Por Redação
Laís estava terminando sua tese de mestrado em Processos Sustentáveis
A Laís agora é luz
Nilson Gomes 1 Laís Fernanda Araújo Era brilhante advogada Em breve realizaria O sonho de ser magistrada Mas na linda biografia Encerrou-se a alegria: Laís foi assassinada 2 Ninguém queria crer naquilo: “Ah, está mentindo quem diz” Pois Laís significava Só coisa boa e feliz Não, não podia ser verdade Se há limite na maldade Ela não chega à Laís 3 Laís conquistava a todos E tudo com seu talento Inteligência, persistência Esforço, discernimento Tanta virtude reunida Tanta beleza, tanta vida Não findariam num momento
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Laís estava terminando
Sua tese de mestrado
Em Processos Sustentáveis
Conteúdo elogiado
No Brasil e até no Chile
Tantas ideias em desfile
Pro futuro deste Estado
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Não há futuro sem Laís
Não há lugar que no presente
Suporte assistir quieto
O sofrer de sua gente
No Chile foi que Laís viu
Como desfila no Brasil
Quem faz sofrer o inocente
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Mas Laís era a pureza
No presente e no pretérito
Estava vencendo concursos
Para trabalhar em inquérito
Depois, seria juíza
Com a dedicação precisa
De quem triunfa por mérito
7
O mérito nunca foi seu
Era o que Laís dizia:
“Deus dá tudo ao que crê
Ar, água, a luz, o dia”
Deus é bom, nos deu Laís
Deu tudo o que ela quis:
Bondade e sabedoria
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Foi o que Laís inspirou
Nos fiéis de sua igreja
Mandando luz para os povos
De onde quer que esteja
E está junto de Deus
De novo, por méritos seus
De novo, por ser benfazeja
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Bem fazia ao ensinar
Às células, às crianças
O ministério da Palavra
Das palavras de esperanças
De novo, ao novo, ao velho
Levou a luz do Evangelho
Levou a paz nas andanças
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Por onde anda a paz?
Voou como a pomba branca?
“A paz está dentro de nós”
Laís responderia franca
Não duvidaria da fé
Reafirmaria quem é
O Deus que nos alavanca
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Antes de a paz alçar voo
Antes da noite fatídica
Laís estava no Senar
Como assessora jurídica
Respeitada no Direito
Por fazer tudo bem feito
Por fazer tese verídica
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Mas chegou a noite de maio
Dia 10, no Alto da Glória
O bairro de muitos amigos
A moça, marca da vitória
Conseguiu estacionar
E foi mexer no celular
Quando chegou a escória
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O Inimigo tem mil faces
Duas surgiram nas janelas
Do Fit prata de Laís
Como assombração daquelas
De fazer tremer a espinha
“De fazer a mulher sozinha”
Acelerar pelas ruelas
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O bandido se enganou
Laís nunca esteve só
Mas o tempo todo com Deus
Não há companhia melhor –
O diabo é a violência –
Não adianta ter prudência
De ninguém os monstros têm dó
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As faces do Mal assustaram
Laís acelerou sem ver
Os bandidos viram ser fácil
Matar sem que nem por quê
Confiantes na impunidade
Dois menores de idade
E casal de fazer tremer
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Laís não tremeu, assustou-se
No País dos 60 mil
Assassinatos por ano
Quem estava perto ouviu
Um tiro e uma corrida
Pela morte, não pela vida
E quem treme é o Brasil
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Sejam maiores ou menores,
Quatro maiúsculos no crime
Um tiro fatal no tórax
Fatal pra moça tão sublime
Um tiro não só na Laís
Tiro na cara do País
Fatal pra este vil regime
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Regime é sempre fechado
Para as pessoas de bem
Não podem sair de carro
Nem a pé, ônibus ou trem
Ficam presas dentro de casas
O crime roubou-lhes as asas
Liberdade ladrão é que tem
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Quatro bandidos mataram
Um apertou o gatilho
Outro acompanhou do lado
No carro-fuga o caudilho
A quarta vigiou a rua
Desde então, até a Lua
E o Sol perderam o brilho
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As Polícias foram rápidas
Juntas prenderam o quarteto
Civil e PM agindo
Funcionou bem o dueto
Problema é que marginal
Se livra com a lei penal
E o ECA obsoleto
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A Laís é tão querida
Que a tragédia já inspira
Um movimento de juristas
Nos quais as leis dão é ira
Chega de Código vencido
Que só traz razão a bandido
O resto é tudo mentira
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Edemundo de Oliveira
É delegado e pastor
Defende direitos humanos
Mas se cansou desse horror
Quem matou Laís é ladrão
E perpétua é a prisão
Que merece o malfeitor
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Ladrão que mata pra roubar
É chamado de latrocida
Nas raras vezes que vai pego
Sai logo pela lei falida
Menores nem ficam nas celas
Pros que surgiram nas janelas?
Casa, roupa limpa, comida
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As faces do horror nas janelas
13 e 16 anos
Rindo da dor da família
Rindo por estragar planos
Inda dizem ser crueldade
Que reduzir maioridade
Afeta direitos humanos
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A OAB divulgou nota
Saudando os policiais
Centenas de advogados
Usaram redes sociais
Elogiando a polícia
Que por dias foi notícia
Enjaulando os marginais
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Os que a polícia prendeu
Serão soltos pelas leis
Os menores saem em meses
Talvez sete, talvez seis
Os maiores vão ficar
Até a Copa do Catar
Talvez antes, meu Deus!, talvez
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Foi isso o que escreveu
Demóstenes, um procurador
Que tentou mudar as leis
Em seu tempo de senador
Diz que batia de frente
Com quem acha que delinquente
Merece carinho e flor
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Demóstenes lembrou que todos
No latrocínio envolvidos
Haviam matado, roubado
Deveriam estar detidos
Mas a frouxidão das leis
Transforma ladrões em reis
E os cidadãos em bandidos:
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“A família e os amigos
Nunca mais verão Laís.
Já as ruas logo verão
A dupla que porta fuzis
Matar quem estaciona
A criminalidade é dona
Da vida, da paz, do País”
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As leis às quais Laís
Dedicou sua juventude
Precisam mudar com urgência
E pra que algo aqui mude
É preciso mostrar pra Nação
Que Laís não sofreu em vão
Que vamos tomar atitude
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Laís não chegou a juíza
Mas precisamos ter juízo
Laís não reagiu, mas pra
Nós agir logo é preciso
Sua linda biografia
Recomeça com alegria
Começa a cada sorriso
Nilson Gomes é jornalista, escritor e advogado.
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Ivan Oliveira de Grande Às crianças, é inevitável a recorrente pergunta: “o que você será quando crescer?”. Algumas defendem que almejam se formar como médicas, engenheiras ou advogadas; outras, respondem baseadas em uma ótica subjetiva e lúdica, comum às suas condições de indivíduos em desenvolvimento moral e psicológico, querendo ser viajantes do tempo, astronautas ou até mesmo ilusionistas. Não obstante o desejo de quem está em formação, as cidades parecem também ter em seu íntimo uma força motriz que as leva a ser algo (ou alguma coisa), no futuro.Goiânia, com seus 84 anos, ainda parece estar sob essa perspectiva. Suas contínuas e rápidas transformações urbanas parecem elucidar um forte desejo de ser (logo)algo ou alguém. Comparada à idade de uma metrópole como São Paulo, a capital goianiense, proporcionalmente, teria seus apenas 18 anos. Ainda está em fase adolescente, quase se tornando uma jovem adulta. Talvez por isso suas inconstâncias urbanas e os seus novos paradigmáticosideários tão evidentes. E o que esta cidade quer ser quando crescer? No momento de sua criação, pautando-se na ideia da mudança da antiga capital de Goiás – Vila Boa – a nova capital surgiu da necessidade de localizá-la de acordo com os interesses econômicos e sociais de todos os municípios goianos. Goiânia foi planejada e construída para ser a capital de Goiás, por iniciativa do político goiano Pedro Ludovico Teixeira, em consonância com a Marcha para o Oeste – estratégia desenvolvida no final dos anos 1930, pelo governo de Getúlio Vargas, para acelerar o desenvolvimento e incentivar a ocupação do Centro-Oeste:enigmático e incógnito sertão a ser desbravado. Goiânia foi oficializada capital em 1937 e o estrangeirismo adotado através do estilo Art Déco inspirou a arquitetura;os primeiros prédios de Goiânia foram erguidos entre as décadas de 1940 e 1950. A configuração urbana da nova capital, de feição irregular, surgiu de modo contrário a como se tratava a paisagem urbana no período colonial. Anteriormente ao pensamento moderno, a concepção espacial dos largos das cidades coloniais brasileiras, tal qual a antiga capital do estado, tinha como princípio a valorização de um cenário urbano composto por pitorescos conjuntos arquitetônicos. Esteticamente tratados e de alta legibilidade, eles permeavam a paisagem das ruas do conjunto e das tradicionais praças coloniais, onde a fé era idealizadaatravés da materialização da arquitetura das catedrais. A cidade era o local de encontro. Para o novo plano urbanístico da capital, em negação ao passado colonial que se apoiava no traçado urbano híbrido (irregular e reticulado), Corrêa Lima adotou o partido da monumentalidade, condicionando o desenho do espaço aos prédios públicos de caráter administrativo, ao desenho das ruas e à altura dos edifícios, fazendo uso das técnicas do planejamento urbano modernista em voga naquele tempo. A nova cidade se montava como cenário alegórico de princípios estético-culturais europeus ou como um simulacro de uma nova vida que nem mesmo o cidadão sabia qual era, ou seria. Goiânia era vendida como a cidade de novas oportunidades, de enriquecimento rápido e de valorização galopante dos investimentos feitos na compra de lotes: a nova capital de Goiás recriava em si o passado do desbravamento das expedições Bandeirantes dos séculos XVIII e XIX rumo ao misterioso território sertanejo: era o eldorado reinventado do século XX através do sonho da modernidade. A lógica desse passado não tão distante parece perdurar no inconsciente coletivo da cidade, na sua vontade de ser sempre nova. A almejada modernidade (histórica do momento de sua criação) atualmente se vê traduzida nas construções em altura que compõe adensamentos incongruentes com os traçados de circulação da cidade, ainda pioneiros. Hoje, a modernidade está em ocupar ou possuir os superpostos (e valorosos) solos criados rumo ao infinito: a cidade se orgulha em ter o edifício mais alto do país, o Orion Bussiness and Health Complex, de difícil pronúncia e de brutal impacto na paisagem da cidade devido aos seus 184,43 metros de altura. Jan Gehl, urbanista dinamarquês, observa com desconfiança esse modelo internacionalmente reconhecido. Mais que edifícios, esses monumentos podem ser apreciados à distância por quem passa por eles em velocidade, dentro de um carro. E aescala que Gehl defende é a que valorize espaços menores, praças e fachadas com detalhes que as pessoas podem observar quando andam a pé. E a cidade é composta pelo dinamismo e vitalidades sociais resultantes da interação entre as características morfológicas (geométricas e topológicas) e a maneira como as pessoas interagem no espaço. Nela, o solo é o espaço mais valoroso da reprodução social. Parece que a Goiânia moderna de hoje acontece fora de si, a metros do chão. Gostaria de ser Nova York, ou talvez, a Los Angeles pós-futurista de Riddley Scott, em Blade Runner: umagigantesca megalópole de torres altamente tecnológicas que contrastam com uma outra cidade no nível do chão, onde ocorre a disputa pela sobrevivência? Goiânia pós-moderna exprime os extremos de uma sociedade de alta-tecnologia convivendo com as disputas entre velhas e novas estruturas urbanas; e observo a cidade, escrevendo do alto do 27⁰ andar de uma dessas novas estruturas. Gostaria de poder estar lá em baixo, na cidade real.
Ivan Oliveira de Grande é doutorando em Arquitetura e Urbanismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.
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