Quem foram as mulheres que fizeram a diferença no 7 de setembro?
26 setembro 2021 às 00h00
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Livro “Personagens da Independência do Brasil” traz relatos dos principais nomes da emancipação política do país e da história de 7 de Setembro
Além de Maria Quitéria, que lutou no batalhão de resistência de voluntários do príncipe, Os Periquitos, muitas mulheres participaram da emancipação política do Brasil, e embora a presença feminina nas lutas pela Independência não tenham números significativos, seja por pouco envolvimento militar ou falta de registros históricos, algumas marcaram presença e gravaram seus nomes em movimentos políticos brasileiros pró-Independência e até mesmo pró-república.
Para dar a visibilidade que elas merecem, o historiador Rodrigo Trespach, autor de Personagens da Independência do Brasil, publicado pela Editora 106, listou aquelas que, mesmo em uma sociedade patriarcal em que as mulheres exerciam papeis secundários, foram à luta.
Maria Quitéria: primeira mulher a servir oficialmente o exército brasileiro, era uma exímia caçadora e amazona, hábil no manejo de armas de fogo. Como seus irmãos homens eram menores e não poderiam servir as tropas na Independência da Bahia, Quitéria dirigiu-se à casa da irmã Teresa, conseguiu emprestado o uniforme do cunhado José Cordeiro de Medeiros e alistou-se travestida de “soldado Medeiros” no Batalhão dos Voluntários do Príncipe, o “Batalhão dos Periquitos”. Será que seu disfarce foi descoberto? Entre suas conquistas estão a coroação de honras de Primeiro Cadete, no dia 2 de julho de 1823, pelo general Labatut, com uma grinalda confeccionada no Convento da Lapa, e posteriormente, em 20 de agosto, em uma sessão no Paço Imperial, recebeu do imperador a insígnia de cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro. “Concedo-vos a permissão de usar esta insígnia como um distintivo, que assinale os serviços militares, que com denodo raro entre os mais de vosso sexo, prestastes à causa da Independência do Império”, disse d. Pedro I.
Barbara de Alencar: a matriarca dos Alencar, apesar de constar no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, só ganhou seu devido reconhecimento em suas ações na política e no seu papel nas Guerras da Independência, quase dois séculos depois, quando foi considerada a primeira presa política do Brasil. Após ficar viúva, aos 49 anos, assumiu os negócios da família, que incluíam propriedades rurais, engenhos e uma fábrica de utensílios de cobre.
Considerada por historiadores modernos como uma mulher sanguínea e nervosa, embora escrupulosa, a Dona Barbara do Crato, como era conhecida, jamais perdeu o interesse nos estudos e ciência. Ao ler clássicos da literatura universal para a população pobre da região, na calçada de sua casa, e manter seu conhecimento aguçado, ajudou a compartilhar ideias iluministas e de república. Teria ela passado ilesa?
Joana Angélica: a Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição foi considerada a primeira heroína da Independência, além de caridade e dedicação à sua fé, tornando-se vigária e, por fim, abadessa do convento, cargo que ocupou durante a Guerra da Independência na Bahia. Contam muitos livros de História que Joana tentou impedir a invasão dos portugueses ao Convento da Lapa, no dia 19 de fevereiro de 1822. Uma força religiosa descomunal. Apesar da vitória dos portugueses, a luta pela Independência estava apenas começando. Dezessete meses depois, o líder da invasão, o tenente-coronel Madeira de Melo se retirou para Portugal, deixando Salvador em mãos brasileiras.