Por Euler de França Belém

O candidato a governador de Goiás pelo PMDB garante que não conhece Carlos Cachoeira e que não é “homem de negociata”
A Contato Comunicação lista, colhendo informações com 72 eleitores, os profissionais mais admirados do Direito no Estado de Goiás

O empresário diz que o político lhe ofereceu um almoço na residência de Maguito Vilela e se encontrou com diretores da Delta na sua fazenda do Xingu

[caption id="attachment_10696" align="alignleft" width="620"] Frederici Jayme: "Iris fala que saí do partido para ficar no TCE, como se esquecesse que para ser conselheiro não é permitido ser filiado [a partido político], e depois que saí do TCE, a pedido dele, retornei ao meu partido de origem” | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado de Goiás e ex-deputado Frederico Jayme (PMDB) diz que o candidato do PMDB a governador do Estado, Iris Rezende, tem o hábito de “atacar” os adversários, mas não aceita discutir a origem de seu “farto patrimônio”. “Se a origem é honesta, por que não apresentar os dados ao eleitorado. Poderia dizer assim: ‘Antes de 1983, eu tinha isto e agora tenho isto’. Não entendo também o motivo de Iris ter recorrido à Justiça para evitar a quebra de seu sigilo bancário. O que o ex-prefeito de Goiânia está escondendo? Informações precisas sobre o contrato com a Qualix e seu faturamento na prefeitura também são bem-vindas.”
Frederico diz que há políticos que, de repente, aparecem com aviões, mas sem explicar como o comprou. “Será que o político vendeu um bem tão valioso assim para conseguir adquirir um avião caríssimo?"
Na opinião do ex-deputado, Iris vai, “mais uma vez, derrotar o PMDB. Ele não tem um projeto partidário — joga sempre para si e para sua família. Uma vez, na inauguração de um comitê de Thiago Peixoto, pediu votos para sua mulher, Iris Araújo, de quem os peemedebistas, em peso, não gostam”.
O PMDB, frisa Frederico, nunca esteve tão desunido. “Iris é um elemento da discórdia. Metade do PMDB está apoiando a reeleição do governador Marconi Perillo. Eu faço contatos com peemedebistas de todo o Estado, o que Iris não faz, pois mal sai de seu escritório, e sei que há uma rejeição profunda ao político mais superado de Goiás. Posso dizer que outros peemedebistas vão abandonar a campanha de Iris, nos próximos dias. Alguns não vão revelar sua decisão para não serem perseguidos. O curioso é que Marconi une mais o PMDB do que Iris. O PMDB não acredita em Iris, o puxador de tapete inveterado. É sua grande arte. Goiás precisa criar a Associação das Vítimas de Iris (Aviris). Henrique Meirelles, Vanderlan Cardoso e Júnior Friboi são ‘integrantes’ da Aviris.”
Em recente conversa com Júnior Friboi, Frederico ouviu que o empresário liberou seus aliados para apoiar Marconi. “Júnior não quer, em nenhuma hipótese, uma vitória de Iris. Ele pode ficar ligeiramente afastado do processo, mas torce pela vitória de Marconi.”
Ante o esvaziamento da campanha de Iris, “por falta de motivação”, Frederico afirma que “Marconi deve ser reeleito no primeiro turno”.
No caso de derrota de Iris, o que acontecerá com o PMDB? “A derrota de Iris pode resultar, mesmo no curto prazo, numa vitória do PMDB, que vai se livrar de um líder castrador dos novos líderes. Iris representa um desastre para o partido e seus integrantes”, assinala Frederico. “O partido, com Iris fora do comando, vai passar por uma reestruturação, uma glasnost, uma espécie de desinfecção. O partido vai se tornar mais aberto, democrático. Maguito Vilela, Júnior Friboi, Gilberto Naves, entre outros, poderão participar ativamente da vida do partidária.”

[caption id="attachment_12965" align="alignleft" width="620"] Iris Rezende e Vanderlan Cardoso: os dois políticos podem terçar forças na eleição de 2016 pelo comando da Prefeitura de Goiás l Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Não há outras palavras justas, diria Flaubert: é prematuro discutir a eleição para a Prefeitura de Goiânia, a de 2016, com a campanha política de 2014 ainda em andamento.Entretanto, como os políticos projetam cenários, numa tentativa às vezes vã de sondar o inescrutável futuro, o jornalismo tem o direito (e o dever) de especular e, ao mesmo tempo, apresentar aquilo que se expõe nos bastidores. Recentemente, numa conversa entre um petista, que se quer irista, e um peemedebista, igualmente irista, um repórter do Jornal Opção colheu uma história que merece registro. Os jovens iristas, depois de falar mais do governador Marconi Perillo, disseram que, em conversas privadas, Iris Rezende admite que, se perder mais uma vez para o tucano-chefe, deverá disputar a Prefeitura de Goiânia em 2016, quando terá 83 anos. Sua tese: o prefeito Paulo Garcia, mesmo que recupere sua administração, possivelmente não terá tempo para reconstruir a imagem pessoal e, assim, terá dificuldade para fazer o sucessor. Por isso, o PMDB, que não morre de amores pelo PT, deve lançar candidato a prefeito.
Segundo os iristas, Iris também teria admitido que, se não for candidato, pode bancar sua mulher, Iris Araújo, ou uma de suas filhas, possivelmente Ana Paula Rezende, para a disputa da Prefeitura de Goiânia.
Agora, observe-se o nexo da disputa de 2014 com a de 2016. Se for derrotado em 2014 e não disputar eleição em 2016, Iris perderá o controle do PMDB para outras forças políticas, revigoradas pelo discurso de que o partido precisa abrir espaço para o “novo”. Para tentar se manter como a “oposição” mais sólida, o PMDB deve lançar candidato a prefeito. Noutro campo da oposição, no PSB, especula-se que, como tende a perder a eleição para governador, Vanderlan Cardoso vai disputar a Prefeitura de Goiânia. Esta possibilidade pode excluir uma aliança entre Iris e Vanderlan num provável segundo turno para o governo do Estado. E pode favorecer uma aliança do segundo com o governador Marconi Perillo. Claro, são hipóteses.

[caption id="attachment_12961" align="alignleft" width="300"] Rubens Otoni, Daniel Vilela, Thiago Peixoto, Alexandre Baldy: favoritos[/caption]
O Jornal Opção conversou com líderes de oito partidos e todos disseram: para deputado federal, a guerra não ocorre entre governismo e oposição, e sim na base do governador Marconi Perillo. Avalia-se que o PMDB faz 3 deputados, o Solidariedade 1 e o PT 2. Sobram 11 vagas — disputadas a ferro e fogo por candidatos que apoiam o tucano-chefe. Publicamos a lista sugerida pelos líderes. Não se trata de pesquisa e esclarecemos que surpresas sempre acontecem. Não é uma lista com 17 e sim com 25 nomes que têm presença forte no jogo:
Alexandre Baldy, Antônio Faleiros, Célio Silveira, Daniel Vilela, Eurípedes Júnior, Fábio Sousa, Gilvan Máximo, Giuseppe Vecci, Heuler Cruvinel, Iris Araújo, João Campos, José Mário Schreiner, Jovair Arantes, Lucas Vergílio, Magda Mofatto, Marcos Abrão, Olavo Noleto, Paulo do Valle, Pedro Chaves, Roberto Balestra, Rubens Otoni, Sandes Júnior, Thiago Peixoto, Valdir Soares e Valdivino Oliveira.
Marqueteiros e pesquisadores recomendam cautela quanto ao poder miraculoso dos programas eleitorais na televisão.
Os estudiosos admitem que, se uma ideia cair no gosto popular, pode mudar o quadro político-eleitoral. Mas ressalvam que os programas no geral não são muitos diferentes. E alertam: programas histéricos, com críticas pesadas, não costumam gerar resultados positivos. Eles recomendam uma agenda positiva que desperte a atenção das pessoas.
Programas malfeitos, que não estiverem ao nível da programação das redes de televisão, inclusive em termos plásticos, podem afugentar os eleitores. Programas bem feitos, com imagens e ideias sintonizadas, costumam chamar mais a atenção.
Outro problema, segundo os marqueteiros e pesquisadores, é que se vive a era da dispersão. Há algum tempo, não existiam canais de televisão pagos, e depois nem todos podiam pagá-los. Mas agora há uma espécie de democratização e na casa da classe média baixa, e até na dos pobres, é possível verificar alguns canais pagos. O outro elemento dispersivo é a internet.
Então, os candidatos não têm que disputar apenas entre si. Eles precisam fazer muito esforço para atrair o eleitorado. Portanto, se ficar xingando ou se fizer programas malfeitos, para cumprir tabela, não conquistarão a atenção dos eleitores.
O deputado estadual Francisco Gedda se considera, acima de tudo, “um otimista que não perde o senso realista”. Ele admite que, “no momento”, o governador Marconi Perillo é favorito, mas avalia que a rejeição, apontada como “alta”, pode derrotá-lo. “A história do ‘já estou eleito’ é a mais perigosa de todas. Ninguém está eleito por antecipação.” Candidato à reeleição, Gedda avalia que será eleito com mais facilidade do que na eleição passada. “Tenho parcerias de qualidade, por exemplo com Daniel Vilela, que deve ser o mais bem votado das oposições para deputado federal. Ele deve ter mais votos do que Iris Araújo. Só em três cidades — Goiânia, Aparecida de Goiânia e Jataí —, deve obter 100 mil votos. O peemedebista também está muito forte em Quirinópolis, Goiatuba e Catalão.”

[caption id="attachment_12957" align="alignleft" width="620"] Foto: Jornal Opção[/caption]
Políticos dizem: “Thiago Peixoto está sumido”. O deputado federal de fato trabalha em tempo integral para ser reeleito, porque considera que não há campanha fácil. Porém, políticos de vários partidos estão observando que, mais recentemente, Peixoto está concentrando ações e energia em Goiânia, buscando dobradinhas com candidatos a deputado estadual e alianças com líderes locais. O que isto significa?
Um tucano de bico erado acredita que, com seu jeito discreto mas insinuante, Thiago está planejando voos mais altos. O jovem economista pretende disputar a Prefeitura de Goiânia. Por isso trabalha muito na capital e quer se apresentar como “novo” e “competente” em 2016.
Um desembargador diz que dois colegas, Leobino Valente e Gilberto Marques, fecharam um acordo “de cavalheiros” para a disputa do comando do Tribunal de Justiça de Goiás no início de 2015. Leobino deverá ser o presidente e Marques, o corregedor. “Beatriz Figueiredo está colocando seu nome para a disputa, mas tem poucos aliados.” Um magistrado ressalva que, embora seja relevante discutir a disputa no TJ, mais importante é adquirir material de consumo para o funcionamento adequado do poder. “Está faltando papel e toner para as impressoras”, afirma. Um problema para o eficiente presidente do TJ, Ney Teles de Paula, resolver.
O município de Jataí, no Sudoeste goiano, lançou sete candidatos a deputado estadual, mas apenas um apoia o candidato do PMDB a governador, Iris Rezende. Trata-se de Francisco Gedda, do PTN. Eroni Toledo, do PT, apoia Antônio Gomide, candidato do partido ao governo. Victor Priori (PSDB), Mauro Bento Filho (PHS), Marcos Antônio (PDT), Cristiano Castro (PRB) e Jesus Malavel (PSL) apoiam a reeleição do governador Marconi Perillo.
“Para ganhar ou para perder, fico com Iris Rezende e Ronaldo Caiado”, afirma Gedda. O deputado estadual liga para os amigos e diz, brincando: “Cadê os meus 19.000?” A pessoa pergunta: “Estou lhe devendo dinheiro ou você está me devendo?” Aí, morrendo de rir, o presidente do PTN diz: “Nada disso. 19.000 é o meu número de candidato a deputado”.
Em Jataí, Gedda está com a candidatura consolidada. “Cerca de 80% dos funcionários da prefeitura do município devem me apoiar.”
O prefeito do município, Humberto Machado, diz que não apoia a candidatura de Iris Rezende, porque não representa a renovação. Porém, segundo Gedda, o peemedebista liberou seus aliados para, se quiserem, apoiar o candidato do PMDB. “Acredito que Iris e Marconi vão sair empatados do pleito em Jataí. No Entorno do Distrito Federal, a rejeição a Marconi não é pequena. O programa de televisão pode reconfigurar o mapa eleitoral
O deputado estadual Francisco Gedda diz que o empresário Júnior Friboi deve voltar para Goiânia nesta ou na próxima semana. “Júnior garantiu que vai apoiar um grupo de amigos, quer dizer, aqueles que ficaram firme com ele desde o início.”
Gedda frisa que conquistou o apoio do ex-governador Alcides Rodrigues em Santa Helena. Paulo. “Trata-se de um apoio e tanto. O ex-deputado Sérgio Caiado está me apoiando integralmente.”
“Não sou de ficar discutindo pesquisas, até porque parto do pressuposto de que devem ser honestas. Mas acredito que, depois de uma semana de programa eleitoral, Vanderlan Cardoso deve subir para 15% e isto vai garantir o segundo turno. Iris Rezende, meu candidato tende a cresder”, afirma Gedda. “Acredito que grande parcela do funcionalismo público vai apoiar Vanderlan.”
Sobre Ronaldo Caiado: “Ele pode comprar o terno da posse. Porque vai assumir mandato de senador em 2015”.
O ex-governador Alcides Rodrigues disse a aliados que vai apoiar o candidato do PSB a governador de Goiás, Vanderlan Cardoso, no primeiro turno. Entretanto, se Iris Rezende, do PMDB, for para o segundo turno contra o governador Marconi Perillo, do PSDB, o integrante do PSB decidiu: fica com o peemedebista.
Alcides tem confidenciado a aliados e amigos que torce para Vanderlan e está trabalhando na sua campanha. Mas aposta suas fichas que Iris, e não Vanderlan, vai para o segundo turno contra o tucano-chefe. O ex-governador é, acima de tudo, um realista.
Marqueteiros sugerem ao candidato a senador Vilmar Rocha que seja mais sintético e objetivo nas suas falas. Afirmam também que o presidente do PSD deve ser menos professoral e mais informal.
Pesquisadores e marqueteiros que os leitores não aprovam candidatos a cargos executivos que ficam xingando os adversários. Porém, embora a eleição para o Senado seja majoritária, os eleitores apreciam candidatos a senador que sejam mais bem posicionados. Mais: frisam que aquele que não está bem nas pesquisas de intenção de voto não pode ficar paralisado e atuando no campo apenas propositivo, isto é, precisa aceitar e até provocar o confronto político.
A dica dos pesquisadores e marqueteiros é que Vilmar precisa responder às críticas de Caiado ao governo, chamando a “batalha” para si, não deixando-a para o governador Marconi Perillo.
Um marqueteiro afirma que o candidato a senador do PSB, Aguimar Jesuíno, age corretamente ao buscar o confronto com Ronaldo Caiado (DEM), o líder nas pesquisas para o Senado. Assim como Caiado age com acerto ao fugir do debate com Aguimar. Ele não cai na armadilha ardilosamente preparada pelo socialista.
Os estudiosos avaliam que Marina Sant’Anna, do PT, também se equivoca quando passa ao largo do debate, porque o eleitorado fica com a impressão de que não tem coragem e preparo intelectual.