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Em 2012 petistas passaram por cima de impasses históricos com o político pepista ––acusado de corrupção e presente na lista da Interpol –– para eleger Fernando Haddad prefeito
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou nesta sexta-feira (30/5) o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013. Com a revisão, a economia brasileira cresceu 2,5% no ano passado, em vez dos 2,3% divulgados anteriormente.
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Revisões de indicadores econômicos são comuns no IBGE, uma vez que novos cálculos são feitos sempre que chegam dados mais completos. No caso específico do PIB, a revisão também considerou a reformulação da pesquisa Produção Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF).
A economia, no último trimestre de 2013, cresceu 0,4% e não 0,7%, na comparação com o período anterior. Já na comparação com o mesmo trimestre de 2012, o crescimento foi 2,2%, em vez do 1,9% divulgado anteriormente.

O pré-candidato a deputado federal sustenta que está na política há 40 anos, e por isso conhece várias pessoas de diversos distritos

"Tenho o amor burro, neurótico e, ainda despido, de um rapaz"
[caption id="attachment_5560" align="alignright" width="800"] Foto de um quadro fixado na parede da casa do cantor e compositor Nando Reis, em São Paulo | Foto: Nando Reis[/caption]
Da janela do ônibus, de "ida e volta de nada para nada", eu via na beira da estrada casas ralas, envolvidas por cercas. É simples a vida das pessoas nas beiras das estradas, atrás de morros, jardins, um estar de suor e paz, mais paz que suor. Eu moraria numa vida simples, pensei assim principalmente porque era o primeiro dia de uma semana de maio, porque eu tenho o amor burro, neurótico e, ainda despido, de um rapaz de vinte e dois anos.
(Com você, por exemplo, moraria em Paris, lavaria pratos; viveria ao lado de Machu Picchu, aprenderia espanhol para compreender intimamente os versos "no me pidas que huya ahora de este huracán/ que nos tiene por completo hechos lágrimas"; iria de mala e cuia para o interior do Mato Grosso, destituía-me do centro do país; iria para uma praia ou pro sul; não importa).
No momento anterior ao meu pensar simples, burro e abstergido de um rapaz, lembro que estávamos sistematicamente parados na esquina. Nos abraçamos embaixo do sol. Um carro riscou a rua. Dali eu sairia aos trapos, para talvez não mais voltar. Antes dali, eu pensei em jurar malquerer, que você despencasse, que morresse, que fosse abatido, que eu o visse agasalhado por um lençol branco eivado de sangue. Mas eu não queria pensar na sua invernada eterna. Sim, o não mais voltar, pois eventualmente eu não mais voltaria, torna-se insanável e justifica meu pensamento em professar alguma desgraça.
(Não suportaria ver teu corpo entre lençol e sangue, eu não perdoaria Deus, não suportaria a morte, pensada ou não, não aceitaria o teu não respirar, o não mover dos dedos, a ausência da expressão de dúvida. Dizem que há linhas colaterais que se cruzam entre neurose e sentimentalismo mal-arrajando, acentuadamente na nossa idade. Tantos linhas e teias erradas na vida!)
Detrás da tarde, do abraço na absorta esquina, houve então a manhã, quando erámos duas criaturas amando num quarto emprestado. Meses antes pisávamos sob descobertas: o teu sexo, o cheiro entre a nuca e o pescoço, o salivar dos instantes que antecediam as mordidas dadas docemente nos ombros, dois corpos deitados na meia-luz. Certo dia, não me lembro se no primeiro, você pulou a janela para não desconfiarem de tua visita; outra vez eu bebi cerveja barata e repetia ao pé do seu ouvido um som incomum, você ria feito plateia de circo; depois trocamos moletons azuis, livros, fotografias, discos; outro dia mesmo chovia e me escondi no seu quarto, alguém de tua família poderia ter flagrado, mas tínhamos saudade, feito fome, incêndio, buraco-negro; eu atravessava o estado, você atravessava a noite, por mais de um ano foi assim; nossos olhares, o meu castanho, o teu verde, se cruzavam em silêncio entre as pessoas; você me espiava, eu era pavão branco, a calda chegava a dois metros, um leque; por mais de um ano e eu tenho tantos detalhes para lembrar...
No quarto emprestado, antes do agora, fui conferido por um tigre, assim me tornei, principalmente pelos seus dizeres de despedidas. Menos triste não dizer que nos perdermos, como também não se diz que perdeu uma pessoa na Frei Caneca, em São Paulo. Como não se diz que o amor acabou, não em palavras. Como tigre preferi o avanço da desonra, do pesar, eu lhe fustiguei, duro, incitei, esmurrei, esbordoei você. Ouvia gritos - os gritos deixam essas situações ainda mais desagradáveis, maçantes. Que não me perguntem o que foi aquilo. Antes de sair fitei-me nas singularidades do quarto, lá fui amado, rico, lascivo.
No centro do ônibus, neste momento, debruçado na poltrona, no fundo do coração o atalho perigoso, a próxima curva cinzenta me levando, as unhas riscando os braços, um cara vindo e indo com uma ferida, carregando uma fuga vergonhosa. Indo para a cidade que diz ser sua, vindo de cenas cravadas, como num cartão-postal. Não há relógio ou tempo que extingue o eternizado, o que poetizei. Recolhido, nenhum definido consolo. Sem saber guardar os soluços, engolindo os soluços de criança, sem saber, se por hora, vale ou não uma crônica e um cigarro.

Devido à obra no viaduto da GO 060 a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) alterou o itinerário de 13 linhas de ônibus a partir desta sexta-feira (30/5), que permanecerá diferente até a conclusão da obra. Os ônibus serão desviados para as avenidas Avenida Anhanguera, Rua Ipiranga e Rua São Bento, já que a Rua Padre Feijó está interditada, e depois seguirão o itinerário normal. Usuários de transporte coletivo que passam pelo Terminal Padre Pelágio perceberão a mudança, que não altera, entretanto, os pontos de embarque e desembarque. [relacionadas artigos="5423"] Veja abaixo as linhas que serão desviadas: 137 – T.Pe.Pelágio/T.Vera Cruz/Pontacayana 140 – T.Pe.Pelágio/Maysa 141 – T.Pe.Pelágio/T. Vera Cruz/Jd. Califórnia 142 - T.Pe.Pelágio/T.Vera Cruz/T.Trindade 144 – 1 - T.Pe.Pelágio/Solar Ville 144 – 2 - T.Pe.Pelágio/Jardim Bonanza/14Bis 311 - T.Pe.Pelágio/T.Vera Cruz/ Dona Iris 324 - T.Pe.Pelágio/Monte Pascoal/ Eldorado Oeste 338 - T.Pe.Pelágio/T.Vera Cruz/Jd. do Cerrado I 344 - T.Pe.Pelágio/T.Vera Cruz/Res.Cerrado 7 347 - T.Pe.Pelágio/T.Vera Cruz/Jd. Cerrado 701 - T.Pe.Pelágio/Eldorado Oeste/Monte Pascoal 703 - T.Pe.Pelágio/St. Cristina/Jd. Marista

Produções alemãs, dinamarquesas, argentinas, brasileiras e de outros países foram exibidas em duas etapas na tarde de ontem. O destaque foi para curtas Wind e Inercia
A exposição Salvador Dalí será aberta ao público hoje (30), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro. A mostra é formada por 150 obras do artista surrealista catalão, que morreu em 1989, aos 84 anos. São 29 pinturas, 80 desenhos e gravuras, além de documentos e fotografias. As obras expostas são oriundas das principais instituições colecionadoras do artista – a Fundação Gala-Salvador Dalí, em Figueres, Espanha; o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, capital espanhola; e o Museu Salvador Dalí, na Flórida, Estados Unidos. A mostra faz uma retrospectiva da criação de Dalí desde os anos de 1920 até seus últimos trabalhos. Organizada pelo Instituto Tomie Ohtake em parceria com o CCBB-RJ, ficará em cartaz no Rio até o dia 22 de setembro deste ano. O gerente-geral do CCBB-RJ, Marcelo Mendonça, destacou que a exposição, além de celebrar os 25 anos do centro cultural, é uma oportunidade imperdível para conhecer tantas peças do artista. “É raro conseguir um acervo dessa magnitude em qualquer lugar do mundo.” . Segundo ele, trata-se de um acervo “que consegue contar a história desse grande gênio da arte do século 20". "Dalí tem a genialidade de ter aberto as janelas da arte contemporânea e o público vai perceber isso e vai sair muito satisfeito com esse mergulho no mundo onírico, no mundo de sonhos de Dalí”, completou Mendonça. O CCBB-RJ já está preparado para as filas de interessados em ver a exposição, disse o gerente-geral. Entre os visitantes da mostra são esperados turistas em visita ao Rio por causa da Copa do Mundo, que começa no dia 12 de junho e termina no dia 13 de julho. "[Mas] as salas não vão ficar abarrotadas. A gente pretende dar uma qualidade para a visitação. Acho que as pessoas vão sair muito satisfeitas.” De acordo com Marcelo Mendonça, alguns personagens fantasiados ajudarão a introduzir os visitantes no mundo de Dalí, um dos mais conhecidos pintores surrealistas do mundo. O recorde de visitação do CCBB-Rio foi registrado entre 2006 e 2007 com a exposição de obras do artista barroco Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que morreu em 1814, um dos principais representantes da arte colonial no Brasil. A mostra de Aleijadinho atraiu para o centro cultural 906 mil visitantes em quatro meses. Outra exposição muito visitada foi O Mundo Mágico de Escher, do artista holandês M. C. Escher, que atraiu em torno de 9,7 mil pessoas por dia em 2012. “Em qualquer museu do mundo, isso é muito”. O CCBB está trabalhando para conseguir, com Dalí, algo parecido, disse Mendonça. A exposição Salvador Dalí passeia pelas várias fases da produção do artista. Os visitantes terão, por exemplo, a chance de ver telas do período da formação de Dalí como pintor, entre elas o Autorretrato, da fase cubista, de 1923. Sua contribuição para o cinema também está presente, por meio dos filmes O Cão Andaluz, de 1929; e a Idade de Ouro, de 1930, resultado de parceria de Dalí e Luís Buñuel. Outro filme é Quando Fala o Coração, de 1945, de Alfred Hitchcok, cujas cenas de sonho foram desenhadas pelo artista catalão. Há ainda no acervo documentos e livros da biblioteca particular do pintor e ilustrações feitas por ele para livros infantis clássicos, como Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. A psicóloga Élvia Louzada já tinha visto algumas obras do artista catalão na Espanha e nos Estados Unidos, mas, nessa quinta-feira (29), ao visitar como convidada a mostra no Rio, ficou surpresa ao ver reunidas tantas obras dele em um único lugar. “É uma exposição magnífica. Grande. Eu estava aguardando ansiosamente por essa data para ver. Acho que vai fazer sucesso, a fila vai ser longa”, disse Élvia. Também incluído entre os convidados, o historiador e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Alex Varella avaliou que a mostra de Salvador Dalí é muito interessante. “Estou conhecendo a obra do Dalí, um pouco do surrealismo. É uma coisa fantástica. Estou abobalhado com o banho de cultura que estou ganhando aqui.” Do Rio de Janeiro, a exposição seguirá para São Paulo, onde ficará no Instituto Tomie Ohtake, entre outubro e dezembro.
Tudo indica que Ronaldo passou a ser um fenômeno depois que deixou de ser jogador de futebol e passou a dar opiniões sobre o país, como se fosse Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro e Raymundo Faoro. A indignação do ex-atacante é tão precisa quando a folha seca de Didi. Ele fala verdades simples e, apesar da réplica da presidente Dilma Rousseff, incontestáveis. Porém, na sabatina da “Folha de S. Paulo”, na quinta-feira, 29, Ronaldo demonstrou certa inocência pelo menos num ponto: “Ninguém aqui vai ver outra Copa no Brasil. Não vai ter. Até porque a Fifa vai ficar muito traumatizada” [com os problemas na preparação]. Ronaldo, integrante do Comitê Organização Local (COL), talvez não saiba, mas a Fifa não é exemplo para o Brasil e para nenhum outro país. Os escândalos envolvendo seus diretores estão didaticamente expostos em livros e reportagens de jornais e revistas. Mas a questão nem é esta. A Copa é um negócio, não é uma brincadeira de padres e freiras. Portanto, se for lucrativo para a Fifa e para as empresas que patrocinam o futebol, o Brasil poderá, sim, ter outra Copa. Ademais, a estrutura básica, os estádios, não estará pronta para torneios posteriores? O próprio Ronaldo assinala: “Os estádios aí estão. Mal ou bem, vão ficar prontos”. O futuro, sobretudo o futuro mais distante, geralmente não é decidido tão cedo. Entretanto, quando critica a falta de infraestrutura e a lentidão do governo Dilma Rousseff, Ronaldo mostra-se de extrema maturidade. “Só 30% das obras vão ser entregues”, afirma. Isto é grave, gravíssimo. “Minha vergonha é pela população que esperava grandes investimentos, esse grande legado, para eles mesmos, para a gente mesma, para a população, a reforma dos aeroportos, a mobilidade urbana, tudo o que foi prometido e não foi entregue.” Não há, no caso, do que discordar. Ronaldo tem direito de sentir vergonha. E quem não sente? Leia sobre o complexo de vira-lata no link: https://jornalopcao.com.br/posts/reportagens/brasil-o-pais-e-um-beleza-mas-o-povo
A imprensa comeu poeira ao dizer que Henrique Meirelles (PSD) poderia ser vice do pré-candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves. Porque o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, já havia anunciado apoio à presidente Dilma Rousseff, tida como uma das madrinhas da criação do partido. Agora, supostamente atendendo a um pedido do ex-presidente Lula da Silva – ele foi presidente do Banco Central na sua gestão –, Meirelles desistiu de ser candidato a senador. O motivo é prosaico: Lula acredita que, pela primeira vez em muitos anos, o PT tem chances reais de eleger o governador de São Paulo. Alexandre Padilha, estrela do Lulopetismo – espécie de Rede Solidariedade incrustado no PT –, é o nome apoiado pelo ex-presidente. Como em São Paulo está quase todo mundo meio “sujo”, Padilha, menos conhecido, pode se tornar o fato novo. Ressalve-se que o governador Geraldo Alckmin continua em primeiro, disparado, nas pesquisas de intenção de voto. Mas a campanha ainda não começou. Os números atuais podem muito bem refletir mais “conhecimento” do que qualquer outra. Meirelles, identificado com o Lulopetismo, embora seja indubitavelmente um homem de mercado, portanto mais liberal impossível, não deve apoiar o candidato do PSDB em São Paulo, Geraldo Alckmin. Kassab tanto pode ser vice de Alckmin quanto pode ser candidato a senador. Mesmo filiado ao PSD, Meirelles tende, discretamente, a apoiar Padilha. Para presidente, apoia, assim como Kassab e parte do PSD, Dilma.

Encontro faz parte da programação da 16ª edição Festival de Cinema e Vídeo Ambiental na cidade de Goiás e propõe conversa entre realizadores com o público

A empresária Zilu Camargo revelou que, abandonada pelo cantor e compositor Zezé Di Camargo, está namorando o cantor Zé Henrique, que forma dupla com Gabriel. Sentindo-se livre, depois que sua mulher saiu na frente, Zezé decidiu finalmente revelar o nome de sua namorada, Graciele Lacerda. Bela e jovem, Graciele é jornalista.
“Todos sabem que tenho uma pessoa na minha vida”, disse Zezé. Nem todos sabiam, mas muitos pensavam que ele tinha várias pessoas em sua vida. “Estou sendo alvo de um blogueiro como uma pessoa que tem três namoradas. Desafio ele a mostrar e provar quem são essas pessoas. Para os fofoqueiros de plantão, aí está ela! [ao exibir a fotografia]. Quem tem uma mulher linda como essa precisa de mais alguém?”, frisou o cantor no Instagram. Amigos do cantor que moram em Goiânia asseguram que, desta vez, ele está mesmo apaixonado por Graciele.
Zezé e Graciele namoram há pelo menos dois anos. Zilu teria desistido de lutar pelo cantor ao saber que ele estava mesmo apaixonado pela jornalista.
Jornalistas estão fazendo sucesso com a turma do jet set artístico e empresarial. Há pouco, a jornalista Ticiana Villas Boas casou-se com Joesley Batista, sócio do grupo JBS, que fatura 120 bilhões de reais por ano.

Segundo relatos, os homens mantidos na clínica eram constantemente dopados e agredidos em um cômodo chamado por eles de “quarto da tortura”
Comigo é assim: compro a revista “Brasileiros”, ou outra publicação, e, se vejo que há alguma reportagem de Ricardo Kotscho, é a primeira que leio. Nunca me decepcionei com seus textos, que, além de bem escritos, com veia de prosador, são repletos de grandes histórias humanas. Kotscho não edulcora suas histórias, mas o mundo que mostra é sempre melhor do que aquele que é realçado noutras reportagens. Não se pense que o profissional é meio “Pangloss”. Não é. Mas percebe o mundo de maneira mais ampla, talvez menos feia e trágica, ou melhor, apocalíptica. Na sexta-feira, 30, a Cásper Líbero organiza evento em homenagem, merecida, a Kotscho, com a participação de Eugênio Bucci, professor da Universidade de São Paulo, e Camilo Vannuchi. Trata-se uma comemoração aos 50 anos de carreira do jornalista Kotscho, profissional digno, capaz, perceptivo. Ele vai falar, segundo o Comunique-se, “sobre histórias de furos, casos e bastidores da notícia”. Comunique-se relata que o encontro 50 Anos de História do Brasil — A Prática da Reportagem em Meio Século de Carreira do Jornalista Ricardo Kotscho, organizado pela Escola de Comunicações e Artes da USP, contará com a participação de Clóvis Rossi, Audálio Dantas, Jorge Araújo, Hélio Campos Mello e Eliane Brum, com mediação de Mariana Kotscho, filha do homenageado. Kotscho é aquele de profissional que torna o mundo melhor e mais digno. E sem falsificá-lo. [Abaixo, leia uma breve resenha que escrevi sobre um livro de Kotscho, em 2006, quando foi lançado. Talvez seja excessivamente dura, mas verdadeira.] Poder devorou o repórter Ricardo Kotscho Ele sustenta que, quando estava ao lado do rei, não sabia nada de mensalão e Marcos Valério. Era da cozinha de Lulla, como Delúbio Soares e José Dirceu, mas, como o presidente, não sabia de nada. É provável que, no poder, Kotscho tenha deixado de ser repórter. O poder costuma devorar a alma dos grandes repórteres Quem espera revelações sensacionais do livro “Do Golpe ao Planalto — Uma Vida de Repórter” (Companhia das Letras, 368 páginas), de Ricardo Kotscho, terá de tirar o Lullinha da chuva. Não há, em nenhum momento, o tom explosivo de “Minha Razão de Viver”, de Samuel Wainer, nem a riqueza de informações de “Chatô”, de Fernando Morais. O texto é muito bom, escraviza o leitor, mas, para dizer pouco, falta contexto histórico, apresentado apenas de relance. Daí alguns leitores terem dito que o livro, apesar de bem-escrito e contar histórias interessantes, é decepcionante. “Do Golpe ao Planalto” é a história de um repórter correto e, vá lá, criativo. Desses que têm uma vocação humanista e não estão preocupados, digamos assim, com o chamado jornalismo investigativo (talvez mais destrutivo do que investigativo — por falta de uma gota de humanismo. A ânsia de, à força, corrigir o homem, de ter tudo explicado, é uma tarefa mais para ditadores do que para repórteres). Se fosse historiador, Kotscho certamente seria adepto da história das mentalidades. O forte do livro, que não será comentado aqui, é a sua história de repórter, com muitos acertos e alguns equívocos, que o autor admite sem tergiversar (cita até certa covardia pessoal). A pior parte, porque mais emocional e política (que não é o forte do repórter), é o posfácio, que será comentado rapidamente. Muitos certamente vão dizê-lo ingênuo ou, como está na moda, idealista. Talvez seja melhor assim, pois Kotscho não parece um profissional desonesto. Pelo contrário, é de uma seriedade exemplar. Um repórter da velha guarda, no melhor dos sentidos. A crença de Kotscho em Lulla parece coisa de parvos, o que o repórter não é. Tudo indica que a paixão dele pelo petista o cega. Mesmo assim, o repórter, quando a razão aflora, o que ocorre raramente, percebe o Lulla real. Por não amar o poder, e amar a família, Kotscho deixou o disputado cargo de secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República (o repórter-primeiro amigo conta que, por telefone, ainda tenta influenciar o governo Lulla, quer dizer, não está inteiramente afastado do Collor de Garanhuns). É a sua explicação para abandonar o barco de Lulla. Ele sustenta que, quando estava ao lado do rei, não sabia nada de mensalão e Marcos Valério. Era da cozinha de Lulla, como Delúbio Soares e José Dirceu, mas, como o presidente, não sabia de nada. É provável que, no poder, Kotscho tenha deixado de ser repórter. O poder costuma devorar a alma dos grandes repórteres. Kotscho não me parece a figura do execrável bajulador, do tradicional dobrador de joelhos, mas, no poder, na presença do rei, perdeu o senso. O livro mostra que ainda não o recuperou, mas está próximo de reconquistá-lo. Kotscho é sério, mesmo quando está atraído mortalmente pela serpente Lulla. Na ótima revista “Brasileiros”, Kotscho parece ter reencontrado o equilíbrio. Afastado do governo, mas não de Lulla, Kotscho diz que tinha alguns pressentimentos: “O principal era que o presidente, a vida toda habituado a aplausos e elogios, a ouvir muita gente antes de tomar uma decisão, postergando-a, esperando que os problemas se revolvessem com o tempo, não estivesse psicologicamente preparado para enfrentar uma onda daquele tamanho. Querendo agradar a todos, Lulla talvez não soubesse perceber a tempo e reagir à altura quando o vento virasse contra ele. Se nos períodos de calmaria qualquer contrariedade ou problema menor já o deixava irritado além da conta, eu temia que sua reação diante de uma crise mais séria acabasse agravando-a. O governo e o presidente primeiro demoraram a entender a gravidade da situação e depois reagiram mal, partindo da defesa para o ataque sem uma estratégia definida”. Adiante, mais uma estocada, talvez a possível, pois Kotscho e Lulla continuam amigos: “Após algum tempo de perplexidade, dei-me conta de que a reação do presidente e do governo fora ainda mais danosa à imagem de ambos do que a crise em si, já bastante traumática. Quando a ficha finalmente caiu, meses depois das primeiras denúncias, Lula parecia ter voltado à época das assembleias dos metalúrgicos, achando que poderia resolver tudo no gogó, nos discursos de palanque. Reagiu com o fígado, o que é um veneno em política. Começou a viajar mais pelo país e para o exterior, em vez de pôr a casa em ordem e preparar sua tripulação para enfrentar a tempestade na mídia e no Congresso Nacional”. É o máximo que Kotscho se permite de crítica a Lulla. Seu livro inaugura, de certo modo, uma espécie de bibliografia positiva do presidente petista, assim como o livro do senador e economista Aloizio Mercadante. No final do posfácio, Kotscho revela um diálogo que manteve com o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, quando este era presidente da República: — Presidente, o senhor conseguiu a reeleição, já está no segundo mandato, por que não dá um murro na mesa e governa do seu jeito, com quem achar melhor para o país? — Você está maluco? Se eu fizer isso, meu governo acaba no dia seguinte. A citação a Fernando Henrique Cardoso, algo sutil, é um lembrete aos que atacam Lulla por ter mantido (ou manter) uma relação fisiológica com os políticos tradicionais. Noutras palavras, Kotscho sugere que não é possível fazer diferente. O realismo de Kotscho, que às vezes posa de romântico, tem o objetivo de “perdoar” os “erros” de Lulla e, por isso, é lamentável. Como se vê, quem explica Lulla não é Kotscho, e sim Raymundo Faoro, o de "Os Donos do Poder" (espécie de biografia das elites políticas brasileiras). “"Do Golpe ao Planalto” é um excelente livro para estudantes de jornalismo e repórteres que estão começando na profissão. Por exemplo: Kotscho diz que reportagens feitas por telefone, sem contato com o mundo real, empobrecem a qualidade tanto das informações quanto do texto. Ele tem razão: os contatos por telefone, por mais que sejam eficientes (pela rapidez), esfriam as relações e raramente permitem que o repórter “entre” na intimidade dos entrevistados. Nada vale mais do que uma conversa olho no olho (mente-se com mais facilidade por telefone do que cara a cara). Bob Woodward, um dos repórteres que contribuíram para a queda de Richard Nixon, raramente conversava com sua principal fonte, Garganta Profunda, por telefone. Num tempo de grampos multiplicados, o telefone é a geladeira das conversações. Sugiro uma ligeira mudança no (sub)título do livro: “Do Golpe ao Planalto: Uma Vida de Repórter e Assessor de Lulla”. Sim, porque, de algum modo, mesmo a distância, Kotscho continua como auxiliar, ainda que informal, de Lulla. O próprio livro é uma assessoria qualificada. Uma pena, pois Kotscho é mesmo um repórter brilhante e íntegro. Mas qual integridade resiste às necessidades e seduções do poder?

Para procurador da República, provas apresentadas pelo MPF referentes à Operação Monte Carlo garantem a condenação de todos os acusados

Com a decisão, Tiago Madureira Araújo, que estava foragido, também recebeu salvo conduto e não é mais procurado pela polícia