Imprensa

Os excessos verbais dos programas da Band e da Record estariam contaminando o trabalho de seus repórteres? É um debate necessário

Fred Le Blue Assis
Especial para o Jornal Opção
Iluminado de graça com graça, um cometa bruto que sorriu e chorou, mas sempre fizera a todos só sorrir, mesmo aqueles que foram criticados por ele, mas que sabem que a arte é mais sincera que a política
Em pleno relaxamento do isolamento social em 2021, aquilombado no Bar do Turquinho, no Setor Sul, onde figuras notórias, porém buckovskianas, circulavam discretamente, surgiu a seguinte questão: Jorge Braga é ou não vilanovense?
Como a maioria da velha guarda do local era tigre, seria natural intuir que o cartunista, contumaz frequentador do local, também o fosse. Em algum momento, um dos amigos de Jorge bradou com a voz embargada com a convicção de um desembargador: “Ele já revelou”.
Em defesa heroica do contraditório, artigo de luxo por essas paragens do consenso autoritário, eu levantava a suspeita de que esses senhores poderiam estar trocando as bolas, e estar se referindo à Christie Queiroz, autor da Turma do Cabeça Oca, cujo personagem principal é um torcedor inconsequente do Vila.

Quando conheci Jorge Braga lá nesse boteco, tive até a chance de perguntar qual era seu time goiano do coração. Mas confesso que havia tantos assuntos mais interessantes da minha lista de estudioso da história política e cultural em Goiás para falar com o jornalista e artista lendário que essa dúvida futebolística foi chutada para escanteio.
Num tom de entrevista Marília Gabriela, Jorge comentou das suas idas e vindas pelo Centro-Oeste, visando contribuir na consolidação do Grupo Jaime Câmara em Brasília e Tocantins com os jornais de Brasília e do Tocantins.
Falou da mudança de paradigma tecnológico do desenho a mão livre para a caneta digital. Com mais intimidade, rememorou de como sofrida foi sua migração vindo de Patos de Minas para Goiânia, quando foi recebido pela família do seu primo Jorcelino, tendo morado de favor na casa dele, inicialmente.
Em caminhadas opostas, Jorcelino Braga (líder do PRD) passou a atuar como um grande marqueteiro e liderança política, enquanto, como de costume, Jorge fazia o serviço contrário, o de crítico de política: um assoprava depois que outro batia.
Lembro que pedia a Jorge para recomendar para alguma agência de propaganda, e ele me indicou o primo rico com a seguinte ressalva: “Mas não fala que foi o Jorge Braga que te indicou”.
Na verdade, Jorge é que foi o responsável pelo mais inusitado case de marketing político de Goiás (antes de existir este termo, é claro), quando conseguiu fazer seu trabalho de arte e de política convergir para um par de asas inimagináveis.

Falo de sua candidatura política surreal para deputado federal em 1986, mediante a “Campanha do Milhão", em que distribuía milho para os eleitores em uma carroça ao som de berrante, com a qual o candidato fez uma morosa e divertida passeata até Brasília.
Num momento de grande comoção, pude conhecer um homem transtornado pelos “ossos” do ofício do seu trabalho, pois que sabemos das dificuldades de trabalhar como cronista em Goiás, até mesmo no campo esportivo, como vimos sobre o caso de perseguição de um jornalista, como foi o do jornalista esportivo Valério Luiz de Oliveira, da Rádio Jornal 820 AM (atual Rádio Bandeirantes), que era conhecido como o mais polêmico e ácido do rádio.
Jorge confessou de forma inflamada e palestrante que, quando fazia uma charge com mais picardia, no outro dia costumava receber um telefonema ou um comentário nas redes sociais que visava intimidá-lo com frases do tipo: “O governador não gostou da sua charge!”.

Cansado do clima de polarização política que o colocava entre a cruz dos fanáticos religiosos e a espada dos autoritários políticos, entre a ditadura do politicamente correto ou do incorreto, sem espaços para a terceira margem do rio, dizia que queria se mudar para Balneário Camboriú, onde possuía um apartamento com vista pro mar e onde poderia trabalhar remotamente para Goiás, sem receio de voltar a não ter papas na língua.
Nesse sentido dia, lembro de que o cartunista quase caiu da cadeira literalmente, pois o compadre já estava recolhendo as cadeiras.
Apesar das (quase) baixas, o cartunista conseguia preservar a sua criança interior. E esse segredo, sim, ele revelou-me.
Todos os anos quando ia para Santa Catarina, um passeio costumava ser a sua fonte principal da juventude. Visitar o Beto Carreiro World.
Além de ser fanático pelo universo lúdico desse parque temático, Jorge foi amigo de Beto e a sua família, de quem ganhara passaporte vitalício para visitar o Parque.
Homenagens em vidas foram muitas, como a Gibiteca Jorge Braga com mais de 30 anos, situada no Centro Cultural Marieta Teles (Praça Cívica, em Goiânia), que estimula a renovação do público e da arte dos quadrinhos no Estado e o título de cidadão goianiense, conferido pela Câmara Municipal de Goiânia em 2013, por iniciativa da ex-vereadora Dra. Cristina Lopes.
Ele falou com certo orgulho também do título de cidadão pirenopolino, que recebeu após ter escandalizado a cidade com as suas fantasias extravagantes no carnaval da cidade por muitos anos seguidos, que fizeram os mascarados ficarem com medo em vez de assustar as pessoas.
Em Goiânia, viria a se fantasiar de morte no bloco Zé Ferino, durante o carnaval de 2019, brincando com a dita cuja, antes de ela brincar com ele neste mês de julho para ser removido do calendário.
Mais do que um ser humano, Jorge era um cartoon em pessoa com um sorriso pitoresco do Coringa e do Máscara, misturado com o charme freak do Super Badião, do Romãozinho e do Perebão.
Iluminado de graça com graça, um cometa bruto que sorriu e chorou, mas sempre fizera a todos só sorrir, mesmo aqueles que foram criticados por ele, mas que, na verdade, sabem que a arte é mais sincera que a política.
Por favor, não lotem a caixa de e-mail do jornal dizendo que você tem documentos fidedignos e fotos comprometedoras de que Jorge torce para o Vila, porque, no fundo, ele sempre torceu pela paz nos estádios.
Fred Le Blue Assis é doutor em Planejamento Urbano e Regional.

O cartunista Jorge Braga, de “O Popular”, morreu na terça-feira, 1º, em decorrência de enfisema pulmonar.
Como o escritor Carmo Bernardes, Jorge Braga nasceu em Patos de Minas, em 1955.
Jorge Braga, um dos mais importantes cartunistas do país, trabalhou no “Cinco de Março”, na “Folha de Goiaz”, no Jornal Opção (fez a primeira capa) e em “O Popular” (sua última casa).
Era membro da União Brasileira de Escritores-Seção de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa (AGI).

Um dos mais longevos cartunistas da imprensa goiana, Jorge Braga proporcionou alegria, diariamente, aos leitores. Espécie de “filho” goiano de Ziraldo, ele tinha um traço firme e inconfundível. Era divertido e inteligente. Fará falta e deixará o “Pop” mais sisudo.
A coluna Imprensa, do Jornal Opção, sempre sugeriu que “O Popular” revezasse na capa o cartum de Jorge Braga e a tirinha do Britz. Infelizmente, o jornal nunca apostou (na primeira página) no imenso talento de Jorge Braga. Os dois às vezes "escreviam", com seus desenhos e penas afiados, uma espécie de editorial alternativo do “Pop”. Era uma instância crítica — e arejada — num jornal conservador e sisudo.

Jorge Braga era como os poetas e artistas das, digamos assim, “antigas”. Claro, era um profissional, que publicava seu cartuns todos os dias. Mas, no fundo, era um romântico do estilo de Álvares de Azevedo e Fagundes Varella. Quando estava com saúde, apreciava beber com os amigos, sempre contando piadas e divertindo a si e a todos.
Com seu jeitão afável e brincalhão, era adorado pelos amigos. Era muito difícil encontrá-lo de mau humor.

O talento de Jorge Braga era imenso. Poderia ter feito sucesso na “corte” — São Paulo e Rio — e chegou a receber convites. Mas optou por ficar na “província”, onde, de alguma maneira, era o “rei” dos cartunistas.

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