Bastidores
Em busca de uma vaga de deputado federal pelo PSDB, o empresário Alexandre Baldy cumpre agenda de candidato majoritário. O jovem tucano visita de quatro a seis cidades quase todos os dias, sempre em contato com grandes lideranças dos partidos da base de Marconi Perillo. Seu objetivo é percorrer mais de 100 municípios até a convenção do PSDB, marcada para 28 de junho. Nesta semana, Baldy esteve com lideranças do Entorno e do Nordeste. Em todos os lugares, o ex-titular da Secretaria de Indústria e Comércio fala da importância de manter as políticas de desenvolvimento de Goiás, principalmente tendo representantes capacitados no Congresso Nacional. “Precisamos defender os empregos gerados em nosso Estado e continuar expandindo nossa economia com a atração de novos investimentos”, diz Alexandre Baldy. No início da próxima semana, seu giro vai ser por cidades da região Sul de Goiás.
Luzes de alerta estão piscando com intensidade nos escritores políticos de Iris Rezende (PMDB), Júnior Friboi (PMDB), Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT). Há um comentário generalizado de que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), está “descolando” no momento mais perigoso — a quatro meses das eleições. Este é o momento da “afirmação” dos candidatos. Mais: o tucano-chefe estaria se firmando como o “gestor que faz”, que une prática e teoria e que não perde tempo com discursos. Os mais assustados com o “descolamento” de Marconi Perillo são peemedebistas. Eles admitem que a crise gerada pela indefinição do nome do candidato a governador — Iris Rezende e Júnior Friboi dialogam, se tratam bem, mas não chegam a um acordo — está favorecendo o tucano e prejudicando o PMDB. A expectativa de poder está, neste momento, inteiramente com Marconi. Peemedebistas mais articulados sugerem que as oposições estão fazendo oposição a si mesmas, não a Marconi — que está, na opinião deles, “livre, leve e soldo”. Chegam a admitir que o espaço político está “ocupado” pelo governador, como se as oposições fossem uma ausência quase absoluta.
Há poucos dias, o principal líder do PMDB de Goiás, Iris Rezende, supostamente desistiu da pré-candidatura a governador do Estado. Porém, logo em seguida, pressionado por dezenas de aliados, recolocou-se, não como pré-candidato, e sim como uma espécie de candidato do PMDB “ético” e historicamente “relevante”. Por mais que se encontre com Júnior Friboi, o pré-candidato oficial do partido a governador, Iris não diz que não será candidato. Sugere apenas, contra a expectativa de Friboi, que não pretende ser candidato a senador. Ante a indecisão do PMDB, que praticamente volta a ter dois pré-candidatos a governador, os dirigentes de institutos de pesquisa tendem a recolocar o nome de Iris Rezende nas papeletas estimuladas, quer dizer, nas pesquisas de intenção de voto. No peemedebismo há quem defenda que é a única forma de recolocar o partido na disputa. Alega-se que, diante da falta de um candidato competitivo, o governador Marconi Perillo está “crescendo” e, assim, “descolando”.
Num ato preparatório para a formatação de um bloco de apoio à candidatura de Eduardo Campos (PSB) a presidente da República, realizado na quarta-feira, 21, na sede do PPS, em Goiânia, o presidente do PMDB metropolitano, vereador Mizair Lemes, disse que o partido poderá não apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff. O peemedebista alega que o PMDB apoiou Paulo Garcia (PT) para prefeito de Goiânia e Antônio Gomide (PT) para prefeito de Anápolis, mas, quando solicita, não recebe reciprocidade devida. Portanto, embora não esteja definido, é possível que o PMDB de Goiás troque Dilma Rousseff por Eduardo Campos. Mizair Lemes é um dos defensores da candidatura de Iris Rezende a governador.

O vice-governador José Eliton (PP) disse ao Jornal Opção que vai apoiar a reeleição do governador Marconi Perillo e que não há qualquer possibilidade de rompimento. O presidente do PP frisou que estará ao lado do tucano-chefe em quaisquer circunstâncias. Ex-aliado de Ronaldo Caiado, José Eliton diz que não é “traidor” (“não” fica pulando de galho em galho) e que, ao contrário de outros políticos, não fica aparecendo em fotografias de outros pré-candidatos. É uma referência ao presidente do DEM, que manteve encontros com Vanderlan Cardoso (PSB), Iris Rezende (PMDB) e Júnior Friboi (PMDB), Armando Vergílio (Solidariedade) e, mesmo assim, estaria tentando se aproximar do governador Marconi Perillo. Se Caiado compor com Marconi, como candidato a senador, há a possibilidade de Vilmar Rocha (PSD) ser deslocado para a vice e aí José Eliton sairia da chapa majoritária. No entanto, José Eliton aposta que será mantido na chapa, ao lado de Marconi e Vilmar. O tucano-chefe já frisou, mais de uma vez, que a chapa majoritária está praticamente montada e não descartou José Eliton nenhuma vez.

[caption id="attachment_4725" align="alignleft" width="300"] Foto: Reprodução/Facebook[/caption]
Os baldyanos acreditam que o empresário Alexandre Baldy deve receber entre 40 e 50 mil votos em Anápolis, município onde está vai organizar uma estrutura ampla. Mas o jovem político, com pouco mais de 30 anos, precisava de algo mais: uma espécie de amuleto, pois vai de mais votos em outras cidades. Pensou, pensou, pensou e lembrou-se de Ruimar Ferreira.
Ruimar Ferreira, o príncipe dos cabeleireiros do Centro-Oeste, dirigente do Principado New Star, na Praça Tamandaré, em Goiânia, é tido como o “aristocrata da sorte”. Políticos que cortam cabelo com o profissional da tesoura — que prefere ser chamado de barbeiro a cabeleireiro — raramente perdem eleições. Isto é o que reza a lenda. Talvez até a realidade (ah, sim, uns dois ou três perderam, mas num universo de 200). Baldy, nesta semana, não pensou duas vezes e disse para os baldyanos: “Preciso cortar meu cabelo com o Ruimar”. E foi. Consta que seus índices, mesmo em Anápolis, onde já estava bem, melhoraram. Ele é pré-candidato a deputado federal — apontado como imbatível.
O engenheiro de produção Igor Sebba, filho do ex-jogador de basquete César Sebba, vai disputar mandato de deputado estadual pelo PSL. Pós-graduado em gestão e gestor de três empresas familiares, Igor enfrentava um problema em “casa”: seu tio Abdul Sebba, ex-deputado estadual e delegado de polícia aposentado, era um poderoso adversário interno. Entretanto, nesta semana, Abdul desistiu da candidatura e vai apoiar Igor. Aos 34 anos, Igor é uma das apostas do PSL, que, em Goiás, é dirigido por Dário Paiva.

A campanha eleitoral parece morna, mas nos bastidores o jogo está bruto. Até os políticos mais centrados começam a falar grosso, cumprindo o sentido bíblico de “quem não se exalta será humilhado”. Quem conversou com José Eliton nos últimos dias notou que ele, geralmente centrado, subiu o tom. O vice-governador conta, sem pedir off, que esteve com o senador Cyro Nogueira, presidente nacional de seu PP, e ouviu dele a garantia de que pode levar o partido para onde quiser. Por isso, aliados de Eliton sugerem que ele poderia até ser vice em outra chapa. Difícil é combinar com os russos: prefeitos e vereadores do PP são marconistas e os dois deputados federais, Roberto Balestra e Sandes Júnior, não deixam Marconi por nada. A opção do PP seria o PT de Antônio Gomide, ambos partidos que apoiam a presidente Dilma Rousseff. Em público, Eliton nega a possibilidade de levar o PP para outro rumo.
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[caption id="attachment_4503" align="alignleft" width="620"] Júnior Friboi, Iris Rezende e Armando Vergílio: dois políticos mais novos ladeiam um político mais experimentado e mais popular | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Determinado, o pré-candidato do PMDB a governador de Goiás, Júnior Friboi, aposta que, no frigir dos ovos, vai conseguir convencer Iris Rezende a disputar o Senado. Não será fácil, há quem ache impossível. O empresário comenta com os aliados que a chapa ideal teria ele para o governo, o petista Antônio Gomide na vice e Iris para o Senado. É o time dos sonhos.
Agora, se não for possível, Friboi vai articular uma chapa alternativa, ressaltando que vai batalhar por Iris até 30 de junho, último prazo para as convenções partidárias. Nos últimos dias, o empresário aproximou-se do deputado federal Armando Vergílio, presidente do Solidariedade em Goiás. Os dois têm conversado com frequência. “O Solidariedade é uma noiva querida e desejada”, admite um friboizista.
Se Iris não aceitar ser candidato ao Senado, Friboi tende a oferecer a vaga para Armando Vergílio, que diz que, de fato, o Solidariedade, se não lançar candidato próprio ao governo, vai participar de uma chapa majoritária. “Fazer parte da chapa majoritária é condição sine qua non para aceitarmos uma aliança”, sugere o deputado. Se Iris for para o Senado, possivelmente o líder do SDD irá para a vice de Friboi.
Com quase 1,5 minuto no programa de televisão, com um deputado federal, dois estaduais e 100 vereadores, além de instalado em 180 municípios, o SDD não é uma força política desprezível. Se fosse, seu apoio não estaria sendo disputado, quase a tapa, por quatro pré-candidatos a governador: Marconi Perillo, do PSDB; Antônio Gomide, do PT; Vanderlan Cardoso, do PSB, e Friboi.
Com quem mais o SDD pode compor? O mais difícil é compor com Marconi, pois o partido advoga alternância no poder, mudança. Hoje, Armando Vergílio está mais próximo de Friboi e, em segundo lugar, de Antônio Gomide. Ele também é cotado para ser vice de Gomide ou candidato a senador na chapa petista.