Opção cultural

Graças a Deus Honoré não possuía um cachorro, senão denunciaria seu dono aos credores. Ou, ainda pior, esse populacho passaria a chamá-lo: Balzac Junior

A bem da verdade, atrás de todo fake tem que ter alguém, daí que são corresponsáveis um pelo outro, sacaram? Verdade que a arte da, digamos, fakearia é muito antiga

Filmes sobre Frida Kahlo, Joan Miró, David Hockney, Francisco Brennand e Rodin estão entre os destaques

Livro "Personagens da Independência do Brasil" traz relatos dos principais nomes da emancipação política do país e da história de 7 de Setembro

O poeta não se entrega a lamentos ou lamúrias. Apenas constata a tristeza da efemeridade humana, a insensatez da cultura predatória

Livro do autor galês conta um pouco da história do templo religioso católico que é a alma de Paris; expectativa agora é com o início da reconstrução

Uma mulher é assassinada. O poeta e prosador Poe está próximo. Seria o escritor um assassino? Delegado o põe na cadeia

Todos os que têm a alma ligada aos seres que andam ou se plantam na terra se encantam com os trens do sertão. Sou assim e vejo sapiência nas desenvolturas do mato

O homem cordial é, sem nenhum acréscimo significativo, o homem revoltado. Pois não há vida sem revolta

O eu poético comunica ao leitor a chamada emoção estética, tratando de transmitir um sentimento vago e pouco confortável que é a aproximação do fim de tudo
Adelto Gonçalves
A precariedade da vida ou a dor da partida — este é o tema de um longo poema de Iacyr Anderson Freitas que se lê em “Ar de Arestas” (Escrituras Editora, Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage-Funalfa, 2013), livro finalista do Prêmio Jabuti e semifinalista do Prêmio Portugal Telecom. Em quadras rimadas, com versos heptassílabos, trata-se de um peça que medita sobre a precariedade iminente do ser, sobrepujado pela manifestação da dor, que lhe é transfigurada “através da exploração sistemática de um sistema de símiles e metáforas”, como observou o crítico, contista, ensaísta e tradutor Paulo Henriques Britto em enriquecedor posfácio que escreveu para este livro.
É também um poema do qual se pode dizer “que se fecha em si mesmo, universo autossuficiente e no qual o fim é também um princípio que volta, se repete e se recria”, repetindo-se aqui uma frase do poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz (1914-1998) que está em “O Arco e a Lira” (1956). Tanto que, ao final do poema, o poeta recorre à imagem do ouroboros ou uróboro, símbolo antigo que representa a cobra comendo sua própria cauda, ou seja, do grego oura ou a cauda, e boros, de comer. [caption id="attachment_353038" align="aligncenter" width="620"]“Desse gênero de dor / – que é quando todas as lentes / voltam-se ao corpo, no ardor / de exterminar as serpentes / que o feriram sem perdão –, / desse gênero, dizendo / melhor, tipo ou modo, então, / não há margem nem adendo: / dele nada se transforma, / nada se cria, apenas / o corpo conhece a norma / de assumir as próprias penas, / de mirar-se num espelho / fraturado, eternamente. Ao centro, um ponto vermelho: o lugar onde a serpente / derramou toda peçonha. / Só tal lugar interessa, / o da dor, da dor medonha, / que ao corpo impõe sua pressa. / Como foi escrito acima: / dessa dor nada se cria. / Mesmo a morte se aproxima, / abatendo mais um dia.”

“Tudo retorna ao início, / a serpente engole a cauda / e, em suma, este exercício / correrá de lauda em lauda / sem ter fim. Antes fechar / a conta: ceifar o clero. / Nada sobrou no alguidar / – lida noves fora zero. / Quando a tortura termina, / eis que o tempo recomeça / a colher em cada esquina / os venenos da promessa. / Tal colheita quer que tudo / tenha na dor vida nova, / que a própria vida – seu ludo – / fique onde a dor se renova.”Iacyr Anderson Freitas (1963), nascido em Patrocínio do Muriaé-MG, é engenheiro civil e mestre em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)-MG. Fez sua estreia na poesia em 1982, com a obra “Verso e palavra”. Desde então, publicou mais de vinte obras, tendo afirmado sua voz no cenário do Brasil contemporâneo, já com várias premiações, inclusive no exterior. Está presente em mais de 20 antologias publicadas no Brasil e no exterior, incluindo Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Espanha, França, Itália, Malta e Portugal. Com “Quaradouro” (2007), foi semifinalista do Prêmio Portugal Telecom), e com “Viavária” (2010), primeiro lugar no Prêmio Literário Nacional do PEN Clube do Brasil. Publicou três livros de ensaio literário: “Heidegger e a Origem da Arte” (1993), “Quatro Estudos” (1998) e “As Perdas Luminosas: Uma Análise da Poesia de Ruy Espinheira Filho” (2001). E dois livros de ficção: “O Artista e a Cidade”, álbum comemorativo dos 150 anos de emancipação política de Juiz de Fora (2000), e “Trinca dos Traídos” (2003). Em 2016, publicou “Estação das Clínicas”. Publicou ainda três livros de poemas para o público infanto-juvenil. Para enriquecer ainda mais a obra, este livro traz fotografias do jornalista, poeta e fotógrafo Ozias Filho, que foram obtidas em 6 de fevereiro de 2012, quando as cenas do poema foram traduzidas para a linguagem corporal do Laboratório de Movimento e Performance l'Mmoving, na Universidade de Lisboa, pela coreógrafa Marina Frangioia. E que foram registradas a uma época em que aqueles versos ainda eram inéditos. [caption id="attachment_353041" align="aligncenter" width="225"]


"Crônicas de Espírito Santo" apresenta a infância e juventude do jornalista e escritor capixaba Rubem Braga

Para a poeta grega paixão é tesão. O amor é sempre o corpo que arde por outro e nele a alma não entra e nem habita

Programação faz parte da 15° Primavera dos Museus 2021, a qual acontecerá entre os dias 20 e 26 de setembro

“Estamos caipiramente comendo”, disse ele, nesse jeito que ficou na minha memória como o canto de Goiás. E, pensando bem, haverá melhor maneira de o dizer?

O escritor e diplomata Raul de Taunay é autor de duas obras que contribuem para desmistificar a ideia que se construiu, historicamente, do continente africano