Bastidores

[caption id="attachment_64815" align="alignright" width="620"] Pré-candidatos Adriana Accorsi, Vecci, Bittencourt, Vanderlar Cardoso, e Francisco Jr.[/caption]
Pesquisas estão circulando nos gabinetes políticos, em reuniões de bairros e nas redações dos jornais. Não são divulgadas porque não têm registro na Justiça Eleitoral. No momento, há uma pré-campanha pela qual os postulantes estão se apresentando à sociedade, com o objetivo mais de se tornarem conhecidos do que, de fato, de conquistarem seus votos. Os eleitores acompanham as exposições, captam algumas de suas ideias, mas ainda não estão objetivamente interessados em candidaturas. É como se os eleitores tivessem um tempo específico — um tempo que é diferente, até muito diferente, do tempo dos políticos e, até, dos jornalistas.
Se os eleitores ainda não estão se movimentando, sem observar os candidatos com a devida atenção, já é possível garantir que determinados candidatos vão para o segundo turno e que alguns candidatos estão fora do páreo? De maneira alguma. Nenhum analista sério, que entenda a necessidade de equilíbrio e isenção no exame dos fatos e pesquisas, dirá que o quadro atual será necessariamente o quadro de agosto, setembro e outubro.
Os políticos que aparecem em primeiro lugar neste momento, como se o quadro eleitoral estivesse fixo e, portanto, imutável, podem sair do páreo amanhã. A frente deles pode ser chamada, e é chamada assim por marqueteiros e pesquisadores qualificados, de inercial. Quer dizer: os líderes nas pesquisas quantitativas, as da circunstância, são mais conhecidos. Eventualmente, por serem políticos populistas, desses que chamam a atenção e se tornam até folclóricos, são mais lembrados do que políticos mais propositivos. Pode-se sugerir, sem incorrer em erro, que as pesquisas atuais revelam muito mais “conhecimento” — os que lideram são mais conhecidos — do que preferências definidas por parte dos eleitores.
Porém, quando se afirma que há uma liderança inercial, motivada mais por conhecimento do que preferência, não se está dizendo, também, que o quadro pode mudar inteiramente. É possível, em certos casos, sugerir que alguns políticos começam e continuam na frente durante toda a campanha. Há analistas que avaliam que dificilmente Iris Rezende não irá para o segundo turno, enquanto outros postulam que, como aparentemente “assusta” a classe média, o deputado federal Waldir Delegado Soares tende a se desidratar durante a campanha.
Pode ser que isto ocorra, mas também pode ser que não ocorra. Até porque o capital eleitoral do delegado não é nada desprezível. Resta saber se, para prefeito, este capital será ampliado.
As pesquisas qualitativas, que são mais caras, revelam muito mais, porém políticos, assim como jornalistas, apreciam mesmo são as quantitativas, de consumo mais rápido, permitindo manchetes sensacionalistas e o clima do “já ganhou” ou do “já perdeu”. As qualis sugerem que os eleitores goianienses querem eleger um prefeito que seja gestor, que entenda a modernidade de Goiânia, e não seja populista. Noutras palavras, contrariam as pesquisas quantitativas.
As qualis indicam que o perfil cobrado pelos goianienses é, aproximadamente, o de Vanderlan Cardoso (PSB), o de Giuseppe Vecci (PSDB), o de Francisco Júnior (PSD), o de Luiz Bittencourt (PTB) e o de Adriana Accorsi (PT). Curiosamente, Iris é visto como populista e, ao mesmo tempo, gestor eficiente.

[caption id="attachment_32833" align="alignright" width="620"] Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / ABr[/caption]
A ministra da Agricultura, a senadora licenciada Kátia Abreu, é apontada como a política que perdeu o bonde da história. Por apego ao poder ou falta de visão histórica, não soube aproveitar as chances que teve de deixar o governo da pós-presidente Dilma Rousseff. Há quem avalie que se tornou, ao longo do tempo, uma figura decorativa no governo petista, que não a leva a sério. Paradoxalmente, a peemedebista é uma das poucas pessoas da área ruralista que ainda leva o governo do PT a sério.
Como não tem condenado as invasões de terra com a devida ênfase, por ter se agarrado ao governo de Dilma Rousseff com unhas e dentes, Kátia Abreu está desagradando praticamente todos os setores da sociedade — dos produtores rurais aos empresários do agronegócio e, claro, ao PMDB de Michel Temer.
A resistência ao nome de Kátia Abreu é tão grande que líderes dos produtores rurais dizem que, depois do impeachment de Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados e no Senado, a Confederação Nacional da Agricultura, ao menos 98% de seus integrantes, vai votar o “impeachment” da presidente licenciada. Ninguém quer sua volta ao comando da CNA. Os produtores não se sentem representados pela ministra.

[caption id="attachment_61054" align="alignright" width="620"] Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption]
A pré-candidata do PT a prefeita de Goiânia, Adriana Accorsi, é um política articulada e que tem forte empatia com o eleitorado da capital. Nem o forte desgaste do PT, que abala candidaturas em vários Estados, derruba a jovem petista. Nas pesquisas de intenção de voto, sempre aparece bem. Não em primeiro lugar, geralmente está em quarto, atrás mas colada em Vanderlan Cardoso (PSB). Mas o que chama a atenção, nas pesquisas qualitativas, é que tem capital eleitoral próprio, sobretudo por ser delegada de polícia (são pouco mais de 16 anos de atividade) e, como deputada estadual, manter forte ligação com segmentos organizados. Ela é vista como “séria” e “articulada”..
Na sexta-feira, 29, entrevistada pelo Jornal Opção, Adriana Accorsi, com sua habitual discrição, frisou que, como pré-candidata, está fazendo a sua “parte”. “Na pré-campanha, com as limitações que existem, estou dialogando com a sociedade civil, apresentando minhas ideias e colhendo ideias para a elaboração de meu projeto de governo. Visito bairros, converso com as pessoas, participo de várias reuniões. É um processo político altamente enriquecedor.”
Nas conversas com as pessoas, em vários bairros, Adriana Accorsi percebe que, em relação a nomes, não há nada definido. Os eleitores ainda não estão avaliando com muito interesse e precisão os pré-candidatos. “Mas estão sempre atentos.”
Nas visitas aos bairros, além de verificar como estão funcionando as áreas de educação, saúde (“vou aos cais”) e segurança pública, procura ouvir as pessoas. “Busco saber como está o funcionamento dos serviços públicos e pergunto com interesse o que as pessoas sugerem para melhorá-los. As pessoas sabem o que querem.”
As conversas são com as pessoas que estão sendo atendidas, mas também com os trabalhadores de cada área. “Estou sendo bem recebida pela sociedade.”
Uma das principais preocupações da deputada é com a formatação da chapa de candidatos a vereador. “Nossa chapa será consistente e qualitativa. Gostaria muito que Marina Sant’Anna fosse candidata a vereadora, mas, como assumiu um cargo em Brasília, não sei se estará disponível. É um nome excelente. Pedro Wilson também me disse que não vai disputar.” Recentemente, ele disse ao Jornal Opção que, como defende a renovação, precisa dar o exemplo, abrindo espaço para os novos políticos do PT. “Carlos Soares e Cidinha Siqueira devem disputar. Convidei Mauro Rubem para disputar, mas ele ainda não se decidiu.”
Como outros partidos, o PT não fará coligação para a chapa proporcional? “Ainda não tomamos uma decisão a respeito. Precisamos consultar nossos candidatos a vereador e nossos aliados políticos.”
Quanto às alianças políticas, Adriana Accorsi diz que está trabalhando com o máximo de respeito às especificidades de cada partido. “Nós estamos conversando com líderes do PC do B, do PSL e do PDT. Mas não fechamos acordos políticos. É possível que alguns apoios políticos sejam definidos na próxima semana.”

O deputado José Nelto frisa que Iris Rezende finalmente definiu-se e será candidato a prefeito de Goiânia pelo PMDB. “Iris só vai esperar a definição do impeachment no Senado para admitir publicamente que será candidato a prefeito. Mas garanto que está decidido: vai pleitear a prefeitura. Não há possibilidade de o partido lançar outro candidato. Não se troca um candidato que lidera todas as pesquisas e que todos garantem que tem vaga garantida no segundo turno por um candidato que começará com baixa intenção de voto. Política é, acima de tudo, realismo, realpolitik — não há espaço para fantasia, ilusões, perda de tempo e conversa fiada.” Iris Rezende disse que será candidato? “Ele adiantou para mim que será candidato. Não há escapatória.” O deputado conta que, recentemente, Iris Rezende assistiu uma missa na Vila Itatiaia, na igreja do padre Marcos. “O religioso o chamou e anunciou sua presença. Centenas de pessoas o aplaudiram de pé. Foi uma apoteose.” O vice de Iris Rezende vai ser do PMDB ou de outro partido? “Nós pensamos em aliança política para 2016 que possa ser expandida para 2018. Porém, se não for possível, podemos, sim, ir com chapa pura.”

[caption id="attachment_64800" align="alignright" width="620"] Jovair Arantes, por ser agregador, articulador e experiente, é cotado para ser presidente da Câmara dos Deputados já neste ano[/caption]
Raros são os que ainda chamam Dilma Rousseff de “petista” e “presidente”. A impressão que se tem é que os petistas, logo depois do impeachment — que é tido como certo até pelos integrantes do PT —, vão trabalhar para se livrar da ex-guerrilheira. Eles atribuem a queda do partido não à corrupção sistêmica orquestrada por petistas graúdos, e à intransigência da ex-pedetista no trato com líderes políticos, notadamente os do PMDB.
Quanto à “presidente”, o que se diz, do Oiapoque ao Chuí, é que, embora vá ao Palácio do Planalto todos os dias, não mais governa. O presidente de fato, que movimenta a sociedade e articula a composição de um ministério — com Henrique Meirelles, czar da Fazenda, e José Serra, chanceler, como expoentes —, é Michel Temer, do PMDB. Ele praticamente governa. Ou ao menos governa mais do que Dilma Rousseff.
Formalmente, Michel Temer é vice e Dilma, presidente. Na prática, o primeiro é presidente, e a segunda, ex-presidente. Quando o peemedebista assumir a Presidência da República, em maio, seu vice passará a ser o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Porém, como até Dilma Rousseff sabe, Eduardo Cunha vai “durar” mais algum tempo, mas acabará caindo. Sua vida útil, em termos políticos, está acabando. Há duas hipóteses: ele cai e se convoca eleição para um mandato-tampão, ou então resiste até acabar sua gestão, quando será substituído. O mais provável é que, com a queda da presidente, a máquina de triturar políticos — com a imprensa como operadora — volte-se contra o peemedebista. Ele deve ser visto como Dilma Rousseff “amanhã”.
Desde já, há vários nomes planejando substitui-lo. Há quem diga que o presidente ideal seria Jarbas Vasconcelos. Mas na política o real sempre supera o ideal. Por isso, ao menos no momento, os mais cotados são o goiano Jovair Arantes, do PTB, e o mineiro Rogério Rosso, do PSD de Brasília. “Jovair Arantes tem muita chance. Muita”, resume o ex-deputado Sandro Mabel. Por quê? “Porque é mais articulador, agregador e tem mais experiência do que Rosso”, acrescenta um deputado federal.

[caption id="attachment_58680" align="alignright" width="620"] Foto: Renan Accioly/Jornal Opção[/caption]
O pré-candidato do PSD a prefeito de Goiânia, o deputado estadual Francisco Júnior, é enfático: “Sou candidato a prefeito. Não quero e não vou ser vice. O PSD entrou no processo para disputar e vai apresentar um projeto moderno e diferenciado”.
Francisco Júnior sublinha que duas das principais preocupações dos eleitores goianiense são o transporte coletivo e o trânsito. “Fala-se muito em transporte coletivo, houve até quem disse que resolveria a questão em seis meses e problema só se agravou. A prefeitura precisa, de fato, puxar o problema para si, com o objetivo não de fazer política, e sim de resolvê-lo. Mas há uma desconexão entre os projetos de alguns gestores: não dá para trabalhar a questão do transporte coletivo e do trânsito separadamente.”
“Para equacionar o problema do trânsito, como ter menos automóveis nas ruas, é preciso ter um transporte coletivo mais eficiente. E, para ter um transporte coletivo rápido e, portanto, pontual, é vital que se tenha um trânsito que flua”, afirma Francisco. “Hoje, há um falso subsídio, que, longe de resolver o problema da qualidade ou da falta de qualidade, só o mascara.”
“É preciso subsidiar a passagem de fato. Para tanto, é preciso gerar receita. A criação de 30 mil vagas de estacionamento pode ser a fonte geradora de receita. É possível ter uma passagem mais barata e com um transporte coletivo de mais qualidade. Hoje, como não se faz uma intervenção eficaz, todos — usuários, empresários e setor público — estão insatisfeitos com o transporte coletivo. Se eleitos, não vamos jogar a culpa em ninguém. Vamos assumir o problema e resolvê-lo, com credibilidade e seriedade”, sublinha o deputado.

Arquivo
Durante o lançamento do livro “Vida, Lutas e Sonhos”, de Tarzan de Castro, cinco deputados estaduais e dois ex-deputados federais conversavam animadamente sobre os prefeitos que, apesar da crise, têm chances de serem reeleitos. O primeiro nome a ser lembrado pelos sete políticos foi o do prefeito de Morrinhos. Todos concordaram a respeito da força política de Rogério Troncoso (PTB). Trata-se de um político exigente e, sobretudo, de um gestor eficiente. Sua reeleição é apontada como a mais “fácil”. O segundo nome mais lembrado foi o do prefeito Judson Lourenço, do PMDB de Santa Helena de Goiás. “Mas ele não vai disputar a reeleição”, alertou um tucano. Ressaltaram que tem desgaste político. O terceiro citado foi o prefeito de Águas Lindas, Hildo do Candango, do PTB.

Lula da Silva reclamou para um político que o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, e o deputado Daniel Vilela, do PMDB, não deram apoio a Dilma Rousseff no momento em que a presidente mais precisou. Na verdade, se Daniel votou pelo impeachment, Maguito sempre defendeu a petista e seu governo. Lula reclamou de Ronaldo Caiado, sugerindo que move uma perseguição implacável e ideológica aos integrantes do PT e jurou vingança eterna.
O pré-candidato a prefeito de Anápolis pelo PSDB, Carlos Antônio, disse ao Jornal Opção na sexta-feira, 29, que, no momento, está concentrado nos acordos com os partidos políticos. “Nós pensamos em alianças qualitativas com o objetivo de encorpar a campanha, ampliando o apoio popular e possibilitar um tempo na televisão que permita fazer um programa com a exposição adequada do conteúdo do nosso programa de governo.” Ao contrário dos comentários de que Alexandre Baldy pode apoiar Pedro Canedo, do DEM, o postulante bancado por seu irmão, Joel Santana Braga Filho, Carlos Antônio que deputado federal vai apoiá-lo. “Minha relação com Baldy é muito boa. Ele levou-me a Brasília e me apresentou ao presidente nacional do PSDB, Aécio Neves. Considero-o muito e aposto que terei seu apoio, aliás, já está me apoiando. Ele fica mais na capital federal porque é um parlamentar atuante, com presença sempre ativa.” Carlos Antônio afirma que as pesquisas sugerem que, se as eleições fossem realizadas hoje, derrotaria o prefeito João Gomes, do PT. “As pesquisas indicam que supero o candidato petista, e com certa folga. As pessoas dizem que serei o próximo prefeito de Anápolis e não tenho motivo para duvidar disto. Mas não paro de trabalhar nunca, pois o seguro morreu de velho.” A formatação da chapa, com o pastor Elysmar Veiga, do PHS, como vice agradou sobremaneira Carlos Antônio. “Elysmar é simpático e agrega. Ele é um líder na Assembleia de Deus e tem bons contados em toda a sociedade, inclusive fora dos círculos religiosos. O PHS é um partido bem visto, com história positiva.” Adhemar Santillo (PSDB) está articulando para fortalecer a chapa PSDB-PHS, informa Carlos Antônio. “Adhemar foi o principal responsável por aproximar o PHS e Elysmar Veiga de minha candidatura.” O empresário Ridoval Chiareloto (PSDB) está participando ativamente da pré-campanha de Carlos Antônio. “Ele está me ajudando muito. O PSDB está inteiramente empenhado na minha pré-campanha. Eu sinto que o grupo está coeso e encorpado.” Na segunda-feira, 2, à noite, no auditório da Rádio Manchester, Carlos Antônio se reúne com os integrantes do Diretório e da Comissão Executiva do PSDB. “Vamos discutir a campanha, a chapa de vereador e as coligações partidárias.”
Não é mito, não: o deputado federal Alexandre Baldy conseguiu, por assim dizer, entrar para a nova corte da República — a do “presidente” Michel Temer, do PMDB. A aproximação se deu, em larga medida, graças a um primo — que trabalha com o líder peemedebista — e ao ex-deputado Sandro Mabel. Dada sua presença ativa na “corte” de Michel Temer, Alexandre Baldy, do PTN, alugou uma bela mansão, no Lago Norte, em Brasília. Ele disse a políticos goianos que a residência é para receber políticos nacionais e estabelecer relações em Brasília. Um deputado federal afirma que, apesar do luxo, Alexandre Baldy permanece surpreendentemente simples e é sempre gentil e atencioso com todos.

[caption id="attachment_53824" align="alignright" width="620"] Reprodução[/caption]
O presidente do PPS em Goiás, deputado federal Marcos Abrão, afirma que, se for convidado, o partido vai participar do governo de Michel Temer. “Nosso principal líder, Roberto Freire, frisa que se trata de um momento histórico, de salvação do país e que os políticos precisam ter responsabilidade. Há uma crise nacional, a economia está ‘derretendo’. Mas nós, do PPS, não temos a tradicional ‘ganância’ por cargos.” O parlamentar sugere que os novos grupos de poder precisam ter cuidado para não repetir os mesmos equívocos do governo anterior.
Marcos Abrão sublinha que a presidente Dilma Rousseff “já caiu”. “A petista já está arrumando suas coisas e usando seu direito de espernear. O Brasil disse ‘não’ ao governo do PT com todos os números e letras. Não há mais nenhuma sintonia entre o petismo e o país.”
A respeito da provável indicação de Henrique Meirelles para ministro da Fazenda, Marcos Abrão admite que se trata de um “grande quadro” do país. “Ele tem credibilidade nacional e internacional. É respeitado.”
Michel Temer, na opinião de Marcos Abrão, tem duas opções: joga para a história, comportando-se como estadista — pensando mais no país — ou joga para os amigos.
Sobre o provável substituto do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB, Marcos Abrão afirma que não há nada definido. Até porque ele ainda se mantém no poder. “Os nomes mais mencionados são Jovair Arantes (PTB) e, mesmo, Waldir Maranhão.” Fala-se também em Rogério Rosso, do PSD.
Dada a intensa atividade pela aprovação do impeachment, Marcos Abrão deixou brevemente a política regional. “Mas já estamos articulando com firmeza. Nós acreditamos que, assim que a campanha deslanchar, Vanderlan Cardoso (PSB) vai ter uma ascensão que vai surpreender os descrentes. Trata-se de um candidato consistente, que, eleito, saberá como administrar, não precisará ser ensinado e não usará a Prefeitura de Goiânia como ‘cobaia’.”
Em Anápolis, o PPS tanto pode lançar candidato próprio quanto compor com outros postulantes. “O ex-deputado Pedro Canedo, do DEM, já me procurou. O deputado Carlos Antônio, do PSDB, disse que quer conversar comigo.”

[caption id="attachment_64284" align="alignright" width="620"] Foto: Pedro França/Agência Senadowil[/caption]
O PP do senador Wilder Morais vai apoiar o deputado estadual Carlos Antônio, do PSDB, para prefeito de Anápolis e o deputado federal Giuseppe Vecci, do PSDB, para prefeito de Goiânia. (Em Anápolis, há um problema: o PP local quer apoiar a candidatura do prefeito João Gomes, do PT.)
A cúpula do PP gostaria de uma contrapartida: o apoio do PSDB para seu candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia, o coronel Silvio Benedito.
Ocorre que o PSDB planeja lançar o empresário e professor Alcides Ribeiro para prefeito. Não só. O tucano trabalha para ter Silvio Benedito como vice — ideia que a cúpula do PP não aprova.
O deputado José Nelto, líder do PMDB, não tem papas na língua. Não suaviza e bate duro. “Vamos lançar o vereador e empresário Eli Rosa para prefeito de Anápolis e rejeitamos qualquer oferta de ocupar a vice do prefeito João Gomes, do PT. O PT está em franca decadência e, ao assumir o governo federal, o ‘presidente’ Michel Temer vai desidratá-lo ainda mais. O PT vai ser moído pelos eleitores e não queremos carregar a alça do caixão. Não é nada contra os militantes do partido em Anápolis, não. Só não queremos aliança com partidos ‘mortos’.” José Nelto sugere que, sem as estruturas do governo federal, o PT e o PC do B vão perder toda e qualquer importância nos Estados. “O novo Brasil começa sem o PT. Anote e me cobre depois.”
A crise chegou ao Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), o mais importante distrito industrial de Goiás e uma referência no país. A Cecrisa, que fabricava pisos e azulejos, fechou as portas — demitindo cerca de 200 trabalhadores. Outras empresas estão em crise, reduziram a produção e até demitiram empregados. A Hyundai, com o pátio abarrotado de veículos, fez um acordo com o sindicato dos operários para não demitir, mas reduziu salários, principalmente gratificações, cortou horas extras e diminuiu a carta horária de trabalho.
O deputado José Nelto avalia que a presidente Dilma Rousseff não daria jeito no Brasil nem se governasse 100 anos seguidos. “O próprio Lula, em conversas reservadas, acusa Dilma de ter acabado com o PT. Mas Michel Temer, se montar um ministério competente, muda o Brasil em 90 dias. Cria-se, de imediato, novas esperanças e as pessoas começam a investir.” A ascensão de Michel Temer vai fortalecer o PMDB em todo o país, na opinião de José Nelto. “O PMDB vai ficar forte em todos os lugares. Acredito, inclusive, que o próprio Henrique Meirelles vai se filiar ao PMDB e pode até disputar a Presidência da República em 2018.” Na semana passada, José Nelto conversou com Ronaldo Caiado durante um longo tempo. “Caiado está aguardando uma conversa com Michel Temer. Ele é bem-visto pelo PMDB e reconhece que o nosso partido foi decisivo para sua vitória para o Senado.”