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Treinador disse que ele e a equipe estão satisfeitos com melhora da seleção. Sobre presença de Di María na partida, falou que jogador passaria por último teste ainda hoje

Candidatos ao Palácio das Esmeraldas e à Câmara dos Deputados, políticos estiveram nas duas cidades vizinhas para campanha, em evento religioso e reuniões com militância

Candidato à reeleição pelo PSDB, o governador ressaltou os investimentos na saúde e infraestrutura realizados de forma “municipalista” para todos os municípios

Seleção brasileira levou dois gols em 20 minutos na partida de disputa pelo terceiro lugar da Copa do Mundo. Na saída de campo, jogadores canarinhos foram vaiados

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou por exames de rotina neste sábado (12/7), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da unidade de saúde.
O petista deixou o local por volta das 13h30 e os exames, segundo a unidade de atendimento, apontaram que “está tudo dentro da normalidade”. Os diagnósticos fazem parte de uma rotina para monitoramento de um câncer de laringe, diagnosticado em 2011. Desde então, Lula faz exames periodicamente para detectar se a doença está extinta.
Em março passado, o político ficou tonto e passou mal devido a uma crise de labirintite. Segundo a página de Lula no Facebook, o problema foi causado pelo cansaço após uma longa viagem de volta ao Brasil. Naquela ocasião, ele foi atendido pelo cardiologista Roberto Kalil Filho e pelo neurologista Milberto Scaff.

Candidatos ao Congresso Nacional, Edward Madureira e Marina Sant'Anna relataram que a boa recepção ao cabeça de chapa se deu pelas boas gestões do petista como prefeito

Na última quinta-feira, a presidente já havia defendido a renovação do futebol brasileiro e o fim da “exportação” de jogadores em entrevista à CNN

Um dos compositores de “I Wanna Be Your Boyfriend”, o músico participou dos três primeiros álbuns do grupo. Ele sofria de câncer e faleceu em Nova York

Dois atos contra a realização do mundial foram marcados para o domingo pelas redes sociais. Entre os detidos está a ativista Elisa Quadros Sanzi, a Sininho

Coisas que aconteceram nos meus tempos de engenheiro iniciante no Rio de Janeiro
Foi em 1959. Eu estava cursando, no Rio de Janeiro, o último ano de engenharia e consegui emprego numa multinacional italiana. Essa empresa estava substituindo os tradicionais bondes, na Zona Sul do Rio, por ônibus elétricos, uma modernidade de então. Os cariocas, afetadamente, os chamavam pelo nome em inglês, “trolley-bus”, que pronunciavam com o chiado característico na última sílaba: tróleibuxxx.
Pois bem: a empresa, cujos escritórios principais ficavam em São Paulo, tinha no Rio um departamento técnico, encarregado dos projetos de engenharia e dos contatos necessários para as obras locais, que se resumiam na colocação dos cabos de energia para os ônibus. Não sei se conhecem o sistema: os ônibus funcionam como os bondes, só que não sobre trilhos. Movem-se pela eletricidade que vem dos cabos aéreos estendidos sobre as ruas, e sob os quais os veículos deslizam. Esses cabos eram chumbados nas paredes dos prédios vizinhos, o que às vezes gerava problemas, como vou contar daqui a pouco.
Nossa equipe era pequena: Domenico, um engenheiro italiano já velho, baixo, magro, experiente naquele trabalho, era o chefe do escritório. Eu, quase engenheiro, era seu segundo. Depois havia um espanhol, o Nieto, que era contador, Danilo, o desenhista, Francisco, auxiliar de escritório, além de um encarregado do almoxarifado, um motorista e um porteiro cujos nomes a memória me nega.
E Jandira, a secretária. Ah! A Jandira... Um capricho da natureza. Mulata clara e de cabelos lisos, 1 metro e 90 de pura sensualidade, corpo digno de uma estátua, belo rosto oval e uma dentadura ofuscante de tão branca e perfeita. Uma presença perturbadora naquele ambiente de trabalho. Brasileira, mas filha de um português bigodudo, daqueles tradicionais mesmo, e de uma negra retinta, era um acabado produto de três continentes. Seus pais tinham um pequeno bar no bairro da Saúde, e moravam num “cabeça de porco” em Copacabana.
[caption id="attachment_9808" align="alignleft" width="359"] Jorgelina[/caption]
Para quem não sabe, este era o nome que se dava aos prédios de muitos e pequenos apartamentos na Zona Sul do Rio. Jandira morava com eles, e estava noiva de outro português, este da elite da colônia: dono de três ou quatro padarias em Copacabana e Ipanema, tinha um carro Chevrolet, um luxo para a época, e morava no Leblon.
O rico portuga era zeloso da noiva, que levava de carro para o trabalho, ao meio-dia, e buscava de volta, às 6 e meia da tarde. Também pudera: Jandira devia ser responsável por muitos torcicolos quando andava por Copacabana, pois todos se voltavam quando ela passava. Com tanta cobiça, melhor escoltá-la sempre.
Nós não deixávamos passar uma piada de português, de que ela também ria, ainda que por educação. De nossa parte, ia uma boa dose de inveja do noivo, pois Jandira, ciente de seus dotes, não deixava nenhuma brecha, nem para um galanteio, para os marmanjos do escritório. Mas tratava muito bem a todos.
Um belo dia veio ao Brasil, para inspecionar os trabalhos, outro engenheiro italiano. Ao contrário de Domenico, era jovem, alto, praticante de esportes de inverno, ex-piloto da Força Aérea Italiana e solteiro. Filho de um dos donos da empresa, além de tudo. Chamava-se Marcelo e lembrava o ator xará, o Mastroiani. Hospedou-se no Hotel Copacabana Palace, hotel à época (e hoje também) muito luxuoso. Nosso escritório – esqueci-me de dizer – ficava na Avenida Princesa Isabel, na saída do Túnel Novo, perto da praia e do Copacabana Pálace.
Marcelo, um boa praça por sinal, ia todas as semanas a São Paulo, ao escritório da empresa, mas ficava mesmo a maior parte do tempo no Rio. Sempre hospedado no Copacabana Pálace, gostava de vir para o escritório e voltar para o hotel a pé. Estava certo: era perto pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana, e pela Avenida Atlântica, um pouco menos, mas a caminhada a beira-mar era agradável.
Dois episódios fizeram com que Marcelo me tomasse como amigo. Certa feita o porteiro do prédio interfonou ao segundo andar, apavorado, dizendo que um homem armado estava subindo as escadas, para matar todo mundo. É um maluco, dizia. Todos correram para os fundos, onde havia uma copa, Marcelo inclusive. Enquanto se trancavam lá, aguardei em minha prancheta. Já conhecia o escândalo dos cariocas, principalmente quando viam uma arma.
O cidadão, de fato, entrou bufando na sala. Eu o conhecia. Era um ex-policial da guarda especial de Getúlio Vargas, dono de um apartamento onde havíamos colocado chumbadores para suporte dos cabos. O empreiteiro, ao tracionar os cabos, para que chegassem no lugar, havia exagerado na tensão, e a parede do apartamento havia desabado. Consegui sossegá-lo, prometendo todos os reparos e uma indenização, embora nem tivesse alçada para isso. Mas Marcelo, como todos os outros, ficou aliviado, quando o policial se retirou. Admirou minha calma, embora dissesse que eu era “mezzo pazzo” (meio louco) por não ter corrido também.
Outro dia, no Aeroporto Santos Dumont, onde havia ido deixá-lo para a viagem a São Paulo, consegui imobilizar, com meus aprendizados de jiu-jitsu, um descuidista que ia levando sua pasta, colocada no chão, enquanto ele marcava a passagem. Não foi nenhum trabalho de Hércules. O malandro era do tipo subnutrido, e estava desarmado. Mas para Marcelo foi um feito, até porque dinheiro e passaporte estavam na maleta. Mas confirmou: eu era “mezzo pazzo”.
Soube muita coisa de sua vida nas idas e vindas para o aeroporto, onde eu o deixava ou buscava, nas viagens a São Paulo. Marcelo detestava a maneira meio amalucada com que o motorista da empresa dirigia e sempre me pedia para tomar o carro e levá-lo ou buscá-lo. Era muito falante e adorava contar suas aventuras amorosas ou esportivas na Europa.
Mas a que ele não contaria, eu descobri por mim mesmo, e não aconteceu na Europa. Os olhos são janelas para a alma, no dizer de Edgar Allan Poe. Nós, os interioranos, mais retraídos, sabemos disso melhor que ninguém, e aprendemos a ler no olhar das pessoas. Os matutos, mestres em fazê-lo, desviam o olhar, se encarados intensamente, pois temem revelar olhando o que estão pensando.
No escritório da empresa eu havia, com essa perspicácia que a vivência cabocla nos dá, percebido uma novidade, nos olhares de Jandira e Marcelo. Se as primeiras focagens de Marcelo sobre Jandira eram as mesmas dos outros homens do escritório, onde brilhava um fogo admiração e cobiça, agora esses olhares eram mais dóceis, digamos assim. E Jandira, que olimpicamente ignorava nossas encaradas, eu por vezes a surpreendia trocando com Marcelo um olhar indefinível. Lânguido, talvez. Tem coisa aí, pensei comigo.
Um dia, Domenico fora a São Paulo, onde se encontrava também Marcelo. Voltariam só no dia seguinte, e eu estava encarregado do escritório. Jandira, como sempre, chegara ao meio-dia, trazida pelo noivo, e fazia seu trabalho de datilografia, sem encarar ninguém. Mas me pareceu um pouco nervosa, olhando constantemente o relógio. Ali pela 1 e meia, chegou até a minha mesa e disse-me que precisava sair. Tinha dentista marcado para as 2 horas e voltaria pelas 4. Brinquei, dizendo que com aquela dentadura nada tinha a fazer no dentista, o que a fez ruborizar-se. Perguntei se queria que chamássemos um táxi, mas dispensou, dizendo que era perto o consultório.
Pela janela, vi quando enveredou pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana, no seu caminhar felino, sempre acompanhada pelos olhares masculinos. Voltou pelo mesmo caminho, bem depois das 4 horas, com o olhar etéreo de sempre, embora me parecesse naquele dia um pouco mais sonhador. Perguntei se doera muito o tratamento, e a resposta foi um também ruborizado: “Nem um pouco”.
Pelas 5 horas, para minha surpresa, vejo Marcelo caminhando pela Avenida Princesa Isabel, vindo certamente do hotel, ele que julgávamos em São Paulo. Chegou risonho, cumprimentando efusivamente a todos, inclusive a “signorina Jandira”, que respondeu discretamente, desviando o olhar, coisa que eu, nunca separado de minhas raízes matutas, bem percebi. Dediquei-me à minha prancheta até o final do expediente, quando saíram todos os funcionários, inclusive Jandira, levada pelo noivo no seu reluzente Chevrolet. Ficamos só Marcelo, que trauteava alegre uma ária italiana, e eu. Olhei-o e desviou o olhar.
Era a hora de dar o troco do apelido de “mezzo pazzo”.
– “Dottore Marcelo, o senhor veio de São Paulo e não me pediu que fosse, como sempre, buscá-lo no aeroporto”.
Balbuciou uma desculpa qualquer, olhando-me desconfiado.
Emendei: “Dottore, posso ser meio louco, mas não sou nem um pouco burro”.
Apenas sorriu um largo sorriso vitorioso, machista e latino.

[caption id="attachment_9826" align="alignleft" width="150"] Foto: Divulgação[/caption]
Genilton Vaillant de Sá
O maior sonho de todo brasileiro que se preza, que prima pela lisura e bem-estar do país, é ver o Brasil fora da Copa e o Galvão “nada Bueno” fora do ar definitivamente. Vai ser tudo muito benéfico para a educação e cultura que tanto almejamos para o futuro da nação. E que seja breve, muito breve!
Genilton Vaillant de Sá é de Vitória (ES).
E-mail: [email protected]
“Hoje eu fiquei triste, e o céu ficou alegre”
Pedro Sérgio Dos Santos [caption id="attachment_9827" align="alignleft" width="620"]
“Valdir Peres só teve uma falha”
João Custódio Como falam sem pesquisar a história dos goleiros para a Copa 1982! Valdir Peres, que era destaque do time de 82, só teve uma falha. E Leão era desagregador de elencos, saiu brigado de todos os clubes. Telê Santana queria paz na Seleção. E se Leão fosse tão melhor, por que não ganhamos em 74 e 78, quando ele foi titular? Em 78, não fosse Amaral, iríamos para casa ainda na primeira fase, pois Leão falhou grotescamente numa saída de gol contra a Espanha. Quanto a Raul Plassman, ele foi o primeiro goleiro convocado por Telê em 1980 (era o preferido do treinador), mas falhou tanto na Seleção que não foi mais chamado. É só pesquisar a história. Valdir estava muito bem no gol da seleção e hoje o sacrificam por uma única falha. E-mail: [email protected]“Machado de Assis não é uma divindade da qual não se podem mudar os verbos”
Epaminondas Silva A escritora-empresária Patrícia Secco confunde ciência com religião e o José Maria Silva, na matéria Ministério da Cultura confunde ciência com religião ao falsificar Machado de Assis (Jornal Opção 2029), confunde Machado de Assis com alguma divindade, da qual não se pode nem mudar os verbos. Machado de Assis é intocável. Mas um “A Filosofia de Sir Isaac Newton Explicada para o Uso das Damas”, pode. Pergunto-me se tal obra manteve original o conhecimento do cara da maçã ou quem sabe, “simplificou”. E continua o julgamento do mérito em se escrever apenas livros que aumentem a altura do pedestal em que colocaram o pobre Machado. Se vamos entrar no mérito, o que seria preferível: gastar R$ 1 milhão por renúncia fiscal num livro ruim ou deixar a gaita ir para o saco comunal do governo, que bem sabemos, só tem a missão de sustentar a si próprio? O que é curioso na insistência do assunto é que no fundo, se tem a expectativa que salvaremos nossos filhos da ignobilidade de lerem Machado no original. A Patrícia Secco leu o original. E ainda cometeu a heresia de reescrevê-lo. E quando a Globo adaptou o conto nos anos 1990, num especial de uma hora? Será que a transcrição de uma mídia para outra poupou todas elucubrações do Bacamarte, transmitindo exatamente a complexidade machadiana? Claro que não. Adaptações não são feitas para preservar original, são feitas para proliferar uma estória. Eventualmente, como tributo à obra original e seu criador. Mas adaptação perfeita? Só se ambas as peças são muito ruins. Senão, vai ser impossível. Mas não me lembro de ninguém indo ao Facebook nos anos 90 para reclamar da adaptação da Rede Globo. E-mail: [email protected]“É isso, o velho Crísias tinha razão”
Adalberto de Queiroz Muito boa a crônica “O universo que me perdoe, mas o tempo podia passar mais lento” (Jornal Opção 2032) escrita pelo André Gomes. Lembrei-me de Antonio Tabucchi, em “O Tempo Envelhece Depressa”: “(...) e quem sabe por que viu a imagem de um menino que, pela mão da mãe, volta de uma feira do interior, a feira acabou, é domingo à noite e o menino carrega um balão amarrado no pulso, segurando-o orgulhoso feito um troféu e de repente, pff, o balão murcha, alguma coisa furou o balão, talvez o espinho de uma sebe? Sentiu-se como aquele menino que de repente se via com um balão vazio nas mãos, como se alguém o tivesse roubado, mas não, o balão ainda estava lá, tinham somente retirado o ar de dentro. Então era assim, o tempo era ar e ela o tinha deixado escapar por um buraquinho minúsculo que não tinha percebido? Mas onde estava o furo? Não era capaz de vê-lo.” É isso, o velho Crísias tinha razão: “Seguindo a sombra, o tempo envelhece depressa” (legenda do livro de AT, fragmento pré-socrático, atribuído a Crísias). E-mail: [email protected]“Alemanha provavelmente teria ganhado a guerra”
Luiz Caldas Sobre o artigo “Melhores generais da Alemanha não obedeciam Hitler” (Jornal Opção 1878) A Alemanha perdeu devido à obediência cega a um lunático. Se não houvesse aberto duas frentes (ao atacar a União soviética em 1941) provavelmente teria ganhado a guerra. Hitler era um lunático declarado, mas hoje não estamos convivendo com outros, porém de forma velada? Qual a diferença do ataque à Polônia em setembro de 1939 com o do Iraque recentemente? Os motivos são os mesmos: econômico. O atual xerife do mundo defende direitos humanos (motivo oficial do ataque ao Iraque), mas lançou duas bombas atômicas em alvo civil. O Japão atacou sem declarar guerra, mas o alvo foi militar. E-mail: [email protected]“FHC e PSDB são neoliberais, não liberais”
Wesley Gomes Sobre o artigo “A imbecilidade neoliberal” (Jornal Opção 1979): O neoliberalismo de fato existe, mas ele é confundido pela intelectualidade esquerdista com o liberalismo clássico. O neoliberalismo não é nada mais que uma nova forma de intervencionismo, o que pode ser visto no Consenso de Washington. O neoliberalismo defende um estado “menos intervencionista” e “mais eficiente”, onde há uma boa margem para a economia de mercado, mas onde essa economia ainda fica submetida aos caprichos do Estado. O liberalismo clássico, por outro lado, defende totalmente a economia de mercado e há economistas que são minarquistas, achando que deve existir o Estado mínimo, que não deve influenciar em quase nada na economia. Há também entre os economistas austríacos os anarco-capitalistas — que defendem a abolição completa do Estado. Segundo eles, o Estado distorce o valor conferido à propriedade privada. Então o neoliberalismo não é nada mais do que o liberalismo clássico adaptado ao paladar socialista. Os marxistas dogmáticos insistem em dizer que o neoliberalismo é sinônimo de liberdade de mercado, quando, na verdade, não é. Mesmo assim essa política ainda defende uma economia planificada. Um exemplo de países com economias liberais está na lista da Heritage Foundation, que mostra os países que têm o maior índice de liberdade econômica. É preciso ver os que estão no topo e os que estão na lanterna. Dessa forma, podemos afirmar que o FHC e o PSDB são neoliberais, mas eles não são liberais, pois defendem um “estado musculoso” (expressão do próprio FHC). Mesmo assim eles são considerados capitalistas e pró-mercado, pois devido à intoxicação ideológica marxista nas universidades e escolas, mesmo no neoliberalismo há mercado de mais. O certo, segundo os marxistas, seria uma economia totalmente planificada (como em Cuba) ou semiplanificada (deixa uma parte minúscula parcialmente livre e o resto amarrado, como ocorre na China e no Brasil). E-mail: [email protected]“Brasil condicionou a sociedade a precisar de investimentos em segurança”
Antônio Alves A matéria “Índice de analfabetismo escancara descaso da população e dos governantes com a educação” (Jornal Opção Online) chama a atenção para um fato. O crescente aumento da criminalidade, nos últimos cinco anos, é uma ironia que cobra dos governos o investimento dos 18% de arrecadação de impostos da União e os 25% dos Estados e municípios. O Brasil condicionou a sociedade de maneira a necessitar desses investimentos. Há passos dados que não permitem voltar atrás. E, muito provavelmente, o que não se gasta com educação terá que se gastar com segurança e combate às drogas, pois essa já é uma realidade incontestável. Uma coisa é certa: um país sem Educação é um país sem futuro. E as mudanças não passam apenas por investimento. Hoje se faz necessário fazer o caminho de volta. E para isso é preciso repensar temas polêmicos como direitos humanos e maioridade penal, bem como a questão do trabalho do jovem adolescente. E-mail: [email protected]“Pessoas demonstram ser a favor da justiça pelas próprias mãos”
José Carlos Pego ônibus todos os dias e ouço passageiros comentando sobre diversos assuntos e temas. Assuntos ligados à segurança pública e justiça ganham cartaz. Há alguns anos, percebi a indignação das pessoas com as punições brandas a criminosos, dando a entender que o crime compensa. Percebi também que os passageiros demostraram ser a favor de se fazer justiça com as próprias mãos, pois não acreditam nas leis, como demonstrado pela matéria “Populares matam homem suspeito de assassinato em Luziânia” (Jornal Opção Online). Esse quadro não é bom para a política semidemocrática instalada no nosso país. Porém, se não houver mudanças nas leis penais, mais criminosos serão mortos ou feridos pela população honesta e trabalhadora. Acredito que muitos dos criminosos que sofreram ações de justiceiros no Brasil, cometeram diversos crimes e foram beneficiados por leis penais fracas. A OAB poderia lutar junto ao Congresso para que fosse aprovada uma lei que previsse a redução de pena somente para os réus primários, e em caso de reincidência o criminoso iria cumprir a pena integral. Assim, com certeza, o cenário atual referente à criminalidade iria mudar e os justiceiros deixariam de existir. Sabemos que isso nunca vai acontecer, por que a OAB não comunga com esse pensamento, por motivos óbvios. E-mail: [email protected]“É da competência da União legislar sobre transporte interestadual”
Allan Barreto O Projeto de Lei citado a matéria “Projeto de Lei cria mecanismos para identificar torcidas organizadas” (Jornal Opção Online), é uma bobagem e uma inconstitucionalidade. Apenas no transporte interestadual a lei obriga o passageiro a identificar-se, mas apenas no momento do embarque. Também, é da competência da União legislar sobre o assunto e, ao Estado, cabe licitar e fiscalizar o serviço intermunicipal. E-mail: [email protected]“São necessários mais investimentos nas licenciaturas”
Edergênio Vieira O projeto destacado na matéria “Escolas brasileiras poderão ser obrigadas a garantir fluência oral ao ensinar língua estrangeira” (Jornal Opção Online) é louvável. Todavia, não será garantido por força de lei. São necessários mais investimentos nas licenciaturas, que em geral são ofertadas por instituições públicas. Por exemplo, os cursos de letras em língua estrangeira deveriam garantir pelo menos um ano de imersão na língua com aulas práticas fora do país. Só aprendemos a falar uma língua falando. Só seremos fluentes tendo contado com o falante estrangeiro nativo. A gramática normativa deve ser entendida como mais um elemento da língua. Na aquisição da língua, não deve ser o único, uma vez que existem outros métodos. Acredito que estamos começando a entender isso. Porém, ainda muitos alunos viciados em saber estruturas que por si só ficam anacrônicas e obsoletas... Já dizia Ferdinand de Saussure: a língua foi imposta ao indivíduo, enquanto a fala é um ato particular. A soma língua + fala resulta na linguagem. Logo, devemos auxiliar nossos alunos no desenvolvimento da linguagem dotando nossos alunos das condições necessárias de leitura e interpretação do mundo, construindo assim seu próprio discurso. Dessa forma, resumir o ensino à mera gramática é engessar todos naquela que Carlos Drummond de Andrade chamou de “Amazonas da minha ignorância”. E-mail: [email protected]
Ao invés de arenas de rodeio e estádios suntuosos, ou o hexacampeonato (que vai sendo adiado pela nossa incompetência de jogar bem em casa), deveríamos sonhar mesmo com de salas de aula e bibliotecas, erguer o caneco do índice de leituras e de alfabetização
Ronaldo Cagiano Especial para o Jornal Opção
O vexame, o fiasco, a vergonha e a humilhação do oito de julho já vieram tarde. Há muito o povo brasileiro merecia essa surra. Depois da Segunda Guerra Mundial, foi o maior holocausto imposto a um povo.
A nação brasileira precisa deter-se no essencial, no que realmente importa, não na ilha de fantasia do milionário e corrupto futebol brasileiro, com seus cartolas miliardários e jogadores ídolos de barro, que jogam sem suar a camisa, sem amor à arte, mas com os olhos nos contratos milionários.
Não precisamos de neyMARKETING Jr. Não necessitamos de daviDOLAR Luiz. Muito menos de feliPROPAGANDA Scolari ou de freDINHEIRO ou de imperadores de araque, como Júlio César (que não impedem a derrocada desse império sujo do futebol de várzea que jogaram).
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Se precisamos de atletas com espírito esportivo (como foram um Garrincha, um Pelé, um Nilton Santos e um Barbosa), tanto mais almejamos vencer outro campeonato. Golear as carências e construir mais escolas, hospitais; ao invés dos bilhões para novos templos do futebol, verbas para segurança, estrada, emprego, saneamento, moradia popular.
Venho dizendo há tempos que o Brasil vai se mediocrizando há décadas e a passos largos, nivelando tudo por baixo. E o sintoma disso é tanto o futebol anêmico como temos praticado (ganhamos as últimas Copas sem brilho e sem jogadas inteligentes), como nas artes e na política, esta apequenada, da negociata e do escândalo (esse o padrão FIFA a que estamos sendo condenados?).
Um país que dá mais valor ao futebol e ao Pedro Bial; à tv e ao BBB; que enche estádios para ver Michel Teló, Luan Santana, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Daniela Mercury ou entra em delírio diante da profusão de duplas sertanojo; que lota praças num transe demencial para assistir à manipulação estelionatária e mercenária das pregações evangélicas, esse país está fadado a se bestializar cada vez mais.
Ao invés de arenas de rodeio e estádios suntuosos, ou o hexacampeonato (que vai sendo adiado pela nossa incompetência de jogar bem em casa), deveríamos sonhar mesmo com de salas de aula e bibliotecas, erguer o caneco do índice de leituras e de alfabetização, orgulhar-se do diploma de um curso bem concluído e da qualificação profissional. No lugar de templos evangélicos e presídios, precisamos semear livros e cultura de qualidade. Mais salas e menos celas. Mais educadores e menos pastores. Mais Paulos Freires e menos Edir Macedo. Mais Pestalozzis e menos Marcelo Rossi.
O nosso jogo é contra a miséria, a ignorância. É para driblar a pobreza de espírito, a falta de educação (que vaiou equipes adversárias nos estádios). É para dar um olé na péssima condição da saúde e do ensino público, da insegurança. É para derrotar a alienação e o provincianismo de todas as classes que dominam o país.
É tudo isso que nos avilta e humilha mais que a goleada germânica sobre a seleção macunaíma. O que empobrece e nos joga ainda mais no esgoto da civilização são os salários nababescos desses jogadores (a maioria sequer sabe usar o plural ou colocar corretamente um pronome), enquanto um professor, um médico do SUS, um policial, um gari, um trabalhador rural ganham uma miséria. Essa é a grande tragédia, não o Maracanazo de 1950 ou o Mineirazo de 2014. O Brasil da Copa, agora é um povo na Cova. Como diria Nelson Rodrigues, “o pior cego é aquele que só vê a bola”. Esse país que lê Paulo Coelho e Fábio de Melo, que ouve pagode e funk, só podia ser goleado por quem nos deu um Goethe e Thomas Mann; por quem tem Mozart e Beethoven na escalação de sua civilização.
Toma jeito, Brasil!
Ronaldo Cagiano é escritor.

Doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense, Tadeu Alencar Arrais fala sobre o polêmico projeto de desafetação de áreas públicas em Goiânia e sobre o seu novo livro, “Morar na Metrópole, Viver na Praia ou no Campo”
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Ademir Luiz e Adriana Ap. Silva Especial para o Jornal Opção
Um dos maiores clássicos da literatura geográfica é o livro “A Geografia: Isso Serve, em Primeiro Lugar, Para Fazer a Guerra”, do francês Yves Lacoste. Em Goiás, um dos geógrafos mais aguerridos é Tadeu Alencar Arrais, Professor Associado do IESA-UFG e Coordenador da Rede Goiana de Pesquisa em Desenvolvimento Regional e Análise da Informação Geográfica. Com graduação e mestrado em Geografia pela UFG e doutorado em Geografia pela UFF (RJ), Tadeu Arrais é conhecido pela personalidade forte e, principalmente, pela seriedade e rigidez com que desenvolve suas pesquisas. Intelectual ativo e antenado, sendo bolsista nível 2 do CNPq, está lançando pela editora da UFG o livro virtual “Morar na Metrópole, Viver na Praia ou no Campo”. Nessa entrevista Tadeu Arrais fala de sua participação na polêmica sobre o projeto de desafetação de áreas públicas em Goiânia (PL-50), a distância entre a universidade e o poder público, o mercado imobiliário, educação geográfica, o fenômeno da difusão dos condomínios fechados e conta os motivos que o levaram a desistir da literatura. O livro que Tadeu Arrais está lançando encontra-se disponível gratuitamente no link: (http://bit.ly/1ogJQvb).
Ademir Luiz — O projeto de desafetação de áreas públicas de Goiânia (PL 50) foi aprovado na câmara de vereadores em votação realizada do dia 13 de maio de 2014. O senhor foi o principal crítico e opositor dessa proposta, encabeçando inclusive um abaixo-assinado contra ela. Agora que a desafetação é uma realidade, embora alguns vereadores de oposição estejam levando o caso à justiça comum, quais seriam as consequências imediatas para a cidade?
Temos que pensar o impacto em duas escalas. O mais imediato é para a escala dos bairros que perderam a possibilidade de construção de equipamentos públicos de lazer, bem como de receber infraestrutura de serviços públicos, como escolas e postos de saúde. Além disso, a verticalização, em todos os bairros, provocará prejuízos irreparáveis ao trânsito e, especialmente, ao meio ambiente. O segundo impacto é na escala da cidade, de forma geral, uma vez que esse tipo de procedimento abre precedentes para novas desafetações em grande escala. Veja. Estamos tratando de mais de 200 mil metros quadrados. Na verdade, o governo municipal quer financiar a política urbana com a venda de ativos públicos. Imagine uma dona de casa que, a cada crise financeira, resolva vender um cômodo de sua residência para complementar o custeio mensal. O que sobrará para o futuro? É muito sério. Dezenas de bairros de Goiânia não têm sequer uma área pública e a população, basta observar o perfil demográfico, necessitará cada vez mais dessas áreas. Veja um exemplo sintomático da falta de compromisso com o futuro: existe uma área no setor Bueno de 4.795,06 m2 que será doada. A SMT (Secretaria Municipal de Trânsito) necessita de uma sede. Pergunta: será que ninguém percebe que aquela área no Setor Bueno, de excelente localização e acessibilidade, é um espaço ideal para sede da SMT, assim como para a Guarda Civil? Não. É melhor gastar com aluguel do que melhorar as condições de trabalho da Guarda Civil e dos agentes de trânsito.
Ademir Luiz — Alguns dos partidários da desafetação afirmam que os argumentos dos opositores são mais emocionais do que técnicos. Como o senhor se posiciona frente a essa acusação?
Concordo em parte. É claro que também são emocionais. Quem não se emociona ao ver um campo de várzea, única opção de lazer da garotada, ser destruído? Quem não se emociona ao ver uma praça construída por um idoso com recursos de sua aposentadoria ser vendida? Também compreendo que alguns vereadores não entendam os argumentos técnicos e isso tem uma explicação simples: não conhecem o Plano Diretor. Não se importam em ler, em estudar as leis que regulam o uso e a ocupação do solo. Leis aprovadas naquela casa. É mais fácil fazer discurso e ceder às cotidianas chantagens do Paço Municipal do que olhar para o futuro e preservar os espaços públicos. O argumento comum foi que precisamos desse recurso para fazer obras nos bairros. Alguns até disseram que a UFG é elitista, que não compreende as demandas da população. Pura chalaça. Um pequeno exemplo. O PL-50 não autoriza apenas a venda, permuta ou doação de áreas, mas também transforma, automaticamente, essas áreas em PDU-I (Projetos Urbanos Diferenciados), o que resulta, em síntese, na autorização para verticalização total dessas áreas. Sem essa transformação, uma afronta ao Plano Diretor, essas áreas não teriam interesse algum para o mercado imobiliário. Bingo. Então quem atende aos interesses da elite? A UFG ou o governo municipal que apoiou integralmente o PL-50? Em nosso relatório apontamos que apoiaríamos a destinação dessas áreas para moradia popular, mas nem isso sensibilizou os vereadores da base, mesmo porque a população pobre, jamais, poderá residir nas regiões nobres da cidade, não é mesmo? Quem poderá adquirir aquela área de 60.632,62 m2, no Portal do Sol? Assim responderam os representantes do governo municipal que estiveram presentes na audiência pública: “Qualquer um!”. Não sei em que cidade eles vivem.
Adriana Ap. Silva — Durante o desenrolar da votação do projeto de desafetação das áreas públicas em Goiânia, ficou evidente o distanciamento de opiniões entre a academia e o pensamento da maior parte dos representantes públicos desta cidade. Como promover o diálogo entre a administração pública e a academia?
Sou cético em relação ao diálogo. Vamos lembrar. O prefeito é egresso da UFG e não é a primeira vez que o IESA se manifesta contra a sua política urbana. Ele até fez visita ao novo reitor. Apenas um protocolo. Um dos vereadores do PT que defendeu o PL-50 foi aluno do IESA. Então não posso dizer que existe alguma ponte entre o governo municipal e o IESA. E por que isso acontece? A chantagem é o macro componente da atual política do governo municipal e o maniqueísmo é a forma discursiva que procura, por exemplo, classificar aqueles que hoje são contra venda de áreas públicas (esse é só um exemplo) como intelectuais conservadores e patrimonialistas. Não podemos ser ingênuos. A arena da pesquisa, da técnica, é distinta da arena da intervenção política.
Ademir Luiz — Qual foi o papel desempenhado pelo Ministério Público na questão da desafetação, considerando que o projeto partiu da assinatura de um termo de ajuste de conduta entre o MP, na pessoa no promotor de justiça Maurício José Nardini, e a prefeitura de Goiânia?
O Ministério Público tem um parecer técnico, muito bem elaborado, que condena a natureza do primeiro projeto de desafetação. Quando digo natureza, refiro-me a concepção de financiamento da política urbana. Agora, diante desse debate, confesso que causa estranheza o silêncio do Ministério Público que tem, historicamente, lutado com afinco pelos interesses da comunidade. É bom citar a parte final do relatório do Ministério Público que foi contundente em relação ao projeto de desafetação: “Configura-se, sem sombras de dúvidas, que o sr. prefeito agiu com dolo, com vontade e consciência, posto que propôs Projeto de Lei que vai de encontro com todo o Regime Democrático de Direito, chocando-se com as normas constitucionais, os direitos e garantias fundamentais da participação, da publicidade. Ao propor um projeto que desobedeceu frontalmente as normas legislativas insculpidas na Lei 10.257/01, agiu livremente, sem qualquer tipo de vício em sua vontade ou mesmo sem previsibilidade: o sr. Paulo Garcia elaborou o projeto com o propósito, único e exclusivo, de dilapidação do patrimônio público, de retirar do domínio do Município 33 (trinta e três) áreas públicas, que, em razão de manobras evasivas, antidemocráticas e de moralidade questionável por parte da Câmara Municipal, resultaram na verdade na perda de 70 (setenta) áreas públicas”. As diferenças entre o PL-224 e o PL-50 são apenas formais, não mudando, em minha opinião, o conteúdo da ação e os prejuízos para a coletividade.
Ademir Luiz — Após a aprovação do PL-50, o senhor liderou uma campanha na qual se pretendia construir alguns equipamentos públicos nos terrenos previstos para venda. Pareceu-me mais uma forma de marcar posição do que necessariamente a invasão desses terrenos, até pela proporção das ações tomadas, mas mesmo assim o movimento foi reprimido pelo poder público. Como foi isso?
Essa ideia surgiu, na realidade, sem pretensões, em um grupo da comunidade, liderado por uma moradora chamada Ludmila. Em cinco dias, em parceria com uma arquiteta chamada Maria Ester, fizemos o projeto urbanístico, coletamos doações, mão-de-obra, equipamentos, máquinas e mobilizamos a comunidade. A logística foi perfeita. Veja que estamos tratando de uma área de 10.000 m2, com cobertura de pastagem, de difícil manejo. Então o que a comunidade fez nesse curto período? Uma pista de caminhada no perímetro da área, de aproximadamente 1.100 metros. Um playground para as crianças, com alguns bancos e brinquedos doados. Um campo de futebol para as crianças da região. A limpeza total do terreno e o plantio de aproximadamente 150 mudas, com orientação de agrônomos da UFG. Para nossa surpresa, por volta das 10 horas da manhã, chegou o secretário de fiscalização do município. Segundo declarou para um jornal local, a comunidade já estava sendo “monitorada”. Achei isso engraçado. Nunca pensei que fosse um subversivo. Como esse governo gasta energia com coisas pequenas. O secretário implicou com um memorial de 1m X 0,80 cm e chamou a polícia militar para tentar intermediar a conversa e derrubar aquela “obra” que feria o Código de Posturas. Ora, o nosso Código de Posturas é rasgado pelo governo municipal todos os dias da semana. Quando percebeu que não recebeu o apoio devido da polícia militar, que não reprimiu de forma alguma o movimento, o secretário chamou os fiscais que passaram a notificar a comunidade. Uma forma pouco inteligente de intimidação. Nada disso era necessário. Repito. O prefeito Paulo Garcia deveria ter orgulho dessa comunidade que demonstrou compromisso com o espaço público. A resposta do governo, para todos os jornais, é que o assunto do PL-50 foi amplamente discutido nas comunidades. Se alguém da prefeitura disse isso, é mentira. Já passei da idade de eufemismos. É mentira. As duas audiências públicas não ocorreram com a presença das comunidades e mesmo assim todos foram contra o PL-50. Então, além de não ter nada de sustentável, essa gestão perde, a cada dia, seu verniz democrático. A comunidade espera que o prefeito reverta a situação e não recorra da decisão judicial que impede a venda. Não sou otimista, mas se isso ocorrer pode ser o início de um novo relacionamento da prefeitura com aquela comunidade. De qualquer forma foi uma excelente experiência.
Adriana Ap. Silva — No Blog “Necrópole”, o senhor reúne textos que tratam do que entende como a “Derrota política de Goiânia”. O que o motivou na criação deste blog? O senhor considera um espaço de informação, denúncia ou desabafo?
Um colega disse que o site “Necrópole Goiânia” era uma provocação. Discordo. Provocação é observar calçadas entupidas de carros, ruas sem sinalização, praças depredadas, lixo na rua, som automotivo que não permite o sono diário, enfim, um repertório interminável de experiências negativas que ferem o Código de Posturas Municipal. Então, “Necrópole” é uma modesta resposta a esse tipo de provocação diária. Sei que esse governo não é o único culpado pela situação deplorável, do ponto de vista do espaço público, de nossa cidade. Enfim, “Necrópole” é hipérbole pura. Uma forma de homenagear o grande historiador Lewis Mumford.
Ademir Luiz — O senhor está lançando pela editora da UFG o livro virtual “Morar na Metrópole, Viver na Praia ou no Campo”, resultado de seu pós-doutorado. O título é significativo e sutil, tendo sido construído de maneira a defender que é possível morar na metrópole, mas só se vive realmente na praia ou no campo. O senhor propõe um estudo comparativo entre as regiões metropolitanas de Fortaleza e Goiânia. Quais foram os resultados principais da pesquisa?
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O livro tem como foco de estudo o que chamamos de segunda residência. O estudo dessa temática, tradicionalmente, foi mais destacado para as áreas litorâneas, processo adjetivado de veraneio. Para se ter uma ideia, no Brasil, segundo dados do IBGE, em 2010, existiam 3.932.990 domicílios de uso ocasional. Só nas regiões metropolitanas existiam, em 2010, 1.402.388 domicílios de uso ocasional. Esses domicílios, geralmente, estão localizados em áreas próximas às grandes metrópoles, já que esses espaços, por assim dizer, exercem o controle fundiário de áreas com amenidades ambientais: espaços litorâneos, áreas serranas, balneários. Então o problema que se coloca é o seguinte: em um país com déficit habitacional, qual o impacto da expansão do mercado de segunda residência para o conjunto da sociedade? Partimos do princípio que, além do controle fundiário exercido por atores localizados nas metrópoles, esse padrão de expansão causa problemas para os municípios periféricos, especialmente na regulação do solo urbano. Nossas pesquisas apontam que na Região Metropolitana de Goiânia, no formato de condomínios de chácaras, foram convertidos mais de 25 milhões de metros quadrados de áreas. E por que esses condomínios estão localizados nos municípios periféricos? São três motivos, em especial. O grande estoque de áreas rurais, a pouca regulação do uso do solo por parte dos municípios periféricos e a proximidade dos eixos rodoviários que garantem acesso aos condomínios. Assim, as áreas rurais estão sendo convertidas, algumas irregularmente, em condomínios que não cobram IPTU, ITU e, consequentemente, poucos contribuem com as receitas tributárias municipais.
Ademir Luiz — O livro apresenta uma apurada reflexão sobre o mercado imobiliário. Em determinado momento, o senhor estabelece que o “Estado é o principal ator na análise”, explicitando as relações entre a administração dos espaços urbanos e os “atores ligados ao mercado imobiliário”, demonstrando o quanto estão amalgamados. Como essa perspectiva pode ser compreendida no cenário goiano?
Acho que esse cenário é uma característica, em menor ou maior grau, da maior parte das cidades nos vários continentes. Veja, por exemplo, o livro Mike Davis, “Cidade de Quartzo”, sobre Los Angeles. O Estado, de forma geral, é o responsável pela regulação do uso do solo urbano. Entretanto, nessa arena política, os atores do mercado imobiliário determinam as decisões sobre o ordenamento do solo urbano, a exemplo da política de zoneamento. Em Goiânia assistimos isso com as sucessivas mudanças no Plano Diretor. Lutar contra essa tendência exige, dos demais grupos de atores sociais, muita organização.
Ademir Luiz — Em seu novo livro o senhor retoma a questão dos condomínios fechados que “estão incrustrados em espaços distantes dos núcleos urbanos, dispersos em áreas rurais e/ou de expansão urbana, protegidos por muros e/ou alambrados”. Em um trabalho anterior, o artigo “Goiânia: as imagens da cidade e a produção do urbano”, o senhor chama atenção para o contrassenso representado pela expansão dos condomínios fechados, que vendem ao mesmo tempo o isolamento e um retorno ao espírito campestre, justamente em uma cidade que se pretende ecologicamente correta, a cidade do verde e das flores. Como explicar esse fenômeno? É um tipo de “espetacularização do lugar”, considerando que usou um trecho de Guy Debord como epígrafe do novo livro?
Debord é um especialista em sínteses. O espaço tornou-se, mais do que nunca, uma mercadoria vendida aos pedaços. Há uma intencionalidade específica em relação às chamadas casas de campo, especialmente nos condomínios fechados. Vendem um “campo” que não existe, um “ambiente” fabricado pelo marketing imobiliário. Visite alguns desses condomínios e verá o seguinte: práticas urbanas, como som automotivo e manejo irregular de resíduos que nem de longe lembram um ambiente sustentável. A política de segurança, associado ao lazer, é outra propaganda. Cada uma dessas “amenidades” também gera despesas de custeio, o que, não raro, torna os condomínios desses “condomínios” mais onerosos que os condomínios localizados na capital. Mas o fundamental é que a maior parte desses condomínios colabora muito pouco ou não colabora para a economia desses municípios.
Ademir Luiz — Para além de sua produção acadêmica, o senhor escreve livros didáticos e paradidáticos, trabalhando, sobretudo, a Geografia de Goiás e do Distrito Federal. Qual o enfoque de seu trabalho nesse campo? Como instigar os jovens ao estudo da Geografia?
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O livro didático e o livro informativo (prefiro esse termo ao paradidático) exigem um tipo específico de atenção em relação aos conteúdos e, especialmente, a estrutura narrativa. Não é fácil fazer um bom livro didático e, digo logo, quem deve dizer se esse livro é bom ou não, certamente, é o professor e o aluno. Existem vários limites para produzir um livro didático. Para o PNLD, por exemplo, não tem como fugir dos padrões determinados nos editais, o que interfere, de algum modo, nos conteúdos. Atualmente, prefiro trabalhar com as editoras regionais, a exemplo da Cânone, que oferece mais liberdade ao autor. Mas o livro, quando consideramos a relação ensino-aprendizagem, é apenas um dos elementos no processo formativo e digo, em minha opinião, não é o mais importante. O mais importante é um professor bem formado e motivado. Não podemos reduzir o ensino de Geografia aos conteúdos do livro didático. O mundo, o cotidiano do aluno, é mais complexo e interessante que qualquer manual. Penso que o desafio não é, apenas, ensinar Geografia, mas, sobretudo, ensinar ciência de uma maneira geral. É incrível como a ciência está em toda parte. A ciência, desde a modernidade, foi concebida pelo signo da interrogação, da verificação, da experimentação, da curiosidade. E como representamos, de maneira geral, a ciência na escola? De uma forma bastante burocrática, com respostas prontas.
Ademir Luiz — Para terminar, em 1999 o senhor publicou dois contos no livro “O Professor Escreve sua História”, organizado pela professora Vera Maria Tietzmann. Um dos contos, “Ensinar geografia”, foi muito elogiado, enquanto o outro “A pimenta”, foi mote de uma polêmica com o jornalista José Maria e Silva. Ou seja, foram trabalhos discutidos, que chamaram a atenção. Posteriormente, em 2003, publicou o livro “Viagens do Brasil — Relatos da Gente”, que saiu pela editora Mercuryo Jovem. Embora a Geografia sempre tenha estado presente, foram, sem dúvida, experiências de narrador, de ficcionista. Pretende voltar a escrever ficção?
Engraçado lembrar-se disso. Um colega na universidade, muito tempo depois, mostrou a crítica do jornalista. Achei engraçada. Sugerir uma associação entre a “transgressão”, ficcional, narrada no texto e outras “transgressões maiores”, como o incêndio do índio pataxó, foi um exagero. Naquele momento notei que não tinha nenhum talento literário e que era melhor direcionar minhas energias ao estudo da Geografia.

Com grandes exemplos, como Google e Apple, elas crescem no mercado e público goiano pode conhecer mais sobre o tipo de empreendedorismo
Yago Rodrigues Alvim
[caption id="attachment_9818" align="alignleft" width="1058"] Diretor Wanderson Portugal: na Feira do Empreendedor 2014 o público poderá acompanhar a programação de palestras, oficinas e jogos empresariais | Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Empresa nascente, de serviço inovador e base tecnológica. A incerteza é alta. Não há garantia que o produto seja aceito pelo mercado. Existe um poder de crescimento ágil. A “Meca”? O Vale do Silício, nos Estados Unidos, responde Rafael Barbosa. Já Francisco Lima recorre ao conceito acadêmico: “Startup é uma iniciativa em busca de um modelo de negócio que seja repetível e escalável”. O objetivo é viabilidade. O conceito de startup, diz Paolo Petrelli, se configura numa empresa, genuinamente digital, cuja capacidade de criar produto se dá à medida que a empresa cresce o custo não cresce, proporcionalmente. Numa startup, não se sabe o que o mercado quer, é preciso validar-se.
“Muitas vezes, quando se olha para negócios digitais –– Facebook, por exemplo ––, percebe-se a mudança de posicionamento, desde a concepção da ideia até o que virou, realmente, no mercado. A rede social era voltada para estudantes universitários e, hoje, tem outra configuração. A startup não sabe o que está fazendo, enquanto não validar seu negócio e tem que conseguir mudar, rapidamente, seu posicionamento no mercado”, diz Petrelli, com base na definição da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) no Centro-Oeste.
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Francisco Lima: “Startup é uma iniciativa em busca de um modelo de negócio que seja repetível e escalável” | Edmar Wellington/Sebrae[/caption]
Repetível e escalável designa uma das principais características do negócio: a de alcançar um grande número de usuários e clientes, sem mudanças na estrutura. Francisco exemplifica, comparando que uma padaria para atender mil clientes, precisa de uma determinada estrutura. Para atender 2 mil clientes, tem que dobrar a estrutura –– de maquinário, pessoas e outros. Para uma startup, essa regra não vale. Há aumento significativo de clientes, sem um aumento considerável de estrutura.
Exemplo? O aplicativo Instagram. Foi vendido em 2012, por uma soma milonária. A equipe contava com 12 pessoas e atingia países, com milhares e milhares de usuários. E não houve um aumento significativo de pessoas para atender esses usuários. Normalmente, são empresas que trabalham em ambientes incertos, pois lidam com inovação. Desmistificam mercados, exploram lugares novos, inexistentes. Quando surgem essas ideias, os próprios empreendedores não estão certos da estabilidade do negócio. É um teste inicial de mercado, para que depois haja implementação.
Francisco é gestor do projeto de Desenvolvimento de Startups, na seccional goiana do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-GO). Na Feira do Empreendedor do ano passado, realizada pelo Serviço, já houve um espaço destinado à inovação e tecnologia, com programação até para startups. Mais informação e conteúdo estarão presentes na edição deste ano. Há um espaço exclusivo sobre startups, com atividades de workshop a palestras, painéis e sessões de Mentoring. “Serão quatro dias, com bastante conteúdo.”
Diretor técnico do Sebrae-GO, Wanderson Portugal Lemos informa que nessa edição da Feira, o Serviço e seus parceiros, de forma estratégica e planejada, trarão inovações, produtos e serviços que atendem as demandas do mercado consumidor goiano. Desta forma, o espaço destinado à Tecnologia da Informação irá apresentar as startups goianas que oferecem soluções digitais em plataformas, via internet fixa e móvel, para empresas que necessitam inovar em seus serviços e produtos.
A seccional goiana oferece para as startups, há cerca de um ano e meio, projetos voltados para capacitação, ações de mercado, tecnologia e inovação. Dentre as ações, Wanderson destaca as missões técnicas para os empresários goianos que já participaram de edições de feiras e eventos nacionais e internacionais, buscando interagir com o que há de mais moderno e com práticas que apresentem lucros e resultados positivos aos empreendedores.
“No espaço das startups na Feira, o público poderá acompanhar a programação de palestras, oficinas e jogos empresariais”, sublinha, acrescentando que os empreendedores que quiserem conhecer mais sobre esse tipo de empreendedorismo em Goiás, ou quiserem participar do projeto de startups, podem procurar os consultores do Serviço na capital e nas cidades onde há escritórios e agências do Sebrae.
Raio-X
Será realizada na Feira uma gama de ações Uma das atividades é o Desafio Like a Boss Startup. É uma simulação educacional, um workshop, emque 40 participantes trabalharão no primeiro dia da Feira, na quinta-feira, 31, o desenvolvimento de uma nova ideia. Depois, trabalharão em como validar essa ideia no mercado e por aí segue pelos principais passos para construção de uma startup. O desafio se apoia em conceitos e metodologias de concepção, design thinking, lean startup, Businnes Model Generation, criação de valor, prototipagem e modelagem do negócio, findando na validação mercadológica. Há orientação por instrutores. Já nas horas livres, o contato será com o público externo. Francisco Lima diz que uma ideia é o trabalho com concessionárias. Os participantes terão que ir a concessionárias para captação de pesquisa sobre problemas, para definição das soluções que o aplicativo pode oferecer para esse mercado. Ou seja, uma validação tátil com a realidade até chegar a um protótipo do produto, mais adequado. Os 40 participantes trabalharão em grupo e apresentarão esse resultado, no último dia, domingo, 3 de agosto, para uma banca especializada, com primeiro, segundo e terceiro lugares para as melhores ideias. Por isso, o termo “Desafio”. Quem quiser participar, há uma seleção. A inscrição é prévia, já está aberta e termina nesta terça-feira, 15. Gratuita, requer que o candidato responda um questionário base para seleção dos participantes, disponível no sítio da Feira do Empreendedor 2014 (http://www.feiradoempreendedorgo.com.br/programacao/programacao-geral/paineis/). O resultado será divulgado na segunda, 21. “Dá tempo de correr e participar”, ressalta Francisco. [caption id="attachment_9820" align="alignleft" width="222"]
Inovadores
Além de fazer parte de algumas empresas que cuidam do empreendedorismo jovem –– diretor de inovação da Associação Jovens Empreendedores e Empresários de Goiás (AJE-GO) e da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje- GO) ––, Rafael Barbosa é empresário na startup XporY.com, que nasceu no ano passado. “O diferencial das startups, por terem solução inovadora, está no trabalho árduo com o desenvolvimento de softwares e na grande divulgação do conceito, pois as pessoas não conhecem o modelo de negócio”, explica. [caption id="attachment_9822" align="alignright" width="217"]
como uma solução, um caminho para as problemáticas do país | Edmar Wellington/Sebrae[/caption] A XporY.com, por exemplo, tem um modelo próprio com a prática de permuta entre várias empresas (modelo forte nos Estados Unidos e em expansão no Brasil). A plataforma agrega diversos empreendimentos. Com a venda, cria-se crédito: uma moeda “Brazis”, que pode ser usada em outra negociação, e outra empresa pode aproveitar o mesmo crédito, em gráfica, mídia, móveis planejados, entre outros. É uma transação multilateral. A flexibilidade e a otimização para todos os pertencentes da plataforma são a grande novidade da XporY, ressalta Rafael. “Para qualquer empresa ter sucesso é necessário ‘resolver a dor’, como chamamos. É necessário reconhecer as demandas do mercado. E, com o apoio do Sebrae, investigamos ‘qual é essa dor’, ‘o que quebra as empresas’”. A resposta, numa quase totalidade, é o fluxo de caixa. “Ou seja, a pessoa monta um negócio e gasta, com isso, uma quantia. Aparecem outras despesas e a empresa precisa de clientes para pagá-las. Porém, por ser nova é difícil tê-los, ao menos, na quantidade necessária. A ajuda da XporY veio dessa investigação, de quatro meses, nos Estados Unidos. A solução é ajudar, através de permuta. Adquira o que você precisa, usando o que você tem, o que dá uma grande sobrevida para as empresas da plataforma.” Rafael ponta que quando se entra no mercado, não pode gastar muito dinheiro. Por isso, inicialmente, tinham um site com poucas funcionalidades. Os clientes entraram, começaram a utilizar e, depois que o mercado validou, contaram com um investidor de Brasília. Hoje, estão com uma plataforma moderna no ar, dando uma nova fase de crescimento, com uma rampa acelerada de adesão de clientes. Isso é um exemplo para outros negócios em fase inicial. Sobre a participação na Feira, afirma que a expectativa é boa. “Nós, como um destaque em Goiás, teríamos que participar até como exemplo para outras startups e é uma feira de empreendedor, ou seja, potenciais clientes para nossa plataforma.” Também participará de dois painéis: um sobre investimento-anjo, pois Rafael também é representante da organização Anjos do Brasil, que fomenta o crescimento do investimento-anjo no país, e da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras, o que o qualifica para o debate no painel de inovação. [caption id="attachment_9823" align="alignleft" width="283"]

Parceria
Francisco Lima conta que utilizaram muito da rede de parceiros para pensar o evento e que foi, basicamente, com a AJE-GO na proposta de painéis e palestrantes. A organizadora Alline Jajah fala sobre o convite para realizar atividades com foco em inovação, para microempreendedores e médias empresas. Portanto, gestão e produtos inovadores, tecnologias e inovação nas empresas. [caption id="attachment_9821" align="alignleft" width="768"]

[caption id="attachment_9814" align="alignleft" width="602"] Fernanda Gentil, no dia em que chorou ao vivo na televisão / Foto: Reprodução/TV Globo[/caption]
A repórter Fernanda Gentil, da Rede Globo, é nova — tem 27 anos —, mas já passou por momentos delicados na carreira. Seu início no canal Sportv foi em 2009 e ficou marcada, no ano seguinte, por um “mico” que se propagou de forma viral na internet: ela conduzia um programa do estúdio da emissora na África do Sul, durante a Copa de 2010, e recebeu um convidado deficiente visual. Após apresentá-lo, educadamente estendeu-lhe a mão e, obviamente, não foi correspondida.
Já pela TV Globo, Fernanda voltou a ser assunto nas redes sociais no ano passado, quando cantou o sucesso “Evidências” com a dupla Chitãozinho & Xororó, em link ao vivo no programa “Encontros”, de Fátima Bernardes, por ocasião da Copa das Confederações. De quebra, confessou que sonha em fazer uma entrevista com seus ídolos de infância Sandy e Júnior, filhos de Xororó.
Competente e bastante espontânea, ela faz parte da aposta da Globo em novos e carismáticos talentos, como o também apresentador Tiago Leifert e o agora narrador (antes fora apresentador, repórter e comentarista) Alex Escobar. Durante a Copa, ela foi escalada para integrar o grupo que acompanhou os treinamentos na Granja Comary, em Teresópolis (RJ). E foi lá que surgiu novamente como motivo de discussão virtual: no dia seguinte à eliminação brasileira do Mundial, não conteve o choro ao ser chamada ao vivo, novamente por Fátima Bernardes e novamente no programa “Encontro”.
As lágrimas da repórter foram alvo certeiro da infantaria do Twitter, Facebook e outros fóruns digitais. Acusaram-na de se comover muito com a seleção e muito pouco com os problemas de verdade do mundo. E ela fez questão de dar prosseguimento à polêmica. Na sexta-feira, 11, rebateu os críticos, via Twitter: “Último diaaaa [em Teresópolis]. Queria choraarrr!!!! Mas não posso!!!! Senão aquelas pessoas ocupadas vão dizer, de novo, que não choro pelos problemas do mundo.” (sic) Prosseguiu o desabafo: “Aliássss mamy me proibiu de perder tempo respondendo esses “amigos'', mas como ela não tem Twitter vou dizer porque ela não vai saber lalalalaaaa.” (sic)
Para lançar uma pá de cal no assunto, principalmente no argumento “problemas do mundo”, ela aproveitou o microblog para divulgar a entidade de filantropia que mantém: “Pelos problemas do mundo eu não choro, eu ajo! Aproveitem para conhecer a Caslu, minha associação beneficente. Ah e claro, para os que criticaram, faço a mesma pergunta: e vocês, fazem o que pelos problemas do mundo? Choram?!? Não percam tempo chorando queridos, porque quem precisa tem pressa. Combinado? Muitos beijos!” (sic)
Responder internautas, muitos dos quais com certeza franco-atiradores virtuais, certamente não foi a mais madura das atitudes. Mas não deixou de mostrar o que cativou a Globo em Fernanda: a espontaneidade. Assim como parecem não ter nada forçado os dois momentos — um ainda na transição da imagem para o link e outro já em plena resposta à pergunta de Fátima Bernardes — em que ela leva ao rosto a parte posterior das mãos para enxugar os olhos. Em tempo: o conteúdo noticioso que ela deveria transmitir não ficou prejudicado.