Jornal inglês publica pela primeira vez a foto da grande paixão de Lênin, Apollinariya Yakubova
06 maio 2015 às 17h04
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O líder bolchevique, tido como o “homem de gelo”, teria chorado ao receber a notícia sobre a morte da bela revolucionária “anarquista”
O jornal espanhol “ABC”, citando o jornal britânico “The Independent”, revela na edição de quarta-feira, 6, na reportagem “Desvelam por fin el rostro de la ‘sexy’ joven que rompió el corazón de Lenin”, a história e, sobretudo, a fotografia da grande paixão do líder comunista russo Vladimir Lênin. Sabia-se da história de Apollinariya Yakubova, mas não se conhecia suas feições. Descoberta pelo pesquisador e professor Robert Henderson, da Queen Mary University, na Inglaterra, a foto teria sido feita na Sibéria: Apollinariya havia sido desterrada pelo czarismo.
Apollinariya Yakubova “era um nome sem rosto”, afirma o “ABC”. Não é mais. Robert Henderson encontrou a fotografia no Arquivo Estatal da Federação Russa. “Está confirmado o que diziam seus contemporâneos: a russa é muito bonita”, disse o historiador ao “Independent”. A jovem tem “olhos castanhos, cabelo escuro e feições suaves”. Os contemporâneos diziam que “sua presença e seu cheiro lembravam ‘prados frescos’”.
Lênin era profundamente atraído pela beleza e charme de Apollinariya Yakubova. Segundo Robert Henderson, era como “uma força” da natureza, “primeva”. Há indícios de que tinha uma boa cabeça política e debatia com Lênin, um estudioso tão rigoroso (sabia tudo de Karl Marx e Herzen, notável escritor russo do século 19) quanto infatigável. A russa era como “uma tocha revolucionária capaz de derrotar o coração mais duro”.
Choro do homem de gelo
Apesar de ter sido o grande amor de Lênin, sabe-se pouco sobre Apollinariya Yakubova. Ela estudou física e matemática “durante a juventude e conheceu Lênin aproximadamente em 1890, em São Petersburgo”. Eles foram apresentados por Nadezhda Krupskaya, futura mulher de Lênin. Não se sabe se a paixão foi à primeira vista, mas é provável que sim, sugere o historiador. Os dois passaram a se ver com frequência em reuniões e comícios políticos.
Pesquisadores da história da Rússia e da União Soviética acreditam que, logo depois de se conhecerem, Lênin propôs casamento à bela “Lirochka”, como o futuro chefão bolchevique a chamava, carinhosamente. Apollinariya Yakubova não quis se casar com o político socialista. Despeitado, Lênin casou-se com Krupskaya, em 1898. Mesmo casado, escrevia cartas nas quais mencionava Lirochka constantemente, sem disfarçar a paixão. A própria mulher era citada como “‘grande amiga’, mas não como ‘grande amor’”.
Quando Apollinariya Yakubova mudou-se para Londres, Lênin começou a visitá-la. Porém, a jovem, então com 27 anos, havia deixado de comungar as ideias comunistas, o que provocou intensas discussões com o líder comunista. Durante uma discussão, acerba, Lênin tachou-a de “anarquista” (o anarquista é visto pelos comunistas como um adversário, até inimigo, figadal). Dadas as divergências, eles foram se distanciando. “Não pude reconciliar-me com ela”, escreveu Lênin.
Não se sabe o que aconteceu com Apollinariya Yakubova posteriormente. “Acredita-se que morreu entre 1913 e 1917.” Lênin, o homem de gelo, teria chorado, sugere o historiador Robert Henderson, e jamais a esqueceu. Mas o fato é que se sabe muito pouco, quase nada, a respeito do amor entre os dois. Chegaram a ser amantes, num sentido mais amplo? Não se sabe.