Imprensa

O livro “Reinventando o Capitalismo de Estado — O Leviatã nos Negócios: Brasil e Outros Países” (Penguin, 402 páginas, tradução de Afonso Celso da Cunha Serra), de Aldo Musacchio, professor da Harvard Business School, e Sergio G. Lazzarini, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), examina, entre outros casos, a expansão do grupo JBS, dirigido pelos irmãos goianos Joesley e Wesley Batista. Nas páginas 9, 11, 15, 232 e 318, Musacchio e Lazzarini explicam como se deu, debaixo das asas protetoras do BNDES, o crescimento do grupo que fatura mais de 100 bilhões de reais por ano.
No sábado, 18, “O Hoje” destacou na primeira página: “Por assalto, serial killer pega 12 anos [e quatro meses] em regime fechado”. O jornal informa que que, “desta vez, o julgamento não foi por homicídio. Ele assaltou duas vezes uma mesma agência lotérica”. Mas há um equívoco: Tiago Henrique Gomes da Rocha não “responde por 39 homicídios”. O editor da capa é corrigido pela repórter Jéssica Torres, que aponta “25 processos por homicídio”. “O Popular” surpreende por não se lembrar que os leitores às vezes acompanham o desenrolar dos fatos como se fossem novelas. O jornal publicou apenas nota, na página 10. O “Diário da Manhã” publicou reportagem, transcrita do G1, e ainda diz “o suposto serial killer”. Mas, assim como “O Popular”, não deu na primeira página.
A repórter Malu Longo (merecia ter o nome destacado na capa, como fazem os grandes jornais) escreveu em “O Popular”, na edição de domingo, 19, uma das melhores matérias da semana: “A estrada dos mil buracos”. A jornalista percorreu 444 quilômetros da BR-153 — a maior rodovia do país —, entre Anápolis e a divisa com o Tocantins, e encontrou “dois buracos por quilômetro” e “19 veículos parados no acostamento com pneus furados”. Malu Longo relata que o Grupo Galvão, desde a crise desencadeada pelas investigações da Operação Lava Jato, parou a recuperação da rodovia. O Grupo Galvão ganhou a concessão para explorar pedágio na BR-153, mas agora diz não ter recursos para duplicá-la, melhorar as pistas e atender os motoristas. As fotografias, de ótima qualidade, são de Renato Conde.
Um adolescente de 13 anos atirou num menino de 11 anos, no Jardim Curitiba. Ele queria um celular e a vítima não portava nenhum. O repórter Pedro Nunes é o autor da reportagem “Polícia segue na busca de criança”. Aos 13 anos, o criminoso deve ser tratado como criança ou adolescente? Já a vítima é tratada como “garoto”. No subtítulo, o jornal escreve: “Jovem... já foi apreendida”. Como se trata de uma pessoa do séxo masculino, o jovem, o correto é “apreendido”. Independentemente da terminologia, se criança ou adolescente, trata-se mesmo de uma pessoa bem jovem. Segundo a polícia, o garoto “já foi apreendido por roubo, furto e tráfico”.
O jornal “Extra” mostrou cenas, cortando as mais cruéis, do assassinato da funkeira goiana Amanda Bueno, de 29 anos. Comecei a ver e logo desisti — tal a brutalidade de Milton Severiano Vieira, noivo da garota. Em Goiás, o “Pop” deu a notícia no sábado, 18, com destaque (com fotografia) na capa (“Noivo mata funkeira goiana no Rio”). “Diário da Manhã” e “O Hoje” não deram a notícia.
Os leitores não entendem por qual motivo os jornalistas de “O Popular” preferem escrever artigos sobre o país e o mundo, mas raramente sobre o Estado em que vivem. Fabiana Pulcineli, pelo contrário, ousa debater temas locais.
A “CartaCapital”, revista dirigida por Mino Carta, passou a levar a Operação Lava Jato mais a sério. Chegou a publicar reportagem mostrando as conexões de Renato Duque, homem do PT na Petrobrás, com o esquema corrupto. A revista sugere que ele se beneficiou pessoalmente. Não foi um “roubo” tão-somente partidário-ideológico. A revista indica seriedade ao perceber que a roubalheira na Petrobrás é um fato — e que não decorre, portanto, de denuncismo da oposição.
Do presidente da Assembleia Legislativa, Helio de Sousa (DEM), para os jornalistas que escrevem seu nome incorretamente: “Os jornais escrevem ‘Hélio’ de Sousa. Na verdade, o meu ‘Helio’ não tem acento. E o Sousa se escreve com ‘s’, e não com ‘z’”.
[caption id="attachment_33766" align="alignleft" width="300"] Arquivo pessoal/Facebook[/caption]
Flora Ribeiro deixou a assessoria de comunicação da administração penitenciária do governo de Goiás. A jornalista, do primeiro time, enviou um comunicado às redações: “Caros colegas, gostaria de lhes informar que a partir de hoje [sexta-feira, 24] não estou mais responsável pelas atividades de comunicação da administração penitenciária. Nesses 12 anos no exercício dessa função, espero ter colaborado da melhor maneira possível, sempre que fui acionada por vocês. Agradeço pela colaboração, paciência e pela oportunidade do aprendizado que me proporcionaram na relação com todos vocês. A assessoria já está sendo cuidada pelo responsável e profissional colega Rodrigo Hirose, chefe da Comunicação Setorial da SSP. O telefone 62-8418 1052 continua sendo da assessoria”.
A repórter não explica o motivo de ter saído da assessoria.
O site Goiás 24 Horas relata que um homem, identificado como o petista Silvio Eduardo Cavalcante — assessor parlamentar da deputada estadual Adriana Accorsi, do PT —, “agrediu” o jornalista Cristiano Silva no Salão Nobre da Assembleia Legislativa de Goiás na quinta-feira, 23. Cristiano Silva é diretor do site.
Num vídeo (veja abaixo), Silvio Eduardo aparece dizendo: “Aqui você conversa. Lá fora eu quero ver. Eu te acho, viu. Eu te pego!”. Cristiano Silva garante que o assessor de Imprensa da Adriana Accorsi teria dito duas vezes: “Eu te mato. Eu te mato”.
https://www.youtube.com/watch?v=f23X5_dHzcw
Por que o assessor de Adriana Accorsi ameaçou o jornalista? Texto do Goiás 24 Horas arrisca duas possibilidades: “Uma possibilidade é a insatisfação do assessor com as críticas do Goiás 24 Horas ao Partido dos Trabalhadores, pelos sucessivos escândalos de corrupção. Outra são as notas sobre a pouca atividade da deputada Adriana Accorsi, que ainda não mostrou a que veio como parlamentar estadual”.
Qualquer que seja a causa, o assessor de Adriana Accorsi não tem o direito de ameaçar jornalista ou quaisquer outras pessoas. Adriana Accorsi, delegada da Polícia Civil, é uma política pacífica, filha de um defensor dos Direitos Humanos, Darci Accorsi, e certamente não concorda com a atitude do assessor. Porém, se não controlar seu auxiliar, o país vai começar a descobri-la como uma política que contrata auxiliares truculentos. Para quem pretende disputar a Prefeitura de Goiânia, em 2016, não pega nada bem ter como auxiliares pessoas que falam em bater ou matar “adversários” (vistos, no caso, como “inimigos”).
Há duas formas de se lidar com aquilo de que se discorda. Primeiro, respondendo, por meio de artigo, direito de resposta. Segundo, pela via judicial. São as formas civilizadas e democráticas. A ameaça física, de bater ou matar, é coisa de ditaduras e criminosos. O PT, depois da corrupção, vai embarcar noutra “tendência” suicida?
O jornalismo do “Em Pauta”, da Globo News, parece leve e, portanto, superficial. De fato, aqui e ali, há comentários perfunctórios sobre política, economia, cinema, livros — quase no estilo do Faustão: “o melhor do país”. Mas os comentários de Eliane Cantanhêde, Gerson Camarotti, Mara Luquet (mesmo quando incentiva a investir, recomenda cautela, bom senso) e, sobretudo, Jorge Pontual.
Quem diria: o mineiro Jorge Pontual [acima], 67 anos em novembro, com sua cara de menino travesso, talvez tímido por se expor tanto num programa de massa, é o charme do programa. Ele informa com competência, se envolve com aquilo que pesquisou e está revelando para os leitores, e tem cultura. Além disso, sua graça parece espontânea e não raro tem tutano para enfrentar o politicamente correto. É um Paulo Francis aristocrata.
Guga Chacra, o garoto (fora do lugar) da turma, além da voz irritante, não treinada para a comunicação com o público televisual, divulga informações como se fosse um robô, quer dizer, como se não tivesse assimilado aquilo que está propagando. Parece que sabe das coisas, mas tem dificuldade de processar e sintetizar as informações. Quando Guga Chacra aparece no lugar de Jorge Pontual, dado o revezamento da equipe, o “Em Pauta” fica fragilizado, meio, digamos, “Sem Pauta”.
Eliane Cantanhêde começou hesitante, titubeando — era (e é) um profissional mais de jornais impressos, agora está no “Estadão”, e muito bem, motivada —, é uma comentarista do primeiro time. No momento, só está perdendo terreno, se está, para a excelente Renata lo Prete. Fica-se com a impressão, quando se ouve Lo Prete falando, explicando os fatos, arrancando-lhe a alma, que nasceu para a televisão. A ex-ombudsman da “Folha de S. Paulo” consegue entender e explicar os fatos com rapidez e inteligência, com segurança e isenção. Craquíssima.
Gerson Camarotti, com a aquela bochechona de padre velho e gordo e sua fala pausada e cansativa, é, acima de tudo, um excelente repórter. Ele é seguro e bem informado.
Bete Pacheco [acima]é tão linda e charmosa — este comentário é mesmo idiossincrático — que nem sempre acompanhamos o que está falando. Se a objetividade entra em questão, aí percebe-se que Bete Pacheco é mais repórter do que comentarista. Mesmo quando aparentemente está comentando, opinando, na verdade está reportando. Falta opinião e firmeza nos seus comentários. Não é, mas às vezes sua divulgação cultural soa como publicidade.
Sérgio Aguiar [acima] é simpático, rápido no gatilho e nenhum outro jornalista da Globo News apresenta o programa tão bem. Ele é um dos responsáveis pelo “clima” descontraído do “Em Pauta”.
O deputado Wanderley Dallas “apresentou um projeto que propõe transformar palavras como ‘piroca’, ‘cabaço’, ‘baitola’, ‘pinguelo’ e ‘xibiu’ em patrimônio imaterial do Estado”
“Vício Inerente”, filme de Paul Thomas Anderson, com Joaquin Phoenix e Josh Brolin, não entrou em cartaz nos cinemas de Goiânia. É provável que nem entre, ou, se entrar, fique apenas uma semana, se ficar. Quem aprecia cinema de certa qualidade não deve ter apreço algum pelos programadores de filmes da capital construída por Pedro Ludovico. O “filme” (reluto em pôr aspas, mas, depois de consultar os críticos de cinema Iúri Rincon Godinho e Adalberto de Queiroz, decido colocá-las) “O Vingadores 2 — Era de Ultron”, dirigido por Joss Whedon (será que alguém precisa dirigir uma joça dessa?!), será exibido em 24 salas de cinema da cidade! Duas exclamações num texto de jornal não pegam bem. Ora, o que não pega bem é exibir um filme deste naipe em tantas salas. É uma verdadeira ode à estupidade, diria Mário de Andrade.
O crítico e cinéfilo Lisandro Nogueira, que entende de cinema, não diz nada, não faz nenhum protesto. Espero que o André Lcd, o Marcelo Franco, o Ademir Luiz, a Candice Marques, o Arthur de Lucca (autor do livro jamais escrito “Porque o Cinema Não é Arte”) e o Danin Júnior, vingadores da arte, saquem suas armas e comecem uma “vingança” urgente.
Os jornais não vão protestar. Estão paralisados.
Passou o tempo da beleza a todo custo. Cuidar da aparência para elevar a autoestima é decisão que deve ser pensada em criteriosos debates entre médico e paciente
O professor de Oxford escreveu livros seminais sobre a Revolução e a Guerra Civil Espanhola