Opção cultural

Alla Gorbunova já foi traduzida para o inglês, alemão, francês, espanhol, sérvio, dinamarquês, sueco, finlandês, letoniano, búlgaro, esloveno

Dom Quixote continua a ser uma obra essencial, inspirando e desafiando leitores em todo o mundo. Sua mensagem, de que a luta por ideais vale a pena, mesmo que pareça inútil, ressoa profundamente em cada um de nós

É repugnante saber que vidas vêm sendo ceifadas por falta de o poder público cumprir o seu dever conforme determina a Constituição Federal no artigo 196, o qual, como tudo indica, virou meramente letra morta

*Abílio Wolney Aires Neto
No dia 30 de novembro de 2024, às 9h, a Academia Catalana de Letras foi palco do lançamento do livro “Roque Alves de Azevedo – Primeiro Poeta Catalano”, obra inédita do escritor, historiador e ícone da cultura goiana, Geraldo Coelho Vaz. O evento marca mais um momento significativo na trajetória do autor, reafirmando seu papel na preservação e valorização da história literária de Goiás.
Nesta obra, Geraldo Coelho Vaz apresenta um estudo profundo sobre a vida e a obra de Roque Alves de Azevedo, considerado o primeiro poeta de Catalão. O autor combina pesquisa histórica minuciosa com sua sensibilidade literária característica para reconstruir a importância deste pioneiro para a cultura regional.
Geraldo Coelho Vaz: Um Pilar da Cultura Goiana
Geraldo Coelho Vaz é amplamente reconhecido como uma das figuras mais relevantes da história e cultura goiana. Poeta, escritor, historiador, advogado, jornalista e gestor cultural, Geraldo nasceu no bairro de Campinas, em Goiânia, em 24 de setembro de 1940, e viveu sua infância em Catalão, onde desenvolveu um olhar atento para a riqueza cultural de sua terra natal.
Ao longo de sua carreira, ele consolidou um legado extraordinário. Foi um dos fundadores do Grupo de Escritores Novos (GEN), movimento que renovou a literatura goiana nos anos 1960, e ocupou cargos de destaque, como secretário de Estado da Cultura de Goiás e presidente da Fundação Cultural Pedro Ludovico.
Sua vasta obra literária inclui livros como Senador Canedo – Vida e Obra, vencedor do Prêmio Clio de História, e estudos como Literatura Goiana: Síntese Histórica. Geraldo também se destacou por trabalhos biográficos e de preservação histórica, como Vultos Catalanos e Vultos das Letras Goianas, que resgatam figuras importantes da história regional.
Além de escritor, Geraldo é membro de instituições culturais como a Academia Goiana de Letras, onde ocupa a cadeira 33, e o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, sendo referência como historiador e promotor da identidade cultural de Goiás.

O lançamento de “Roque Alves de Azevedo – Primeiro Poeta Catalano” reforça o papel de Geraldo Coelho Vaz como um defensor incansável da memória cultural de Goiás. A obra é um convite ao resgate das raízes literárias do estado e uma homenagem a um dos grandes nomes que ajudaram a moldar a história da literatura goiana.
*Abílio Wolney Aires Neto é Juiz de Direito da 9ª Vara Civel de Goiania.
Cadeira 9 da Academia Goiana de Letras, Cadeira 2 da Academia Dianopolina de Letras, Cadeira 23 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás-IHGG, Membro da União Brasileira de Escritores-GO dentre outras.
Graduando em Jornalismo.
Acadêmico de Filosofia e de História.
15 titulos publicados

O lançamento da publicação será nesta segunda, 2, às 17 horas, na Assembleia Legislativa de Goiás

O confronto dos personagens contra os poderes malignos foge ao mero embate entre o bem e o mal, entre os poderes da lealdade e do amor ante a autêntica substância do pesadelo

O livro é capaz de fazer muitos adultos suspirarem, relembrarem e se reconectarem com o passado. Se assim for, o que dirá das crianças que o descobrirem?

“Todos estavam na mesma linha, debaixo do horizonte. Algo assim como uma galeria de personagens, destinadas a se apagar do mundo com um toque esvoaçante”

Médica especializada em cuidados paliativos ensina que é possível trazer paz para quem está à beira da morte e assinala que é preciso falar sobre o assunto

29 de novembro, primeiro dia de férias da escola. Acabouuuuu, grita o Galvão. A mãe tá feliz porque não precisa mais ficar dirigindo e fazendo lanche, e acordando às 5h. Aháaaa, quem disse? Pois a bonita da rotina com um bebê em casa ela dá um tapa na cara da gente. O menino Matheus, no auge dos 6 meses, acordou às 5h como de costume. Naquela hora que a casa inteira levanta e ele brinca com a irmã, vai no colo do pai, espera a casa acalmar de novo. Eu não estava sequer conseguindo manter meus olhos abertos, mas ele estava lá, sorrindo, pulando em cima da gente na cama do papai e da mamãe.
Na primeira reunião do dia, às 9h, eu já tinha trabalhado como uma adulta, arrumado a comida da gata (a pet mesmo, que também mia às 5h pra pedir a comida dela), feito o lanche da Cecília, meu café, coloquei roupa na máquina e tirei o lixo, um monte de fralda de cocô que não deu tempo de tirar ontem. E para conseguir me reunir, Cecília cuidou do Matheus e foi quando eu terminei a reunião que tirei essa foto pensando: Deus, como eu sou sortuda. Porque ser mãe é gritar no meio da tarde e sentir culpa quando eles dormem. É gratidão atrás de eita.
Cecília tem 9 anos e eu já conseguia andar mais depressa. Limpar a casa mais depressa, comer, me arrumar, tomar um banho demorado. Aos 9 anos um filho não te impede mais de fazer coisas de rotina. Quando eu tinha muito trabalho eu pedia para ela esperar um pouco, pegar a comida na geladeira, tomar banho… Eu tinha me esquecido de como um bebê muda tudo. Meu Deus, acho que a gente esquece a introdução alimentar para não desistir de outro filho. É caótico.
Enquanto eu escrevia essa crônica, eu olhava pro macarrão que tá no chão. O que caiu hoje e o que caiu ontem e não deu tempo de limpar. Limpar a comida no chão ou dar banho na criança que tá chorando com sono? Limpar a comida do chão ou trabalhar? Tem que escolher suas lutas, amiga! Saí pra levar a Cecília no ballet, Matheus chorou na volta e me fez gastar nada menos de 3 horas pra chegar em casa, numa chuva imensa. 15h30 da tarde e eu parada numa rua do setor Aeroporto, debaixo de uma árvore cantando Dona Aranha e ninando um bebê no colo. É, um filho te faz pisar no freio. Não tem jeito. É desacelerar e aceitar.
Eu e Cecília gostamos demais de conversar na volta da escola. Outro dia, eu com pressa, não perguntei como ela tinha saído na prova. Ligação, mensagem no WhatsApp, celular tocando e ela me solta: “Nossaaaaaa, queria minha mãe de volta. Você nem me perguntou como eu fui na prova de Geografia….” Eu segurei o riso, pedi desculpas e claro, perguntei da prova. Tem dias que ela me chama pra ver o formato de uma nuvem e minha cabeça tava lá, preocupada com os boletos. Eu amo que duas criaturinhas me fazem pisar no freio porque eu acho tão triste a vida no automático.
A maternidade me ensinou que o hoje passa rápido e amanhã é outro dia, eles aprendem coisas novas, o rostinho mudou. O bebê que não sentava começa a ficar de pé. A menina que aceitava sua opinião quer escolher a própria roupa, não usa mais laço no cabelo e aprendeu a cozinhar. Se você não prestar atenção na prova da escola, ou no vídeo que ela quer que você assista, um dia ela não vai querer te contar mais nada porque você não dá importância.
Eu tenho uma regra clara: se eles pedirem colo, eu paro o que estiver fazendo. Será que vão querer meu colinho pra sempre? Eu me lembro como se fosse hoje de quando chorei no colo da minha mãe em posição fetal depois de não ser aprovada no vestibular. Não existe lugar mais seguro. Eu aprendi que às vezes teremos banhos bem rápidos e colos demorados, mas que todas as fases vão passar. Você se lembrará pouco dos perrengues e sentirá uma saudade imensa de ser colo. Pisa no freio, vai com calma. E esse recado também é pra mim!
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*Abílio Wolney Aires Neto
Nos últimos dois anos, três pessoas conhecidas desistiram da vida, incapazes de lidar com os desafios existenciais. Esse fato me trouxe à memória dois livros que me marcaram profundamente: O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse, e Memórias de um Suicida, obra mediúnica de Yvonne do Amaral Pereira.
Publicado em 1927, O Lobo da Estepe é uma obra-prima literária que mergulha na psique humana, explorando o conflito interno de Harry Haller, um homem dividido entre sua natureza humana e sua dimensão selvagem, o “lobo”. O romance reflete as angústias existenciais de Hesse e propõe uma jornada introspectiva que dialoga tanto com a condição humana quanto com dilemas filosóficos. A luta de Haller entre a atração pelo suicídio e a busca por um sentido na vida estabelece uma conexão universal, oferecendo reflexões que permanecem atemporais.
Hesse apresenta o suicídio como uma “porta dos fundos”, uma metáfora para a saída diante de dores insuportáveis. Esse conceito, central na narrativa de Haller, ressoa com experiências humanas universais de sofrimento e com a busca por razões para seguir em frente, mesmo diante do desespero.
A visão de Hesse sobre o suicídio encontra eco no livro Memórias de um Suicida, no qual o escritor português Camilo Castelo Branco, por meio da mediunidade de Yvonne do Amaral Pereira, narra as consequências espirituais dessa escolha extrema. Diferentemente de Hesse, que não recomenda, mas admite o suicídio como uma fuga possível, Camilo revela os bastidores do “Vale dos Suicidas” e enfatiza o impacto profundo dessa decisão, não apenas para o indivíduo, mas também para aqueles ao seu redor. Ele descreve a morte autoinfligida como “o jogo escuro das ilusões”, desmistificando a ideia de que ela possa ser uma solução definitiva.
Enquanto Harry Haller vê o suicídio como um alívio terrível e possível para o vazio existencial, Camilo mostra que essa “porta dos fundos”, longe de ser uma saída simples, leva a um ciclo de dores ainda maiores. A narrativa espiritual reforça a importância de enfrentar os desafios da vida, compreendendo que fazem parte de um processo maior de aprendizado e evolução, onde tudo possui um propósito superior dentro dos “soberanos códigos da vida maior”.
Haller, um homem culto e filosófico, reflete sobre a existência enquanto sente a tentação de desistir. Sua trajetória é rica em paralelos com histórias de pessoas que, em momentos de desespero, cogitam abandonar grandes sonhos. Seja estudar, viajar ou realizar projetos futuros, o suicídio, como metaforiza Hesse, interrompe as potencialidades da existência. Essa ideia é bem expressa nos versos de Cecília Meireles:
“Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa
Prá correr entre os canteiros e esconder minha tristeza
Que eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço, sem ter visto a vida.”
Camilo Castelo Branco amplia essa perspectiva, mostrando que, mesmo após a morte, os sonhos e projetos não se dissolvem, mas aguardam a superação de desafios não enfrentados. Em sua visão, os problemas se agravam com a interrupção abrupta da vida, retornando em forma de lições ainda mais difíceis em futuras existências.
Tanto Hesse quanto Camilo, cada qual em seu contexto, oferecem reflexões poderosas que incentivam a continuidade e o enfrentamento das adversidades. Enquanto O Lobo da Estepe explora os dilemas humanos de forma filosófica e literária, Memórias de um Suicida apresenta uma abordagem espiritual, mostrando que o sofrimento é parte de uma jornada maior de aprendizado e evolução.
Haller encontra na curiosidade pela vida um motivo para resistir. Da mesma forma, Camilo, do além-túmulo, afirma que, mesmo nos momentos mais sombrios, há razões para continuar, sejam elas espirituais ou existenciais. Ambas as obras convidam o leitor a refletir sobre o valor da vida e a necessidade de enfrentar as dificuldades com coragem, buscando autodescoberta e realização.
Distintas e complementares, O Lobo da Estepe e Memórias de um Suicida nos lembram que, mesmo diante da tentação da “porta dos fundos”, o desafio de viver é uma oportunidade única de transformação e crescimento.

*Abílio Wolney Aires Neto é Juiz de Direito da 9ª Vara Civel de Goiania.
Cadeira 9 da Academia Goiana de Letras, Cadeira 2 da Academia Dianopolina de Letras, Cadeira 23 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás-IHGG, Membro da União Brasileira de Escritores-GO dentre outras.
Graduando em Jornalismo.
Acadêmico de Filosofia e de História.
15 titulos publicados

A obra será exibida no Cine Ouro nesta segunda-feira, com entrada gratuita, celebrando a memória de Edson Rodrigues

O texto da autora, com certa carnavalização, apresenta marcas de denúncia social, revelando certa interdependência de mimese e diegese