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Adriana Accorsi, Edward Madureira, Humberto Aidar e Luis Cesar Bueno: políticos consistentes, decentes, mas contaminados pela crise do PT

Com certa malícia, os brasileiros costumam sugerir que a sigla do Partido dos Trabalhadores mudou: não seria mais PT, e sim PC. Partido Comunista? Nada disso. Partido da Corrupção. As generalizações são redutoras, é certo, e há políticos respeitáveis no partido que surgiu, na década de 1980, como símbolo da ética. O fato é que os eleitores estão generalizando e pesquisas mostram que o PT deve sofrer, na eleição de 2016, uma das maiores derrotas de sua história. Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad, embora não seja venal, tem um desgaste que só em parte é dele. O PT o “queimou” e, por isso, dificilmente será reeleito.

Cientistas políticos e marqueteiros avaliam que a derrota petista será acachapante e uma prévia do que provavelmente acontecerá em 2018. Os mais radicais chegam a sugerir que pelo menos 80% dos candidatos a prefeito devem perder as eleições. Analistas moderados falam num percentual entre 20 e 50%. O partido vai virar pó.

O PT goiano não foi atingido diretamente pela corrupção do partido em nível nacional. Um dos motivos é que há uma tradição ética arraigada no petismo do Estado. Outra razão é que os petistas goianos — excetuando Delúbio Soares, que se envolveu no mensalão — nunca teviram voz ativa na cúpula nacional. Sempre ficaram em segundo plano. Mesmo assim, serão atingidos eleitoralmente.

Em Goiânia, maior reduto petista em Goiás, o PT elegeu três prefeitos: Darci Accorsi, Pedro Wilson e Paulo Garcia. Este passou por maus momentos, sobretudo porque Iris Rezende deixou uma prefeitura com dívidas altas, mas está recuperando sua imagem como gestor. O partido tem quatro pré-candidatos consistentes e todos com imagem positiva: os deputados estaduais Adriana Accorsi, Humberto Aidar e Luis Cesar Bueno e o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira.

Os mais cotados dos quatro são Adriana Accorsi e Luis Cesar, que contam com a simpatia pessoal de Paulo Garcia. Os dois e Humberto Aidar são profundamente identificados com o partido. São históricos, por assim dizer. Os três não estão envolvidos nas falcatruas do PT nacional, mas, por serem históricos, acabam contaminados. Numa campanha, perderão tempo explicando o que, a rigor, não podem nem têm como explicar: as corrupções das quais não partilharam. Suplente de deputado federal, Edward Ma­dureira, político decente, é um outsider — não um insider no PT. Filiou-se ao partido em 2014 para disputar mandato de deputado federal. Foi bem votado, mas não se elegeu, em larga medida por falta de recursos financeiros.

Em Anápolis, o prefeito João Gomes, do PT, está bem e tem chance de ser eleito. Seus adversários mais fortes apresentam problemas. O deputado Carlos Antônio é popular, mas não é consistente. Alexandre Baldy é visto como consistente, mas é apontado como “estrangeiro”, porque não mora na cidade.

Nas cidades menores, ocorre e está ocorrendo uma debandada. O ex-deputado Karlos Cabral, de Rio Verde, filiou-se à Rede. Aliados do prefeito de Leopoldo de Bulhões, Jefferson Louza, o pressionam para sair. O prefeito de Silvânia caiu fora e se filiou ao PSDB. O prefeito de Nova Aurora pensa em desfiliar-se.