Por Euler de França Belém

Encontramos 16040 resultados
Adriana Accorsi é “candidata” para travar candidatura de Edward Madureira e Humberto Aidar

Adriana Accorsi quer ser prefeita de Goiânia? Quer. Mas não vai pôr a faca no pescoço de ninguém para ser a ungida. Há quem diga que o prefeito Paulo Garcia põe seu nome na mídia única e exclusivamente para impedir a candidatura de Edward Madureira e Humberto Aidar. Ao mesmo tempo, vai tentando melhorar sua gestão para, em seguida, convencer o PMDB a aceitá-la como vice de Iris Rezende na disputa da capital.

Edward Madureira reassume salas de aula na Faculdade de Agronomia e não vai para o governo federal

Edward Madureira não vai mais para o governo federal. Ele assumiu, de vez, como professor de Agricultura 1 (soja) e Agricultura 2 (milho) da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Goiás. Ele agora é professor titular.

Edward Madureira organiza a festa dos egressos da Faculdade de Agronomia. De 1966 a 2015

No momento, o professor-doutor Edward Madureira, mais do que de política, está cuidando da organização de uma grande festa dos egressos da Faculdade de Agronomia — de 1966 (a primeira turma) a 2015 —, que será realizada em 23 de maio desde ano. “São 1.100 alunos e a festa será para duas mil pessoas”, conta.

Cláudio Meirelles: “Apoiei Joaquim de Castro ao TCM mas não perdoo ataques que fez a mim e à prefeita Tatiana Santos”

O deputado Cláudio Meirelles (PR), depois de resistir muito, apoiou o nome do ex-deputado e ex-prefeito de Jussara Joaquim de Castro para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). “Apoiei Joaquim, seguindo a base do governador Marconi Perillo, mas não o perdoo pelos ataques que fez a mim e à prefeita de Jussara, Tatiana Santos (PTC).”

Edward Madureira abre diálogo com Vanderlan Cardoso mas deve ficar no PT

[caption id="attachment_33428" align="aligncenter" width="620"]Edward Madureira (PT) e Vanderlan Cardoso (PSB) abrem diálogo | Fotos: reprodução / Facebook Edward Madureira (PT) e Vanderlan Cardoso (PSB) abrem diálogo | Fotos: reprodução / Facebook[/caption] O presidente do PSB, Vanderlan Cardoso, e o primeiro suplente de deputado federal Edward Madureira se encontraram na sexta-feira (17/4), em Goiânia. Trata-se de uma conversa preliminar. Mas Vanderlan disse ao Jornal Opção que, se Edward se filiasse ao PSB, poderia apoiá-lo para prefeito de Goiânia. Pelo PT o professor-doutor da Universidade Federal de Goiás não terá como ser candidato. Estaria vetado pelo prefeito Paulo Garcia, que só banca a deputada Adriana Accorsi, embora tenha o apoio do deputado estadual Humberto Aidar. Edward diz que não pretende deixar o PT — “sou coerente” — e garante que não conversaram sobre a possibilidade de disputar a prefeitura pelo PSB. “Vanderlan me falou de seus propósitos, que percebo como idealistas, e apreciei a conversa. Falamos da Reforma Política, que precisa ser feita. A política não pode continuar sendo vista como um grande negócio.” O encontro ocorreu na sede do PSB. Edward foi convidado por Vanderlan.

Grupos de Felicíssimo Sena e Enil Henrique devem disputar a marca OAB Forte

[caption id="attachment_33426" align="aligncenter" width="620"]Presidente da OAB-GO, Enil Henrique e o advogado Felicíssimo Sena | Fotos: Leoiran / OAB Presidente da OAB-GO, Enil Henrique e o advogado Felicíssimo Sena | Fotos: Leoiran / OAB[/caption] Os grupos de Enil Henrique e Felicíssimo Sena podem travar uma guerra sem quartel — até na Justiça — pelo direito de usar a marca OAB Forte. Henrique Tibúrcio foi eleito pela OAB Forte. Enil, atual presidente e tesoureiro da gestão de Tibúrcio, é o representante da OAB Forte e pode usar a marca para a disputa. Mas será questionado pelo grupo Felicíssimo-Miguel Cançado. Há quem aposte que o grupo de Felicíssimo e Miguel prefira a simbologia OAB Forte a uma chapa com o nome de Nova Oposição.

Por ser deputado federal, Alexandre Baldy sai na frente para presidente do PSDB

[caption id="attachment_25141" align="alignright" width="173"]Na foto Alexandre Baldy.Crédito: Renan Accioly Foto: Renan Accioly[/caption] O secretário Cyro Miranda estaria se apresentando como “candidato do governador Marconi Perillo” a presidente do PSDB. Não é bem assim. Numa possível disputa entre Miranda e o deputado federal Alexandre Baldy — a possibilidade de consenso é mais factível —, o tucano-chefe deve ficar neutro, porque mantém relações cordiais com os dois políticos. Por ser parlamentar, Baldy teria mais força política local e nacionalmente. É um ponto a ser levado em consideração.

Marcos Abrão aposta em fusão de PSB e PPS. Mas um deputado sugere que ela pode não sair

A fusão do PSB com o PPS é tida como certa, segundo o deputado federal Marcos Abrão (PPS). Porém um deputado federal afirma que conversou com Carlos Siqueira, um dos chefões do PSB, e que ouviu que a fusão não tem muito sentido. Porque as experiências ideológicas dos dois partidos são muito diferentes. “Se a cláusula de barreira for ‘pesada’, aí vão se fundir pela dor.”

PMDB de Goiás quer a filiação de Ronaldo Caiado. Mas o senador não simpatiza com o PMDB nacional

O senador Ronaldo Caiado é o novo “darling” da imprensa nacional. “Veja”, a revista mais crítica do país, TV Globo e Globo News entrevistam-no com frequência e o líder goiano mostra-se sempre bem informado e dominando com facilidade os assuntos abordados, indicando que estudou-os detidamente. Porém, dado o jogo político, como as fusões partidárias — o DEM de ACM Neto está “apaixonado” pelo PTB da filha de Roberto Jefferson, Cristiane Brasil —, o senador pode ficar algum tempo sem partido. A fusão entre DEM e PTB, se efetivada, criará uma estrutura curiosa: o partido terá o nome de PTB, mas ficará com o número do DEM, 25. Se o PTB ficar na oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff, Caiado pode assumir seu comando. Porém, se ficar dúbio, para negociar, deverá procurar novo rumo. O PMDB (nacional e local) está de “olho gordo” em Caiado. Em Goiás, o senador não teria problema algum, pois se dá muito bem com o ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende, seu aliado na disputa de 2014. O peemedebista-chefe, com Caiado ao seu lado, se tornaria um candidato a prefeito de Goiânia ainda mais forte. E, em 2018, o bancaria para governador de Goiás, se eleito, é claro, prefeito da capital. O problema é o PMDB nacional, e por dois motivos. Primeiro, o PMDB apoia o governo do PT. É sua principal âncora no Congresso Nacional. Segundo, Caiado não concorda com o balcão de negócios no qual se tornou o partido. Então, se sentiria um peixe n’água em Goiás e um peixe fora d’água em Brasília, se se filiasse ao PMDB.

Eduardo “Magic” Machado consegue retirar a Metrobus do vermelho e ganha aplauso de Marconi

[caption id="attachment_33420" align="aligncenter" width="620"]Presidente do PHS, Eduardo Machado: só recebe elogios | Foto: reprodução / site PHS Presidente do PHS, Eduardo Machado: só recebe elogios | Foto: reprodução / site PHS[/caption] O governador Marconi Perillo é pródigo em elogios ao presidente da Metrobus, Eduardo Machado, e por uma questão objetiva. Em três meses na gestão da estatal, adotando métodos gerenciais modernos e rigorosos, “Magic” Machado conseguiu retirá-la do vermelho. Qual o milagre? “Nenhum. Segui o receituário do governador Marconi e da secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão Costa. Nossa equipe aumentou a receita em 23% e reduziu a despesa em 48%.” A Metrobus arrecada mensalmente 12 milhões de reais (6 de bilheteria e 6 do governo). “Magic” Machado reduziu o número de funcionários, diminuiu o consumo de combustível, conseguiu desonerar o combustível usado pela Metrobus. “Os cortes não são indolores, mas a Metrobus está ficando cada vez mais azeitada.”

Friboi apresenta defesa, luta contra expulsão e insiste que quer o comando do PMDB

[caption id="attachment_24143" align="aligncenter" width="620"]Friboi quer continuar no PMDB | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Friboi quer continuar no PMDB | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Acusado de infidelidade partidária — não apoiou Iris Rezende, e sim Marconi Perillo, na eleição para governador de Goiás —, Júnior Friboi apresentou sua defesa à Comissão de Ética do PMDB. O empresário alegou que, como não é dirigente partidário, não pode ser expulso do partido. Dirigente, se apoiar candidato de outro partido, é passível de expulsão. Friboi alegou que não participou da campanha do tucano-chefe e que apenas declarou que ele seria eleito no segundo turno. O próximo passo é a convocação de uma audiência, com apresentação de testemunhas. Friboi apresentou sua defesa técnica e, na audiência, fará a defesa política. Vai dizer que tentou ser candidato e que foi olimpicamente vetado. Não o deixaram sequer disputar a convenção do partido. O relator vai analisar a denúncia e a defesa. A Comissão de Ética, com todos os dados em mãos, decidirá se Friboi infringiu o Estatuto do PMDB. “Ao contrário do que querem Iris Rezende e José Nelto, não será um julgamento político, por isso as chances de ‘absolvição’ de Friboi são altas”, afirma um advogado. Friboi não quer sair do PMDB. Pelo contrário, quer disputar o comando regional, em outubro, ou então bancar o deputado federal Daniel Vilela para a presidência. A tese do empresário é a mesma de outros líderes: alguns caciques não podem usar a estrutura partidária apenas no período eleitoral e, depois, abandonar inteiramente os correligionários do interior. Friboi pretende disputar o governo de Goiás (ou o Senado), prioritariamente, em 2018.

Os candidatos mais sólidos a presidente da OAB são Enil Henrique, Lúcio Flávio e Pedro Paulo Medeiros

[caption id="attachment_33417" align="aligncenter" width="620"]Os presidenciáveis Pedro Paulo de Medeiros, Enil Henrique e Lúcio Flávio | Fotos: Facebook e Fernando Leite / Jornal Opção Os presidenciáveis Pedro Paulo de Medeiros, Enil Henrique e Lúcio Flávio | Fotos: Facebook e Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] O Jornal Opção ouviu 22 advogados experimentados e fez a todos a mesma pergunta: “A eleição para presidente da OAB-Goiás será realizada em novembro deste ano, daqui a sete meses. Se fossem realizadas hoje, quais seriam os candidatos?” No momento, estão posicionados, mas não definidos, Enil Henrique, Pedro Paulo Medeiros, Lúcio Flávio Paiva, Flávio Buonaduce e Djalma Rezende. Mas quem disputa mesmo? Medeiros e Buonaduce farão parte da mesma chapa — unindo Felicíssimo Sena (patrono do primeiro) e Miguel Cançado (patrono do segundo). Lúcio Flávio e Enil Henrique estão definidos. Portanto, seriam três candidatos, na avaliação dos entrevistados. Djalma Rezende é visto como outsider. É mais importante, pela estrutura financeira, como apoiador do que como candidato

Tim Weiner, prêmio Pulitzer, lança ampla e atualizada “biografia” do FBI

livro 2A Record lança “Uma História do FBI” (616 páginas, tradução de Alessandra Bonrruquer), do jornalista Tim Weiner, premiado com o Pulitzer. Há vários estudos sobre o FBI, mas o de Tim Weiner, repórter do “New York Times”, é considerado o mais amplo e atualizado. O FBI tem um pé fincado na legalidade e, para defendê-lo, põe o outro pé na ilegalidade. No caso do 11 de Setembro, o FBI e a CIA falharam olimpicamente.

Thomas Pynchon destaca a música de Tom Jobim no romance Vício Inerente

[caption id="attachment_33348" align="alignright" width="620"]Tom Jobim: o músico brasileiro, visto como quase americano nos Estados Unidos, é mencionado positivamente pelo romancistaThomas Pynchon Tom Jobim: o músico brasileiro, visto como quase americano nos Estados Unidos, é mencionado positivamente pelo romancistaThomas Pynchon[/caption] O romance “Vício Inerente” (Companhia das Letras, 459 páginas, tradução de Caetano W. Galindo), de Thomas Pynchon, é uma divertida e, às vezes, precisa história dos anos psicodélicos-maconheiros-hippongos da década de 1970. Mesmo quem não viveu intensamente os anos 70 — sexo, drogas e rock’n’roll — perceberá o quanto Thomas Pynchon descreve bem o período. Se o filme homônimo, de Paul Thomas Anderson, captar cerca de 50% do ambiente febril e habilmente descrito pelo prosador já vale a pena vê-lo. Sob o pretexto de contar uma história de detetive — pode-se sugerir que se trata de uma sátira aos autores que escrevem romances policiais —, no caso Larry Sportello, o Doc, Thomas Pynchon conta, por meio de uma linguagem fina e aguçada, a história da década de 1970 a partir de uma descrição atenta do comportamento dos indivíduos e de sua arte, notadamente, a música. Um dos pontos fortes são os comentários musicais. A música de Tom Jobim — “Desafinado” e “Samba do avião” — ganha destaque. [caption id="attachment_33349" align="alignright" width="300"]O romance Vício Inerente, de Thomas Pynchon, é uma poderosa  interpretação comportamental e cultural da década de 1970 O romance Vício Inerente, de Thomas Pynchon, é uma poderosa
interpretação comportamental e cultural da década de 1970[/caption] Trecho das páginas 200 e 201: “Carros passavam com as janelas abertas e dava para ouvir pandeiros lá dentro marcando o tempo do que quer que estivesse no rádio. Jukeboxes tocavam nas cafeterias das esquinas, e violões e harmônicas em quintaizinhos de prédios de apartamentos. Por todo esse pedaço de encosta noturna havia música. Lentamente, em algum ponto à frente dele, Doc tomou consciência de saxofones e de um gigantesco naipe de percussão. Alguma coisa de Antonio Carlos Jobim, que se revelou estar vindo de um bar brasileiro chamado O Jangadeiro”. “Alguém estava fazendo um solo de tenor, e Doc, num palpite, decidiu pôr a cabeça ali dentro, onde uma multidão considerável estava dançando, fumando, bebendo, e vendendo os seus serviços, e ao mesmo tempo ouvindo respeitosamente os músicos, entre os quais Doc, não muito surpreso, reconheceu Coy Harlingen. A mudança da sombra lamurienta que ele tinha visto pela última vez em Topanga era impressionante, Coy estava de pé, com a parte de cima do corpo sustentada em um arco atento em torno do instrumento, suando, dedos soltos, arrebatado. A música era ‘Desafinado’”. Na página 203, o narrador volta à música de Tom Jobim: “Os músicos estavam pingando no palco de novo, e quando Doc percebeu, Coy estava mergulhando em um complexo arranjo improvisado de ‘Samba do Avião’, como se isso fosse tudo que ele achava que tinha para pôr entre si e o jeito com que, achava, tinha fodido a sua vida”. Coy Harlingen é saxofonista. A tradução é quase perfeita, com erros de revisão que não atrapalham a leitura: “a” entourage (“o”) e “divido” (dividido). E mais alguns. Suponho que transpor a literatura de Pynchon seja um trabalho de Hércules. Percebe-se que Caetano Galindo quase cria uma “língua” — busca equivalentes em português (“bicho”, “ai cacilda”, “surfadélico”, “mermão”, “hippiefóbico”, “salto-altando embora”) para a gíria americana — para decifrar Thomas Pynchon. O autor de “O Arco-Íris da Gravidade” e “Vineland” pode ser mais bem entendido na era Google. Sem o Google e outros sites de busca, e mesmo com consulta a enciclopédias, era praticamente impossível entender sua prosa enviesada, rica em menções à cultura americana — no sentido amplo mesmo, e não livresco.

O esquemático Eduardo Galeano queria revolucionar e não entender a América Latina

[caption id="attachment_33339" align="alignright" width="257"]“As Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano: livro renegado e ruim de um autor devotado mais à  mudança social do que à interpretação  rigorosa dos fatos históricos “As Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano: livro renegado e
ruim de um autor devotado mais à
mudança social do que à interpretação
rigorosa dos fatos históricos[/caption] Na década de 1980, os estudantes eram divididos assim: revolucionários (PC do B), reformistas (PCB e PT), reacionários (que não pertenciam à esquerda) e alienados. Alienados eram aqueles que preferiam estudar a participar das reuniões das tendências estudantis e dos partidos que as dirigiam. Nessa categoria, vista como maus olhos — só menos mal vista do que os agentes infiltrados —, no curso de História da Católica, a Universidade Católica de Goiás (UCG) — estavam, entre outros, Antônio Luiz de Souza (brilhante, hoje professor da PUC e do WR), Sérgio Murilo (aluno questionador, hoje advogado atuante) e eu. Nós três éramos vistos como “sem ideologia”, porque, denunciavam, líamos “tudo”, e não tínhamos interesse algum pelas “cartilhas” de Stálin e Enver Hoxha — então guias geniais do PC do B. Mas não deixamos de ler, é claro, dois manuais do sub-do-sub: “As Veias Abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano, e “Ge­nocídio Americano — A Guerra do Paraguai”, de Júlio José Chiavenato. Na época, o historiador Francisco Doratioto ainda não havia publicado o excelente livro “Maldita Guerra — Nova história da Guerra do Paraguai”. Mesmo assim, suspeitávamos do livro de Chiavenato, dados seu primarismo e, sobretudo, sensacionalismo. Mas o livro que primeiro nos encantou e, depois, nos desencantou foi mesmo “Veias Abertas”. Porque era uma interpretação geral da América Latina, com “amplo” painel — “integrador” — da história da região e sua inserção na história universal. Lembro-me de, um dia, sentado na calçada da Faculdade de História — o nome era outro, mas é assim que a chamo —, quando o padre Luís Palacín, historiador espanhol que eu admirava e com quem discutia a literatura de Liev Tolstói, passou, sempre apressado, com suas “pernaltas” e magreza franciscana (era jesuíta), me viu com “Veias Abertas” e perguntou: “Está lendo?”. “Estou”, respondi. “Que pena!”, lamentou. No dia seguinte, Palacín, com sua discrição habitual, me sugeriu a leitura de “História da América Latina”, do historiador argentino Tulio Halperin Donghi. Li. De fato, é muito melhor. É um estudo rigoroso, não é um livro de combate direto às ditaduras latino-americanas e seus apoiadores externos — leia-se Estados Unidos. Na década de 1980, para a esquerda, não importava tanto a seriedade dos estudos, e sim o engajamento político-ideológico de seus autores. Se fossem de esquerda, poderiam cometer erros, falsear dados, esquematizar a análise, e, mesmo assim, seriam lidos, usados no dia a dia e “perdoados”. Aos poucos, percebemos que “Veias Abertas” não se tratava de um livro de interpretação da história da América Latina — que parte da esquerda depreciava, chamando de “Latrina” —, e sim de um livro de combate, um manual revolucionário disfarçado de livro sério. Um roteiro para a ação e um “ataque” ao imperialismo. Mais tarde, o próprio Eduardo Galeano — que morreu na semana passada — renegou o livro, sugerindo que era “esquemático” e “tedioso” e que, na época, não tinha a formação intelectual adequada para formular uma análise tão abrangente, que demandava pesquisas sérias. Pesquisas que não havia feito e, por isso, substituía-as por opiniões radicais. Como dissemos, trata-se de um livro escrito para ser uma guia de orientação da esquerda. Uma arma de combate intelectual e um manual para a ação política contra governos pró-americanos. Por isso o livro, datado, “morreu”. Não é como “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, “Formação do Brasil Con­temporâneo”, de Caio Prado Júnior, e “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro — obras sólidas, que podem ser questionadas mas não renegadas. O que Eduardo Galeano tem de melhor é sua prosa sobre futebol e assuntos tão leves quanto. Risíveis são acadêmicos que passaram a vida toda acreditando nas ideias de Eduardo Galeano tentando justificá-lo, quando o próprio jornalista e escritor não queria nem aceitava mais fazê-lo. Eles deveriam fazer o mesmo que o uruguaio: admitir a baixa qualidade da obra. Galeano disse que, se tivesse de lê-la novamente, desmaiaria de tédio. A esquerda já havia sido enganada antes pelo “filósofo” francês Louis Althusser, que também teve de desmascarar-se para que os esquerdistas passassem a vê-lo como empulhador.