Por Euler de França Belém

Paulo Roberto Costa, um dos articuladores da corrupção na Petrobrás, perguntado pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), no Congresso Nacional, foi explícito sobre suas relações com vários políticos. Sobre Sandes Júnior, Paulo Roberto disse: “Não conheço”. Sobre Roberto Balestra, o ex-diretor da Petrobrás disse que o conhece, mas não trataram sobre corrupção, negócios escusos. https://www.youtube.com/watch?v=iateVg7fAyE
Vanderlan Cardoso visita gabinete da senadora Lúcia Vânia, em Brasília
O prefeito de Goianira, Miller Assis, é apontado como “a vergonha do PP”. Recentemente, foi afastado pela Justiça. Depois, reassumiu. A população, se pudesse, o manteria a distância do município. Como não pode, comenta, em tempo integral, que, em 2016, Miller — um jovem decepcionante, adepto de métodos corroídos de gestão — será o principal cabo eleitoral indireto do ex-prefeito Carlão Oliveira. Aliados de Miller contrapõem: o prefeito estaria sendo vítima de ataques mais políticos do que da população. Os adversários estariam tentando “antecipar” o processo eleitoral.
Bancado pelo deputado federal Giuseppe Vecci e pelo governador Marconi Perillo, ambos do PSDB, o tucano Carlão Oliveira é apontado como imbatível. Segundo um ex-prefeito, “até os postes e as pedras, quando o veem, gritam: ‘Viva Carlão! Fora Miller!’”. Aliados de Miller Assis sugerem que se pesquise os “esqueletos no armário” do ex-prefeito.
Segundo um líder politico de Goianira, até Roberto Balestra (PP), que bancou o pupilo em 2012, estaria “decepcionado” com o prefeito. Segundo um comerciante, atualmente, em Goianira, só há dois tipos de eleitores: os que “odeiam” e os que “abominam” Miller Assis. Um aliado do deputado federal contesta e diz que não há decepção alguma com o prefeito.
Por ser jovem, e como apresentou ideias desenvolvimentistas durante a campanha, o prefeito era a esperança de renovação. Agora, parece um político da República Velha. Quer dizer, apesar de jovem, é um político do passado, com os vícios correspondentes.
Miller Assis tem tempo para se recuperar? Tem. Mas precisa mudar sua gestão e intenções. Ele é inteligente e, se mudar a equipe e os métodos de gestão, pode até mesmo sair consagrado. O problema é que ninguém mais acredita no integrante do PP. Talvez nem ele mesmo.
Políticos de Posse avaliam que o prefeito José Gouveia [foto], do Pros, agiu com extrema deselegância ao não comparecer ao lançamento da campanha contra a febre aftosa e do Programa Legal (regularização fundiária que beneficia os pequenos produtores), na semana passada. O governador Marconi Perillo (PSDB) e o vice-governador José Eliton (PP) estiveram presentes. Vereadores e líderes políticos disseram que falta a José Gouveia — embora tido como homem “educado” e “pacífico” — maturidade e diplomacia.
Um aliado de José Gouveia — que faz uma gestão acanhada, apontada como provinciana, aquém da progressista Posse — diz que o prefeito “retaliou” o governador Marconi Perillo (PSDB). Motivo: o programa Mulher com Mais Saúde, ou Carreta da Mulher, não ficará sob o controle do prefeito, e sim do Estado, com apoio da Câmara Municipal. “Ora, se o programa vai beneficiar as mulheres da cidade, com mais uma unidade de saúde, o prefeito, que é dentista, deveria ficar contente, e não irritado”, afirma um ex-prefeito.
Na eleição de 2014, o prefeito apoiou a reeleição de Marconi Perillo.
[Fotografia do jornal "Diário do Norte"]
Comenta-se que, se não conseguir melhorar a gestão, concluindo as obras iniciadas, José Gouveia pode não disputar a reeleição
A Juventude do Partido Progressista (PP) organiza no sábado, 9, o seminário “Juventude — Qual é a sua ideia? E sua responsabilidade” no hotel Mercure, em Goiânia, no sábado, 9, entre 8 e 12h.
Os autores das preleções são o prefeito de Vianópolis, Issy Quinan [foto acima]; o presidente do PP de Aparecida de Goiânia e chefe de gabinete da Vice-Governadoria, Charlles Antônio Gomes; o cientista político Luciano Dias, da Fundação Milton Campos; e o jornalista Diogo Luz.
Mais informações podem ser obtidas com Sandro Gouveia (8167-4293) e Rodrigo Pfeiffer (8598-2911).
Escolha é do Colegiado do Departamento de História da UnB. A tese vai representar o programa de pós-graduação no Prêmio Capes, que escolhe as melhores teses do Brasil

[caption id="attachment_34604" align="alignright" width="620"] Racismo: jornalista Cristiane Damacena é negra, jovem e linda | Foto: Reprodução/Facebook[/caption]
A jornalista Cristiane Damacena é negra, jovem e linda. Cabelos curtos, dentes bonitos, bela expressão facial, elegância tipicamente natural, ar de inteligência visceral e, ao mesmo tempo, doce. Enfim, muito mais bonita do que várias modelos internacionais. É dessas mulheres que todos param para olhar. Depois, quando passam, as pessoas (homens e mulheres) dão uma olhadinha por cima dos ombros, para ver mais uma vez. Porque deixam saudade nos olhos. A repórter, talvez para homenagear sua beleza — o que é belo é para ser visto e mostrado —, postou sua fotografia no Facebook. De repente, começaram a atacá-la. A linguagem dos que a agrediram é chula — configurando racismo, mas sobretudo brutalidade, às vezes mais gratuita do que sistemática e sistêmica. “Macaca feia da porra”, “escrava”, “sorriso de merda” e “modelo de senzala só se for”.
Apesar da bestialidade dos que atacaram Cristiane Damacena, os elogios foram rápidos e em maior número e, sobretudo, os textos foram em geral mais consistentes. Disseram: “Que linda”, “Cristiane, minha flor, você é linda; comentários racistas devem ter sumido no meio de tantos elogios. Mas não baixe a cabeça”, “Que linda”, “Belíssima”, “Linda, muito mais do que muitos ‘brancos’. Tanto que são tão ignorantes que nem percebem que, por serem latinos, também sofrem preconceito. Você é linda por dentro e por fora”, “Olha, não permita que esses indivíduos (nem vou usar o termo pessoa) tirem sua alegria ou a afetem, seja qual for a forma. Você sabe que é linda, é talentosa, tenho certeza que é boa gente também. Essas coisas aí devem morar com os pais, são um bando de desempregado e mal amado, que procuram forças em outras pessoas, mas de maneira negativa. Quero ver procurar força no xadrez!”
Se há racismo, sistêmico ou não, há também forças contrárias rápidas e duras contra o preconceito racial. A sociedade brasileira reage ao racismo — é o que se depreende.
Ainda sobre a beleza. Na verdade, não é a beleza que está em questão. Pois, se fosse feia, Cristiane Damacena continuaria merecendo o respeito de todos.

A senadora Lúcia Vânia (PSDB) viabilizou 2 milhões de reais para a construção de um centro de convenções no município de Aruanã. Os 800 mil reais restantes — a obra custará 2,8 milhões de reais — serão a contrapartida da prefeitura e do governo do Estado.
Na segunda-feira, 4, o prefeito Paulo Valério da Silva, mais conhecido como Paulo Peixe Vivo, esteve no escritório político de Lúcia Vânia, em Goiânia, para mostrar a maquete eletrônica do centro de convenções.
Aruanã, por ser uma cidade turística, há muito tempo que reivindica um centro de convenções para acolher eventos — como feiras de negócios, congressos da área de saúde e de outros setores — e atividades culturais.
10 milhões de reais
Nos seus dois mandatos, a senadora destinou mais de 10 milhões de reais para a cidade que é conhecida no país como "capital do Araguaia".
O Rio Araguaia, que passa no município, é um dos principais pontos turísticos de Goiás.
Numa entrevista polêmica ao repórter Ricardo Mioto, publicada na edição de segunda-feira, 4, da “Folha de S. Paulo”, o humorista Marcelo Madureira, um dos criadores do “Casseta & Planeta”, diz que não frequenta “muito o meio artístico”. Porque prefere “ficar em casa lendo, vendo filme”. E cutuca: “É lamentável o papel da classe artística. É digno de pena. Em um momento como esse [ele se refere ao processo de corrupção no governo petista, à Operação Lava Jato], os artistas completamente omissos. Cadê o Caetano Veloso, o Chico Buarque?”.
O repórter levanta a bola: “Muitos artistas e até jornalistas têm hoje situação muito complicada de dependência de dinheiro público, não?” (faltou, claro, acrescentar “e os jornais”). Madureira bate de primeira: “Sim, e não foi só a classe artística. Foi o meio acadêmico, uma parcela dos intelectuais. Veja o MST também. Está todo mundo imbricado de verbinhas. A explicação? Bom, no fundo, como sempre, basta seguir o dinheiro”.
Comenta-se que, quanto mais Jakes Rodrigues “prospera”, do ponto de vista individual, mas Rubiataba “piora”
As redes sociais não podem sobreviver sem uma boa briga, sobretudo se o barraco for armado por celebridades. A guerra da vez começou no Facebook e se espalhou por sites e portais nas internet. Estão no ringue o ator Paulo Betti (foto acima) e o antropólogo Roberto DaMatta.
Eis o jab de esquerda desferido por Paulo Betti: “Amigos, relutei em escrever aqui o que aconteceu comigo, mas como envolve pessoa pública, achei que seria relevante. Perguntado por uma ouvinte num programa da MPB fm, se fui agredido por ter feito o personagem gay Téo Pereira, na novela Império, de Aguinaldo Silva, eu já me preparava pra responder que não, tal a quantidade de carinho que recebo pelas ruas, quando me lembrei de um fato recente e não pude mentir para a ouvinte que me perguntou e disse no ar: Fui agredido sim, verbalmente e com muita violência, pelo famoso sociólogo Roberto DaMatta, professor e escritor, que, na frente da própria esposa, me falou barbaridades contra personagens gays em novelas, não direi as palavras pronunciadas em respeito aos meus amigos do Facebook, mas faço esse breve depoimento em nome da verdade e do respeito que os gays merecem. Contra a homofobia e sabendo mais sobre Roberto DaMatta”.
A pergunta é: pode um antropólogo ser preconceituoso? A resposta deve começar com uma pergunta: por que não? A sociedade do politicamente correto está tentando criar uma sociedade imaginária — mais utópica do que distópica —, na qual é possível a existência de cidadãos sem nenhum preconceito. Seria a “amebocracia”? Uma sociedade sem preconceitos é impossível. Não dá para “consertar” tudo que as pessoas pensam de, supostamente, “errado”. Agora, é claro que é preciso combater, basicamente por intermédio de leis severas, agressões físicas de qualquer natureza. Homossexuais não devem ser agredidos em nenhuma hipótese — nem mesmo verbalmente. No caso de violência, que o agressor seja penalizado pela lei, e com o máximo de rigor. Porém, impedir um indivíduo de ter preconceito é impossível.
Roberto DaMatta (foto acima), antropólogo respeitado internacionalmente, teria dito o quê, exatamente, a Paulo Betti? Não se sabe as palavras precisas. O que se sabe é o que o ator disse, de maneira relativamente desordenada. O pesquisador contrapôs, numa entrevista ao Portal da RedeTV!: “Estou perplexo com o que estou lendo e ouvindo. O sr. Paulo Betti, ator que eu sempre admirei e com quem falei uma única vez em toda a minha longa vida, terá resposta no fórum adequado”. Suspeita-se que o “fórum adequado” seja a Justiça. Já o artista da Globo contemporizou: “Não acho que seja caso de processar, é apenas uma revelação de um comportamento”. Paulo Betti teria mesmo falado com Roberto DaMatta? Teria sido um sósia? Parece que os dois se falaram mesmo — numa conversa privada, por certo,
O “debate” carece de mais informações para que se saiba o que de fato ocorreu. Roberto DaMatta teria sido irônico e Paulo Betti não percebeu? Até onde se sabe, o antropólogo nunca demonstrou preconceito contra os homossexuais. Nos últimos anos, o antropólogo tem vulgarizado críticas à esquerda, mas sem fazer campanha. Seus comentários são absolutamente palatáveis, até leves. Ele estaria sendo vítima de uma armação? Também não se sabe. A impressão que se tem é que o ator está fazendo muito barulho por nada, ou, quem sabe, está em busca de holofotes e de simpatia de setores cada vez mais poderosos na política, na imprensa e nas redes sociais?
Se eu tivesse duas vidas, uma seria dedicada à leitura de literatura (a chamada alta literatura), de história e de filosofia. A outra seria reservada para a leitura de romances policiais. Embora vista como “subespécie” da grande literatura, como se fosse uma arte do segundo time — ou nem arte, e sim apenas entretenimento —, a literatura policial é, no geral, de alta qualidade. Com acerto, costumam citar como de nível inquestionável Edgar Allan Poe, Dashiell Hammett, Raymond Chandler, Georges Simenon, James M. Cain, David Goodis, James Ellroy, Rubem Fonseca, Luiz Alfredo Garcia-Roza, Rex Stout, Dennis Lehane, Lawrence Block e John Dunning. Uma lista de primeira, sem dúvida, mas fica um pouco mais pobre se não incluir escritoras excelentes como Agatha Christie, Patrícia Highsmith, P. D. James e Ruth Rendell, o quarteto fantástico, Patricia Cornwell, Minette Walters e Andrea H. Japp. A prosa policial tem uma lógica implacável e uma arquitetura delineada com precisão. Escritores iniciantes, se quiserem aprender como se arma e se elabora uma história, deveriam ler, com lupa e caneta na mão, os clássicos policiais. Não há oficina literária mais instrutiva.
No sábado, 2, morreu uma das grandes damas do crime, quer dizer, da literatura policial: a inglesa Ruth Rendell, de 85 anos. Ela havia sofrido um acidente vascular cerebral em janeiro e estava internada.
Apontada como rainha dos thrillers psicológicos, Ruth Rendell era, acima de tudo, uma autora de uma prosa refinada, exata, e, ao mesmo tempo, rica em vieses, em nuances. Seus livros parecem perfeitos — tal a precisão milimétrica.
Pode-se dizer que, embora Ruth Rendell tenha escrito uma literatura popular, ou relativamente popular, se for incluída entre os grandes autores, não os chamados inventores, como James Joyce, William Faulkner e Guimarães Rosa, ninguém fará cara feia, exceto os críticos intransigentes e academicistas. Características dos livros de P. D. James, Patricia Higsmith e Ruth Rendell são, além da precisão, da lógica irretorquível, a qualidade literária e a construção de personagens consistentes. Os enredos, mesmo quando aparentemente ilógicos, têm uma amarração extraordinária. Ninguém “segura” o leitor tão bem quanto os autores de romances policiais. Ruth Rendell era uma mestre em fisgar o leitor e torná-lo seu escravo durante toda a leitura dos romances. Ninguém, em sã consciência, larga um livro da autora pela metade. Mais: procura terminá-lo rapidamente.
A literatura de Ruth Rendell tem uma regularidade que impressiona. Seus livros em geral são bons ou, no mínimo, razoáveis. Nunca ruins.
O inspetor Reginald (Reg) Wexford, principal personagem de Ruth Rendell, não fica nada a dever aos grandes personagens literários. Aliás, de tão vivo, de tão próximo de nós, fica-se com a impressão de que é um personagem histórico, de que existe na vida real. A magia literária de Ruth Rendell é tão intensa que às vezes o leitor fica com a impressão de que está acompanhando a história no momento mesmo em que ela está acontecendo.
“As pessoas gostam de meus livros porque estão ligados ao personagem de Reg Wexford. Sua vida, sua família, que foram construídas ao longo dos livros, apaixonam os leitores. Se você pensar bem, as histórias mais populares no mundo são as que contam o destino das famílias, os destinos do homem que evolui dentro de uma comunidade”, disse Ruth Rendell.
Uma curiosidade: Ruth Rendell era apreciadora da literatura da americana Donna Tartt, autora de “O Pintassilgo”.
Livros de Ruth Rendell editados no Brasil
O leitor brasileiro tem sorte: Ruth Rendell é um dos escritores mais traduzidos no país. Confira uma lista de alguns seus livros, que podem ser encontrados nas livrarias e sebos.
A Árvore das Mãos
A Dama de Honra
A Hora do Lobo
A Morte é Minha Amante
A Verdade Através da Névoa
Amor e Morte
As Máscaras de Morte
As Pedras do Caminho
Carne Trêmula
Feitiço Mortal
Herança de Sangue
Lágrimas
Mais Forte Que a Morte
Não Fale com Estranhos
Noturno Para Margaret
O Creme do Crime
O Gafanhoto
O Lago das Sombras
O Livro de Asta
O Tapete do Rei Salomão
Sem Perdão
Simisola
Um Assassino Entre Nós
Um Bando de Corvos
Uma Agulha Para o Diabo
Uma Despedida Para Sempre
Vamos Passear no Bosque
Almodóvar e Chabrol levaram Ruth Rendell ao cinema
O romance “Carne Trêmula”, de Ruth Rendell, foi levado ao cinema, de modo bem-sucedido, pelo diretor espanhol Pedro Almodóvar.
O francês Claude Chabrol adaptou “Analfabeta” com o título de “La Cérémonie” (“Mulheres Diabólicas”, em português).
Um trilogia entre o filipino e Floyd Mayweather pode render uma fortuna próxima de 1 bilhão de dólares para os boxeadores
O boxe é como o romance: volta e meia, sem nada para fazer, jornalistas criam pautas anunciando o seu fim. Mas eles continuam
O boxe não morre. O boxe é imortal. Mas volta e meia alguém, em geral quem não aprecia a nobre arte, decreta sua morte.
É sempre assim: depois da aposentadoria de um de seus mais notáveis artistas — esculpem com os punhos; diria, até, que é balé com os punhos —, alguém aparece nos jornais, ou nas revistas, para decretar sua morte.
O excepcional Joe Louis saiu de cena e, pronto, o boxe “morreu”. Aí surgiu Muhammad Ali, um fenômeno nos e fora dos ringues (talvez tenha sido o primeiro boxeador 100% midiático), e “matou” os que não paravam de falar na morte do boxe. Porém, com sua aposentadoria, mais uma vez disseram que o boxe estava moribundo — ou morto, assassinado, enterrado. Na cova.
Aí apareceu Mike Tyson, uma mistura da arte de Ali com a força de George Foreman. Com sua decadência, o boxe mais uma vez ganhou um caixão e sete palmos. Aí apareceu, sem discrição, boxeadores talentosos como Floyd Mayweather (americano) e Manny Pacquiao (filipino). O boxe é a fênix das artes: sempre ressurge das cinzas de aço “criadas” e “espalhadas” por seus críticos.
Na edição desta semana, a “Veja”, com texto de Alexandre Salvador — que parece entender mais de agência funerária do que de boxe —, mais uma vez investe contra o boxe, agora com a reportagem “A última chance do boxe”. De quebra, diz que o MMA, vítima de escândalos, começa a entrar em decadência. A revista da Editora Abril está se especializando na arte de decretar a morte de alguma coisa, ou de alguém. Porém, mesmo traçando o obituário do boxe, a “Veja” não tem como desconsiderar seus números. Como pode ser decadente um esporte que paga 300 milhões de dólares para Floyd Mayweather (60%) e Manny Pacquiao (40%).
Ah, a revista dirá: é um caso único. E tem razão. Mas outras lutas importantes pagam bolsas altíssimas e alguns dos atletas mais ricos do mundo são boxeadores. A maior bolsa do MMA fica a quilômetros de bolsas medianas do boxe.
O boxe, na verdade, é como o romance: volta e meia, sem nada para fazer, jornalistas criam pautas anunciando o seu fim. Mas o boxe e o romance continuam. Mudam, mas não morrem. Daqui a pouco surgem boxeadores de alta qualidade e os obituários definitivos da “Veja” serão esquecidos, inclusive pela própria revista.
Boxe, cinema (se for arte) e literatura são artes irmãs. Tanto que entre seus apreciadores podem ser listados: David Remnick (editor da revista “New Yorker” e autor de precisa biografia de Muhammad Ali), Ezra Pound, Hemingway, James Joyce, John Huston (diretor de cinema), Joyce Carol Oates (autora de um livro sobre boxe muito bom), Norman Mailer (autor do excelente “A Luta”, sobre a batalha do Zaire entre Muhammad Ali e George Foreman, em 1974) e Robert de Niro (ator do belíssimo filme “O Touro Indomável”).
[Acima, na foto, Floyd Mayweather e Manny Pacquiao]