campos    

Cuidadoso, não tivera razões para supor que algo mais grave como a tal de pandemia o alcançaria e tamanha foi a surpresa quando o exame do dia seguinte deu positivo

O polivalente escritor e promotor cultural Luiz Eudes e a Cangalha de Contações Maviosas

"Se cada dia cai, dentro de cada noite/Há um poço/Onde a claridade está presa./Há que sentar-se na beira/Do poço da sombra/E pescar luz caída/Com paciência." (Pablo Neruda)

Romance “Amazing Grace” evita clichês e promete montanha-russa de emoções

Obra de estréia do escritor e jornalista Rafael Calixto retrata a jornada do amor como ele realmente é

Pela preservação da Escola de Artes e Arquitetura Professor Edgar Albuquerque Graeff

A Reitoria pretende alocar os cursos de Arquitetura e Urbanismo, e de Design, em um grande centro politécnico, dominado obviamente pelas engenharias

Vili Santo Andersen: autor de poemas com marca registrada

Seus poemas são poemas sintéticos e buscam sugerir mais que propriamente dizer — avessos ao discurso verborrágico

Com carinho: ao mestre, Gilberto Mendonça Teles, que me incentivou a escrever

Apesar de considerar que a força do que é dito jamais deve ser negligenciada, penso que poucas vezes uma palavra alcançou tão bem a sua significação: tenta, tenta

Livro sobre Attilio Corrêa Lima propõe reparação à história oficial do planejamento de Goiânia

A pesquisa realizada pela arquiteta e urbanista Anamaria Diniz e publicada no livro “Goiânia de Attilio Corrêa Lima: ideal estético e realidade política” propõe um contraponto e uma reparação à história oficial sobre o planejamento urbano da capital do estado de Goiás, realizado por Attilio Corrêa Lima. Premiada pelo CAU-GO, por meio de projeto da Casa da Cultura Digital, a publicação foi lançada na última semana.

“Goiânia de Attilio Corrêa Lima (1931 a 1935) – ideal estético e realidade política” é resultado da dissertação de mestrado da autora, de artigos publicados, além de estudos recentes compartilhados pela primeira vez com leitoras e leitores interessados em Cidades. Com base em fontes primárias e documentos inéditos, Anamaria Diniz afirma: “Attilio nunca desistiu de Goiânia”.

Segundo a autora, que teve acesso ao acervo da família Corrêa Lima, “o livro traz aprofundamento na trajetória profissional do urbanista e documenta a conclusão e a entrega do trabalho de idealização da ‘nova capital’ que, ao longo dos últimos 80 anos, continua sendo desvirtuada”. Publicado pelo Selo Livre da NegaLilu Editora, o livro vem a público no formato eletrônico (ePub), com uma versão em português e uma versão em inglês.

“Entender a relação de Attilio Corrêa Lima com Goiás e de Goiânia com seu plano é entender a cidade de hoje. É notório que os problemas que impediram a efetivação do plano de Attilio para a capital e levaram à interrupção do contrato do urbanista com o Estado, são os mesmos que nos assombram nos dias de hoje”, ressalta o presidente do CAU-GO, Fernando Chapadeiro no texto de apresentação do livro de Anamaria Diniz.

A publicação conta ainda com duas colaborações. O prefácio de “Goiânia de Attilio Corrêa Lima (1931 a 1935) – ideal estético e realidadepolítica” foi escrito por Estevão C. de Rezende Martins, professor titular emérito da UnB. Também professor da Universidade de Brasília, quem assina o posfácio é Flávio R. Kothe, titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Sobre a autora

Anamaria Diniz é arquiteta e urbanista, coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas e Estudos da Cidade (NIPEC) e integrante do Núcleo de Estética, Hermenêutica e Semiótica da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (NEHS – FAU/UnB). Concluiu o doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela UnB, em 2015, quando realizou pesquisas com cotutela no Fonds Historiques de l'Institut d'Urbanisme de l'Université de Paris  IUP/UPEC – Paris XII, como bolsista da CAPES.

Publicou a tese intitulada O itinerário pioneiro do urbanista Attilio Corrêa Lima, em 2017, com apoio do Conselho de Arquitetura de Goiás (CAU-GO).

Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo, História Urbana, Territorialidades e Patrimônio Histórico – Restauro são suas principais áreas de ensino e pesquisa.

Também é co-fundadora do escritório Anamaria Diniz Arquitetos Associados.

Ficha técnica:

Coordenação editorial: Larissa Mundim

Edição: Patrícia Guimarães Gil e Larissa Mundim

Revisão: Rosângela Chaves

Tradução: Edilson Pimenta Ferreira

Projeto gráfico e programação: Bia Menezes

A Pablo Lenine, meu irmão, que agora está no disco voador

Livre e subversivo, a cadeira de rodas não era o seu lugar no mundo. Vou me lembrar dele segurando uma noitada com garrafão de vinho, violão, Raul e Beatles

Ricardo Aleixo, um dos mais importantes nomes da poesia brasileira, lança livro Extraquadro

Poeta, artista e pesquisador das poéticas intermídia, Ricardo Aleixo apresenta, em Extraquadro, poemas produzidos nos últimos oito anos

“Ruby” é um romance que trata da crueldade dos homens e da redenção propiciada pelo amor

Na obra da escritora americana Cynthia Bond, a protagonista, vítima de abuso sexual, vai do limiar da insanidade à superação, graças ao apoio de um amigo de infância

Contos da pandemia (28): De volta para casa, de Placidina Lemes Siqueira

O inimigo invisível matou meu amigo, que não teve nem velório. Despediu-se sem nossa presença e partiu para a eternidade. Não vi seu corpo tombado . Mas tombou

Contos da pandemia (27): Sem título 1, de Sérgio Tavares

Os dias se passaram e a terra era aberta em covas coletivas. Tornou-se um genocídio

Contos da pandemia (26): “Se puder, fique em casa”, de Julius Vieira

Com a aglomeração, quase conseguia ver o vírus dançando balé pelo ambiente

Eltânia André e a literatura vista pelo olhar feminino   

Escritora enumera os acontecimentos na vida de uma família e traça paralelos entre a frágil democracia brasileira e as tentativas para o seu enfraquecimento 

Adelto Gonçalves    

Quem chamou a atenção deste resenhista para o modo diferente como as mulheres escritoras olham o mundo foi o escritor catalão Eduardo Mendoza (1943), em entrevista que concedeu, em janeiro de 1990, em Barcelona. E que seria publicada à época na "Linden Lane Magazine", de Princeton, Nova Jersey/EUA, no "Jornal de Letras", de Lisboa, em "O Estado de S. Paulo", no "Suplemento Literário Minas Gerais" e em "A Tribuna", de Santos, e ainda pode ser lida no site www.filologia.org.br. Eis o que disse Mendoza: “Interesso-me, entre os contemporâneos, pelas mulheres. Elas interessam-me porque escrevem de uma maneira distinta. É difícil que um homem, nestes momentos, faça uma imagem que não seja conhecida. Já as mulheres têm imagens próprias, completamente novas. São uma janela para outro mundo, outra sensibilidade e outra forma de ver as coisas”. [caption id="attachment_313794" align="aligncenter" width="329"] No livro de Eltânia André “o inferno das aparências reina desde antes da revolução digital e persegue e cria marca de ferro nos seus habitantes em termos existenciais” | Foto: Divulgação[/caption] Pois bem, o novo livro de Eltânia André (1966), "Terra Dividida" (Laranja Original Editora, 2020), é uma confirmação das palavras de Mendoza. E uma prova de como o olhar feminino na literatura é diferente daquele feito por homens, como sabe quem tem intimidade com as obras de Clarice Lispector (1920-1977), Cecília Meirelles (1901-1964), Nélida Piñon (1937), Cora Coralina (1889-1985), Carolina de Jesus (1914-1977), Lygia Fagundes Telles (1923) e Hilda Hilst (1930-2004), só para ficarmos com algumas autoras brasileiras. É um outro olhar. O romance de Eltânia mostra como pano de fundo Pirapetinga, cidade de 10 mil habitantes, que fica na divisa dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, com o rio do mesmo nome separando o território mineiro de Santo Antônio de Pádua, no lado fluminense. Embora nascida em Cataguases, cidade mineira que constituiu extraordinário celeiro de artistas da mais alta relevância para o País ao longo do século 20, desta vez, a autora preferiu se inspirar em Pirapetinga, terra de seus avós, que fica a 150 quilômetros de distância, e, assim, construiu um mundo imaginário cortado pelas águas de um rio e pelos valores, dramas e contradições que circundam as relações pessoais. Em linguagem extremamente criativa e pessoal, Eltânia vai enumerando, numa prosa escorreita e acessível a qualquer leitor, os acontecimentos na vida de uma família, ao mesmo tempo em que traça paralelos entre a frágil democracia brasileira e as recentes tentativas para o seu enfraquecimento, que vão até a um possível golpe de mão armado antes das eleições previstas para 2022. Aliás, concluído em agosto de 2016, o romance é premonitório, ao reproduzir em sua penúltima página a fala de um esbirro da ditadura civil-militar (1964-1985) exaltando a figura de um torturador, prenúncio dos maus tempos que viriam com aquele que já é considerado o pior governo da História republicana. [caption id="attachment_63924" align="aligncenter" width="620"] Eltânia André adota a técnica do fluxo de consciência joyceano, ao percorrer as trajetórias de figuras anônimas | Foto: Divulgação[/caption] Em seu romance, a autora adota a técnica do fluxo de consciência joyceano, ao percorrer as trajetórias de figuras anônimas, como Naira, Socorrinha, Eneida, Basílio, Nena e Almeidinha, procurando desvendar os mistérios da mente de cada personagem. Como exemplo, eis um trecho do depoimento de Socorrinha: “Muitas garotas não se previnem e engravidam por descuido e se dão mal como eu. A maioria dos homens que conheço não quer saber de compromisso doméstico, ajuda a lavar as louças e acha que está sendo moderno. O Laurindo, ex-marido da Efigênia, fez tudo quanto é tipo de falcatrua para enganar o juiz, no final deixou uma pensão minguada para os quatro filhos. O Aldo se mandou sem olhar para trás, a menina dele teve que ir ao psicólogo, tão triste ficou com o sumiço do pai de outrora. A carga bruta sobra é pra gente (...)” (págs. 88-89). Já Basílio é marcado pelo prenúncio de novos tempos, pois nasce no dia 15 de março de 1985, data em que caiu a ditadura civil-militar. O seu depoimento vai até a época do impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff, que, aliás, caiu mais por ser a primeira mulher a ocupar a Presidência da República brasileira do que por qualquer outra razão alegada. Como se percebe, a ação do romance começa, cronologicamente, na era pré-digital, em que as indústrias e até as redações dos jornais e revistas começavam a passar pelas transformações ditadas pela informática, até chegar à época atual em que muitas conversas são feitas através de e-mails, messenger do Facebook, Instagram ou WhatsApp, imagens privadas são divulgadas por Youtube e os negócios já não exigem dinheiro vivo para serem realizados, mas moedas virtuais, como a bitcoin, criptomoeda criada para ser um mei o de pagamento totalmente eletrônico que transfere créditos pela rede. Como observa no prefácio a poeta Kátia Bandeira de Mello Gerlach, neste livro de Eltânia, “o inferno das aparências reina desde antes da revolução digital e persegue e cria marca de ferro nos seus habitantes em termos existenciais”.  Para a prefaciadora, o texto de Eltânia lembra o da escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís (1922-2019), principalmente em seu livro "A Sibila" (1954), palavra que, entre os antigos, designava a mulher a quem se atribuíam o dom da profecia e o conhecimento do futuro, ou seja, a profetisa. De fato, tal como se dá em "A Sibila", o fio condutor principal é bastante descontínuo e vai mais além, pois, se no romance de Agustina é a partir do relato da vida de Quina, a sibila, que se sucedem episódios muito variados com numerosas personagens, em Terra dividida as personagens principais são pelo menos sete, além do gato Getúlio, que acompanha a sucessão de fatos com atenção, como se fosse um ser humano. Tal como Agustina, Eltânia André procura mostrar a profunda dimensão humana que se pode encontrar num espaço rural tradicional, onde cabe à mulher um papel de primeira grandeza, pois, geralmente, os homens fogem à responsabilidade e acabam por buscar um possível futuro melhor nas grandes cidades, deixando às parceiras a responsabilidade maior de criar e educar os filhos. Por aqui se vê que o livro de Eltânia chega para merecer um lugar de destaque na literatura de Língua Portuguesa. E vem provar que as escritoras oferecem mesmo um olhar diferente do mundo que não se vê na literatura praticada por homens. Depois de viver experiências traumáticas com a violência urbana que marca a vida numa cidade grande como São Paulo, Eltânia André hoje mora em São Pedro do Estoril, aldeia da freguesia de Cascais e Estoril, perto de Lisboa. É formada em Administração e Psicologia, com especialização em Psicopatologia e Saúde Pública. Tem uma obra que já se destaca entre os autores da Literatura Brasileira: "Meu Nome agora é Jaque" (contos, Editora Rona, 2007), seu livro de estreia; "Manhãs adiadas" (contos, Editora Dobra, 2012); "Duelos" (contos, Editora Patuá, 2018), "Para Fugir dos Vivos" (romance, Editora Patuá, 2015) e "Diolindas" (romance, Editora Penalux, 2016), escrito em parceria com o marido, o romancista Ronaldo Cagiano. Adelto Gonçalves é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela USP e autor de Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Nova Arrancada, 1999, e Publisher Brasil, 2002), Bocage, o perfil perdido (Caminho, 2003; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo - Imesp, 2021), Tomás Antônio Gonzaga (Imesp/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em terras d'el-rei na São Paulo Colonial (Imesp, 2015), Os vira-latas da madrugada (José Olympio Editora, 1981; Letra Selvagem, 2015) e O reino, a colônia e o poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo - 1788-1797 (Imesp, 2019), entre outros. E-mail: [email protected]

Contos da pandemia (25): Exilado, de Anderson Alcântara

“Não há nenhuma voz interior a me a cochichar qualquer som. Sou uma embalagem somente oca, sem nenhum outro adjetivo”