Por Marcelo Gouveia

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11 vexames inesquecíveis de grandes seleções em Mundiais

Uma lista de casos de fracassos clássicos em Mundiais. Alguns poderiam até ter sido evitados, mas outros são coisa que talvez só se explique com o Sobrenatural de Almeida de Nelson Rodrigues Elder Dias Quanto maior a altura, maior também o tom­bo. A história das Copas é re­cheada de seleções po­derosas que chegaram como grandes favoritas e acabaram humilhadas pela própria soberba ou pela força das circunstâncias. Brasil, Itália, Ale­manha, Argentina, In­glaterra, entre outras: nenhuma escapou de passar por vexames quando delas se esperava triunfos. A laureada Espanha, portanto, é só mais uma a entrar na lista, com o desempenho vergonhoso deste ano. Nestas páginas, uma lista de casos de fracassos clássicos em Mundiais. Alguns poderiam até ter sido evitados com mais harmonia, espírito de grupo ou humildade. Mas outros são coisa que talvez tenha sentido somente em Nelson Rodrigues e seu Sobrenatural de Almeida, o personagem fantasma que ele criou para explicar as questões imponderáveis do futebol. Tocantins_1885.qxd 1) INGLATERRA/1950 Uma derrota que virou filme Era a primeira participação dos criadores do futebol em uma Copa do Mundo. Até então, os ingleses não reconheciam a Fifa como entidade mandatária do esporte no mundo e desprezaram o torneio desde a primeira edição, no Uruguai, em 1930. A soberba britânica sofreu um golpe duríssimo no dia 29 de junho de 1950. O jogo era contra os Estados Unidos, um país onde poucos sequer sabiam que existia futebol. Esperava-se um massacre do English Team, que começou pressionando, mas não conseguia o gol. Aos poucos, os norte-americanos foram ganhando confiança. Fizeram um gol e até o fim seguraram o resultado, que foi comemorado como título em Belo Horizonte, tanto pelos vencedores como por brasileiros. O jogo virou assunto de livros e até tema do filme “Duelo de Campeões” (veja dica sobre o filme neste caderno). Tocantins_1885.qxd2) FRANÇA/2002 A grande vergonha da era Zidane Em 2002, a França era a seleção toda-poderosa do mundo. Defenderia o título mundial conquistado em casa quatro anos antes e chegava com muito prestígio. Na abertura da Copa, a seleção do Senegal, caloura em Copas. E o primeiro tropeço: um célebre gol de Bouba Diop deu a vitória aos africanos. Na sequência, Zidane e cia. não conseguiram se encontrar: empataram em 0 a 0 e depois, no último jogo do Grupo A, perderam para a Dinamarca por 2 a 0. A França conseguia a inédita e indesejada façanha de uma campeã ser eliminada na Copa seguinte ao título sem fazer um único gol. Tocantins_1885.qxd 3) ITÁLIA/1966 O dia em que a Itália conheceu a Coreia A Itália chegava ao último jogo da fase classificatória da Copa de 66 precisando vencer. Nada que assustasse, pelo contrário: o adversário era a inexperiente, amadora e desconhecida Coreia do Norte, considerada a seleção mais fraca da competição. Questão de cumprir tabela. Bastava uma vitória simples, e ela veio. Só que do lado contrário. Os asiáticos venceram por 1 a 0 e se classificaram de forma surpreendente. A derrota italiana entrou para os fiascos clássicos da história das Copas. Coincidentemente, outra Coreia, a do Sul, eliminaria a mesma Azzurra da Copa de 2002, mas já nas oitavas-de-final. Tocantins_1885.qxd4) ESPANHA/2014 “Roja” de vergonha A “Fúria” tinha vencido a Copa do Mundo de 2010 e as duas últimas Eurocopas, em 2008 e 2012. Ainda que envelhecida, era tida como uma das grandes favoritas ao título pelo currículo, pelo nível técnico de seus jogadores e pelo desempenho nas Eliminatórias europeias. É bem verdade que a goleada sofrida para o Brasil na final da Copa das Confederações era um alerta. Mas nada que fizesse esperar o vexame inédito de uma campeã na Copa seguinte: a Espanha conseguiu a façanha negativa de ser eliminada antecipadamente, com duas derrotas e menos de uma semana de torneio. Tão cedo os espanhóis não vão esquecer o atropelamento sofrido da Holanda, por 5 a 1, ou o Maracanazo número 2, protagonizado pelo Chile. Tocantins_1885.qxd5) FRANÇA/2010 O vexame que quase deu em “CPI” Vice-campeã da Copa anterior, a França já chegava à África do Sul sob polêmica: a classificação havia sido obtida com um gol irregular de Henry, que conduziu a bola com a mão. Na Copa, apenas três jogos, um ponto e muitos vexames. Houve briga entre jogador (Anelka) e treinador (Raymond Domenech) e entre os próprios atletas — caso de Gourcuff e Ribéry. Eliminada, os “bleus” viraram tema no Parlamento francês: integrantes da comissão técnica foram ouvidos a portas fechadas. O técnico responsabilizou a imprensa pela campanha vexaminosa. Após ameaça de intervenção na federação, houve recuo após alerta da Fifa sobre risco de suspensão da entidade, caso ocorre algo do tipo. Tocantins_1885.qxd 6) ITÁLIA/2010 A campeã virou lanterninha A Azzurra vinha como campeã, embora com uma geração já um tanto envelhecida. Mas voltar para a Itália sem nenhuma vitória diante de adversários sem nenhuma tradição em Copas, como eram os de seu grupo - Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia -, era algo jamais imaginado até mesmo pelo mais pessimista dos "tifosi". Mas foi pior: em campo nada funcionou e a seleção tetracampeã mundial terminou a fase de grupos como lanterninha, após dois empates e uma derrota. Um fim melancólico para uma geração que, mesmo não sendo favorita ao início, havia vencido com galhardia a Copa da Alemanha. Tocantins_1885.qxd7) ARGENTINA/1958 “Hermanos” sob chuva de pedras e moedas O pior placar da história da seleção argentina em Copas — aliás, em qualquer competição — na pior Copa da história da Argentina. Assim se resume o dia 15 de junho de 1958 e o jogo contra a Checoslováquia, perdido por 6 a 1. Com uma defesa irreconhecível, que levou dez gols em três jogos, a Copa que seria a redenção de seus arquirrivais acabava já no nascedouro para eles. Em Buenos Aires, foram recebidos com chuva de moedas e pedras pelos portenhos, especialmente o goleiro Carrizo, considerado um dos maiores de todos os tempos no país. Tocantins_1885.qxd8) COLÔMBIA/1994 Ascensão, queda e tragédia de uma seleção Os anos 90 trouxeram a melhor geração de jogadores produzidos em território colombiano — basta lembrar do trio ofensivo Valderrama– Asprilla–Rincón. O histórico massacre sobre a Argentina de 5 a 0 em Buenos Aires, em pleno Monumental de Nuñez, pelas Eliminatórias, em 1993, elevou a Colômbia a candidata ao título da Copa do ano seguinte. É exatamente por essa alta expectativa que ela se torna a única seleção não campeã a entrar nesta lista. No Mundial dos Estados Unidos, além de tudo, deram a sorte de estar em um grupo teoricamente fácil. Mas a expectativa não se concretizou. A Colômbia perdeu seus dois primeiros jogos e acabou desclassificada logo na 1ª fase. Mais do que isso, por causa de um gol contra no segundo jogo, contra os Estados Unidos, o zagueiro Andrés Escobar foi morto ao voltar à Colômbia. Tocantins_1885.qxd9) BRASIL/1966 Depois do bi, o fiasco O Brasil de 1966 ainda tinha Pelé e Garrincha juntos e vinha de dois títulos mundiais em sequência, fato que só havia acontecido uma vez — com a Itália em 34 e 38 — e não mais se repetiu nunca mais. Não tinha como não ser apontado como favorito, apesar de estar entrando em uma fase de transição. Mas a eliminação veio logo na 1ª fase, depois de duas derrotas, para Hungria e Portugal, e apenas uma vitória, sobre a Bulgária. A desorganização marcou aquela seleção fora de campo, e a violência dos adversários, não coibida pela arbitragem, colaborou para o fracasso. Tocantins_1885.qxd10) ALEMANHA/1938 O “Führer” não deve ter gostado Nem com o reforço de jogadores da Áustria, a Alemanha conseguiu êxito na Copa de 1938. O esporte era um joguete político nas mãos de Adolf Hitler, que o usava para proselitismo, como fizera nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim. Por isso, era grande a expectativa pelo desempenho germânico na França. Mas a participação acabou sendo a mais rápida da história da Alemanha em Mundiais: uma derrota de 4 a 2 logo na primeira partida, contra a Suíça, fez os alemães deixarem a competição. Tocantins_1885.qxd11) BRASIL/1990 O desastre do “Professor Pardal” Lazaroni A seleção de Sebastião Lazaroni foi a menos brasileira da história das Copas. O treinador resolveu incrementar o esquema tático com uma inovação europeia: o líbero, hoje uma figura em desuso no futebol. Assim, escalou um time com três zagueiros – Ricardo Rocha, Mauro Galvão e Ricardo Gomes –, mas sem que nenhum deles ficasse definido como o tal líbero. A invenção não funcionou. O Brasil saiu logo nas oitavas-de-final e, pior, eliminado pela Argentina de Caniggia (autor do único gol do jogo) e Maradona, que seria vice-campeã. Anos depois, o camisa 10 argentino contaria, como pilhéria, que ofereceu água “batizada” (com substância dopante) a jogadores brasileiros, notadamente o lateral Branco naquele jogo.

“Importação” de xingamentos do futebol revela infantilidade da discussão política no Brasil

Somos o país da novela e do futebol. Nossos pontos de vista se dividem entre os que são a favor e os que são contra: um maniqueísmo jardim-de-infância João Paulo Lopes Tito Especial para o Jornal Opção A Copa do Mundo chegou e, com ela, conforme previsto, a onda de protestos. Uma das poucas coisas em que não houve atraso. É engraçado notar que o brasileiro geralmente protesta da mesma forma com que torce. Como o futebol é o esporte com mais força no País, acaba identificando-se, em cada manifestante, um torcedor apaixonado. De longe, ouvimos gritos de “Ôôô, o Joa­quim julgou! O Joaquim julgou!” ou “Arranja outro deputado pra votar na nossa linha”, “Fulano ladrão! Porrada é a solução!”. Rimas pobres, entrosamento momentâneo, ausência de profundidade. No fim, claro, xingam o juiz — ou a presidente — mandando-o ir para algum lugar obsceno. Mais do que falta de criatividade e desrespeito, isso evidencia um ato falho desconcertante. A mentalidade brasileira, quando se trata de discussão política, ainda beira o infantil. Não é à toa que Romário hoje é deputado, que Silvio Santos cogitou a carreira política (e, de acordo com as pesquisas da época, prometia dar trabalho na disputa presidencial) e que Ayrton Senna ganharia qualquer eleição fácil, para qualquer coisa a que se candidatasse. Mais recentemente, muita gente queria ver o ministro-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, como chefe do Executivo — sem perceber que ele já era um dos três maiores líderes da Nação. [caption id="attachment_7634" align="aligncenter" width="521"]Tocantins_1885.qxd Xingar a presidente Dilma na abertura da Copa foi uma forma de protestar: o jeito mais chulo, sem razão e abarrotado de senso comum que existe — a falta de educação | Fotomontagem[/caption] Somos o país da novela e do futebol. Nossos pontos de vista se dividem entre os que são a favor do herói e os que são contra o vilão. Time nosso contra time adversário. E se resume a isso: um maniqueísmo jardim-de-infância. O lado bom é santo e deve ser presidente do País (seja ele carteiro, escritor, jogador de futebol, piloto de F-1 ou apresentador de programa de auditório). O lado mau é o de quem discorda (ou seja, nunca é o seu) e deve morrer, ir para o inferno, tomar em algum lugar (ou ser xingado de reacionário, esquerdinha, coxinha, direitona, marginal, vândalo etc., o que quer que essas palavras signifiquem, na cabeça de quem xinga). Não existe meio termo e isso, infelizmente, acaba com qualquer discussão. Não que não existam motivos para críticas e manifestações. Principalmente em se tratando de Copa do Mundo. Análises superficiais sobre todo o processo que envolveu desde a escolha do Brasil como sede até a festa de abertura, no dia 12 de junho, em São Paulo (e, muito provavelmente, englobará a festa de encerramento também), já escancaram uma série de amadorismos por parte do governo — em todas as esferas — e de entidades privadas responsáveis pelo evento. O protesto é sempre cabível. Mas existem 1 milhão de formas de se protestar. E exatamente por isso, é grave o ato falho do povo brasileiro: de 1 milhão de formas, escolheram os gritos do futebol. Está na cara que, se for só assim, não vai dar em nada. No jogo de estreia da Copa, por exemplo, escolheram xingar a presidente Dilma Rousseff. O jeito mais chulo, sem razão e abarrotado de senso comum que existe: a falta de educação. Num estádio superfaturado, onde morreram oito operários por falta de segurança no desempenho dos trabalhos — segurança essa que faltou por ganância ou comodismo de empresas privadas —, centenas de pessoas que provavelmente sonegam seus impostos, defendem a violência contra fiscais de trânsito e trombadinhas e cortaram fila pra entrar mais cedo no estádio gritam, estapafurdiamente, desaforos inócuos a uma pessoa que, independentemente de partido, classe social ou sexo, é uma semelhante. Mais do que isso, xingaram a chefe do Poder Executivo do próprio país. A questão esbarra em aspectos institucionais que passam muito longe da percepção de quem xingou: existe, disfarçado no ato, uma insubordinação à própria organização política do País, uma ofensa a princípios democráticos conquistados a muito custo. E o fato de as mesmas bocas que cantaram o Hino Nacional apaixonadamente minutos atrás, chorando junto com Júlio César e David Luiz, serem protagonistas de tais impropérios escancara o quanto estamos perdidos em nossas reivindicações. O brasileiro não sabe, ainda, distinguir um argumento racional e verossímil da birra clássica do “quero e não posso ter”. Um comportamento infantil, de quem ainda precisa aprender a lidar com a frustração eventual, inerente a processos democráticos, para tentar influir de maneira positiva — ainda que radical, vez ou outra — na vida política do País. Por enquanto, o que vimos foi um chilique maciço de pessoas vergonhosamente mandando a chefe do Executivo ir tomar em algum lugar, do mesmo jeito que fazem os torcedores de um time de futebol que sofre pênalti. Enquanto for assim, estaremos sempre na atitude passiva de torcedores sem educação, e o juiz vai continuar mandando no jogo. João Paulo Lopes Tito é advogado.

Os corpos da Copa e a questão da hegemonia

Na disputa do Mundial no Brasil, diferenças de gênero, raça e etnia no futebol ganham projeção e estão ligadas ao sentido político que atribuímos aos corpos Cristina Vianna Especial para o Jornal Opção Morar sozinha é um estilo de vida que me conduz sempre a uma boa padaria. Você sabe que ir a padaria é frequente em sua rotina quando passa a ser chamada por seu nome pela atendente. Esta semana vi uma cena que capturou minha atenção enquanto tomava café e comia distraidamente um pão integral. Um garoto trocava figurinhas com o rapaz do balcão, e eles analisavam o álbum de craques com muito interesse. Fiquei surpresa e pensei: isso ainda existe? Lembrei-me de um texto que li tempos atrás, em que um jornalista descrevia como descolava figurinhas dos jogadores da Copa do Mundo de 1982, comprando dezenas de chicletes. Hoje, creio que talvez haja um jeito mais fácil, como um álbum virtual. De toda forma, álbum de craques é considerado um verdadeiro clássico. Com a Copa do Mundo em casa, milhares de brasileiros formam grupos de torcidas organizadas, não organizadas, espontâneas, combinadas, enfim, uma variedade de modos de se juntar e torcer pelo País e por nosso futebol. Temos o favoritismo de vencer, por jogar em casa. Só que não. Pensamos que o Brasil poderia ter recebido melhor os convidados que, afinal, disputam a picanha do churrasco com os donos da casa. No último jogo da seleção, contudo, o goleiro mexicano saiu na frente, jogou chili na carne e ninguém comeu nada. Preciso dizer com franqueza. Faço parte mesmo é daquele grupo sem time certo que só torce pro Brasil na Copa do Mundo. Antes era mais fácil torcer, todos pelo Brasil e contra o adversário. Torcer e entoar uma só voz parece ser a prova de união por algo que extrapola o individualismo. Entretanto, o que mais temos ouvido são vozes dissonantes que se projetam em direções distintas e denotam uma insatisfação disseminada pela Copa gerada por denúncias de corrupção, com reações de protestos e paralisações. A Copa do Mundo em casa tornou o solo fértil para pautar questões sociais. Esse é um importante ganho do evento, que reforça o futebol como tópico político. Paradoxalmente, a gente pode torcer pela seleção, e ao mesmo tempo apoiar as reivindicações e pautas sociais, por que não? Torcer não invalida a ação política, ou pelo menos não deveria, já que a Copa do Mundo não apaga as diferenças entre nós. Interessante seria a gente refletir sobre como muitas dessas diferenças estabelecem relações de desigualdade. [caption id="attachment_7776" align="alignleft" width="300"]Mario-Balotelli-Loucuras-Scrotos O atacante italiano Mario Balotelli, em sua pose mais memorável: corpo do jogador é um corpo ideal, de uma masculinidade hegemônica | Foto: Divulgação[/caption] Diferenças de gênero, raça e etnia no futebol ganham projeção na Copa e estão ligadas ao sentido político que atribuímos aos corpos. Vejamos o caso do futebol, que tem como peça fundamental o jogador. O corpo do jogador é domesticado para treino e jogos em campeonatos. É um corpo quase inatingível para se manter como padrão, posto ser um corpo treinado para ser atlético. Esse corpo é medido, calculado, negociado, vendido, é moeda de troca internacional. O corpo do jogador é um corpo masculino ideal, de uma masculinidade hegemônica, uma supermasculinidade, ligada ao sentido de vitória, poder e sucesso. No caso da banana de Daniel Alves, o mesmo corpo de jogador marcado pelo racismo europeu chega ao Brasil como corpo nacional, marcado pelo talento da Pátria mãe querida. Se o jogador é brasileiro, a centralidade dessa identidade nacional passa a ser a suposta garantia que tudo vai dar certo, que vamos vencer ao final. Como as mu­­lheres, de mo­do geral, se apropriam dos corpos de jogadores na Copa? Elegem pernas, coxas, bundas, braços, partes de ho­mens e também homens inteiros. É verdade que pode haver uma “preferência nacional”, mas nesse aspecto vale mais a democracia — corpos de jogadores são desejáveis independentemente do time. Obvia­mente, algumas seleções costumam ser campeãs nesse quesito. Como disse, muitas mulheres, mas nem todas, se divertem com essa apreciação, e muitos homens também apreciam essa prática cultural em época de Copa. Depois de campanhas antirracismo no futebol, o combate à homofobia tem sido promovido por campanhas nacionais sobre orgulho gay e a libertação dos homens das amarras do gênero. Pensamos nos corpos dos jogadores sob uma ótica de gênero e raça. E como pensar os corpos das mulheres durante a Copa do Mundo no Brasil? Estereótipos de gênero e etnia reforçam o lugar dos corpos das mulheres brasileiras como corpos desfrutáveis. Para a gente entender como a desigualdade de gênero é universal, basta observar como muitos estrangeiros têm se aproximado de brasileiras com conotação sexual explícita, sem que isso seja considerado como violência. Na contramão, campanhas nacionais promovem o combate ao turismo sexual e a exploração sexual de crianças e adolescentes. Sobre a apropriação dos corpos das mulheres durante a Copa, também não podemos esquecer a eleição de musas da Copa, o que inclui musas das arquibancadas, musas das equipes de reportagem, musas esposas de jogadores, e por aí vai. Mulheres são tratadas com desvalorização e desqualificação no futebol e pelo jornalismo esportivo. Na semana passada, uma amiga psicóloga publicou um breve texto sobre Psicologia do Esporte em um conhecido blog sobre esportes. Curioso foi que as únicas mulheres que fizeram comentários elogiaram o teor do texto, alguns poucos homens fizeram elogios ao texto e ao blog, mas a maioria dos leitores — se é que esse termo se aplica nesse caso — comentou que ficou só na foto mesmo, nem leu o texto, porque com uma psicóloga assim é preciso um tratamento “extensivo”, para não sarar nunca, já ela era “gata”, “linda”, “maravilhosa”, “uma beleza”. Fico pensando na naturalidade com que encaramos essa discriminação, pois em uma situação contrária, em espaços onde mulheres dominam mais assuntos do que homens, a opinião de um homem com expertise tende a ser tratada com respeito e até deferência, e não com deboche. Refletir sobre como os corpos dos jogadores estão inscritos no sentido de masculinidade hegemônica, como esse sentido de masculinidade exclui corpos não heterossexuais do tema futebol e ainda como as mulheres são tratadas com misoginia e machismo — com ou sem Copa — é pensar em uma perspectiva de gênero e feminista. Recentemente estive no 2º Colóquio de Estudos Feministas e de Gênero realizado na Universidade de Brasília (UnB). Participantes dialogaram sobre estudos e pesquisas feministas no cenário brasileiro nas áreas de Psicologia Clínica e Cultura, Literatura, História e Sociologia. Em um encontro como esse de trocas e interlocução, embates e confraternização, me sinto feliz de participar de uma dentre as muitas redes compostas de mulheres e homens que questionam e combatem a desigualdade de gênero e outras formas de opressão. Acho que agora preciso de mais um café, o meu esfriou. Isto me acontece muito, me distraio quando reflito sobre coisas. De novo eu aqui na padaria, fazendo mau uso do tempo, alimentando a dispersão e a criatividade. Escrever sobre isso pode ser a saída para a “mea culpa” de tomar café tão demoradamente. Cristina Vianna é doutora em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília, psicoterapeuta e professora universitária.

Futebol é Cultura

Tocantins_1885.qxd NO YOUTUBE Duelo de Campeões Título original: The Game of Their Lives EUA, 2005 Gênero: Drama Diretor: David Anspaugh Com: Gerard Butler, Wes Bentley, Costas Mandylor O sonho de um grupo de rapazes de Saint Louis (EUA), atletas amadores de futebol, é bem pretensioso: jogar a Copa do Mundo de 1950, no Brasil, pelos Estados Unidos. Os jovens começam a treinar e passam por um teste para a escolha do time que representará o país no Mundial. Baseado na história real que vai ter seu ápice do lendário jogo contra a Inglaterra em Belo Horizonte. Tocantins_1885.qxdNA PRATELEIRA Guia Politicamente Incorreto do Futebol Autor: Jones Rossi e Leonardo Mendes Júnior Editora: Leya Brasil Páginas: 416 Um livro para desconstruir grandes mitos do futebol. Esse é o objetivo do “Guia Politicamente Incorreto do Futebol”, dos jornalistas Jones Rossi e Leonardo Mendes Júnior. Eles contestam situações tidas como absolutas como o “talento acima da média da seleção brasileira de 82, derrotada pela Itália na Copa da Espanha, que eles consideram que era “ingênua” e “autoconfiante” e que não se preocupava em estudar os adversários. A chatice de Galvão Bueno, a falta de escrúpulos de Ricardo Teixeira, a liberalidade da Democracia Corintiana, tudo é posto em xeque no trabalho dos autores.

Em decisão histórica, Igreja Presbiteriana dos EUA autoriza e reconhece casamento gay

Após assembleia geral, a denominação passa a considerar o casamento como a união entre "duas pessoas" e não apenas entre "um homem e uma mulher"

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Por descumprimento de requisições, também foram denunciados os ex-presidentes do órgão Clarismino Luiz Pereira Júnior e Mizair Lemes, além do atual dirigente, Pedro Wilson Guimarães

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Torcedores do Japão ajudam a limpar estádio após derrota para Costa do Marfim

[gallery type="slideshow" ids="7324,7325,7326,7327"] A derrota da seleção japonesa para a Costa do Marfim, por 2 a 1, no último sábado (14/6), não impediu que os torcedores japoneses dessem uma aula de civilidade aos anfitriões brasileiros. Após o fim da partida na Arena Pernambuco, no Recife, parte da torcida nipônica ajudou a coletar e ensacar o lixo produzido por eles durante o jogo. O episódio chamou a atenção de brasileiros que também acompanhavam a partida e resolveram registrar o momento. A repercussão das imagens nas redes sociais foi imediata. No Twitter, usuários enalteceram as diferenças culturais entre Brasil e Japão. “Gente educada é outro nível, né?”, comentou um internauta. “Futebol não é o forte do Japão, mas torcedores deram aula de educação ambiental”, publicou outro.

Por que ler Proust?

Proust não foi apenas um analista da alma. Ele viveu o fim de uma era e foi o historiador dessa agonia. Um cronista da decadência que produziu a crônica impiedosa e fiel de uma sociedade moribunda que desaguou na carnificina da primeira Guerra Mundial