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Hélverton Baiano
Especial para o Jornal Opção
Filho do poeta Gilson Cavalcante, Aluísio Cavalcante percorre há mais de 20 anos os caminhos da música, eivado na seiva poética do pai e depois enveredando por caminhos próprios, desde Goiás, onde nasceu, Tocantins, que lhe deu lastro, passando por Minas Gerais e agora em Londrina, Paraná, com a banda Água Doce. Na sexta-feira, 20 de outubro, está sendo lançada nas plataformas digitais o single “Dobra”, que marca a estreia fonográfica do quarteto formado por Aluísio Cavalcante, Mariana Franco, André Coudeiro e Daniel Loureiro.
Escute aqui:
Água Doce é composto por Aluísio Cavalcante (guitarra e voz), Mariana Franco (contrabaixo), André Coudeiro (bateria) e Daniel Loureiro (guitarra e flauta), um quarteto que se reuniu a partir do repertório de Aluísio, compositor que percorreu trecho entre Tocantins, Goiás e Minas antes de chegar a Londrina. É compositor e cantor, tem quase 20 anos de estrada musical, com destaque para o álbum “Mar de Algaroba”, com o grupo Guaimbê (Prêmio da Música das Minas Gerais em 2021 e 2022) e o álbum “Cantigas e Quintais” (2022) com músicas do poeta Gilson Cavalcante, produzido ao lado do pernambucano André Macambira.

“Dobra”: single que abre os caminhos do Água Doce
Gravada em Londrina, a canção que marca a estreia fonográfica do quarteto, percorre atmosferas da soul music e do R&B sem esconder o sotaque brasileiro, a identidade e a crueza que marcam o trabalho da Água Doce. O single “Dobra” será lançado no próximo dia 20 de outubro em todas as plataformas digitais.
Água Doce nasce às margens do Igapó, onde a sonoridade do norte paranaense deságua na psicodelia e sutilezas do quarteto londrinense, formado por Aluísio Cavalcante, Mariana Franco, André Coudeiro e Daniel Loureiro. O flerte com o rock progressivo e com os grooves do Brasil de dentro não escondem a delicadeza de nascente por trás das harmonias e dos versos das canções que compõem o trabalho de estreia da banda.
Com formação recente (2022), a Água Doce tem marcado a cena londrinense com shows intensos, carregados de personalidade, provocações, improvisos e pequenos remansos. Guiados por um repertório de canções autorais e inesperadas interpretações, o quarteto iniciou a gravação do primeiro álbum, e o single de estreia será lançado no próximo dia 20 de outubro.
“Dobra” é a canção que marca a estreia fonográfica da banda, uma composição de Aluísio Cavalcante em parceria com Gregory Mark. A gravação foi realizada no estúdio Toque Grave, em Londrina, com a produção musical de Marco Aurélio. “Optamos por gravar praticamente tudo ao vivo, e registrar esse arranjo coletivo que sintetiza nossas referências e as paisagens sonoras que nos habitam nesse momento”, destaca Cavalcante.
No site da banda já é possível ouvir um trecho do single e também fazer o pre-save da faixa em diferentes plataformas.
Mais sobre a Água Doce
Mariana Franco é arranjadora e musicista formada na Universidade Estadual de Londrina, integrante de projetos musicais que são destaque na cena autoral londrinense, como a Caburé Canela, Londrina HotClub e a Curva de Rio, projeto autoral de Carolina Sanches. A cozinha da Água Doce conta ainda com o baterista e percussionista André Coudeiro, cria das rodas de choro, de samba, dos grooves latinos e brasileiros, é figura das mais requisitadas nas produções fonográficas da cidade. Já Daniel Loureiro é compositor e guitarrista em outros projetos autorais e independentes de destaque, como a Mão Rítmica Azul, a Bule Verde Jazz Orcha e a Entrópica.

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Cheguei à definição metafórica de que os poetas são abelhas. Essa figura de linguagem me veio enquanto eu colhia caju do cerrado neste final de semana, mais precisamente no domingo pela manhã, na chácara de um casal de amigos em Terezópolis de Goiás. O quintal desses amigos (Edvâni e Jeovar), por ser repleto de árvores (muitas frutíferas), vive cheio de pássaros e insetos polinizadores devido às muitas flores por lá. No momento, há dois casais de pássaros (corruíra e fim-fim) chocando na área da casa. Caminhando pelo quintal, encontrei até um filhote de tatu-galinha vasculhando as folhas secas à procura de comida.
Ao colher um caju, percebi que nele havia dois furos, e, dentro de cada um, havia uma abelha, mais precisamente uma europa e outra silvestre (a que não tem ferrão), que para mim era uma arapuá, também conhecida como irapuã, arapuã, abelha-de-cachorro entre outros nomes. Não colhi todos os frutos maduros, deixei alguns para os insetos (principalmente o que tinha as duas abelhas) e também para um lobo-guará que anda por lá e come os que caem no chão. Encontrei fezes do canídeo sob o cajueiro. Eu já vi esse lobo uma vez circulando dentro Ecovila Santa Branca.
Na digo que tive uma epifania observando as abelhas dentro do caju (inclusive filmei a cena), mas me senti maravilhado vendo-as buscando doce para fabricação de mel num fruto que só foi possível existir em decorrência do trabalho delas de polinização, que é a transferência de pólen entre as partes masculina e feminina da flor. Esses serzinhos, que são os animais mais importantes do planeta – polinizam mais 70 das espécies de vegetais que fornecem 90% dos alimentos consumidos no mundo --, têm levado a pior com o pessoal do ogronegócio. Esse pessoal, não estou generalizando, em filosofia letal de trabalho, ignora a sustentabilidade ambiental e só visa ao aspecto econômico, excluindo, portanto, dois aspectos que integram o ciclo racional de desenvolvimento: o social e o ambiental.
E neste último entram as pobres abelhas. O terror mortal delas é um tal de fipronil, um inseticida usado em culturas de soja, batata, cana-de-açúcar, milho, algodão, arroz, soja, cevada e feijão. Tal inseticida, por sua letalidade às abelhas, foi proibido em vários estados brasileiros, inclusive Goiás. Sua proibição também foi adotada em vários países. Nos da Europa que o usavam, esse inseticida é chamado de “exterminador”. Não há como não se chamar de ogronegócio uma atividade que está pouco se lixando para a sobrevivência das abelhas, bem como de outros bichos e dos recursos hídricos.
Quanto à metáfora, vamos a ela. O fato de eu ver os poetas como abelhas explico agora. Não vem das abelhas o doce que se encontra no mel, mas do néctar das flores e do doce das frutas. Porém sem enzimas digestivas delas, não seria possível haver o mel, que, ao contrário da prejudicialidade do açúcar, é medicinal, pois possui substâncias antibióticas, sais minerais poderosos na proteção do nosso corpo contra infecções e no aumento do nosso sistema imunológico. Da mesma maneira se pode dizer que o poeta encontra nas coisas a poesia e assim (com suas “enzimas poéticas”, digamos assim) produz o poema.
As abelhas não correm o risco de fazerem mel que não seja delicioso e saudável, fato que nem sempre ocorre com os poetas. Para Rainer Maria Rilke, o poeta deve acusar a si mesmo na sua incapacidade de extrair as riquezas do seu cotidiano e transformá-las em bons poemas. Há poemas que nem como tais podem ser chamados pela ausência de engenho e arte, sem os quais não construir versos autênticos e bem burilados esteticamente.
Platão, que não é o protagonista da antiga divergência entre filósofos e poetas e isso por razão ético-religiosa, ressuscita o assunto na sua República. Para o discípulo de Sócrates, a poesia não gera benefício algum à alma das pessoas, mas sim malefícios. O nosso psicanalista, educador, teólogo e escritor Rubem Alves, que foi embora da vida em julho de 2014, enaltece a importância dos poetas: “Faz tempo que para pensar em Deus, não leio os teólogos, leio os poetas”. Mas Alves também fala, em sua crônica “A beleza dos pássaros em voo”, de seu encontro com o ‘sagrado’ “no capim, nos pássaros, nos riachos, na chuva, nas árvores, nas nuvens, nos animais”. Eu mesmo encontrei Deus nas duas abelhas dentro do caju.

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