Por Euler de França Belém

[caption id="attachment_48592" align="aligncenter" width="620"] Deputado federal Alexandre Baldy | Renan Accioly[/caption]
A candidatura de Alexandre Baldy (PSDB) a prefeito de Anápolis já foi vista com olhares mais positivos pelo Palácio das Esmeraldas. O deputado federal é apontado como aquele aliado que, a todo momento, é preciso perguntar se é aliado mesmo. O parlamentar se tornou cansativo para os políticos que convivem com o governador Marconi Perillo. A aproximação com João Gomes (PT) é um recado que o deputado tucano parece não entender.

[caption id="attachment_46052" align="aligncenter" width="620"] Waldir Soares aposta que tucanato pode bancá-lo para prefeito de Goiânia[/caption]
O delegado Waldir Delegado Soares teme que a cúpula tucana esteja trabalhando para alijá-lo da disputa para a Prefeitura de Goiânia em 2018? Aliados do deputado federal acreditam que, de maneira “solerte”, o tucanato teria conseguido impedir sua entrada no Partido da Mulher Brasileira (PMB)? Na verdade, três questões devem ser apontadas.
Primeiro, a cúpula nacional queria duas mulheres para dirigir o partido em Goiânia e em Goiás. Segundo, o delegado Waldir poderia até assumir o partido, mas não teria o direito de controlar o fundo partidário — o que o teria deixado arrepiado. Terceiro, o tucanato avalia que, se Waldir sair do páreo, cresce a expectativa de Iris Rezende ganhar no primeiro turno. Portanto, nenhum tucano perspicaz quer retirá-lo do páreo.
O delegado Waldir aposta todas as suas fichas, se não conseguir migrar para outro partido, que os pré-candidatos da base aliada — como Giuseppe Vecci, do PSDB, e Virmondes Cruvinel, do PSD — não vão deslanchar e, deste modo, a cúpula irá buscá-lo em casa para disputar a prefeitura.
Isto é possível?, perguntou o Jornal Opção para um tucano de bico erado. “É, sim.” Por quê? “Porque o governador Marconi Perillo, se perceber que só pode derrotar Iris Rezende com a candidatura do delegado Waldir, vai hipotecar todo seu apoio a ele.” Qual é o lance? “O lance é o seguinte: se Iris Rezende for eleito prefeito da capital, o nome do senador Ronaldo Caiado ficará muito forte para a disputa do governo de Goiás em 2018. Portanto, entre fortalecer o presidente do DEM e eleger o delegado Waldir, se isto for possível, nós, tucanos, vamos ficar, é claro, com a segunda possibilidade. Uma coisa que político detesta é o chamado ‘suicídio burro’.”

Um grupo avalia que o deputado estadual Luis Cesar Bueno, mais motivado, deve ser o candidato do PT a prefeito de Goiânia em 2016. Mas a tendência dirigida pelo prefeito da capital, Paulo Garcia, avalia que, em termos de popularidade, como tem comprovado as pesquisas, o nome mais consistente é o da deputada estadual Adriana Accorsi.
Em praticamente todas as pesquisas, apesar do desgaste nacional do PT, sempre aparece com 5% a 6% das intenções de voto. Fica-se com a impressão de que a crise do PT não a atinge com intensidade. Por quê? Há duas explicações. Primeiro, como deputada, faz um trabalho consistente e produtivo com segmentos da sociedade organizada. E é respeitada pela seriedade de seus propósitos. Segundo, um de seus temas candentes é segurança pública, um dos maiores apelos eleitorais do país, não só de Goiânia. Acredita-se, assim, que, contra Iris Rezende e o delegado Waldir Soares, o PT bancar a delegada.

[caption id="attachment_51077" align="alignleft" width="300"] Marconi e o prefeito Jardel Sebba | Foto: Wesley Costa[/caption]
O prefeito Jardel Sebba (PSDB) tem sobre sua mesa pesquisas que apontam a recuperação de sua popularidade em Catalão. As pesquisas são animadoras porque mostra o tucano crescendo e Adib Elias (PMDB) ora estagnado, ora caindo.
Jardel Sebba está animado com o projeto de reeleição e cumpre extensa agenda de inauguração de obras nos bairros. Os aliados do peemedebista Adib Elias estão com as barbas de molho. O eleitorado começa a dizer, nas pesquisas qualitativas: “Por que trocar o que está funcionando?”
O que os eleitores mais temem é o “ódio” propalado por Adib Elias. Os eleitores querem um político mais pacífico e que esteja em sintonia com o governador Marconi Perillo (PSDB).
As organizações corporativas são democráticas, não há a menor dúvida, mas promovem um verdadeiro cerco aos Estados, em defesa de seus interesses. Há várias questões em jogo; apontemos ao menos três. Primeiro, o corporativismo está cada vez mais organizado nas redes sociais, divulgando verdades e, às vezes, distorções sobre políticos e gestores. Segundo, eventualmente defende todos os servidores públicos, mas em geral tem seus próprios interesses. Terceiro, paralelamente à pauta reivindicativa, há o jogo político e as forças corporativas não raro são subordinadas a partidos políticos e, mesmo, a políticos isolados. O que ocorre em Goiás está ocorrendo noutros Estados.

O empresário Vanderlan Cardoso comentou com um aliado que está mais preocupado com as eleições de Senador Canedo. Sua tese: a chance de ser eleito prefeito de Goiânia pelo PSB é mínima, mas a chance de eleger um candidato no município vizinho é palpável. “Para Vanderlan, é mais factível um pássaro na mão do que dois voando”, afirma o aliado.

O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Anselmo Pereira (PSDB), anunciou para os aliados que está fora do jogo para a disputa da Prefeitura de Goiânia. Mas vai manter o nome na Imprensa para ganhar mais força política. O que ele quer é ser vice, mas, como admite que é praticamente impossível, vai ser candidato mesmo é a vereador. O tucano sugere que, como postulante a prefeito, consegue arrecadar mais dinheiro para a campanha para a Câmara.

O Jornal Opção pediu para um grupo de tucanos, de bicos erados e de bicos menores, avaliar o desempenho dos presidentes do PSDB estadual, Afrêni Gonçalves, e do PSDB metropolitano, Rafael Lousa.
A maioria disse que, num partido com um líder tão marcante quanto o governador de Goiás, Marconi Perillo, a tendência é que as grandes questões passem por sua órbita. “Marconi é o Sol do PSDB goiano”, define um deputado. Mas todos disseram que, apesar disso, Afrêni Gonçalves e Rafael Lousa não comprometem como líderes. “O PSDB goiano e o PSDB goianiense estão bem em suas mãos”, garante um tucano de bico longo.
Tanto Afrêni Gonçalves quanto Rafael Lousa são vistos como líderes que sabem ouvir, que demonstram equilíbrio e que não discriminam os filiados, sejam de muita importância, de média importância e de pouca importância eleitoral. Ouvem todos os integrantes do partido, propõem caminhos conciliatórios e democráticos e não decidem de maneira monocrática.
O que todos comentam também é que Afrêni Gonçalves e Rafael Lousa são líderes presentes. Eles são apontados como líderes que participam dos eventos do partido. O primeiro recebe integrantes do partido na capital e também viaja às cidades do interior para ouvi-los. Não chega com fórmulas prontas. Ouve detalhadamente e, se oportuno, oferece uma orientação. Em Goiânia ocorre o mesmo: Rafael Lousa é visto como um líder democrático, acessível e tranquilo. “Veja-se o caso do delegado Waldir Soares. Ele faz críticas ao partido e ao governo do Estado. Ainda assim, é bem tratado tanto por Afrêni quando por Rafael. Por quê? Porque sabem que é preciso tratar bem todos os integrantes do partido e Waldir Soares é um campeão de votos.”
Os entrevistados sublinham que uma das virtudes mais louváveis de Afrêni Gonçalves e Rafael Lousa é que defendem o partido e seus integrantes. “Em Goiânia, por exemplo, afirmam que o PSDB terá candidato a prefeito e trabalham para que isto se torne, mais do que desejo, uma realidade”, afirma um ex-deputado. Um ex-vereador complementa: “Como não têm mandato e não estão postulando mandatos nas eleições de 2016, os dois são independentes e respeitados pelos possíveis candidatos. São isentos e são hábeis na arte de articular. Afrêni é experiente, foi deputado. Rafael é cristão-novo, mas, como filho de Olier Alves, uma raposa política, não tem deixado a desejar”.
Noutras palavras, apesar de as decisões mais importantes passarem mais pelas mãos do governador Marconi Perillo, a conclusão dos tucanos é que o partido, com Afrêni Gonçalves e Rafael Lousa, está muito bem representado.

[caption id="attachment_53818" align="alignleft" width="300"] Foto: Alexandre Parrode[/caption]
Setores próximos ao governador Marconi consideram que a secretária Raquel Teixeira, que nunca engoliu as OSs, age com mão frouxa no caso das ocupações das escolas por grupos ligados a sindicatos e partidos políticos. O entendimento é que a secretária deixa correr o movimento sem uma intervenção mais firme.
Os governistas avaliam que não se trata de má-fé, e sim porque Raquel Teixeira, por ser professora e manter ligações fortes com professores, inclusive do sindicato, avalia que é preciso pegar mais leve. Todos admitem que se trata de uma pessoa decente.

A jornalista, autora do best seller internacional “O Fim do Homem Soviético”, diz que, ao visitar Moscou, ficou surpresa ao ver policiais, militares, políticos e gente comum rezando pelas armas nucleares russas
“Em Busca do Tempo Perdido — Dicionário de Nomes & Lugares” (Biblioteca Azul, 189 páginas, tradução de Carla Cavalcanti e Silva), de Michel Erman, não é uma obra exaustiva. Mas contribui para o entendimento da principal obra do escritor francês Marcel Proust. O crítico Carlos Augusto Silva escreveu o “Dicionário Proust — As Personagens de Em Busca do Tempo Perdido”.
Os livros do francês Michel Erman e do brasileiro Carlos Augusto Silva, parecidos mas diferentes, se complementam. Assim, um não é melhor do que o outro. O único problema é que a obra do segundo não está disponível nas livrarias. Muito do que você tem medo de perguntar, para não parecer não-proustiano, é respondido, de maneira competente e sintética, pelas duas obras.
Os dicionários não são obras para especialistas, mas nem mesmo os especialistas têm memória de elefante e, por isso, precisam consultar livros de referência — como é o caso. São trabalhos muito bem-feitos, escritos, com o máximo de clareza e alto espírito de síntese, por proustianos consumados.
Mas o que vale a pena mesmo é a leitura do “tratado literário” de Proust, que deve ser lido devagar, para que se possa apreciar como o autor (um detalhista, até miniaturista) constrói a história e os personagens, como sua linguagem “lenta” — com períodos longos e, por vezes, enviesados — a conta e, claro, as (múltiplas) histórias em si. Proust é um “país” que precisa ser visitado e desvendado. Os dicionários ajudam, aqui e ali, a esclarecer a respeito de algumas coisas, pessoas, lugares.
Transcrevo um verbete do livro de Michel Erman:
“Charlus [Palamède, barão de] — Nascido em 1839, é irmão caçula do duque Basin de Guermantes e da senhora Marsantes. Suas atitudes e sua conversação traduzem a consciência elevada que tem de sua classe social, na qual, entretanto, não se mantém isolado, em razão de uma inteligência superior e de suas inclinações homossexuais. É um verdadeiro conhecedor da obra de Balzac e de pintura em geral. Seu personagem está associado a toda temática perversa do romance (voyeurismo e sadomasoquismo em particular). É o que o torna grande, pois à lei social e aos julgamentos dos outros, opõe sempre sua própria lei, mas será isso também a causa de sua decadência.
“A homossexualidade do barão aparece pouco a pouco nas conversas das pessoas que lhe são próximas e ao longo da educação existencial do herói. Quando do primeiro encontro entre eles, o herói, com dezessete anos, não compreende o que seu olhar manifesta de pulsional [vol. 2, 392-3]. Charlus é o tipo de homem-mulher, a exemplo do Vautrin de Balzac. É um homossexual que elogia a virilidade mas há nele uma parte da feminidade; a sociedade do Faubourg o apelida ‘Memé’. Essa ambiguidade, que remete ao mito platônico do andrógino [vol. 4], tal como exporto no ‘Banquete’, é fonte de angústia. Para se desfazer dela, o barão se pretende mestre do absoluto do desejo, que ele exprime frequentemente na violência, como Vautrin, que foi a causa do suicídio de Lucien de Rubempré. Humilhado e enganado pelo pianista Morel, que ele sustentou (na ‘Busca’, todo ser amado é um ser em fuga), Charlus começará sua descida aos infernos. Com o tempo, o sentimento amoroso transformado em pureza no seu coração sofredor transformará a violência em doçura. Depois, ele abandonará sua soberba para se entregar às práticas masoquistas no bordel de Jupien. Durante a guerra, sua personalidade social conhecerá transformações; a senhora Verdurin dirá dele: ‘Não vê ninguém, ninguém o percebe’ [vol. 7, p. 97]. Em 1919, na matinée em casa da princesa de Guermantes, o herói o considera ‘a majestade shakespeariana de um rei Lear’ [vol. 7, 199]. Charlus é incontestavelmente um personagem trágico.” (Páginas 36 e 37)

Nada li de tão impressionante sobre negociatas quanto o livro-bomba “Política, Propina e Futebol — Como o ‘Padrão Fifa’ Ameaça o Esporte Mais popular do Planeta” (Objetiva, 334 páginas), de Jamil Chade. O repórter do “Estadão” esmiúça a corrupção de Joseph Blatter, Jérôme Valcke, Jack Warner, Ricardo Teixeira, José Maria Marin, entre outros. Trata-se de corrupção universalizada.
O ex-governador Alcides Rodrigues é citado como articulando lobby para atrair jogos da Copa de 2014 para Goiás. Quando o Brasil foi definido como sede da copa, em 30 de outubro de 2007, vários governadores foram a Zurique comemorar. Entre eles, segundo o livro, Alcides Rodrigues (então no PP), de Goiás; Aécio Neves (PSDB), de Minas Gerais; José Roberto Arruda (então no DEM), do Distrito Federal; Cid Gomes (então no PSB), do Ceará; Ana Júlia Carepa (PT), do Pará; Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro.

O deputado federal vai organizar um grande evento e garante que já tem o esboço de um programa para governar a capital

O compositor e cantor tem o direito de apoiar a presidente petista, assim como as pessoas têm o direito de criticá-lo. O que se deve condenar é a intolerância que está tomando conta do país
O presidente aposta que o partido fará bancada expressiva na Câmara Municipal de Goiânia