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A única história curta, conhecida, de Nicolau Maquiavel. Um diabo é enviado à terra para verificar porque todos os homens que chegam ao inferno apresentam como causa única de estarem ali o fato de serem casados
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Nicolau Maquiavel
Nas antigas memórias das crônicas de Florença lê-se uma história relacionada a um homem santíssimo que, em meio à devassidão da época, era mui respeitado por todos seus contemporâneos. Certo dia, absorto em suas piedosas meditações, conseguiu ver que as almas dos infelizes mortais que morriam pecadores e que iam para o inferno lamentavam — se não todos, pelo menos a maior parte — que a razão de tal desdita devia-se ao fato de terem-se casado. Minos e Radamanto, juntos com outros juízes do inferno, ficaram deveras admirados e, não podendo dar crédito às calúnias que tais almas lançavam ao sexo feminino, deram ciência disso a Plutão, tanto mais que tais lamentações só faziam crescer. Plutão então deliberou examinar o caso de perto com todos os príncipes do inferno para, só depois, tomar partido do que fosse julgado o mais conveniente para descobrir a falácia e saber a verdade por inteiro.
Convocou-os, pois, ao conselho, e falou nos seguintes termos: — Embora eu, meus diletos amigos, por disposição celeste e vontade do destino, e ainda que me encontre acima do juízo de Deus e dos homens, no entanto, como maior prova de sabedoria e prudência, resolvi consultar-vos hoje sobre a conduta que devo seguir num caso que poderia redundar em infâmia para nosso império. Todas as almas dos homens que entram em nosso reino pretendem ter sido causa disso a própria mulher, o que não nos parece possível. Condenando tal afirmação, talvez os levianos nos acusem de maldade; caso não o fizermos, talvez os injustos nos considerem demasiado indulgentes e pouco afeitos à justiça. Querendo evitar uma e outra acusação, e não encontrando um meio para tal, decidimos convocar-vos a fim de que nos ajudeis com vossos conselhos e façais com que este reino continue a viver sem infâmia, como sempre tem vivido.
Nenhum daqueles príncipes das trevas deixou de considerar o caso importantíssimo e de grande monta. Estavam todos de acordo em que era necessário descobrir a verdade, mas discordavam quanto à maneira de assim proceder. Alguns julgavam que se devia mandar um deles ao mundo, outros que vários, para ali pessoalmente conhecerem, soba forma humana, qual era a verdade. A outros parecia desnecessário tal transtorno: bastaria obrigar algumas almas, por meios de diversos tormentos, a confessá-la. No entanto, como a maioria optasse pela primeira opinião, foi essa a adotada. Mas ninguém se ofereceu voluntariamente para a empreitada; assim, recorreram eles a um sorteio. A sorte recaiu sobre Belfagor, arquidiabo, que anteriormente — antes de cair do Céu — tinha sido arcanjo.
Foi com relutância que ele aceitou o encargo, mas o poder de Plutão o constrangera a executar o que o conselho deliberara e teve assim que consentir nas condições solenemente aceitas por todos. Fora deliberado que aquele em quem recaísse a sorte receberia imediatamente cem mil ducados, e com eles viria nascer no mundo. A casar-se sob a forma de um homem e a viver com a mulher dez anos; depois, fingindo morrer, voltaria e exporia a seus superiores a própria vivencia, quais eram os encargos e os incômodos do casamento. Deliberou-se também que, durante o tempo em apreço, ele ficaria submetido a todos os achaques e males a que os homens estão sujeitos, inclusive a pobreza, a prisão, as doenças e todas as desgraças que aos mortais ocorrem, salvo se por meio de engano e astúcia conseguisse livrar-se delas.
Aceitas pois as condições e os ducados, foi-se Belfagor ao mundo e, devidamente provido de cavalos e acompanhantes, entrou ele em Florença com o maior aparato. Escolhera esta cidade para domicílio, entre todas as demais, por lhe parecer a mais plausível para quem quisesse viver empregando seu dinheiro em negócios. Fez-se chamar Rodrigo de Castela e alugou uma casa no bairro de Todos os Santos (Ognissanti). Para que não pudessem lhe descobrir os antecedentes, disse ter partido da Espanha ainda criança; dali fora à Síria e a Alepo, onde ganhara tudo o que possuía; de lá viajara para a Itália e a fim de se casar num lugar mais humano e mais conforme à vida civilizada e à sua própria índole.
Era Rodrigo um moço formoso, que aparentava trinta anos. Em poucos dias demonstrara ele quantas riquezas tinha e dera provas de sua liberalidade e humanidade; logo vários cidadãos nobres, providos de muitas filhas e pouco dinheiro, lhe ofereceram seus préstimos. Entre todas, Rodrigo escolheu uma belíssima donzela chamada Honesta. Filha de Américo Donati, que tinha mais três filhas, quase em idade de se casar, e três filhos já adultos. De família muito nobre e tido em bom conceito em Florença, era no entanto muito pobre, levando-se em conta sua numerosa prole e sua condição.
Rodrigo celebrou suas núpcias com esplendor e grandeza, não descuidando de nada que seja necessário em tais circunstâncias, pois entre as obrigações que lhe foram impostas ao sair do inferno, estava a de sujeitar-se a todos os caprichos humanos; assim, logo passou a deleitar-se com as honrarias e pompas do mundo e a gostar de ser louvado entre os homens, coisas que o levaram a grandes gastos. Por outro lado, não tardou muito a apaixonar-se perdidamente por sua D. Honesta e quase não conseguia viver quando a encontrava triste ou aborrecida.
Com sua nobreza e formosura, a senhora Honesta levara consigo para a casa de Rodrigo um orgulho tão desmesurado que mesmo Lúcifer não o tivera igual. Rodrigo, que podia comparar um e outro, considerava o de sua mulher infinitamente superior, e consta que ainda chegou a ser maior quando percebera o amor que seu marido sentia por ela. Imaginando ser por todas as maneiras a dona absoluta, dava suas ordens sem consideração ou piedade, e se ele relutasse a fazer as suas vontades, desatava em recriminações e injúrias, o que era para o pobre Rodrigo motivo de viva pena e aflição. Sem dúvida, por consideração a seu sogro, a seus cunhados e demais parentes, por respeito aos deveres do casamento e pelo amor que dedicava à esposa, sofria seus males com a maior paciência. Quero passar em silêncio sobre os grandes gastos a que era obrigado para contentá-la, vestindo segundo os novos costumes e as modas mais recentes, que nossa cidade varia por hábito natural; nem lembrarei que, para ela o deixar em paz, teve ele de ajudar o sogro a casar as outras filhas, o que lhe fez despender também considerável importância. Depois, querendo manter-se em boa paz com a mulher, consentiu em mandar um dos irmãos dela ao Oriente com casimira e outro para o Ocidente levando sedas, ao passo que para o terceiro irmão abriu em Florença uma oficina de ourives, em que despendeu a maior parte do dinheiro que possuía. Além disso, nas festas de Carnaval e de S. João, celebradas pela cidade inteira segundo tradição antiga, quando grande número de cidadãos nobres e ricos se honravam uns aos outros com magníficos banquetes, D. Honesta, para não ficar atrás de outras damas, queria que seu Rodrigo superasse a todos os demais com suas festas.
Tudo isso, suportava-o Rodrigo pelos motivos supracitados; apesar de gravíssimas, nem graves as teria achado se houvessem introduzido a paz em sua casa, permitindo-lhe aguardar em sossego o momento de sua própria ruína. Mas foi o contrário o que aconteceu, pois a índole insolente da esposa, além das despesas insuportáveis, carreara-lhe inúmeros aborrecimentos. Nenhum criado a aguentava, não digo por muito tempo, mas nem sequer por alguns dias. Para Rodrigo era o mais duro dos incômodos não possuir um criado que tivesse amor a sua casa. Os próprios diabos que trouxera consigo como domésticos preferiram voltar aos fogos do inferno a viver no mundo sob as ordens daquela mulher.
Assim prosseguia a vida tumultuada e inquieta de Rodrigo. Tendo já consumido nos gastos desenfreados o que recebera em espécie, começou a viver à espera das entradas financeiras que aguardava do Ocidente e do Oriente. Como ainda tivesse bom crédito, pediu dinheiro emprestado para não ficar aquém de sua condição; e já certo número de letras sacadas por ele circulavam na praça, o que logo foi percebido pelos que trabalhavam neste ramo de negócios. Já era bem precária a situação de Rodrigo quando, de súbito, chegaram notícias do Oriente e do Ocidente: aqui, um dos irmãos de D. Honesta perdera no jogo todo o dinheiro de Rodrigo; ali, o outro, ao voltar de um navio carregado de suas mercadorias, que não estavam no seguro, naufragou com toda a carga.
Mal estas novas circulavam pela cidade, os credores de Rodrigo reuniram-se. Consideravam-no um homem liquidado, mas ainda não podiam tomar providências por não haver expirado o prazo das cobranças; resolveram, pois, que mandariam quem o observasse habilmente, para que num abrir e fechar de olhos não resolvesse fugir. Por sua parte, Rodrigo, sem ver outro remédio e sabendo das obrigações de seu pacto infernal, decidiu fugir a todo o transe. Certa manhã montou a cavalo e saiu da cidade pela porta do Prato, perto da qual residia. Espalhada a notícia de sua fuga, os credores recorreram alarmados às autoridades e puseram-se no encalço dele, acompanhados não apenas de meirinhos como também de muitos populares.
Mal se distanciara da cidade cerca de uma milha, souberam eles de sua fuga, de sorte que, vendo-se perdido, resolveu Rodrigo, para melhor se esconder, abandonar a estrada principal e tentar a sorte em outras direções; porém o terreno árduo e abrupto dificultava tremendamente a sua marcha. Percebendo que era impossível seguir a cavalo, decidiu-se salvar-se a pé mesmo, deixando o animal no meio do caminho, e depois de ter muito tempo andado por entre vinhas e canaviais que cobriam os campos, aproximou-se de Pretola, detendo-se na casa de Giovanni Matteo de Bricca, um dos colonos de Giovanni dei Bene. Felizmente àquela hora chegava também ao local o próprio Giovanni Matteo para alimentar o gado. A ele se recomendou o fugitivo, prometendo-lhe que, se o salvasse dos inimigos que o perseguiam para fazer com que morresse na prisão, o tornaria rico, coisa que lhe daria prova antes mesmo de sair de sua casa; se não o fizesse, concordaria que o próprio camponês o entregasse a seus adversários.
Embora simples camponês, era Giovanni Matteo homem de coragem. Pensou que nada tinha a perder se tentasse salvá-lo, e prometeu-lhe auxílio. Em frente à casa havia um monte de estrume: foi lá que o escondeu, cobrindo-o de caniços e ramos colhidos para fazer fogo.
Mal acabara Rodrigo de esconder-se, seus perseguidores chegaram. Por mais ameaças que fizessem a Giovanni Matteo, não conseguiram fazê-lo confessar o que tinha visto. Assim, partiram, e depois de procurá-lo todo aquele dia e mais o seguinte, retomaram exaustos para Florença.
Afastada a agitação, Giovanni Matteo tirou Rodrigo do esconderijo e pediu-lhe que cumprisse a promessa, ao que Rodrigo lhe disse: — Irmão meu, tenho uma grande obrigação para contigo e desejo cumpri-la de qualquer maneira; e para que acredites em que eu possa fazer, vou dizer-te quem sou.
Nisso revelou a sua identidade contando em que condições saíra do inferno e como se casara. Em seguida, explicou-lhe como pretendia fazê-lo rico. O seu plano, resumindo, era o seguinte: quando Giovanni Matteo soubesse que alguma mulher estava tomada pelos espíritos, devia saber que era ele, Rodrigo, que se apoderara dela: nem sairia do corpo da vítima sem que Giovanni Matteo viesse a tirá-lo: assim, poderia o camponês pedir aos parentes da endemoninhada o preço que bem entendesse. Giovanni Matteo aceitou a proposta e Rodrigo partiu.
Decorridos alguns dias, propagou-se por toda Florença a notícia de que a filha de mestre Ambrósio Amadei, casada com Bonaiuto Tebalducci, estava tomada pelos maus espíritos. Não descuidaram os parentes de nenhum dos remédios a que se recorria em casos semelhantes; assim, puseram-lhe na cabeça o crânio de S. Zenóbio e o manto de S. João Gualberto. Rodrigo, no entanto, zombava de tudo aquilo. E para dar a entender a todos que o mal da moça era um espírito e não qualquer imaginação fantástica, falava em latim, discutia coisas de filosofia, descobria os pecados de muita gente, desmascarando-os, entre outros, a um frade que guardara em sua cela durante mais de quatro anos uma mulher vestida à maneira de um fradinho, coisas que a todos enchiam de espanto. Estava Mestre Ambrósio irritadíssimo e, havendo experimentado em vão todos os remédios, perdera já a esperança de curar a filha, quando Giovanni Matteo veio ter com ele, prometendo-lhe a saúde da filhinha se lhe dessem quinhentos florins para comprar uma propriedade em Pretola. Mestre Ambrósio aceitou a proposta. Então Giovanni Matteo, depois de mandar dizer certo número de missas e executar certas cerimônias para embelezar a coisa, aproximou-se da moça e segredou-lhe ao pé do ouvido: — Rodrigo, aqui estou eu esperando que me cumpras a promessa.
Ao que Rodrigo respondeu: — Com o maior prazer. Mas isto não chega ainda a te tornar rico. Eis por que, apenas saído daqui, entrarei na filha do rei Carlos de Nápoles, e de lá não sairei sem que me chames. Exigirás então uma recompensa segundo a tua vontade, e depois disso não deverás mais me importunar.
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Nisso saiu do corpo da moça doente, para a alegria e admiração de toda Florença. Não tardou e espalhava-se por toda Itália a mesma desgraça ocorrida, desta vez com a filha do rei Carlos. Como os remédios dos frades de nada adiantassem, o rei, que ouvira falar em Giovanni Matteo, mandou que ele fosse conduzido até ele. Chegando a Nápoles, o camponês, depois de algumas cerimônias de fachada, curou-a. Mas antes de sair do corpo da princesa, Rodrigo disse-lhe: — Bem vês que hei cumprido a minha promessa de enriquecer-te. Agora que recompensei o serviço que me fizeste, nada mais te devo; assim, aconselho-te a que não mais apareças à minha frente, pois se te fiz benefícios até aqui, daqui por diante poderia causar-te dissabores.
Giovanni Matteo retornou a Florença muito rico, pois o rei lhe havia dado mais de 50 mil ducados, e não pensava senão em desfrutar de sua riqueza, com muito gosto e sossego, sem cogitar que Rodrigo pudesse, em qualquer época, lhe causar algum dissabor. Bem cedo, no entanto, se desiludiu, ante a notícia de que uma filha de Luís VII, rei da França, estava possuída pelo demônio. Notícia essa que tumultuou de todo a alma de Giovanni Matteo, que não conseguia parar de pensar na autoridade daquele monarca e nas palavras que lhe dissera Rodrigo. De fato, o rei, não encontrando remédio para o mal de sua filha, e tendo ouvido falar da capacidade de Giovanni Matteo, mandou chamá-lo, primeiro através dos correios, simplesmente; mas em vista de que o homem alegava certa indisposição, viu-se o rei forçado a recorrer ao governo de Florença, o qual obrigou Giovanni Matteo a obedecer.
Desesperado, foi Giovanni para Paris, onde foi logo explicando ao rei que efetivamente curara já certas pessoas endemoninhadas, mas que isso de modo algum significava que soubesse ou pudesse curá-las todas, pois algumas havia de natureza tão pérfida que não temiam ameaças nem encantamentos, nem religiões, seja qual for; que, no entanto, estava disposto a fazer o que pudesse, mas pedia desculpa e perdão se não viesse a ser bem-sucedido. Enfastiado, o rei declarou que, se não lhe curasse a filha, mandaria enforcá-lo. Viu-se Giovanni Matteo em péssimos lençóis, mas fez de sua fraqueza sua força: mandou vir a possuída e, aproximando-se-lhe do ouvido, recomendou-se humildemente a Rodrigo, lembrando-lhe o benefício prestado e como seria ingrato se o desamparasse naquele imbróglio. Rodrigo então assim reagiu: — Traidor infame! Como te atreves a aparecer perante mim? Acreditas que podes te vangloriar de ter enriquecido à minha custa? Pois hei de mostrar-te a ti e a todos que sei muito bem dar e tomar qualquer coisa, como melhor me prover; e antes que partas daqui, farei enforcar-te, custe o que custar.
Dando-se por perdido, Giovanni Matteo, não vendo outro remédio, resolveu arriscar a sorte por outro meio. Mandou que levassem dali a possuída e disse ao rei: Senhor, como falei a Vossa Majestade, há espíritos tão malignos que com eles ninguém pode; pois este é um dos tais. Mas quero fazer uma última tentativa: se for bem-sucedido, Vossa Majestade e eu teremos alcançado o nosso objetivo; caso contrário, estarei nas mãos de Vossa Majestade, que saberá ter comigo a compaixão que faz jus a minha inocência. Ordene Vossa Majestade que se erga na Praça de Notre Dame um grande palco onde caibam todos os barões e todo o clero desta cidade; mande orná-lo de panos de seda e de ouro, e mande erguer no meio dele um altar. Preciso que no domingo próximo Vossa Majestade se reúna no estrado do palco com todos os seus príncipes e barões, numa pompa real, vestidos de trajes ricos e esplêndidos. Depois da missa celebrada, Vossa Majestade fará vir a possuída. Preciso, além disso, que num ângulo da praça haja pelo menos vinte pessoas reunidas com trompas, cornetas, tambores, cornamusas, címbalos, timbales e outros instrumentos de toda sorte.
Quando eu erguer o chapéu todos deverão tanger seus instrumentos e encaminhar-se na direção do estrado. Estas coisas, juntas com alguns remédios secretos, poderão fazer, julgo eu, com que o espírito maligno desapareça.
Tudo isso o rei ordenou. Chegou a manhã de domingo. O palco improvisado estava cheio de personalidades, e a praça, cheia do povo. Celebrada a missa, a endemoninhada foi conduzida ao estrado por dois bispos e muitos senhores. Ao ver tamanha multidão e tanto aparato, Rodrigo ficou meio tonto e disse consigo mesmo: “Que será que inventou esse traidor miserável? Será que está pensando me espantar com toda essa pompa? Ignora que estou acostumado a assistir as pompas do Céu e fúrias do Inferno? Haverei de castigá-lo de qualquer maneira”.
Quando, logo depois que Giovanni Matteo se aproximou novamente e lhe pediu que saísse, Rodrigo assim lhe falou: — Bela ideia a tua, para dizer a verdade! Que pensas alcançar com todo esse aparato? Acreditas escapar assim ao meu poder e à ira do rei? Ladrão miserável, farei com que te enforquem haja o que houver!
Como não parasse de dizer tais palavras, acrescentando-lhes outras menos injuriosas, Giovanni Matteo houve por bem não perder mais tempo. Ergueu o chapéu, todas as pessoas encarregadas de fazer barulho tocaram seus instrumentos e com rumor que atingia o Céu foram-se aproximando do estrado. O barulho aguçou os ouvidos de Rodrigo que, sem entender do que se tratasse, pediu assombrado que Giovani Matteo lho explicasse, e Giovanni respondeu-lhe de forma bem perturbada: — Ai, meu Rodrigo, é a tua mulher que vem te buscar! Foi, em verdade, maravilhoso ver até que ponto Rodrigo horrorizou-se ao ouvir o nome de sua mulher. Tamanho lhe foi o espanto que, sem indagar a si mesmo se seria possível que ela ali estivesse, fugiu sem dizer uma palavra e assim deixou a princesa livre; preferiu voltar ao Inferno para dar conta de suas ações a submeter-se outra vez ao jugo matrimonial, suportando tantos desgostos, aborrecimentos e perigos. E eis aqui como Belfagor, de volta ao inferno, pode dar testemunho dos males que uma mulher leva consigo a um lar, e como Giovanni Matteo, que foi mais astuto do que o diabo em pessoa, pôde retornar a sua casa cheio de alegria.
Conto publicado no livro “Os Cem Melhores Contos de Humor da Literatura Universal”, organização de Flávio Moreira da Costa, Editora Ediouro. Tradução de Paulo Rónai e Aurélio Buarque de Holanda.

[caption id="attachment_9020" align="alignright" width="620"] Foto: Gaspar Nóbrega/VIPCOMM[/caption]
Maurício Falleiros
Especial para o Jornal Opção
Do nada, o homem resolveu puxar assunto no elevador, coisa que nunca tinha feito antes. Se arrependeu mortalmente.
— E a seleção ontem, hein?
— Não tem pra ninguém, né? O Neymar joga demais.
— Hum... Não acho ele tudo isso, não.
— Como não?! O cara come a bola.
— Só firula.
— Que firula, o quê?! O cara é gênio.
— Gênio é cientista, essas coisas. Ele só joga bola.
— Mas quando o assunto é bola, ele é o cara.
— Puro marketing.
Pararam no andar do homem. O outro morador saiu junto do elevador.
— Você mora nesse andar também? Nunca te vi por aqui...
— Não, moro no décimo-oitavo.
— E desceu aqui por quê?
— Pra gente terminar o nosso papo.
— Para com isso. Só tava puxando assunto.
— Você me fala que o Neymar não joga nada e fica por isso mesmo?
— Isso pode continuar outra hora. — Disse isso e entrou de supetão no apartamento.
No dia seguinte, ele abriu a porta do apartamento e deu de cara com o neymarzete.
— Que você tá fazendo aqui?
— Tomando coragem.
— Pra?
— Tocar sua campainha.
— Pra?
— Terminar aquela conversa.
— Tá nessa ainda?
— Você ainda acha que o Neymar é só firula?
— Acho.
Sem dar chance de resposta para o inconveniente, o homem correu para o elevador. O vizinho impediu a porta com o pé:
— Ainda não terminamos.
— Terminamos, sim! — Falou, empurrando o pé do vizinho para fora do elevador.
Horas mais tarde, ao chegar do trabalho, o homem por pouco não atropelou um ser que estava parado feito um cone na sua vaga. Era o vizinho.
— Não é possível! O que você quer de mim, cara?
— Que você reconheça que falou besteira!
— Eu não vou reconhecer porcaria nenhuma. O Neymar é um firulento. E você, um mala!
— Também não concordo com essa sua opinião. — Retrucou, seguindo o homem até a porta do elevador.
O homem questionou:
— Você vai subir de elevador?
— Vou, sim.
— Então, eu vou de escada.
— Eu te acompanho.
— Se você for de escada, eu vou de elevador.
— Por que isso, cara? Tá fugindo da conversa?
— Não, tô fugindo de você.
Com um salto ornamental, o homem voou para dentro do elevador apertou todos os botões e se mandou. Quando entrou no seu apartamento, o interfone tocou. Ele teve a chance de deixar o aparelho tocando, mas atendeu. Se arrependeu novamente: — Pronto.
— Arrá! Me driblou igual ao Neymar, hein? Lance de gênio! Mas eu te peguei. Bora trocar aquela ideia?
— Você?! Vai arranjar alguma coisa pra fazer, dar um trato na sua esposa, se você tiver uma ainda, sei lá!
— Tô descendo aí.
— Se aparecer aqui, eu te dou um tiro. Eu juro. E faço parecer suicídio!
Desligou o interfone e depois o tirou do gancho. Passou todas as travas na porta, preparou um uísque e pensou alto: — Nunca mais puxo assunto com ninguém. E se alguém puxar comigo, eu me faço de surdo.
Deu um gole no uísque e ouviu um barulho na porta da sacada. Virou para lado e viu um vulto. Adivinha quem era.
Maurício Falleiros é escritor.
Com a contusão de Neymar, o técnico Felipão terá de buscar em seus convocados os novos Garrincha e Amarildo para que o Brasil conquiste o hexacampeonato
A agência Propeg, dirigida pelo jornalista e marqueteiro Luís Costa Pinto, Lula, vai comandar o marketing da campanha do candidato a senador Ronaldo Caiado, presidente do DEM de Goiás. Lula Costa Pinto, de 44 anos, é um jornalista e marqueteiro experimentado. Na revista “Veja”, na qual chegou a chefe da sucursal de Brasília, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante do País. Ele também trabalhou na revista “Época” e na “Folha de S. Paulo”. Como marqueteiro, Lula Costa Pinto coordenou as campanhas de Ciro Gomes (para presidente da República), Lúcia Alcântara (para governador do Ceará) e Agnelo Queiroz (governador do Distrito Federal). A Propeg é uma agência de Salvador (BA), mas Lula Costa Pinto é pernambucano de Recife. Caiado é fortemente ligado ao prefeito da capital baiana, ACM Neto. Empolgação Um fato não deixa de ser curioso: a candidatura de Caiado tem empolgado de maneira acentuada os peemedebistas em geral, inclusive os friboizistas. Como sugeriu o Jornal Opção, na coluna Bastidores, o deputado federal está funcionando como oxigênio para o PMDB e para Iris Rezende.

Brasileiros jogam o suficiente para ganhar dos colombianos. Agora é torcer para que joguem o suficiente para ganhar dos alemães

A última vez que o país passou para a semifinal foi em 2002. Nessa Copa, o Brasil conquistou o quinto título mundial ao vencer a Alemanha, na final

Os dois turistas seguiam para Brasília assistir o jogo entre Bélgica e Argentina. Eles tentaram uma ultrapassagem irregular e acabaram batendo de frente com um carro que levava quatro pessoas

O desastre, na tarde de ontem (3), deixou dois mortos e 22 feridos na Avenida Pedro I, uma das opções de acesso entre a zona norte da cidade e o Estádio Mineirão, que abriga seis partidas da Copa do Mundo
[caption id="attachment_8910" align="alignleft" width="620"] Foto: Reprodução/Globo News[/caption]
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, cobrou nesta sexta-feira (4/7) a apuração rigorosa do desabamento de um viaduto em Belo Horizonte. O desastre, na tarde de ontem (3), deixou dois mortos e 22 feridos na Avenida Pedro I, uma das opções de acesso entre a zona norte da cidade e o Estádio Mineirão, que abriga seis partidas da Copa do Mundo.
“Assim como as famílias atingidas, esperamos que haja uma apuração rigorosa das causas e dos responsáveis por esse fatídico acidente para que isso não se repita mais no nosso país”, declarou a ministra. Ela reiterou que o governo federal está à disposição para ajudar a prefeitura de Belo Horizonte no atendimento aos feridos, às famílias e na remoção dos escombros.
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“A presidenta Dilma pediu e o ministro das Cidades, Gilberto Occhi, se colocou à disposição. Estamos esperando o prefeito [Márcio Lacerda] nos acionar se ele considerar necessário. A ajuda já foi disponibilizada. Sei que o prefeito está concentrado no atendimento às famílias e aos feridos. Assim que ele nos contatar, ajudaremos imediatamente”, disse.
A ministra esclareceu ainda que, embora o governo federal tenha aplicado recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na obra do BRT de Belo Horizonte, a responsabilidade do projeto cabia à Superintendência de Desenvolvimento da Capital, autarquia da prefeitura da capital mineira. Até agora, o empreendimento custou R$ 713 milhões, dos quais R$ 311 milhões vieram do PAC. O projeto custou R$ 5,1 milhões, pagos pela prefeitura.
“A responsabilidade do governo federal é garantir os recursos para que as obras de mobilidade urbana possam sair. Cabe aos governos locais, a prefeitura de Belo Horizonte no caso, a responsabilidade de fazer o projeto, contratar as obras e fiscalizá-las com rigor”, explicou a ministra. Segundo ela, a segunda fase do BRT em Belo Horizonte está com 85% das obras concluídas.
Apesar de a obra ter sido anunciada como parte dos projetos de mobilidade urbana da Copa do Mundo, Miriam Belchior esclareceu que o projeto não está diretamente relacionado ao torneio, mas à melhoria do transporte público de Belo Horizonte. Ela rejeitou qualquer tentativa de associar a tragédia ao campeonato.
“O que importa agora são as famílias que perderam os parentes queridos. Acho que fazer qualquer relação com o impacto que isso [o desabamento] tem na imagem da Copa do Mundo é uma coisa lateral neste momento. O importante de fato é dar conforto a essas famílias e tirar os destroços para não atrapalhar a vida da população de Belo Horizonte”, rebateu.

“Os disparos efetuados pelos policiais foram na intenção de que as vítimas cessassem o ataque”, destacou o magistrado

Há quatro anos, quando a petista disputou a Presidência pela primeira vez, os gastos da legenda foram de R$ 191 milhões. Para a eleição deste ano, estima-se R$ 290 milhões em despesas

O promotor pede a designação de um agente de trânsito específico, de forma permanente, para aplicação de sanções administrativas e orientação dos motoristas que trafegam no local de forma indevida

Com letras abordando diferenças sociais, corrupção, pobreza, Gabriel, o Pensador, vem a Goiânia nesta sexta-feira (4/7) para apresentar um show baseado no oitavo álbum de sua carreira, chamado “Sem Crise”, lançado em 2012. No disco, de 15 faixas, o artista faz parcerias com Nando Reis, Carlinhos Brown, Jorge Ben Jor, e outras figuras do meio musical.
Recém-chegado de Cabo Verde, o arquipélago constituído por dez ilhas no continente Afriano, o cantor postou uma foto nesta sexta-feira (4/7) ao lado de seus filhos e moradores de Cabo Verde, com uma placa com os dizeres: “Racismo é burrice”. De acordo com ele, a placa o fez lembrar de “todas as loucuras que fez na luta contra o racismo”. “Chamei os caras pro palco e fiquei mais feliz ainda porque meus filhos estavam presentes, conhecendo a África pela primeira vez, embalados pela mesma trilha sonora”, escreveu. O cantor ainda publicou um vídeo no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, em que diz que encontrou o irmão gêmeo do jogador argentino Messi.
O show será realizado no Soul Pub, na rua 144, no Setor Marista, às 22h, e o valor do ingresso de segundo lote é R$ 80. Além do álbum "Sem crise", produção de de Fernando Deeplick e André Gomes, junto com os produtores convidados Marcelinho da Lua, Maurício Pacheco, Pedro Bernardes e Papatinho (Cone Crew Diretoria), Gabriel também cantará outras músicas produzidas ao longo de carreira.
Veja o clipe da música "Solitário surfista":
https://www.youtube.com/watch?v=6jDJXjSeNIg#t=76

Governador também assinou documento para a expansão da usina Denusa, em Jandaia

[gallery type="slideshow" ids="8980,8981,8982"] O pessebista Vanderlan Cardoso é oficialmente candidato ao governo de Goiás. Ele registrou sua candidatura na manhã desta sexta-feira (4/7) no Tribunal Regional Eleitoral (TER-GO), além de sua chapa majoritária composta pelo professor Alcides (PSC), na vaga de vice, e Aguimar Jesuíno (PSB-Rede), na senatoria. Também registraram as candidaturas nesta sexta-feira, os governadoriáveis Alexandre Magalhães (PSDC) e a comunista Marta Jane (PCB). Neste sábado (5), será a vez de Iris Rezende (PMDB), Marconi Perillo (PSDB) e Antônio Gomide (PT) comparecerem à sede do TRE-GO, localizada no centro da capital, para oficializarem seus nomes perante à Justiça Eleitoral.

Um alemão de 31 anos, cujo nome não foi revelado, funcionário do Serviço Federal de Inteligência (BND, sigla alemã) do país europeu foi preso nesta semana acusado de espionagem para os Estados Unidos da América. A imprensa informou que o suspeito teria passado informações de uma comissão da Alemanha que investiga ações de agência de inteligência de outros países, entre eles os EUA. O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, disse que a chanceler Angela Merkel conversou com o presidente Barack Obama por telefone na última quinta-feira (3/7). O porta-voz não confirmou se o caso de espionagem foi mencionado na ligação. Um jornal alemão publicou que o homem foi preso inicialmente por suspeita de espionagem para a Rússia. Citando fontes governamentais não identificadas, o veículo de comunicação disse que o funcionário do serviço de inteligência, ao ser preso, admitiu que foi abordado várias vezes por agentes norte-americanos, e que passou informações ao menos uma vez. O gabinete do procurador-geral confirmou a prisão do homem, mas não divulgou maiores detalhes. A ordem de prisão veio somente um dia depois que dois americanos, que já trabalharam para a Agência Nacional de Segurança, testemunharam para o parlamento alemão sobre o monitoramento de dados eletrônicos dos Estados Unidos. Em outubro do ano passado, as relações entre Washington e Berlim sofreu um choque, quando se tornou claro que um celular usado por Merkel havia sido grampeado, quando foi revelado vasto sistema de espionagem dos EUA. A prisão do alemão foi divulgada um dia depois de um estudante de 27 anos ser o primeiro cidadão alemão identificado por ser espionado pela Agência Nacional de Segurança (NSA). Ele estava sendo espionado porque usava um programa de criptografia que permite que o usuário permaneça anônimo.