Bastidores
O pré-candidato do PSB a governador de Goiás, Vanderlan Vieira Cardoso, se apresentava como o político forte no Entorno de Goiânia. Isto quando Iris Rezende estava fora do páreo. Agora, com a possível candidatura do peemedebista a governador, Vanderlan tende a perder força na região metropolitana. Como Iris tende a desidratar Vanderlan, acredita-se que, brevemente, Antônio Gomide, do PT, tende a superá-lo nas pesquisas de intenção de voto.
Por falta de estrutura financeira, Iris Rezende, virtual candidato a governador pelo PMDB, não vai conseguir segurar a maioria dos partidos que Júnior Friboi estava “amarrando politicamente”. Na semana passada, em pânico, líderes de pelo menos três partidos começaram a procurar o governador Marconi Perillo. O PEN, que passou meses articulando com Friboi, já está apoiando o tucano-chefe. O PTN de Francisco Gedda tende a apoiar Vanderlan Cardoso, do PSB, ou Antônio Gomide, do PT. Flávia Morais, do PDT, teria se aproximado do governador Marconi Perillo. O PC do B, que havia fechado um pré-acordo com Friboi, reabriu conversações com Gomide.

Júnior Friboi deve disputar o governo de Goiás apenas em 2018 (RETIRAR: Eronildo está disposto a conversar com Marconi
Leonardo Veloso, pré-candidato a deputado estadual pelo PRTB de Rio Verde, afirma que, mesmo com a retirada de Júnior Friboi, mantém sua candidatura. “O PMDB e o PRTB mantêm uma ligação muito forte com Friboi e ele certamente nos apoiará. Paulo do Valle, pré-candidato a deputado federal pelo PMDB, me disse que não abre mão da disputa. Ele vai concorrer para ganhar, tanto que vai montar uma estrutura profissional, mas também quer desmarcar espaço, pois deve ser candidato a prefeito de Rio Verde em 2016.” Em Rio Verde, o vereador peemedebista Paulo Henrique, agora com Iris Rezende fortalecido, deve ser candidato a deputado estadual.
Pode-se dizer que Júnior Friboi perdeu uma batalha para Iris Rezende, mas não todas as batalhas. Na semana passada, depois de conversas entre Goiânia e Jataí, um grupo, com o apoio do empresário, pretendia lançar a candidatura de Leandro Vilela (ou de Daniel Vilela) a governador de Goiás. Em Jataí, comentou-se que Leandro Vilela seria lançado na segunda-feira, 26. Ele seria apresentado como o “novo”. O projeto do deputado federal, esboçado em parceria com seu tio Maguito Vilela, prefeito de Aparecida de Goiânia, era outro: disputar a Prefeitura de Jataí, em 2016. O fato é que o candidato dos sonhos do grupo Vilela e de parte do PMDB ainda é Friboi, dada à sua estrutura financeira e disponibilidade política. Leandro Vilela vai ser candidato a governador -- |Humberto Machado – segunda-feira
As empresas familiares sempre têm um integrante que é dominante. No caso da JBS, o principal executivo é Joesley Batista. Ele é o mandachuva. Até seu pai, José Batista, ouve seus conselhos e ponderações. Recentemente, em conversa com um político goiano, ele disse que, mesmo a família tendo um império para gerir — um negócio que fatura mais de 100 bilhões de reais por ano —, o irmão Júnior Friboi optou para se envolver com as intrigas da política. Neste e-mail, por não ter experiência, Friboi se tornou uma sardinha no meio de tubarões e golfinhos. Sabe-se que Joesley e Wesley foram votos contrários à entrada de Friboi na política. Eles alegaram que, no primeiro confronto, os contendores atacariam a empresa, com armas limpas ou não, para atingi-lo. Mas, como está no mercado mundial, portanto super vista, a empresa é ampla e rapidamente atingida. Levada a discussão para o pai, José Batista, espécie de voto de minerva, decidir, ficou acertado que Friboi poderia disputar eleições, mas trabalhando para não “contaminar” as empresas do grupo. No momento, o próprio de Friboi quer vê-lo longe da política, considerando que as empresas, como a Friboi, pode ser prejudicada.
O prefeito de Inhumas, Dioji Ikeda (PDT), é um dos mais fieis aliados do pré-candidato do PT a governador de Goiás, Antônio Gomide. “Postulo que o líder petista vai ser eleito porque o novo costumar surpreender aqueles, depois de anos no poder, se acomodaram. A polarização entre Iris Rezende, do PMDB, e o governador Marconi Perillo, do PSDB, tem quase 20 anos. Entra eleição e sai eleição, e um deles é sempre candidato. Gomide pode romper com a polarização.” Ikeda afirma que Marconi irá para sua quarta eleição e Iris irá para a quinta eleição para o governo. “É provável que até eles já estejam cansados. Agora, imagine o eleitor.” Júnior Friboi, o pré-candidato a governador do PMDB que desistiu, “se bancar candidatos a deputado estadual e federal, vai acabar fortalecendo Iris Rezende, o virtual candidato a governador do partido”. Por quê? “Porque são os candidatos a deputado que fortalecem as candidaturas majoritárias. Se deixar para Iris a estrutura que criou, o veterano evidentemente para tirar proveito dela.
A base marconista comemorou a renúncia de Júnior Friboi. Por três motivos. Primeiro, apesar do discurso meio arcaico, poderia se apresentar como o “novo”. Segundo, movimentando uma imensa fortuna, poderia influenciar à larga o processo eleitoral. Terceiro, poderia, como chegou a fazer, contratar os melhores profissionais de marketing político, como Duda Mendonça e Augusto Fonseca. Iris Rezende é considerado um candidato mais duro, com imensa capilaridade política no Estado, porém é visto como um candidato mais previsível. Até como ataca e os assuntos que prefere discutir são previsíveis.
O presidente do Solidariedade, deputado federal Armando Vergílio, afirma que ninguém esperava a desistência de Júnior Friboi. “Nem mesmo seus interlocutores diretos e diários sabiam que ele planejava abandonar sua pré-candidatura a governador de Goiás.” O líder político diz que ouviu uma frase curioso de um político experimentado: “Estou feliz e estou triste, porque não sei o que está acontecendo”. Para Armando, deixar o campo no meio do jogo foi uma maneira de Friboi dizer a Iris Rezende que não estava satisfeito com a condução do processo político. “O timing do empresário em geral é muito diferente do timing do político”, avalia o presidente do SDD. “O fogo amigo é o pior de todos, porque é, quase sempre, imprevisível.” O parlamentar recomenda, porém, que Friboi tenha calma. “É hora de recolher-se, esfriar a cabeça. Em política, ao menos na sua articulação, a razão não pode ser trocada pela emoção.” A saída de Friboi muda xadrez político. “O PROS, por exemplo, estava conversando com o empresário, aí colocou um pé fora e, agora, certamente vai colocar o outro”, afirma o parlamentar. O PROS abriu conversações com o pré-candidato do PT a governador, Antônio Gomide. O deputado federal Rubens Otoni frisa que o acordo não foi inteiramente sacramentado, mas, dada a aliança nacional do PROS com o governo da presidente Dilma Rousseff, está próximo de ser fechado. O líder do Solidariedade não acredita que Gomide recua para apoiar Iris Rezende. “Fica, portanto, a pergunta: o PMDB vai coligar-se com quem?” O Solidariedade, segundo Armando, trabalha com planos A, B e C. “Todos querem conversar com o nosso partido e isto é sinal de que temos vitalidade política.” O governador Marconi Perillo disse a mais de um interlocutor que trabalha pela aproximação do presidente do SDD. “Não decidimos o nosso caminho, porque, embora esteja quase em cima da hora, é possível esperar um pouco mais.” Quais são os caminhos possíveis para Friboi? Armando diz que procura não se envolver com os problemas internos dos partidos. Mas, pressionado, formula duas saídas. “Primeiro, se aceitar ser vice de Iris, a chapa fica muito forte. Porque um é popular, embora não seja um fato novo na política, e o outro é capaz de criar uma estrutura de campanha formidável. Segundo, pode-se afastar de vez, deixando o campo livre para Iris. Mas aí os acordos que haviam sido ‘amarrados’ com os partidos e políticos são perdidos. Porque a garantia não o PMDB, e sim o próprio Friboi.” Quando diz que vai observar a política como cidadão, Friboi, na avaliação de Armando, está dizendo que vai acompanhá-la de longe. Quem ganha com a crise? “Perde o PMDB e ganham Marconi Perillo, Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide.” Armando diz que permanece com seu colocado para a disputa — como candidato a governador, a vice-governador ou a senador. “Uma chapa com Iris para o governo, eu como vice e Ronaldo Caiado como senador é muito forte, eu diria que é ‘perigosa’.” Como as forças tradicionais estão tentando se colocar como “únicas alternativas”, Armando sugere que Solidariedade, PDT e PROS, partidos com estruturas razoáveis, se unam para organizar um bloco político e lançar uma chapa para governador. “De repente, como o novo, poderíamos surpreender”, afirma.
Na semana passada, nervoso e chateado, o empresário Júnior Friboi pediu para não ser posto na rua o movimento “Volta, Júnior”. Mas que ninguém fique surpreso se o movimento for levado às ruas à revela de Friboi. Depois, é possível que ele aprove sua organização. Há quem, no irismo, avalie que até Iris Rezende pode pedir o retorno do empresário ao processo. O motivo é até prosaico: sem a estrutura financeira articulada por Friboi, e a apenas quatro meses das eleições, o PMDB terá muita dificuldade para enfrentar um candidato, Marconi Perillo, que, além de liderar as pesquisas, está montando uma estrutura profissional de campanha. Um peemedebista recomenda que tanto Friboi e Iris guardem a bílis em casa e negocie uma saída honrosa, de preferência mantendo o primeiro como candidato a governador. O problema é que Iris não quer ceder.
Pré-candidato a deputado federal, o ex-prefeito de Luziânia Célio Silveira (PSDB) disse ao Jornal Opção que seu projeto número um é a vitória do governador Marconi Perillo. “O projeto número dois é a minha disputa para deputado.” Solicitando a comentar a crise do PMDB, o conflito entre Júnior Friboi e Iris Rezende, o tucano diz que não se sente à vontade. “Trata-se de um problema de outro partido e não fica bem discuti-lo. Mas é provável que Júnior, uma pessoa de e do bem, cruze os braços e não acompanhe Iris.” Falar de sua pré-campanha, Célio anima-se. “Estou trabalhando com firmeza no Entorno do Distrito Federal, minha região básica, mas também faço um trabalho político forte em Goiânia [apoio de Gilvane Felipe], em Morrinhos [tem o apoio do prefeito Rogério Troncoso, do PTB], em Itaberaí [em parceria com o pré-candidato a deputado estadual Jean Carlo] e em Jaraguá (parceiro do deputado estadual Nédio Leite].”
Ex-prefeito de Morrinhos e empresário respeitado tanto no município quanto no Estado, líder classista de prestígio, Joaquim Guilherme (PR) disse que ao Jornal Opção que deve ser candidato a deputado estadual. “Não era o meu projeto, mas meu grupo político, e até a cidade, cobra que eu me engaje e participe de um projeto política diretamente. Porém, ressalto que o eleitorado da minha cidade é pequeno. Por isso preciso conversar bem com os líderes políticos locais. De que adianta ser bem votado em Morrinhos, mas não conseguir cociente eleitoral para ser eleito?” Um político de Morrinhos sugere que Joaquim Guilherme e o prefeito Rogério Troncoso (PTB) se unam com o objetivo de eleger um deputado para beneficiar o município. Porque se vários candidatos forem lançados um vai derrotar o outro. O problema é que não é fácil agregar os dois políticos, rivais figadais. “A cidade quer um deputado e cobra união das forças políticas. Acredito que a aproximação entre forças contrárias, com o objetivo de ajudar o desenvolvimento do município, é possível, mas é claro que não vou forçar a barra. Na democracia, a convergência deve ser feita sem imposição ou pressão. Apagar os traumas do passado e eleger um deputado estadual talvez seja o projeto mais cidadão e desenvolvimentista. Até o momento, não me posicionei com firmeza sobre uma candidatura porque é preciso perceber a política de maneira racional.” Joaquim Guilherme diz que em Morrinhos terá uma votação “muito boa”, mas, para ser eleito, precisa ter pelo menos 4 mil votos nas cidades mais próximas. O ex-prefeito diz que sua candidatura não é obrigatória. “Posso até retirar meu nome em prol de outro candidato.” Ele defende que Morrinhos também precisa de um deputado federal.
Aécio Neves, do PSDB, terá seu palanque goiano armado pelo governador Marconi Perillo. A presidente Dilma Rousseff terá em Antônio Gomide (PT) o principal articulador de seu palanque. Vanderlan Cardoso (PSB) cuidará do palanque de Eduardo Campos. Já o PMDB não tem palanque nacional para administrar em Goiás. Com quem vai ficar? O PMDB poderá ficar neutro? Dificilmente. Porque vai negociar o apoio local a uma contrapartida nacional. Se apoiar Iris para governador, Vanderlan poderá levá-lo para o palanque de Eduardo Campos. Porém, se bancar Iris para o governo, Gomide leva o apoio do peemedebista para Dilma Rousseff.
Continua a pendenga no Entorno do Distrito Federal. O prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormin, que estaria controlado e monitorado pelo empresário Júnior Friboi — não há prova cabalo do que dizem adversários —, agora, segundo um aliado, não vai mais apoiar o pré-candidato a deputado federal pelo PMDB Marcelo Melo, aliado de Friboi. Antes, dizia-se que Tormin iria lançar um candidato a deputado federal laranja, fraco e que não trabalharia, com o objetivo de permitir que Marcelo Melo se fortalecesse em Luziânia. O problema é que políticos de seu partido, como o deputado federal Thiago Peixoto, além de políticos de outros partidos, como Giuseppe Vecci, do PSDB, e Marcos Abrão, do PPS, estão trabalhando com firmeza no município. Com isso, o prefeito está constrangido em apoiar Marcelo Melo, por sinal, um político competente e que tem bons serviços prestados à região.
O PMDB do M, ou PMDB do governador Marconi Perillo, só está crescendo. Na semana passada, pelo menos 20 prefeitos do partido pediram para conversar com o tucano-chefe. Eles querem aderir. Já. Recomenda-se cautela. Porque há possibilidade se perder o mandato. Por isso, muitas adesões não significarão mudança de partido.