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Antonio Abujamra, que morreu nesta terça, trouxe Brecht, Wesker e Pinter para o Brasil

O diretor e ator de teatro Antonio Abujamra, apresentador do programa de entrevistas “Provocações”, da TV Cultura, morreu na manhã de terça-feira, 28, em São Paulo. Ele tinha 82 anos. Foi encontrado morto, possivelmente de infarto. Formado em Filosofia e Jornalismo, Abujamra, o Abu, era sobretudo um homem culto, criativo e produtivo. Estudou teatro Madri, Paris e Berlim. Principal responsável pela adoção dos métodos teatrais de Bertolt Brecht e Roger Planchon no Brasil, Abujamra montou “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa, “O Caso das Petúnias”, de Tennessee Williams, e “A Cantora Careca” e “A Lição”, de Eugène Ionesco. Profissionalmente, estreou com a peça “Raízes”, de Arnold Wesker. Diretor inquieto, sempre atento aos ventos da renovação, adaptou Harold Pinter no Brasil; por exemplo, “O Encarregado”. Com “Um Certo Hamlet” — com as atrizes Cláudia Abreu e Vera Holtz no elenco —, Abujamra ganhou o Prêmio Molière. Ganhou o Prêmio Shell de 1977 com “O Casamento”. Abujamra, polêmico e cortante, dizia sempre: “Sem humor, não dá”. Aos que o incomodavam com problemas de escassa importância, secava: “Por favor, não vamos tropeçar em palitos de fósforo”. Sua montagem de “Antígona”, com Glauce Rocha, enfrentou problemas com a censura. A censura vetou suas peças “O Berço do Herói”, de Dias Gomes, em 1965, e “Abajur Lilás”, de Plínio Marques, em 1975. Ele era tão desbocado quanto Plínio Marques. Como ator, Abumjara atuou nas novelas “Que rei sou eu?” (era o bruxo Ravengar), da TV Globo, e “Os Ossos do Barão”, do SBT.

O Popular revela que família pagou resgate de sequestro. O Hoje não deu a informação

A Polícia Civil de Goiás libertou Paulo Antônio Batista Filho (de uma família de produtores rurais), de 22 anos, na segunda-feira, 27, numa fazenda do município de Goianira. Ele havia sido sequestrado por um grupo de criminosos, que recebe resgate no valor de 216 mil reais. “O Popular” (textos de Vandré Abreu e Eduardo Pinheiro) publicou as reportagens “Sequestro — Quadrilha pediu dois resgates”, “Família deixou fazenda desde o sequestro” e “Bateria de celular retirada após ligações”. “O Hoje” publicou um só texto (de autoria de Anderson Costa), de qualidade inferior aos do concorrente. O “Diário da Manhã” foi “furado”. “O Hoje” diz que o sequestro ocorreu há 30 dias, embora mencione que Paulo Antônio foi sequestrado no dia 26 de março e libertado no dia 27. “O Popular” informa que o sequestro foi articulado há 32 dias. “O Hoje” escreve “fazenda Jaboticabal” (no título) e “Fazenda Jaboticabal” (na reportagem). O “Pop” publica Paulo Antônio Batista, mas, ao contrário de “O Hoje”, não acrescenta “Filho”. O “Pop” diz que a polícia prendeu quatro pessoas — dois homens e duas mulheres — supostamente envolvidas no sequestro. “O Hoje” menciona três prisões e afirma que um dos criminosos havia “sido morto”. O “Pop” não menciona nenhuma morte. “O Hoje” diz que Nova Fátima é “distrito de Hidrolândia”. Não é.  O “Pop” está certo: Nova Fátima é um município. Relata “O Hoje”: “A família e nem a polícia informaram se o resgate pedido foi pago”. O “Pop” revela que a família pagou 216 mil reais e os criminosos exigiram “mais 800 mil reais”. [Imagem acima foi feita a partir de cena de televisão]

Rogério Borges pede demissão de O Popular

O repórter Rogério Borges pediu demissão de “O Popular” na segunda-feira, 27. Em caráter irrevogável. Rogério Borges, repórter e colunista do "Magazine", é dono de um dos melhores textos do jornal. Ele escreve bem, tem cultura e é criativo. É uma das maiores perdas do “Pop” nos últimos anos. Ele é professor de jornalismo na PUC-Goiás. Ele tem mestrado pela Universidade Federal de Goiás e doutorado pela Universidade de Brasília (UnB). Motivos das saída Procurado pelo Jornal Opção na terça-feira, 28, enquanto dava aulas na PUC, Rogério Borges preferiu não se pronunciar. “Não vou falar sobre o assunto”, disse. O Jornal Opção ouviu três fontes do jornal. Todas apresentaram duas versões para o pedido de demissão. Primeiro, a insatisfação com a demissão da editora do “Magazine”, Rosângela Chaves, e a indicação de uma profissional inexperiente para o cargo. “Os dois tinham uma sintonia perfeita, porque têm cultura e apostam em jornalismo de qualidade”, afirma uma das fontes. Segundo, e mais decisivo, Rogério Borges teria ficado chateado com o veto da direção de Jornalismo a um texto que havia preparado sobre os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Quem vetou teria mandado dizer que o assunto está muito bem descrito em dezenas de textos na internet e que o jornal deve priorizar a publicação de reportagens que dão acesso. “Foi a gota d’água”, admite um funcionário do jornal.

Galvão Bueno, no livro “Fala, Galvão!, conta que tentou levar Jorge Kajuru para o Sportv, da TV Globo

Na sua autobiografia “Fala, Galvão!” (Globo Livros, 311 páginas), Galvão Bueno relata que o “Bem, Amigos!”, com mais de uma década no ar, “nunca deixou de ser o programa de maior audiência do Sportv”. O principal narrador esportivo da televisão brasileira confirma que tentou contratar Jorge Kajuru. “Talvez o público não saiba, mas quando Luiz Fernando Lima e Carlos Henrique Schroder me pediram para montar o programa, eu disse que queria meu parceiro Arnaldo Cezar Coelho comigo e mais uma pessoa para arrumar confusão. Então, originalmente, os três fixos seriam eu, Arnaldo e Jorge Kajuru. Mas as conversas de Kajuru com a Globo não deram certo e me lembrei de Renato Maurício Prado, que é igualmente polêmico”, conta Galvão Bueno. A informação está na página 263. O narrador não esclarece o motivo de a Globo não ter contratado Kajuru. Mas, nos bastidores, comentou-se, à época, que Kajuru era incontrolável e, por isso, não se enquadrava no padrão Globo. Chegaram à conclusão de que era mais adequado contratá-lo a demiti-lo logo após, com grande repercussão na mídia. Em 2004, quando estava internado no Hospital Albert Einstein, em decorrência de uma queda de cavalo, Galvão Bueno era visitado por dezenas de pessoas, como Pelé. “E todos os dias e recebia a visita de dois colegas de profissão, amigos queridos e solidários, Silvio Luiz e Jorge Kajuru”, conta o narrador. [Na foto acima, Galvão Bueno aparece de roupa preta e Jorge Kajuru veste calça jeans; os dois eram mais jovens]

Dono da Globo, secundando Domenico de Masi, diz que “o mundo será mais gay”

“O comportamento das pessoas e a maneira como vão interagir com a realidade em volta é que passam a ser determinantes de como vão se divertir, entreter se informar”

Dono da Globo admite que jornal impresso vai morrer e diz que todos os jornais serão digitais

“Haverá menos sustentação pela publicidade e mais sustentação pelo pagamento”, diz João Roberto Marinho

Piloto britânico usou um ursinho de pelúcia como amuleto durante Batalha de Londres

[caption id="attachment_33992" align="alignright" width="620"]Stephen Beaumont, tenente da força aérea da Inglaterra com seu ursinho de pelúcia da sorte: o piloto combateu os ferozes nazistas de Hitler e sobreviveu Stephen Beaumont, tenente da força aérea da Inglaterra com seu ursinho de pelúcia da sorte: o piloto combateu os ferozes nazistas de Hitler e sobreviveu[/caption] A Alemanha de Adolf Hitler quase invadiu a Inglaterra no início da década de 1940. Pilotos nazistas bombardearam de maneira intensa o país, notadamente Londres, e deixaram a população tão assustada que alguns políticos chegaram a cogitar a rendição. Porém, o primeiro-ministro Winston Churchill, alguns nobres, políticos e militares decidiram resistir, contando com a compreensão do sofrido povo inglês. Se Hitler não dominou a terra de Shakespeare, por meio da Luftwaffe (a força aérea alemã), isso ter a ver, em larga medida, com a reação da RAF, a força aérea britânica. Pelo menos 20% dos pilotos da RAF morreram em combate. O “Daily Mail” publicou que “dos 3 mil aviadores que serviram neste período [1940] um sexto morreram em combate”. Por isso Churchill disse: “Nunca tantos deveram a tão poucos”. Pilotos, como outros soldados, têm seus amuletos. Alguns guardavam cartuchos de balas, fotografias de namoradas ou familiares, imagens de santos. O tenente Stephen Beaumont combateu duramente os ingleses no céu de Londres e cidades próximas. Ao seu lado, na cabine do avião, para “protegê-lo” e fazer companhia, estava sempre o ursinho de pelúcia “Beaumont”. A história voltou à tona porque a família do piloto decidiu vender o ursinho por 10.000 libras “numa conhecida casa de leilões britânica”, relata o jornal “ABC”, da Espanha. Na Batalha da Inglaterra, em 1940, como ficou conhecida a guerra aérea entre alemães e ingleses (poloneses, americanos, entre outros, participaram da refrega), Stephen Beaumont era um dos mais corajosos e eficientes. Ele, que derrubou vários aviões dos nazistas, pilotava um Spitfire. Por que levava o ursinho de pelúcia?, perguntavam os outros pilotos e seus chefes. O corajoso militar britânico respondia que o ursinho lhe dava sorte. O ursinho — ou os deuses da vida — deu mesmo sorte a Stephen Beaumont, um dos sobreviventes. Muitos pilotos ficavam quase loucos — viviam sob tensão e dormiam poucas horas por dia —, mas o jovem de 30 anos, tendo “Beaumont” ao lado, ficava tranquilo, sereno. Era seu “medicamento”. Quando deixou os aviões, após ser promovido a comandante de esquadra, tornou-se instrutor de novos pilotos, a quem ensinou pilotar e usar de maneira mais produtiva Spitfires e Hurricanes. Stephen Beaumont participou da equipe que planejou a invasão da Normandia, em 1944. Com o término da guerra, Stephen Beaumont, condecoradíssimo, voltou para sua cidade. Atuou como advogado — já era formado quando se tornou piloto — e, mais tarde, como delegado de polícia. Ele morreu aos 87 anos. Detalhe: nunca se desfez do ursinho da sorte. Recomenda-se aos leitores que se interessam pelo assunto a leitura de “Os Eleitos — Os Nobres Pilotos Norte-Americanos Que Arriscaram Tudo Pela Grã-Bretanha” (Record, 336 páginas, tradução de Renato Aguiar), do jornalista e historiador Alex Kershaw.

“Leitores anônimos” usam espaço de mensagens de jornais às vezes para achincalhar pessoas

Na semana passada, um professor de Goiânia foi condenado a indenizar outro professor devido a ofensas divulgadas numa rede social. Até pouco tempo, jornais informavam: “Não nos responsabilizamos por artigos publicados por terceiros”. Na verdade, são corresponsáveis pelos textos e até por cartas que saem nas versões impressa e online. As seções reservadas aos leitores, sobretudo na versão online — que se tornaram uma espécie de democracia de araque; na verdade, uma anarquia sem o mínimo de responsabilidade —, já estão gerando processos judiciais. Tanto para quem escreve os textos quanto para os jornais. O jornalista que edita as “cartas” ou “mensagens” precisa ter o máximo de cuidado. Primeiro, porque, ao publicar denúncias ou achincalhes, o jornal se torna corresponsável, portanto tão passível de processo quanto quem escreveu os textos. Segundo, parte dos textos às vezes contém assinatura — nomes completos —, mas em geral trata-se de fake. No caso de ação judicial, os jornais dificilmente conseguirão localizar o autor, que pode ter enviado o texto de uma empresa, de uma repartição pública ou de uma lan house. Para a Justiça, o “autor” passa a ser o jornal que publicou a “denúncia” ou “agressão”.

Sites de notícias estão cada vez mais iguais e desinteressantes

Os sites e portais de notícias (UOL, Globo) estão praticamente iguais e, para piorar, superficiais (em termos de mídia, quem quer ficar igual, mas não tem estrutura, acaba sucumbindo). Todos dão a mesma coisa e raramente procuram analisar os fatos. Os editores, inclusive dos portais gigantes, alegam que não há tempo. Não é uma explicação convincente, pois a “Veja”, apesar do excesso de posicionamento ideológico, uma espécie de liberalismo de combate, põe alguns de seus melhores articulistas para examinar os fatos do dia. Na internet um modelo que funcionou bem, mas não do ponto de vista financeiro, foi o “no mínimo”. Do ponto de vista editorial tanto deu certo que serviu de modelo para a excelente revista “Piauí”.

Livro explica como BNDES financiou a expansão da JBS

livroO livro “Reinventando o Capitalismo de Estado — O Leviatã nos Negócios: Brasil e Outros Países” (Penguin, 402 páginas, tradução de Afonso Celso da Cunha Serra), de Aldo Musacchio, professor da Harvard Business School, e Sergio G. Lazzarini, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), examina, entre outros casos, a expansão do grupo JBS, dirigido pelos irmãos goianos Joesley e Wesley Batista. Nas páginas 9, 11, 15, 232 e 318, Musacchio e Lazzarini explicam como se deu, debaixo das asas protetoras do BNDES, o crescimento do grupo que fatura mais de 100 bilhões de reais por ano.

“O Popular” e “Diário da Manhã” esqueceram o serial killer

No sábado, 18, “O Hoje” destacou na primeira página: “Por assalto, serial killer pega 12 anos [e quatro meses] em regime fechado”. O jornal informa que que, “desta vez, o julgamento não foi por homicídio. Ele assaltou duas vezes uma mesma agência lotérica”. Mas há um equívoco: Tiago Henrique Gomes da Rocha não “responde por 39 homicídios”. O editor da capa é corrigido pela repórter Jéssica Torres, que aponta “25 processos por homicídio”. “O Popular” surpreende por não se lembrar que os leitores às vezes acompanham o desenrolar dos fatos como se fossem novelas. O jornal publicou apenas nota, na página 10. O “Diário da Manhã” publicou reportagem, transcrita do G1, e ainda diz “o suposto serial killer”. Mas, assim como “O Popular”, não deu na primeira página.

Repórter mostra que, “abandonada”, a BR-153 está cheia de buracos

A repórter Malu Longo (merecia ter o nome destacado na capa, como fazem os grandes jornais) escreveu em “O Popular”, na edição de domingo, 19, uma das melhores matérias da semana: “A estrada dos mil buracos”. A jornalista percorreu 444 quilômetros da BR-153 — a maior rodovia do país —, entre Anápolis e a divisa com o Tocantins, e encontrou “dois buracos por quilômetro” e “19 veículos parados no acostamento com pneus furados”. Malu Longo relata que o Grupo Galvão, desde a crise desencadeada pelas investigações da Operação Lava Jato, parou a recuperação da rodovia. O Grupo Galvão ganhou a concessão para explorar pedágio na BR-153, mas agora diz não ter recursos para duplicá-la, melhorar as pistas e atender os motoristas. As fotografias, de ótima qualidade, são de Renato Conde.

O Popular trata adolescente como se fosse criança

Um adolescente de 13 anos atirou num menino de 11 anos, no Jardim Curitiba. Ele queria um celular e a vítima não portava nenhum. O repórter Pedro Nunes é o autor da reportagem “Polícia segue na busca de criança”. Aos 13 anos, o criminoso deve ser tratado como criança ou adolescente? Já a vítima é tratada como “garoto”. No subtítulo, o jornal escreve: “Jovem... já foi apreendida”. Como se trata de uma pessoa do séxo masculino, o jovem, o correto é “apreendido”. Independentemente da terminologia, se criança ou adolescente, trata-se mesmo de uma pessoa bem jovem. Segundo a polícia, o garoto “já foi apreendido por roubo, furto e tráfico”.

O Popular foi o único diário de Goiás que destacou assassinato brutal de funkeira goiana

O jornal “Extra” mostrou cenas, cortando as mais cruéis, do assassinato da funkeira goiana Amanda Bueno, de 29 anos. Comecei a ver e logo desisti — tal a brutalidade de Milton Severiano Vieira, noivo da garota. Em Goiás, o “Pop” deu a notícia no sábado, 18, com destaque (com fotografia) na capa (“Noivo mata funkeira goiana no Rio”). “Diário da Manhã” e “O Hoje” não deram a notícia.

Jornalismo nefelibata de O Popular

Os leitores não entendem por qual motivo os jornalistas de “O Popular” preferem escrever artigos sobre o país e o mundo, mas raramente sobre o Estado em que vivem. Fabiana Pulcineli, pelo contrário, ousa debater temas locais.