Notícias

Encontramos 138977 resultados
Philip Roth foi namorado da mulher do presidente John Kennedy, a elegante Jackie Kennedy

Jackie Kennedy: a ex-primeira-dama conquistou Philip Roth e o deixou atrapalhad

Philip Roth está escrevendo (ensaios) e diz que “Enquanto Agonizo” é o grande romance de Faulkner

O autor de “O Complexo de Portnoy” elogia Hemingway, frisa que “Absalão, Absalão!” é um romance poderoso e fala das grandes frases de Dostoiévski e Joyce

Doutor pela Sorbonne mostra como a imprensa apoiou a ditadura e criou imagem positiva para militares

9093662Doutor em sociologia pela Sorbonne, o gaúcho Juremir Machado da Silva é um intelectual que escreve muito e bem. Já publicou livros sobre Getúlio Vargas e João Goulart, sempre polêmico e acrescentando ideias que vale a pena serem examinadas, para além da bibliografia. Seu livro “1964 — Golpe Midiático-Civil-Militar” (Sulina, 159 páginas), apesar da discurseira típica de acadêmicos, é muito bom. O autor mostra, de maneira documentada, como a imprensa contribuiu para o golpe de 1964. Não só isso. Ajudou a formular a tese, que contribuiu para convencer as classes médias e as massas a aceitarem a queda do presidente João “Jango” Goulart, de que o perigo comunista era evidente. Não era. Não havia perigo comunista. De fato, parte da esquerda não tinha um projeto democrático — e também planejava implantar uma ditadura —, mas não tinha força política para se tornar hegemônica. Jango não era comunista, no máximo era nacionalista. A imprensa patropi, quando a ditadura estava em seus estertores, começou a reconstruir sua história. O “Estadão”, por exemplo, passou a lembrar que havia sido censurado e que colocava receitas de bolo nos espaços censurados. Mas não menciona que apoiou a ditadura com entusiasmo. Octávio Frias Oliveira e seus jornais apoiaram os governos militares, notadamente os mais duros, mas depois a “Folha de S. Paulo” passou a recordar, de maneira mais acentuada, que havia apoiado a campanha das Diretas Já. Apoiou mesmo — assim como deu sua contribuição para fortalecer a ditadura. O jornal dirigido por Otavio Frias Filho precisa “aceitar” as duas partes de sua história. Juremir Machado aponta, de maneira sólida e enfática, como a imprensa ajudou a bancar a ditadura e a construir uma imagem modernizadora para os governos militares. Depois, quando caiu, a ditadura passou a ser só “dos” militares — daí o uso de “ditadura militar”, quando é mais apropriado, com sugere o historiador Daniel Aarão Reis Filho, escrever ditadura civil-militar. Os militares não deram à luz sozinhos à ditadura que perdurou de 1964 a 1985. Civis, como donos de jornais, políticos e empresários, também devem ser considerados pais da Geni que, além de fardas, usava ternos bem cortados.

Silvia Pilz é vítima do politicamente correto, que bane a crítica, não necessariamente o preconceito

Preconceito não acabará por ser banido das páginas dos jornais. No Brasil, a burrice merece estátua e a inteligência, o cemitério

Não dá para esconder imagens de jornalistas sendo decapitados pelo terrorismo do Estado Islâmico

[caption id="attachment_29591" align="alignleft" width="620"]Piloto jordaniano queimado por terroristas do Estado Islâmico Piloto jordaniano queimado por terroristas do Estado Islâmico[/caption] A jornalista Dorrit Harazim, secundando outros autores, escreveu, em “O Globo”, artigo no qual condena a divulgação das imagens de jornalistas (e quaisquer outras pessoas) sendo decapitados (ou, no caso piloto jordaniano, queimado) pelos terroristas do Estado Islâmico. Seu argumento: a divulgação é tudo aquilo que os líderes do Estado Islâmico querem. Ao assustar indivíduos de todo o mundo, sugerindo que é incontrolável e que os estadistas das grandes potências devem subordinar-se às suas propostas, o Estado Islâmico planeja provar que tem poder e não hesita. Para expor o que quer, conta com a anuência da mídia internacional, que exibe as imagens das mortes parcial ou integralmente. Se o Estado Islâmico quer isto mesmo, que as cenas sejam exibidas em todos os países, então é mais inteligente não divulgá-las? Não divulgá-las muda o quê mesmo? Não muda nada. Se os grandes jornais e redes de televisão deixarem de mostrá-las — com o objetivo de não chocar e de não contribuir para fortalecer os terroristas —, o Estado Islâmico não deixará de cometer os crimes. Porque conta com um fenômeno que mesmo jornalistas ainda não conseguem dimensionar de maneira precisa — a internet. “Retirar” as imagens das grandes redes e publicações não significa que não serão mostradas, vistas e comentadas, por milhões de pessoas, inclusive jornalistas. Cabe a cada publicação e rede de televisão mostrar as cenas ou não. Eu, por exemplo, não aprecio vê-las. Mas defendo a divulgação integral e quem não quiser ver, por um motivo ou não, que não veja. As cenas brutais, uma volta à barbárie, colocam o mundo, cada vez mais, contra os terroristas e, erradamente, contra os árabes em geral. Exibi-las, por sinal, reforça a ideia de que uma intervenção transnacional — e não apenas norte-americana — é vital no Iraque e outros países.

Jornalista Julio Maria publica biografia de Elis Regina, a maior cantora brasileira

Nada Será Como Antes” (Master Books, 424 páginas), do jornalista Julio Maria, do “Estadão”, é a biografia da maior cantora (popular) brasileira. Trata-se de um livro autorizado pela família — o que não quer dizer edulcorado ou hagiográfico. “Furacão Elis”, de Regina Echevarria, não agradou aos familiares. O livro chega às livrarias no dia 17 deste mês. Para matar a curiosidade dos leitores, publico a sinopse fornecida pela editora no site da Livraria Cultura: “O livro ‘Elis Regina — Nada Será Como Antes’ narra a vida de Elis desde seus primeiros dias em Porto Alegre, quando cantava ‘Fascinação’ ao lado das amigas nas escadarias de um colégio, até sua despedida trágica, aos 36 anos, quando estava prestes a, de novo, mudar tudo em sua vida. “Ao todo foram quatro anos de entrevistas e pesquisas em arquivos. A ideia de escrever a biografia surgiu por meio de um convite da editora ao autor. No começo, o perfil do livro era uma homenagem, mas conforme o autor foi descobrindo mais histórias e avançando nas entrevistas, viu que havia muito mais o que contar. Pessoas importantes que até então nunca haviam se pronunciado — como dezenas de músicos que tocaram com ela. “Depois de dois anos em campo — durante esse tempo foram inúmeros arquivos consultados e 126 entrevistas, a maioria delas feitas pessoalmente —, o autor começou a colocar a história no papel. ‘Mesmo quando parei para escrever, as histórias continuavam a aparecer, e o livro ganhava novas partes de tempos em tempos. Ele ficou vivo o tempo todo. E confesso que, se pudesse, estaria neste momento colocando mais histórias’, conta. “‘Não vivi a era de Elis. Quando ela faleceu, em janeiro 19 de janeiro de 1982, eu tinha 9 anos de idade, e diante dessa personagem gigante, fui o que sou há 16 anos — repórter. Me joguei com o respeito que a história merecia, mas sem nenhuma tese a defender. Creio que o olhar descontaminado de paixões ou ódios ajude a traçar um perfil mais humano e menos divino’, diz o autor.”

Lista dos jornalistas demitidos pelo jornal Valor Econômico

O mais importante jornal de economia do país, o “Valor Econômico”, demitiu nove profissionais na semana passada e um jornalista, Rodrigo Pedroso, pediu parar sair. Ele vai estudar no Chile, um dos países que mais crescem na América do Sul. A cúpula do jornal alega que o passaralho não tem a ver com crise financeira, e sim é produto de uma micro reestruturação editorial. A área de “Finanças”, que trabalhava com duas estruturas, jornalismo impresso e digital, agora será apenas uma. O objetivo é reduzir custos. O jornal revelou que novas contratações serão feitas. Suzi Yumi Katzumata foi recontratada para “Mercados Internacionais”. Lista dos que saíram: 1 — Adauri Antunes (editor-assistente de “Política” no ValorPRO 2 — Ana Cristina Dib — Internacional (digital) 3 — Camila Dias — Editora do Valor PRO 4 — Carine Ferreira — Repórter de Agronegócio 5 — Gabriel Bueno 6 — Gabrielle Moreira 7 — Juliana Elias — Repórter de Brasil 8 — Ligia Tuon — Repórter de S. A. 9 — Mônica Izaguirre — Coordenadora de produção em Brasília 10 — Rodrigo Pedroso

Leitor diz que jornal O Hoje erra e troca paralisações por “paralizações”/RETRANCA: Guerra do “Z” com o “S”

O leitor Sérgio Murillo pergunta: “Li no jornal ‘O Hoje’, na edição de quarta-feira, 25, o título ‘Paralizações já prejudicam setor produtivo goiano’. O certo seria paralisações? O jornal precisa paralisar, de vez, o uso de ‘paralizações’?” O “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa” explica, na página 2129: “Paralisação — Ação ou efeito de paralisar(se)”. Com “s”, é claro. O “Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa”, de Antônio Geraldo da Cunha, amplia o entendimento (página 580): “Paralisar — Entorpecer, tornar inerte”. A palavra “paralysar” (com “y” e com “s”) teria surgido em 1844. É uma “adaptação do francês paralyser”. Já “paralisação” surge no século 20. Paralisia deriva de “parelisia”, do século 14. A derivação é do latim “paralísis”, que “saiu” do grego “parálysis”. Portanto, o leitor está certo, e o jornal, errado. “O Hoje” deve escrever, a partir de agora, “paralisações”.

Estadão demite editor que é diretor do Sindicato dos Jornalistas de SP e provoca crise

Do ponto de vista corporativista do sindicalismo, o “Estadão” cometeu uma heresia na semana passada: demitiu um jornalista, Alessandro Giannini, editor assistente de internacional, que integra a diretoria do Conselho de Diretores do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Teoricamente, o “Estadão” não poderia afastá-lo — porque diretores de sindicatos têm estabilidade no emprego — e agora terá de enfrentar o sindicato e a Justiça Trabalhista, que certamente cobrará a reintegração do profissional. O “Estadão” está demitindo, mas não em massa. São demissões pontuais. Segundo o Portal dos Jornalistas, as demissões seguem a “tendência que vem se consolidando em alguns veículos de comunicação de evitar cortes em escala, a fim de, entre outras razões, não ter que negociar compensações com o sindicato”.

Especialistas dizem que gestão de Paulo Garcia não consulta sociedade antes de fazer mudanças no trânsito

Prefeitura de Goiânia tem feito uma série de intervenções para melhorar a mobilidade urbana da cidade, como a implantação de faixas preferenciais de ônibus em avenidas de grande circulação. Tais medidas são bem-vindas, porém falta planejamento

“A administração de Goiânia erra por não parar para se pensar”

Professor da UFG diz que a capital tem problemas relativamente menores a outras cidades do mesmo porte ou até maiores, mas falta gestão e vontade política

Espetáculo mergulha em Guimarães Rosa, escorrendo literatura e dança pelos palcos

Do diretor e bailarino da Quasar, o mineiro João Paulo Gross, “O Crivo” reflete os vazios das relações e essência humanas

A inteligência e a sagacidade de mulheres que mudaram a História

Adelto Gonçalves Especial para o Jornal Opção [caption id="attachment_29567" align="alignleft" width="620"]A professora Dirce Lorimier destaca o papel da mulher na história em seu novo livro, Rainhas da Antiguidade A professora Dirce Lorimier destaca o papel da mulher na história em seu novo livro, Rainhas da Antiguidade[/caption] I A História do Brasil, como a de tantos países, até hoje tem sido escrita sob uma ótica masculina. Neste país, quando se lê livros da época colonial, é como se as mulheres sempre tivessem vivido numa penumbra social, limitando-se a reproduzir. Até mesmo nesta função sua presença tem sido relativizada. Basta ver que os chamados bandeirantes até hoje são idealizados em gravuras e estátuas como se fossem brancos, bem vestidos, embora nos séculos XVII e XVIII a presença de mulheres brancas na América portuguesa fosse insignificante. Na imensa maioria, os bandeirantes seriam filhos de indígenas, de africanas ou de miscigenadas, pois poucas mulheres brancas enfrentaram o desafio de atravessar o Atlântico. Foi preciso que o historiador Luciano Figueiredo, doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), escrevesse dois livros basilares sobre o assunto –– O avesso da memória: cotidiano e trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII (Rio de Janeiro, José Olympio, 1993) e Barrocas famílias: vida familiar em Minas Gerais no século XVIII (São Paulo, Hucitec, 1997) para que se descobrisse que, no século XVIII em Minas Gerais, parte significativa das mulheres negras e mestiças atuou no comércio, contribuindo decisivamente para o crescimento da economia da capitania. Muitas dessas mulheres eram conhecidas como as negras de tabuleiro, enquanto outras eram proprietárias de vendas, as vendeiras. Neste caso, sua importância foi inegável para o abastecimento das zonas mineradoras. Outras se envolveram com ofícios mecânicos, sozinhas ou, às vezes, lado a lado com seus maridos ou concubinos em padarias, tecelagens ou alfaiatarias. Se assim foi em Minas Gerais, com predominância de mulheres negras, em outras regiões, como em Goiás, a presença maior teria sido das indígenas e miscigenadas. Nenhuma delas, porém, ao que se saiba, chegou a se afirmar em patamar de igualdade no jogo do poder, embora muitas tenham tido papel relevante nas questiúnculas palacianas, valendo-se provavelmente da atração física para barganhar favores junto a governadores e outras autoridades. Na Antiguidade, porém, há alguns exemplos de mulheres que se celebrizaram em épocas, espaços e sociedades distintas, exibindo em comum a força e a ousadia do enfrentamento com os homens e o poder instituído, de que a Rainha de Sabá, talvez, seja o exemplo mais clássico, até porque aparece na Bíblia (I Reis, 10:1-13). Mas há também os casos de Elisa, Cleópatra e Zenóbia, que se destacaram na História por sua sagacidade e inteligência, personagens do livro Rainhas da Anti­guidade: sedução e majestade, ensaio de História do mundo antigo da professora Dirce Lorimier Fernandes, doutora em História Social pela USP, que acaba de ser lançado pela editora Letra Selvagem, de Taubaté-SP. II A princesa fenícia Elisa é a Dido, a imortal musa de Virgílio (70 a.C-19 a.C), aquele que foi escolhido por Dante Alighieri (1265-1321) para descer ao Inferno em A divina comédia. No livro II da Eneida, Dido acolhe Eneias em Cartago e lhe pede que conte a tragédia da derrocada de Troia. Tornam-se amantes e o idílio vai até o livro V, quando o destino obriga Eneias a seguir viagem para fundar o reino da Itália. Amargurada, a rainha africana atira-se a uma pira funerária. A segunda personagem deste livro é a rainha egípcia Cleópatra (69 a.C-30 a.C), aquela que subjugou pela paixão os imperadores romanos César (62 a.C-14 d.C) e Marco Antônio (82 a.C-30 a.C). Era descendente de Ptolomeu (366-283 a.C), general de Alexan­dre, o Grande (356 a.C-323 a.C), que depois da morte do comandante macedônio, resolveu criar um império no Egito. Cleópatra não desempenhou apenas o papel de princesa romântica, lasciva e pérfida que as lendas e o cinema lhe impuseram, mas foi uma militante política, obcecada pela restauração do reinado ptolomaico. Já Zenóbia (século III d.C), a Rainha do Deserto, três séculos adiante das duas personagens anteriores, tornou-se soberana absoluta na pequena Síria, então reino de Palmira. Apoiou o judaísmo, patrocinou poetas e pesquisadores e lançou-se a uma aventura expansionista, desafiando o poder de Roma. Proclamando-se parente de Cleópatra, conquistou o Egito, mas sucumbiu diante do exército de Aureliano (214-275). III A escolha dessas três mulheres incomuns pela historiadora Dirce Lorimier Fernandes para personagens de seu livro mostra, segundo Joaquim Maria Botelho, autor do texto de apresentação publicado nas “orelhas”, a admiração da autora “pelas mulheres fortes – mesmo as que pereceram, vitimadas pelas próprias fraquezas”. Para Botelho, “este livro é uma composição narrativa de verdades e mitos, descortinando informações que ultrapassam a frieza histórica”. [caption id="attachment_29568" align="alignleft" width="250"]Rainhas da Antiguidade: sedução e majestade (Elisa, Cleópatra e Zenóbia) / Autora: Dirce Lorimier Fernandes / Pre­ço: R$ 25 Letra Selvagem Rainhas da Antiguidade: sedução e majestade (Elisa, Cleópatra e Zenóbia) / Autora: Dirce Lorimier Fernandes / Pre­ço: R$ 25 Letra Selvagem[/caption] Na introdução, a historiadora explica que o enfoque do trabalho é “o papel dessas mulheres na História, especialmente na vida pública, fora da oika (casa), ambiente que as mulheres do entorno da nobreza continuavam dirigindo, ao mesmo tempo em que algumas privilegiadas atuavam em vários setores do saber”. Ela lembra que foram raras as civilizações antigas, com exceção do Egito, em que a mulher alcançou postos sociais importantes. Fora do círculo de Elisa e de Cleópatra, diz, na Grécia, a situação feminina era ainda mais degradante, pois, não tendo personalidade jurídica nem política, sempre estava à sombra da figura masculina que se encarregava de tratá-la como uma possessão em todos os sentidos. “Esta dependência gerava o analfabetismo e, em muitos casos, as mulheres deviam se conformar com a educação recebida de sua mãe”, acrescenta. Segundo a professora, quanto ao matrimônio, a mulher era objeto de troca, não somente do possuidor senão que, geralmente, se dotava com propriedades por parte do pai ao prometido para assegurar o acordo matrimonial, mais parecido a uma transação econômica. Aliás, um comportamento que ainda valia para o século XVIII em Portugal e suas possessões ultramarinas, pois foi só com o Romantismo que o casamento passou a ganhar outro foro com a valorização do amor, da fé, do sonho, da paixão e da intuição. IV Dirce Lorimier Fernandes é professora universitária, licenciada e pós-graduada em Letras pela Uni­versidade São Judas Tadeu (USJT) e doutora em História Social pela USP. Além de crítica literária e ensaísta, membro da diretoria da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), Dirce é coautora dos livros: Meu Nome é Zé (São Paulo, Ideograma Técnica e Cultura), Antologia de Contos da UBE (São Paulo, Editora Global, 2009) e Inquisição Portuguesa –– Tempo, Razão e Circunstância (Lisboa, Prefácio, 2007). É, ainda, organizadora e coautora do livro Religiões e Religiosidades –– Leituras e abordagens (Arké, 2008). É também autora de A literatura infantil (Edições Loyola, 2003), A Inquisição na América Latina (Editora Arké, 2004) e Rainhas da Antiguidade: entre a realidade e a imagem do poder – Teodora, a imperatriz de Constantinopla, Urraca e Teresa, duas rainhas obstinadas (São Paulo, Clube dos Autores, 2012), entre outros. Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981), Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Caminho, 2003) e Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), entre outros.

Venta lá fora

[caption id="attachment_29764" align="alignnone" width="620"]1961_2 Matheus Antunes é ilustrador[/caption] Marcos Nunes Carreiro Chuveiro semiaberto pa­ra afastar melhor o gostoso, mas frio, ar matutino. Com a cabeça encostada no azulejo recém-colocado no banheiro acinzentado, Laura pensa arduamente em como escrever. Queria, aliás, precisava dizer à Isis que não iria vê-la este ano. Conheceram-se há tempos e chegaram a morar juntas por uns meses. Adora a casa da amiga, pois, desde o momento em que a porta se abre já é possível ver algumas das telas de que gosta mais, embora suas favoritas fiquem expostas na galeria. Há alguns retratos de Laura lá. Adora o lugar e a companhia, mas neste ano não dá. O livro está atrasado e ainda há muito que fazer se quiser levá-lo às lojas a tempo do feriado prolongado. Por isso a cabeça encostada no azulejo. Olhos fechados para dar melhor fluidez aos pensamentos, enquanto a água lhe cai sobre os alvos ombros, levando consigo as palavras de que não necessita e, ao mesmo tempo, fazendo movimentar as duas pintas que tem logo abaixo do braço direito. Abre os olhos a tempo de ver todas as palavras que tinha em mente descerem pelo ralo. Desliga o chuveiro e, com a toalha, tira o esfumaçado do espelho para poder se ver. O novo corte que seus belos cabelos louros adquiriram dias antes demandará um novo quadro de Isis. Toalha alçada ao pescoço, caminha livre e lentamente pelo corredor que leva do banheiro ao seu quarto. Pelo corredor, livros. Livros de todos os tipos. Livros empilhados. Livros adequados a crianças e outros bastante inadequados. Livros por todos os lados. Livros grandes e pequenos, em brochura e em capa dura. Livros que discutem ou ilustram. Livros que narram. Livros na frente de outros livros e que refletem as diversas fases e interesses de Laura. Estão ali as palavras? Toalha molhada em cima da cama. Veste-se, peça por peça, sob a morna luz do sol que entra pela janela ainda fechada. Venta lá fora. É possível perceber pelas árvores a balançar na praça em frente ao seu prédio. Levanta-se e vai olhá-las, esquecendo-se que está só de sutiã. Abre a janela, o vento eriçando sua pele. Pensa no conto que escreveu por último. Isis está nele; estão as duas sentadas em um daqueles bancos de praça tão comuns e caros a elas. Lá embaixo, vê Heitor, seu amigo que mora a alguns quarteirões de distância, chegando ao Café que existe ao lado de seu prédio. Pega o envelope enviado por ele há dois dias, coloca o texto corrigido lá dentro e vê que está atrasada. Volta-se, pega o computador e digita: “I’m waiting u this year”. Enviar. Sai vestindo a blusa, mas esquece a porta aberta.

Lançamentos

livroOsman Lins pode ser colocado entre os melhores escritores brasileiros, embora poucas pessoas o conheçam. Por isso, esta publicação atende bem ao obje­tivo: difundir o autor. Lisbela e o Prisioneiro Autor : Osman Lins Pre­ço: R$ 37,50 -- Planeta do Brasil             ÁlbumEm 2007, fizeram performance sobre os 20 anos do acidente com o Césio 137. “Rua 57, nº60, Centro” virou curta. E, agora, chega às prateleiras como CD. Rua 57, nº60 Intérprete: Vida Seca Pre­ço: R$ 10 -- Estúdio Volt     Filme     Tom Hiddleston é o vampiro Adam, um músico cansado com a sociedade, que reencontra Eva (Tilda Swin­ton). O amor dos dois é abalado pela irmã de Eva (Mia Masikowska). Amantes Eternos Direção: Jim Jarmusch Pre­ço: R$ 29,90 -- Paris Filmes