Racismo: jornalista Cristiane Damacena é negra, jovem e linda | Foto: Reprodução/Facebook
Racismo: jornalista Cristiane Damacena é negra, jovem e linda | Foto: Reprodução/Facebook

A jornalista Cristiane Damacena é negra, jovem e linda. Cabelos curtos, dentes bonitos, bela expressão facial, elegância tipicamente natural, ar de inteligência visceral e, ao mesmo tempo, doce. Enfim, muito mais bonita do que várias modelos internacionais. É dessas mulheres que todos param para olhar. Depois, quando passam, as pessoas (homens e mulheres) dão uma olhadinha por cima dos ombros, para ver mais uma vez. Porque deixam saudade nos olhos. A repórter, talvez para homenagear sua beleza — o que é belo é para ser visto e mostrado —, postou sua fotografia no Facebook. De repente, começaram a atacá-la. A linguagem dos que a agrediram é chula — configurando racismo, mas sobretudo brutalidade, às vezes mais gratuita do que sistemática e sistêmica. “Macaca feia da porra”, “escrava”, “sorriso de merda” e “modelo de senzala só se for”.

Apesar da bestialidade dos que atacaram Cristiane Damacena, os elogios foram rápidos e em maior número e, sobretudo, os textos foram em geral mais consistentes. Disseram: “Que linda”, “Cristiane, minha flor, você é linda; comentários racistas devem ter sumido no meio de tantos elogios. Mas não baixe a cabeça”, “Que linda”, “Belíssima”, “Linda, muito mais do que muitos ‘brancos’. Tanto que são tão ignorantes que nem percebem que, por serem latinos, também sofrem preconceito. Você é linda por dentro e por fora”, “Olha, não permita que esses indivíduos (nem vou usar o termo pessoa) tirem sua alegria ou a afetem, seja qual for a forma. Você sabe que é linda, é talentosa, tenho certeza que é boa gente também. Essas coisas aí devem morar com os pais, são um bando de desempregado e mal amado, que procuram forças em outras pessoas, mas de maneira negativa. Quero ver procurar força no xadrez!”

Se há racismo, sistêmico ou não, há também forças contrárias rápidas e duras contra o preconceito racial. A sociedade brasileira reage ao racismo — é o que se depreende.

Ainda sobre a beleza. Na verdade, não é a beleza que está em questão. Pois, se fosse feia, Cristiane Damacena continuaria merecendo o respeito de todos.