Por Euler de França Belém
Grupo incentiva advogados militantes a se inscreverem em cursos da ESA, mas boicotarem as aulas
O promotor nunca prestigiou a associação, nem é cooperado de seu plano de saúde. Estaria de olho na disputa de senador em 2018?
A jovem de 37 anos foi socorrida rapidamente, o que salvou sua vida
O empresário do setor de combustíveis está subestimando o potencial político-eleitoral de Franco Martins
Marcos Bernardes, ex-secretário da Indústria e Comércio da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, também está entre os agraciados
Caio Henrique Salgado aponta três irregularidades cometidas por um motorista e comete dois erros

O falecido senador Onofre Quinan é apresentado fazendo lobby para a empreiteira Mendes Júnior, querendo “salvar o insalvável”, nas palavras de Fernando Henrique Cardoso. Deputado federal é apresentado como um “tal Balestra”

Você sabe que as histórias tradicionais da literatura brasileira são importantes, mas às vezes são modorrentas, eliminando conflitos, na busca de um consenso onde o que a faz funcionar é o dissenso... Você não tem como fugir aos livros massudos e das análises didáticas, não raro redutoras e aproximando autores que são divergentes e não se complementam... Pois bem: saiu um livro, de 630 páginas, que vai ajudá-lo a pensar e, até, repensar a literatura patropi e, inclusive, sua crítica. Trata-se do polêmico, irrequieto e culto “A Poeira da Glória — Uma (Inesperada) História da Literatura Brasileira” (Record), do doutor em Filosofia Martim Vasques da Cunha.
Martim Vasques da Cunha examina a literatura dos autores, como Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, dialoga com a chamada “fortuna” crítica e expõe suas ideias, às vezes nada canônicas, mas convincentes. E, apesar do desgaste da palavra, instigantes.
O leitor vai se deliciar com o fato de que Martim Vasques da Cunha escreve e pensa bem, o que é raro, e não apenas no Brasil. O texto é delicioso. Motivo? Sua prosa e sua interpretação são uma coisa viva, pulsante. Há tantos insights, a serem expandidos em outros livros, que não será surpresa se estudantes de mestrado e, mesmo, doutorado encontrarem temas e abordagens para seus trabalhos.
Martim Vasques da Cunha faz crítica literária, historia com precisão — embora não seja sua pretensão, por certo — e usa a filosofia para abrir novos canais na literatura patropi. Muitos constroem diques; o crítico abre canais.
É provável que especialistas ranhetas vão dizer: “O autor poderia ter ampliado a análise de alguns autores”. Poderia, de fato. Mas o que fez já é relevante e, certamente, vai forçar outras histórias a dialogarem com esta história rebelde ou rebelada da literatura brasileira.

O livro “O Último Império — Os Últimos Dias da União Soviética” (Leya Brasil, 544 páginas, tradução de Luiz Antonio Oliveira), do historiador Serhii Plokhy, sublinha que o socialismo ruiu porque a Rússia e a Ucrânia, as duas maiores repúblicas, discordaram da manutenção do Estado unificado. A Influência dos Estados Unidos na debacle é menor do que se imagina.

Ruy Castro é um dos jornalistas patropis que mais entendem de música e sabem histórias de seus criadores. “Chega de Saudade” é a biografia mais ampla, amorosa e racional da bossa nova. Não há nada igual no e fora do país. É uma delícia, para usar uma palavra, digamos, emocional. Agora, o biógrafo, crítico e historiador da música volta às livrarias com um livro que certamente vai entrar para a lista de todos aqueles que apreciam a arte dos bons cantores, compositores e músicos: “Noite do Meu Bem — A História e as Histórias do Samba-Canção” (Companhia das Letras, 560 páginas).
Sinopse da editora
“Em 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra proíbe os jogos de azar no Brasil. A decisão gerou uma legião de desempregados e um grande contingente de boêmios carentes.
“Os cassinos fecharam, mas os profissionais da noite logo encontraram um novo ambiente- as boates de Copacabana.
“Em vez das apresentações grandiosas, as boates favoreciam a penumbra, a intimidade, o romance. Assim como a ambience, a música baixou de tom. Os músicos voltaram aos palcos, mas em formações menores, tocando quase como um sussurro ao ouvido.
“Essa nova música, as boates e o contexto que fez tudo isso possível são o tema do novo livro de Ruy Castro, que mais uma vez nos delicia com sua prosa arrebatadora.”
George Lucas, o John Ford da ficção científica, é um fenômeno. A franquia “Star Wars” se tornou sinônimo de cinema, com influência na cultura pop. O livro “George Lucas: Skywalking — A Vida e a Obra do Criador de Star Wars” (Generale, 424 páginas, tradução de Marleine Cohen), de Dale Pollock, é um relato amplo sobre um criador em, por assim dizer, desenvolvimento.
A pergunta que todos fazem é sempre a mesma: como é que Niall Ferguson, de 51 anos, consegue publicar tantos livros massudos e de alta qualidade, sempre polêmicos, divergindo da historiografia tradicional? A editora Planeta do Brasil coloca nas livrarias mais uma de suas obras gigantes, “Guerra do Mundo — A Era do Ódio na História” (904 páginas). Alguns comentários sobre a obra: “The Economist”: “Prazerosamente provocativo... Ele expõe tudo de maneira muito clara”. “The Times”: “Um retrato profundo e, muitas vezes, provocativo do período... um historiador que consegue acabar com as considerações fáceis”. “New York Times”: “Uma pesquisa séria, detalhada e comovente sobre a maldade humana que é, ao mesmo tempo, fascinante e dramática”. “Boston Globe”: “Um relato envolvente e controlado com mestria, no qual o autor equilibra uma narrativa abrangente com histórias pontuais... Até mesmo quem já leu muito a respeito da história do século 20 vai encontrar detalhes novos e surpreendentes”.

[caption id="attachment_51626" align="alignleft" width="620"] Adriana Accorsi, Edward Madureira, Humberto Aidar e Luis Cesar Bueno: políticos consistentes, decentes, mas contaminados pela crise do PT[/caption]
Com certa malícia, os brasileiros costumam sugerir que a sigla do Partido dos Trabalhadores mudou: não seria mais PT, e sim PC. Partido Comunista? Nada disso. Partido da Corrupção. As generalizações são redutoras, é certo, e há políticos respeitáveis no partido que surgiu, na década de 1980, como símbolo da ética. O fato é que os eleitores estão generalizando e pesquisas mostram que o PT deve sofrer, na eleição de 2016, uma das maiores derrotas de sua história. Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad, embora não seja venal, tem um desgaste que só em parte é dele. O PT o “queimou” e, por isso, dificilmente será reeleito.
Cientistas políticos e marqueteiros avaliam que a derrota petista será acachapante e uma prévia do que provavelmente acontecerá em 2018. Os mais radicais chegam a sugerir que pelo menos 80% dos candidatos a prefeito devem perder as eleições. Analistas moderados falam num percentual entre 20 e 50%. O partido vai virar pó.
O PT goiano não foi atingido diretamente pela corrupção do partido em nível nacional. Um dos motivos é que há uma tradição ética arraigada no petismo do Estado. Outra razão é que os petistas goianos — excetuando Delúbio Soares, que se envolveu no mensalão — nunca teviram voz ativa na cúpula nacional. Sempre ficaram em segundo plano. Mesmo assim, serão atingidos eleitoralmente.
Em Goiânia, maior reduto petista em Goiás, o PT elegeu três prefeitos: Darci Accorsi, Pedro Wilson e Paulo Garcia. Este passou por maus momentos, sobretudo porque Iris Rezende deixou uma prefeitura com dívidas altas, mas está recuperando sua imagem como gestor. O partido tem quatro pré-candidatos consistentes e todos com imagem positiva: os deputados estaduais Adriana Accorsi, Humberto Aidar e Luis Cesar Bueno e o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira.
Os mais cotados dos quatro são Adriana Accorsi e Luis Cesar, que contam com a simpatia pessoal de Paulo Garcia. Os dois e Humberto Aidar são profundamente identificados com o partido. São históricos, por assim dizer. Os três não estão envolvidos nas falcatruas do PT nacional, mas, por serem históricos, acabam contaminados. Numa campanha, perderão tempo explicando o que, a rigor, não podem nem têm como explicar: as corrupções das quais não partilharam. Suplente de deputado federal, Edward Madureira, político decente, é um outsider — não um insider no PT. Filiou-se ao partido em 2014 para disputar mandato de deputado federal. Foi bem votado, mas não se elegeu, em larga medida por falta de recursos financeiros.
Em Anápolis, o prefeito João Gomes, do PT, está bem e tem chance de ser eleito. Seus adversários mais fortes apresentam problemas. O deputado Carlos Antônio é popular, mas não é consistente. Alexandre Baldy é visto como consistente, mas é apontado como “estrangeiro”, porque não mora na cidade.
Nas cidades menores, ocorre e está ocorrendo uma debandada. O ex-deputado Karlos Cabral, de Rio Verde, filiou-se à Rede. Aliados do prefeito de Leopoldo de Bulhões, Jefferson Louza, o pressionam para sair. O prefeito de Silvânia caiu fora e se filiou ao PSDB. O prefeito de Nova Aurora pensa em desfiliar-se.

[caption id="attachment_51619" align="alignleft" width="300"] Iris Rezende e Waldir Soares: o peemedebista-chefe e o tucano-plebe querem se apropriar do discurso de oposição contundente na capital | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O provável candidato do PT a prefeito de Goiânia — os pré-candidatos mais citados são Luis Cesar Bueno, Adriana Accorsi e Edward Madureira — terá dificuldade para apresentar suas propostas, na campanha de 2016, pois passará a maior parte do tempo sendo empurrado para defender a gestão do prefeito Paulo Garcia. Os principais pré-candidatos a gestor, com pesquisas nas mãos, sugerem que o eleitorado da capital é francamente de oposição a quem está no poder. Vez ou outra, por falta de nome consistente na oposição, vota na situação, mas é tradicionalmente oposicionista e intensamente crítico do poder.
As críticas do vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano (PMDB), a Paulo Garcia precisam ser examinadas a partir da perspectiva apontada acima. O irismo, sob recomendação de Iris Rezende, está demarcando seu espaço e explicando ao eleitorado que não tem mais a ver com a gestão de Paulo Garcia, quer dizer, está na oposição.
Por intermédio de Agenor Mariano, Iris Rezende está sugerindo que pretende manter um discurso de oposição amplo — contra o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o prefeito Paulo Garcia. É o que chamam de “oposição total”.
Pesquisas qualitativas indicam que o eleitorado goianiense é extremamente atento, inclusive às filigranas da política. Iris Rezende, por meio de seus luas pretas, percebeu que o segundo colocado nas pesquisas — surpreendentemente, cada vez mais próximo —, o delegado-deputado Waldir Soares, logicamente orientado por um marqueteiro experimentado, que consulta pesquisas com frequência, está procurando se tornar “proprietário” do discurso de “oposição total”.
Uma das pesquisas sugere que a aproximação de Vanderlan Cardoso da base governista foi positiva para o governador Marconi Perillo — porque o reforça politicamente, com a conquista do apoio de um ex-adversário —, mas não agradou o eleitorado de Goiânia. Os eleitores da capital apreciam mais “apocalípticos” do que “integrados”.
Como o governo de Goiás não estará em jogo em 2016 — embora a disputa em Goiânia seja sempre importante para as articulações de candidatos a governador —, o que o eleitorado vai julgar mesmo são as ações do prefeito Paulo Garcia, por isso vai avaliar com rigor seu candidato, e as propostas dos candidatos. Por isso, todos os candidatos, exceto o do PT, estão armando seu discurso de oposição. O irismo deu seu recado, por intermédio de Agenor Mariano: não vai assumir a paternidade da gestão de Paulo Garcia.

[caption id="attachment_51623" align="alignleft" width="620"] Foto: Assembleia Legislativa[/caption]
O deputado estadual Adib Elias é incendiário e não consegue pensar no Estado — só enxerga Catalão, sua Ítaca ou Paságarda. Entretanto, como transita relativamente bem nos grupos do deputado federal Daniel Vilela — novo protegido do vice-presidente Michel Temer, chefão do PMDB — e do ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende, é cotado para assumir a presidência da comissão provisória do PMDB regional.
Na semana passada, Adib Elias trabalhou para “plantar” a informação por meio de aliados. De fato, é um nome palatável ao irismo — que, porém, está desconfiado de sua aliança com o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela — e ao danielvilelismo. Na segunda-feira, 16, a cúpula do partido se reúne para discutir quem vai comandá-lo. Sete nomes vão dirigir o partido até as eleições para a formatação do Diretório Regional. O irismo quer bancar quatro nomes — um deles o de Iris Rezende. Mas há quem avalie que os cinco deputados estaduais e os dois federais devem assumir o comando.