Imprensa

Guilherme de Pádua e Paula Thomaz alegam não ter condições de pagar 500 salários mínimos para a autora de novelas da TV Globo e 500 salários mínimos para o ator de novela

A jornalista continua escrevendo em seu blog e vai publicar artigos no “Diário de Goiás”

A Ordem dos Advogados do Brasil é uma “casa” de todos, não é um “edifício” ideológico das esquerdas
[caption id="attachment_64287" align="alignright" width="620"] Jair Bolsonaro e Brilhante Ustra: o deputado revisa a história e defende o coronel do Exército, que é apontado como torturador[/caption]
É consenso entre pesquisadores, ideológicos ou não, que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o doutor Tibiriçá, comandou parte dos grupos de tortura na ditadura civil-militar.
Independentemente do fato de que esquerdistas — terroristas, no dizer dos militares — não queriam implantar uma democracia no Brasil, pugnavam por outra ditadura, a do proletariado, portanto havia uma guerra entre forças políticas e militares, a tortura é execrável. Há quem diga que, na guerra, vale tudo — menos perder. Os militares, para combater a guerrilha, que queria derrubar o governo, precisavam de informações rápidas — para prender novos militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) e da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), as maiores organizações da luta armada; daí a lógica da tortura. O presidente-general Ernesto Geisel chegou a dizer: “Acho que a tortura, em certos casos, torna-se necessária para obter confissões”. O capitão esquerdista Carlos Lamarca e seus camaradas mataram um militar friamente, a coronhadas, quando poderiam tê-lo deixado amarrado. Em fuga, temiam ser descobertos.
- Livros de história, e se está falando dos mais equilibrados, e depoimentos sugerem que muitos presos foram torturados e, vários, mortos quando não tinham mais nada a revelar que pudesse ajudar no combate à guerrilha. A partir de certo momento, a ordem, de cima, era para torturar e matar. Era cortar o “mal” pela raiz. Fala-se em porões da ditadura, locais onde guerrilheiros eram torturados e não raro mortos, quando, na verdade, não eram bem porões, porque a cúpula do governo sabia o que estava acontecendo nas suas dependências. Os porões eram, por assim dizer, extensões das áreas oficiais — eram para-oficiais. A tortura, por si, é grave. Trata-se de um crime, mesmo na guerra. As mortes em combate, com trocas de tiros de ambos os lados, têm sua justificativa. Fala-se, com alguma propriedade, que chumbo trocado não dói. Mas as mortes nas prisões, oficiais ou não, como na Casa da Morte, em Petrópolis, ferem as próprias convenções dos soldados que se combatem. O preso é um ser indefeso e, como tal, deve ser protegido. Quem diz isto é ingênuo? Pode até ser. Mas precisa-se, mesmo em circunstâncias difíceis, de limites. Sem regras de contenção, os homens, militares ou não, tendem à barbárie. O delegado Sérgio Paranhos Fleury, tido como besta-fera dos porões, era uma espécie de James Bond da ditadura civil-militar. Não se pode esquecer de que um dos chefes da ALN, Carlos Eugênio Sarmento Paz, comandou o assassinato de Márcio Toledo única e exclusivamente porque ele queria deixar a guerrilha. É uma morte que clama por lembrança e, até, condenação.

Execrado pelo esquerdismo, o Jornal Nacional procura oferecer aos telespectadores uma visão ampla dos problemas. Veículos de esquerda só atacam os “adversários”
Petistas dizem que o jornalismo da TV Globo tem sido parcial a respeito das denúncias da Operação Lavajato. Pode ser que, dada a exposição da história do petrolão, quando os vilões estão associados ao PT, tal ideia fique cristalizada. Mas é visível a tentativa de o “Jornal Nacional” divulgar as denúncias e, ao mesmo tempo, procurar expor o outro lado com extremo cuidado. Ocorre que, muitas vezes, o outro lado não quer falar ou apenas emite uma declaração curta, mais protocolar do que esclarecedora, em geral elaborada por advogados.
As publicações de esquerda, quando acusam, têm o mesmo cuidado que o “Jornal Nacional”? Em geral, não têm. Há, nas publicações de esquerda, uma mistura de fatos com ideologia e, a partir de certo momento, não se sabe mais o que são fatos e o que é ideologia. Fica-se com a impressão de que a esquerda está certa única e exclusivamente porque é a esquerda. Ouvir o outro lado? Nem pensar.
Das publicações ligadas ao petismo, ou ao lulismo — o Lulopetismo —, a “CartaCapital” é uma das poucas que procuram ouvir o outro lado com algum cuidado. Mas, nos últimos meses, a revista está quase toda editorializada, praticamente militante, em defesa do governo da presidente Dilma Rousseff e do “legado” do ex-presidente Lula da Silva. Parece um onipresente cão de guarda do Lulopetismo.
Os blogs que apoiam o PT e o governo de Dilma Rousseff criticam o facciosismo dos outros, mas são extremamente facciosos. Alguns chegam a ser fanaticamente petistas, divulgando boatos como se fossem fatos e fazendo uma defesa irracional do petismo. Tudo que é ligado ao PT é “maravilhoso”. Tudo que é ligado ao PSDB é “demoníaco”. A revista “Veja” é a besta-fera do apocalipse.
A imparcialidade que cobram da “Veja”, os blogs petistas não exigem de si.
Ao contrário da “Veja” e dos jornais “O Globo” e de “O Estado de S. Paulo”, que mostraram que o impeachment da presidente Dilma Rousseff seria aprovado, a “Folha de S. Paulo”, na edição de sábado, 16, possivelmente baseada em fontes pouco confiáveis — o que revela que a sucursal de Brasília falhou gravemente —, comprou e publicou a tese, de matiz governista, que, no domingo, revelou-se equivocada: “Governo Dilma contém favoritismo do impeachment a 48 horas da votação”. O impeachment foi aprovado na Câmara dos Deputados por larga maioria, o que deve ter surpreendido os repórteres da “Folha”. Não há a menor dúvida de que o jornalismo político do jornal paulistano está ficando para trás em comparação aos demais jornais, notadamente o “Estadão” e “O Globo”, e revistas, como “Veja” e “Época”.

Com muita ousadia em tempos de crise e um projeto planejado durante anos, os empresários Sirlene e Joaquim Milhomem lançaram a bela publicação “Elementar”, com distribuição dirigida a consumidores e formadores de opinião das classes A e B e executivos da cadeia produtiva de alimentos e bebidas, do produtor rural ao vendedor. O objetivo é ser uma plataforma goiana para o Brasil.
Em seu número inaugural, com 64 páginas, “Elementar” traz reportagens sobre batata, aquicultura, cervejas, glúten e biscoitos. Com pauta aberta, outros temas são abordados, como produção e produtividade agrícola, pets e uma bela reportagem sobre distribuição de alimentos a famílias carentes na Ceasa de Goiânia, assinada pelo editor Warlem Sabino. Destaque para entrevista exclusiva com representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.
“Acreditamos no mercado”
Sirlene Milhomem acredita que a ousadia pode fazer a diferença. Com esse espírito, ela e o marido-sócio Joaquim Milhomem colocaram no mercado a revista “Elementar”.
“As pessoas falam em crise, e realmente os tempos estão difíceis. Mas ninguém pode deixar de comer e de beber. Nós acreditamos que há espaço para uma boa publicação que coloque essa necessidade básica em pauta, de forma atrativa, leve mas ao mesmo tempo com profundidade. Durantes uns dez anos pesquisamos, ouvimos o mercado. O resultado é ‘Elementar’”, diz a empresária, também jornalista por formação, à frente da Oficina de Comunicação, agência goiana que oferece soluções de comunicação empresarial, há 15 anos no mercado.
O mercado editorial tem fechado empresas e cortado oportunidades. É mais que louvável o nascimento da “Elementar”. Que tenha vida longa.

A história da participação de 25 mil brasileiros na Segunda Guerra Mundial ainda está sendo escrita. Há grandes histórias à espera de resgate

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Só me resta levar os meus cachorros, Sartoris, Frida e João para a terra dos cangurus. Para que vivam mais

Ignorar a diferença política e ontológica entre o cuspe do deputado do PSOL e os cuspes do deputado do PSC é reproduzir o jogo leviano que nivela crachos e escrachos

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[caption id="attachment_63821" align="aligncenter" width="620"] Glenn Greenwald, americano, e Lula da Silva: o primeiro, jornalista quase
iniciante, parece ter sido seduzido pelo segundo, político experimentado | Erick Dau/The Intercept[/caption]
O advogado americano Glenn Greenwald, um dos responsáveis por divulgar as denúncias de espionagem feitas por Edward Snowden, está impressionado com a imprensa brasileira.
Depois de entrevistar o ex-presidente Lula da Silva, que parece tê-lo influenciado, disse, no site The Intercept: “Estou chocado com a mídia aqui. Como as Organizações Globo [sic, é Grupo Globo], ‘Veja’, ‘Estadão’, estão tão envolvidos no movimento contra o governo, defendendo os partidos de oposição. Eles fingem imparcialidade, mas, na realidade, agem como a principal ferramenta de propagada. Quero discutir o papel da mídia brasileira incitando os protestos e pressionando a saída de Dilma” Rousseff.
É possível que haja excessos e que a versão do outro lado não esteja sendo exibida de maneira adequada. O mais provável é que o outro lado, ante os fatos estarrecedores, não esteja conseguindo apresentar uma versão crível dos fatos.
Curiosamente, Glenn Greenwald não fez comentários sobre a corrupção dos governos do PT.
Parece tê-las achado “normal” ou desconhece a extensão das investigações.
Glenn Greenwald parece ignorar a história de Lula da Silva e do PT. Noutros episódios, antes e depois do impeachment de Fernando Collor, ninguém “usou” a imprensa tão bem para atacar governos e políticos. O petismo “vazava” documentos e os integrantes do PT davam entrevistas bombásticas e criavam “movimentos críticos” — ótimas fontes para a imprensa — com o objetivo de descontruir seus adversários, por vezes, tratados como inimigos a serem destruídos. Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, para citar apenas dois políticos, foram atacados com virulência pelo PT.
Por não conhecer bem a história política do país, Glenn Greenwald não questiona uma fala de Lula da Silva sobre a “impressa ideal”: “Altamente democrática, que tivesse sua opinião política e ela fosse expressa num editorial, mas que fosse muito, muito fiel aos fatos. Que não tivesse versão, tivesse os fatos. Pois bem, aqui no Brasil hoje você não tem partido de oposição. Aqui no Brasil quem faz a oposição é, na verdade, a mídia”.
O que Lula da Silva diz é até bonito, mas não traduz o comportamento do PT. Quando na oposição, o petismo usava a imprensa para desancar seus adversários, expondo mais versões do que fatos (na prática, a “imprensa ideal”, do ponto de vista de Lula, é a que defende o PT, como “CartaCapital”). Grave, porém, é como o ex-presidente, com a anuência de Glenn Greenwald, omite as ações da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal — concentrando sua crítica, ou raiva, na imprensa.
Glenn Greenwald sequer especula: as investigações e denúncias da Operação Lava Jato, de que o governo do PT criou uma corrupção sistêmica, são falsas? Não são e os fatos, e não as versões, estão sendo expostos em toda a sua crueza. Os fatos são chocantes, não as denúncias em si. É o busílis da questão.
O que aconteceu com Glenn Greenwald? Primeiro, não se trata de um jornalista profissional e, por isso, tende a ficar impactado com entrevistas de políticos sedutores como Lula da Silva.
Segundo, parece que está lendo e vendo pelo alto o que está acontecendo no Brasil. A corrupção do governo petista deveria impressioná-lo mais do que as críticas — verdadeiras — da imprensa. Ele deveria conversar com o juiz Sergio Moro e com pelo menos um dos procuradores federais, como Deltan Dall’Agnol. Teria uma ideia mais circunstanciada das investigações e constataria que a imprensa está divulgando as informações com o máximo de lisura e rigor.
Aos radicais, à esquerda e à direita: apesar do posicionamento pró-Lula, Glenn Greenwald é um profissional competente e íntegro.
A entrevista de Lula — interessantíssima — pode ser lida no site The Intercept.

[caption id="attachment_63819" align="alignright" width="277"] Biografia conta que, apontado como misógino, Auguste Strindberg valorizava as mulheres que tinham profissão[/caption]
Auguste Strindberg (1849-1912) é o William Shakespeare da Suécia. Mas, ao contrário do britânico, não caiu nas graças das editoras patropis. Alguns de seus livros saíram no Brasil, mas, fora as edições da Hedra, a maioria só pode ser adquirida em sebos. Podem ser encontrados, sobretudo no site Estante Virtual, “Inferno” (Nova Fronteira e Max Limonad), “Gente de Hemso” (Hedra, Portugália, Europa-América), “A Dança da Morte” (Abril Cultural e Veredas), “Senhorita Júlia e a Mais Forte” (Ediouro), “Crimes e Crimes” (Edusp), “Sagas” (Hedra), “Senhorita Júlia e Outras Peças” (Global e Hedra), “Pai” (Peixoto Neto), “Tempestade — A Casa Queimada — A Menina Júlia” (Presença). Parece muito. Mas é muito pouco, dada a imensa produção do dramaturgo. Sobre o múltiplo escritor há dois clichês básicos: “louco” e “genial”.
Genial, sim. Louco, não. O jornalista espanhol e editor de livros Jordi Guinart aprendeu sueco, estudou sua obra e sua vida a fundo, durante quase uma década, e escreveu uma biografia para desfazer alguns enganos: “Strindberg — Desde el Infierno” (Funambulista, 400 páginas).
Numa resenha para o jornal espanhol “El Mundo”, publicada no início do mês, Javier Blánquez diz que muito se escreveu sobre Strindberg, mas “não se sabe tudo sobre” o escritor. Como explorou sua própria vida, detalhando-a em suas histórias, tende-se a ver sua obra como parcialmente autobiográfica. Mesmo assim, com os fatos bem documentados, “Strindberg engana”, afirma Jordi Guinart. “As novelas não são a realidade. Strindberg fazia literatura a partir de sua vida, mas não estava contando sua vida real”, anota o biógrafo. Não era um jornalista, digamos, e sim um criador literário. Ficção e realidade são irmanados em seus livros, imbrincadas por sua poderosa imaginação.
Para entender um autor complexo e altamente produtivo como Strindberg, é preciso apaixonar-se pelo autor e por sua obra. É o que aconteceu com Jordi Guinart. A paixão começou com “Inferno”, considerada sua obra mais importante. A obra do autor está reunida, na Suécia, em mais de 75 volumes — excluindo a correspondência. “‘Inferno’ é a crônica literária dos anos mais obscuros de Strinberg em Paris, de sua obsessão pelo ocultismo, pela alquimia e pelo monismo.”
A paixão por Strindberg é tanta que Jordi Guinart diz que é como estivesse enfeitiçado tanto pelo homem quanto pela obra. “Com Strindberg é assim: o leitor fica fascinado, mesmerizado, ou então não se gosta em absoluto”, assinala o biógrafo. O autor da obra diz que visitou a Suécia, andou pelos lugares onde o autor morou, circulou e dos quais falou. Ele leu passagens de seus livros exatamente nos locais comentados por Strindberg. “Senti que ele me falava diretamente.” A obra do sueco agarra o leitor e não solta — exigindo-lhe um amor próximo do desespero.
O escritor Karl Ove Knausgård, autor do livros “A Morte do Pai” e “A Ilha da Infância”, ambos editados pela Companhia das Letras, é, segundo Jordi Guinart, “herdeiro de Strindberg”. Mas o sueco é mais “impudico” do que o norueguês. Strindberg “explica coisas sobre si mesmo que era impensável imaginá-las no século 19”. Estava à frente de seu tempo. “A cultura do egocentrismo e a obsessão pelo eu nascem em boa parte com o dramaturgo. A maioria de suas fotografias foi feita por ele mesmo. Tecnicamente, são selfies.”
Depois de estudar a obra de Strindberg por nove anos, vasculhando-a de ponta a ponta, Jordi Guinart percebeu que não havia nenhuma biografia decente ou indecente em espanhol. O jornalista afirma que as traduções para a língua de seu país têm sido feitas a partir do francês e do alemão. A tradução de “Inferno”, a partir do francês, é incompleta. A Editora Acantilado traduziu o livro do sueco, sem cortes.
A personalidade vulcânica de Strindberg, além do fato de ser um autor prolífico, atraiu Jordi Guinart, que decidiu estudá-lo de maneira detida. Ele trata seu estudo como “uma biografia de iniciação” — para abrir o “apetite” —, um convite para o leitor compreender tanto o dramaturgo quanto sua obra. “A principal complicação não foi a pesquisa e escrever o livro, mas tomar a decisão do que incluir e do que excluir. Há um excesso de informação sobre Strindberg”, afirma.
Strindberg teve uma vida turbulenta — eis um consenso. A questão mais polêmica é a história de sua “loucura”. Jávier Blánquez diz que “geralmente se fala do dramaturgo como um ‘demente’, como alguém que, em determinado momento de sua vida, perdeu o controle de si”, tornando-se alheio à realidade. “Mas os psiquiatras com os quais tenho conversado asseguram que quatro meses, o tempo que durou a crise que o levou a escrever ‘Inferno’, não são suficientes para determinar que era louco. Suas crises foram recorrentes, o desestabilizaram, mas não era loucura”, afirma Jordi Guinart. Por certo, era melancolia ou, quem sabe, depressão circunstancial.
As crises de Strindberg eram resultados, sugere Jordi Guinart, de “conflitos matrimoniais, falta de recursos financeiros, fracassos das estreias e encenações de suas peças e desapareço do público” — que, por vezes, não entendia seu arrojo artístico e modernidade. Seus variados problemas são apontados pelo biógrafo como causa de sua misoginia. Seus ataques gratuitos e rasteiros eram dirigidos a rivais e às suas ex-mulheres.
“Na realidade”, ressalta Jordi Guinart, Strindberg “não atacava as mulheres, e sim suas ex-mulheres e, por meio delas, um certo modelo de mulher: a senhora burguesa sueca acomodada e sem um ofício” e que, por isso, precisava ser sustentada e “não fazia outra coisa a não ser queixar-se”.
Strindberg “admirava os pobres. De certo ponto de vista, foi um feminista ao inverso. Sua linguagem hoje nos choca, porque estamos em um momento de extrema correção, e não se pode negar que, durante certo período de sua vida, seu comportamento e seus textos foram misóginos. Porém ele falava da mulher trabalhadora, apoiou e cobrou o voto feminino”. O dramaturgo “incentivava as mulheres a trabalhar” e a “crescer por intermédio de suas carreiras profissionais”.
Comenta-se que Strindberg era um perverso sexual. “Construíram um personagem impudico, que confundia realidade com desejo. Mas era lógico: o sexo, para ele, era parte humano e parte divino.”
Não há notícia de que o livro será editado no Brasil.

A mudança do formato standard para berliner deixou, não há dúvida, o septuagenário “O Popular” com cara de mocinho. O jornal ficou muito mais bonito. A plástica rejuvenesceu-o.
Mas há um problema sério de concepção do que é jornalismo em tempos de internet, de globalização rápida da informação. O “Pop” produziu um jornal impresso para “concorrer” com a internet e as televisões. Não dá pé. O que se tem percebido é que o jornal está chegando velho às mãos de seus leitores. O jornal impresso pode até não desaparecer, mas terá de mudar seu perfil. Se quiser sobreviver — até “The Independent”, o notável jornal britânico, extinguiu a edição impressa —, se não quiser ser ignorado pelos leitores, o jornal tem de mudar. O primeiro passo é não tentar competir com a rapidez e o volume de notícias da internet. Jornais meramente fatuais se tornam velhos assim que são impressos.
Com a atual reforma — que é mais gráfica do que editorial —, “O Popular” radicalizou na competição com a internet e, por isso, está perdendo a guerra. Está cada vez mais fatual, com escasso espaço para opinião, sobretudo a opinião da própria redação. É possível sugerir que o “Pop” está com cara de “internet velha”. Suas notícias, por vezes, são desmentidas logo de amanhã e os leitores percebem isto. Fabrício Cardoso e Silvana Bittencourt, editores sérios e competentes, certamente, ao longo do tempo, irão promover novas mudanças e adaptações.
Para um jornal como “O Popular”, com larga tradição de seriedade e equilíbrio — se o objetivo for continuar com as versões impressa e online (hoje o impresso tem cara de online, com notícias curtas mas velhas, ou melhor, que não resistem às primeiras horas do dia) —, o caminho pode ser o da “Folha de S. Paulo”, “O Globo” e o “Estadão”, que, além de investirem forte na opinião abalizada, publicam reportagens especiais, exclusivas, quer dizer, que não estão nos outros sites na internet. As notícias triviais, sublinhe-se, estão em todos os lugares. Precisam ser publicadas? Sim, mas devem vir acompanhadas de análises circunstanciadas.