O Popular é um jornal que chega “morto” aos seus leitores já de manhã
16 abril 2016 às 10h55
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A mudança do formato standard para berliner deixou, não há dúvida, o septuagenário “O Popular” com cara de mocinho. O jornal ficou muito mais bonito. A plástica rejuvenesceu-o.
Mas há um problema sério de concepção do que é jornalismo em tempos de internet, de globalização rápida da informação. O “Pop” produziu um jornal impresso para “concorrer” com a internet e as televisões. Não dá pé. O que se tem percebido é que o jornal está chegando velho às mãos de seus leitores. O jornal impresso pode até não desaparecer, mas terá de mudar seu perfil. Se quiser sobreviver — até “The Independent”, o notável jornal britânico, extinguiu a edição impressa —, se não quiser ser ignorado pelos leitores, o jornal tem de mudar. O primeiro passo é não tentar competir com a rapidez e o volume de notícias da internet. Jornais meramente fatuais se tornam velhos assim que são impressos.
Com a atual reforma — que é mais gráfica do que editorial —, “O Popular” radicalizou na competição com a internet e, por isso, está perdendo a guerra. Está cada vez mais fatual, com escasso espaço para opinião, sobretudo a opinião da própria redação. É possível sugerir que o “Pop” está com cara de “internet velha”. Suas notícias, por vezes, são desmentidas logo de amanhã e os leitores percebem isto. Fabrício Cardoso e Silvana Bittencourt, editores sérios e competentes, certamente, ao longo do tempo, irão promover novas mudanças e adaptações.
Para um jornal como “O Popular”, com larga tradição de seriedade e equilíbrio — se o objetivo for continuar com as versões impressa e online (hoje o impresso tem cara de online, com notícias curtas mas velhas, ou melhor, que não resistem às primeiras horas do dia) —, o caminho pode ser o da “Folha de S. Paulo”, “O Globo” e o “Estadão”, que, além de investirem forte na opinião abalizada, publicam reportagens especiais, exclusivas, quer dizer, que não estão nos outros sites na internet. As notícias triviais, sublinhe-se, estão em todos os lugares. Precisam ser publicadas? Sim, mas devem vir acompanhadas de análises circunstanciadas.