Por Euler de França Belém
Quando se trata de eleição para deputado estadual, o PT aposta mais em Goiânia, Anápolis e Entorno do Distrito Federal. Entretanto, uma das surpresas eleitorais deste ano pode ser do Nordeste goiano. O petista Ivon Valente, de Posse, é um dos nomes fortes da região. Talvez o mais forte. O PT deveria apoiar Ivon Valente com mais empenho porque, das vidas secas do Nordeste, pode ser eleito um deputado que, além de tudo, é consistente politicamente.
Podem falar mal. Podem falar bem. O fato é que o site Goiás 24 Horas não deixa ninguém indiferente. Seus redatores seguem o estilo pauleira, às vezes chique, de Bernard Shaw, Karl Kraus e H. L. Mencken. São divertidos, cáusticos e inteligentes. Virou febre e, dizem, é mais lido por aqueles que amam odiá-lo.
O site é demolidor. Dizem que é parcial, que não é independente. Não é. Mas quem acredita mesmo em independência jornalística costuma acreditar em fábula, curupira, saci- pererê, mula de duas cabeças e até em alma penada.
O diretor de redação da revista “CartaCapital”, Mino Carta, assumiu que apoia a candidatura da presidente Dilma Rousseff, do PT. Não há problema algum. A revista não piora nem melhorar devido a sua adesão ao PT e ao Lulopetismo.
A “Veja” e a “Folha de S. Paulo” apoiavam Aécio Neves. Escrevi “apoiavam”? Ah, sim, os proprietários e editores das duas publicações abandonaram a candidatura do senador mineiro e não sabem se ficam com Dilma Rousseff, a previsível (apesar da tentativa de controlar a imprensa), ou, por realismo, com Marina Silva, a incógnita. Na dúvida, ficam de olho nas pesquisas.
No jornalismo televisual é difícil dizer que há alguém com mais experiência do que a mineira Alice-Maria Tavares Reiniger, de 69 anos. A qualidade o jornalismo da TV Globo deve muito à competência e ao profissionalismo de Alice-Maria, que decidiu se aposentar, nesta semana, depois de uma carreira intensa e produtiva na Rede Globo.
Alice-Maria — que, ao modo de Gustave Flaubert, poderia dizer “o jornalismo da Globo sou eu” — formou-se em jornalismo na Faculdade Nacional de Filosofia (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 1966, e nesse ano entrou para a Rede Globo de Televisão como estagiária. Lá, dadas sua competência e responsabilidade, se tornou a primeira mulher a assumir o cargo de diretora-executiva da Central Globo de Jornalismo. A criação do Jornal Nacional, da qual foi editora-chefe, passou por suas mãos. Criou também, com outros profissionais, como Armando Nogueira, o “Hoje”, o “Jornal da Globo”, o “Globo Repórter”, o “Globo Rural”, o “Bom Dia Brasil” e o “Fantástico”.
Em 1990, deixou, ao lado de Armando Nogueira, a Globo. Mas voltou em 1996 para implantar a GloboNews, outro sucesso do empreendimento da família Marinho graças, em larga medida, ao “dedo de ouro” de Alice-Maria.
(Antônio Faleiros, no centro, com diretores Rodrigo Teixeira, Ricardo Haddad, Rafael Haddad e Elézer Ataídes, do Hospital Renaissance: área da saúde quer ter representante na Câmara dos Deputados)
Em Goiânia e região metropolitana, o ex-secretário de Saúde Antônio Faleiros tem concentrado sua campanha em visitas a clínicas e hospitais, onde tem recebido apoio maciço de colegas médicos, empresários hospitalares e servidores. Nas conversas com os médicos e funcionários das unidades, ele sempre ressalta que quer ser o representante da saúde na Câmara dos Deputados.
E quem conhece uma pessoa pode dar o melhor testemunho sobre ela. E um testemunho mais que categorizado sobre Antônio Faleiros é do proprietário do Hospital Renaissance, médico Rafael Haddad. Segundo Haddad, ninguém melhor para representar a saúde do que uma pessoa responsável e experiente como Faleiros. “Ele está preparado para mudar a saúde do nosso país. Exemplo disso foi a sua luta como secretário de Saúde.”

O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT, aproximou-se ainda mais do candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, nos últimos dias. Há certa lógica na sua ação. Primeiro, se Marina Silva, do PSB, for eleita presidente da República, o prefeito goianiense perde o apoio do governo federal. Marina é a favorita e certamente não o boicotará, mas não lhe dará, como tem ocorrido com Dilma Rousseff, tratamento privilegiado, diferenciado. Segundo, se o governador Marconi Perillo for reeleito, o petista continuará sem o seu apoio. O tucano-chefe tentou uma aproximação, mas, dada sua ligação com Iris Rezende — que se tornou seu herói e padrinho político (muito acima de Lula da Silva) —, Paulo Garcia mantém-se afastado. Marconi é favoritíssimo. Com a popularidade em baixa, segundo pesquisa do Instituto Serpes, Paulo Garcia, sem o apoio dos governos federal e estadual, terá dificuldade para concluir seu mandato (com o apoio de Dilma Rousseff, ele não vai muito bem).Os goianienses torcem para que se dê o contrário, mas não é remota a possibilidade de que saia com a imagem pior do que a de Pedro Wilson. Concluindo: é a expectativa de ficar isolado que está levando Paulo Garcia, inclusive com seu marqueteiro, Renato Monteiro, para a campanha de Iris Rezende — e cristianizando o candidato do PT a governador, Antônio Gomide.
(Acima, Iris Rezende e o marqueteiro Dimas Tomas: contenção de gastos)
O candidato ao governo de Goiás pelo PMDB, Iris Rezende, mandou demitir mais de 20 profissionais de sua equipe de comunicação. O marqueteiro da campanha peemedebista, Dimas Thomas, da agência Fórum TV Mais, responsável pelas contratações, alegou, ao promover as demissões, que não havia recursos disponíveis para pagar a equipe e que o PMDB havia decidido priorizar outras áreas (publicidade-programa de televisão e carreatas). Os produtores, repórteres, fotógrafos, maquiadora e locutora demitidos haviam acertado com o marqueteiro que receberiam salários até setembro. No entanto, receberam cheques — como estavam cruzados não puderam ser descontados no caixa; foram depositados — referentes apenas ao salário de agosto. O mês de setembro, como não houve trabalho prestado, não será pago. Porém, como havia sido pactuado, os profissionais querem recebê-lo integralmente e, se necessário, recorrerão à Justiça. Eles prometem denunciar o possível “calote” em praça pública. “Se o PMDB trata mal os funcionários que articularam sua campanha na televisão e no rádio, deixando de pagá-los, imagine o que, no poder, não fará como os servidores públicos”, afirma um dos demitidos, que prefere o anonimato por recear retaliações. “Estou numa terra estranha e sei que alguns peemedebistas têm fama de perseguidores”, acrescenta.
Na terça-feira, 2, ao procurarem a produtora da campanha, em busca de seus direitos, os demitidos foram informados que já receberam agosto e, portanto, não têm mais o que receber. Foram surpreendidos com a presença de seguranças, que os impediram de entrar na produtora. Os profissionais também estão sendo “expulsos” do hotel, pois o PMDB informou que não vai mais pagar a hospedagem.

Acatando solicitação do candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende (foto), o marqueteiro da campanha, Dimas Thomas, da Fórum TV Mais, demitiu vários profissionais da área de comunicação. Alega-se que um deputado federal deixou de repassar recursos e por isso a empresa de Dimas Thomas não tem como honrar os compromissos. Iris e sua equipe decidiram que vão concentrar recursos no programa de televisão, nas carretas e adesivaços.
1 — Adriana Moraes — Repórter. De Goiás
2 — Ana Paula Simiema
3 — Antônio H. — Assistente de Câmara
4 — Bárbara Souza — Maquiadora. Do Distrito Federal
5 — Benigno André — Diretor de fotografia
6 — Bianca Benetti — Repórter. De Goiás
7 — Elias — Cinegrafista. De São Paulo
8 — Fernando Augusto — Primeiro assistente de Câmera
9 — Gisele Faria — Locutora de rádio. De São Paulo
10 — Januário Leal — Assistente de produção e motorista.
11 — Kellen Casara — Primeira assistente de produção
12 — Marilane Correntino — Repórter. De Goiás
13 — Omar — Produtor de elenco.
14 — Patrícia Augusta Barbosa — Planejamento de mídia.
15 — Paulo Rogério — Produtor de arte. De Goiás
16 — Sandro Pereira — Editor de imagem. De Goiás
17 — Thiago Bittencourt — Técnico de som. De São Paulo
18 — Valéria Almeida — Repórter. De Goiás
(Há mais demitidos e pelo menos mais uma profissional deve pedir demissão.)
Na disputa para presidente da República, desde 2002, o PSDB perdeu três eleições consecutivas para o PT do ex-presidente Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff. Caminha para perder a quarta, e para uma ex-petista, Marina Silva, do PSB.
Acreditava-se que o problema era o fato de o PSDB ser paulista demais. O paulistocentrismo do tucanato seria o principal responsável pelas derrotas eleitorais. Agora, com Aécio Neves — de Minas Gerais —, uma candidatura que nasceu em confronto com o paulistucanismo, percebe-se que o problema não é a terra de Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. O problema é mais grave: é o próprio PSDB.
O PSDB é um partido que não conseguiu enraizar-se socialmente e parece distante das batalhas e interesses da sociedade brasileira. Parece elitista, mas não é só isso. Nem a elite tolera mais o partido, que está deixando de ser, no plano nacional, uma alternativa eleitoral. Tanto que, de repente, Marina Silva está desbancando a candidata governista, Dilma Rousseff, e, como prova da solidez da democracia e do mercado privado, não se pode falar em crise alguma. Sua ascensão nas pesquisas de intenção de voto não provocou abalo nas bolsas. Ao contrário, a bolsa de valores aprovou a líder do PSB-Rede Sustentabilidade.
A jornalista Janete Ferreira, uma workaholic, está deixando o cargo de gerente de Comunicações Eletrônicas na Agência de Comunicação do governo de Goiás (Agecom). Ela vai se dedicar à assessoria de imprensa para advogados. Ao mesmo tempo, estuda Direito e pretende ser promotora ou juíza. Obstinada como é, será o que quiser.
Você está deixando o jornalismo para se dedicar à advocacia?
Ainda não posso advogar, pois estou no terceiro período do curso de Direito. Vou assessorar advogados (na área da imprensa).
Estou com dr. Miguel Cançado [ex-presidente da OAB-Goiás], que me apresentou ao mundo jurídico, com o dr. Flávio Buonaduce e fechando com outros escritórios.
Estou ainda trabalhando no jornalismo mas me preparando para ser juíza ou promotora. Esta é minha meta.
O prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira (PDT), diz que faz duas apostas. Primeira: vai ter segundo turno na disputa pelo governo de Goiás. Segunda: o segundo turno terá o governador Marconi Perillo, do PSDB, e o ex-prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso, do PSB.
“Iris Rezende está caindo em todo o Estado, pois os eleitores perceberam que não tem condições de derrotar Marconi. Vanderlan vai colar em Iris e, em seguida, vai passá-lo”, afirma Misael Oliveira. Ele aposta no efeito Marina Silva. “No meio do caminho não tem uma pedra — tem o povo”, acrescenta, enigmático.
Misael Oliveira é o único líder importante do PDT de Goiás que apoia Vanderlan Cardoso. Os demais, como a deputada Flávia Morais e o prefeito de Inhumas, Dioji Ikeda, estão na campanha de Marconi Perillo.
O fracasso nacional devolve o tucano Aécio Neves à política de Minas Gerais. Ciente de que sua situação é complicada, com aliados embarcando na candidatura de Marina Silva (PSB), discreta ou acintosamente, o tucano deve concentrar seus esforços, nos próximos dias, na política de Minas Gerais. Aécio Neves não quer perder o controle do governo em Minas Gerais. No momento, o petista Fernando Pimentel — aliado da presidente Dilma Rousseff — é o primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, superando Pimenta da Veiga, tucano bancado e imposto por Aécio Neves. Aliados de Pimenta da Veiga avaliam que sua situação só não é melhor porque, concentrado na política nacional, Aécio Neves aparece pouco nos seus palanques, no interior de Minas. Aparece, é fato, nos programas de televisão. Mas, como está visitando o país, negligenciou a política local. Entretanto, com o esvaziamento nacional, Aécio Neves deve voltar-se com unhas, dentes, pés e mãos para a política de Minas. Agora, é hora de pôr o retrato na parede e tentar colocar Pimenta da Veiga no governo. Porque, se não fizer o governador de Minas, Aécio Neves, embora senador, se tornará mais fragilizado na política nacional, sobretudo agora quanto o tucanato de São Paulo começa a embarcar na campanha de Marina Silva. Neto de Tancredo Neves, Aécio Neves sabe que só é forte na corte quem é forte na província.

O candidato do PSDB a presidente da República, Aécio Neves, foi para o espaço. Tanto que o coordenador de sua campanha, o senador Agripino Maia, do DEM, admitiu que a aliança tucano-democrata deve apostar tudo em Marina Silva no segundo turno. Que Aécio Neves está fora do páreo — dados a ascensão de Marina Silva e o fato de que a presidente Dilma Rousseff, mesmo fragilizada, tende a ir para o segundo turno —, todos sabem. Agripino Maia apenas disse a verdade. Agora, o que todos temem é que Marina Silva seja eleita no primeiro turno. Se isto acontecer, ela poderá amarrar alianças apenas quando assumir o mandato. No entanto, se for para o segundo turno, partidos políticos como o PSDB e o DEM poderão ocupar um espaço maior tanto na campanha quanto num eventual governo. O PSDB quer se tornar o PMDB do governo Marina Silva. E o DEM, claro, quer uma boquinha. Mas há políticos do DEM, como o deputado federal Ronaldo Caiado, que querem ver o demônio mas não aceitam apoiar Marina Silva.
Nem mesmo José Roberto Arruda acredita mais que poderá ser candidato a governador do Distrito Federal e seus aliados não querem participar de uma aventura de resultados imprevisíveis. Se puder disputar, o integrante do PR pode encomendar o terno da posse. O problema é que, depois, pode não assumir o mandato. Quem vai investir recursos políticos e financeiros num candidato assim? Nesta semana, os aliados do ex-governador estão articulando uma espécie de movimento “Adeus, Arruda” e preparam o lançamento de outro candidato.
Se dependesse exclusivamente de Arruda, a candidata seria sua mulher — a bela Flávia Carolina Peres, conhecida como Arrudinha. Mas os principais líderes da aliança, como o ex-senador Luiz Estevão e o grupo Roriz, avaliam que Arrudinha não tem experiência política nem administrativa. Por isso, a aliança listou outros nomes, que estão sendo submetidos ao ex-governador. A lista: Jofran Frejat (atual vice de Arruda), do PR, Gim Argello, do PTB, Alberto Fraga, do DEM, e uma filha de Joaquim Roriz (Jaqueline Roriz, do PMN).
Aliados de Arruda não se empolgam com os nomes apresentados. Frisam que Jofran não agrega e não tem densidade eleitoral. Dadas sua riqueza e denúncias, Argello seria um candidato tão vulnerável quanto o governador Agnelo Queiroz (PT). Alberto Fraga pertence ao partido mais desgastado em Brasília, o DEM, ao qual pertencia Arruda. Jaqueline Roriz (foto) é filha de Joaquim Roriz, político que, apesar do desgaste e vários denúncias, ainda tem certo apelo entre os eleitores mais pobres.
Candidato a deputado estadual, Darlan Braz, do PPS, e um dos articuladores do Movimento MariMar — Marina Silva e Marconi Perillo —, aposta que o candidato do partido a deputado federal, Marcos Abrão, deve ser um dos cinco mais bem votados da coligação governista. “Marcos Abrão está presente em praticamente todos os municípios de Goiás, com apoios consistentes. Sua campanha é um das mais visíveis.”
Darlan Braz diz que, na sua campanha, costurou apoios sólidos em várias cidades, como Goiânia, Minaçu, Formosa, Novo Gama, Anápolis, Rio Verde. “Trata-se de apoio qualitativo, baseado mais em ideias e propostas do que em recursos financeiros. Fazemos a campanha do corpo a corpo, apresentando ideias para melhorar o Estado.” O líder do PPS afirma que conseguiu forte apoio dos setores religiosos e dos contabilistas goianos.
Dilma Rousseff? Aécio Neves? Qual nada. O maior movimento suprapartidário está surgindo em Goiás para apoiar a candidatura de Marina Silva a presidente da República. Trata-se do Movimento MariMar — Marina e Marconi. Uma reunião será organizada na terça-feira, às 19 horas, na sede do PPS, à Rua Amélia Artiaga Jardim, nº 99, no Setor Marista (abaixo da Ricardo Paranhos, em frente ao Batalhão Anhanguera).
O MariMar conta com o apoio do PPS (leia-se Marcos Abrão e Darlan Braz), PSB (setores do partido) e PHS (leia-se Eduardo Machado), além de integrantes do PSDB. Darlan Braz, um dos coordenadores do MariMar — vale dizer que apoiava a aliança PSB-PPS antes da morte de Eduardo Campos —, avalia, depois de uma comparação detida dos números das pesquisas, que Marina Silva deve ser eleita no primeiro turno.