Por Alexandre Parrode

Candidato do PSDB bateu o milionário Victor Priori (DEM) em eleição acirrada na cidade

Após morte do padrinho político, candidato do PTB obteve expressiva votação na cidade

Raissa Martins tem 21 anos e é a primeira negra eleita em mais de três décadas

Candidato do PMDB estava acompanhado da esposa, do senador Ronaldo Caiado e de aliados

Atual prefeito comentou baixos índices de intenção de voto de sua candidata, a petista Adriana Accorsi

Última pesquisa divulgada horas antes da eleição mostra candidatos do PMDB e PSB na liderança

Pontífice está na Geórgia, onde se reuniu com membros do clero local

Comboio do candidato do PSB à Prefeitura de Goiânia contou com lideranças políticas e passou por 120 bairros da capital

Pesquisa do Instituto EPP mostra cenário acirrado na cidade, mas tucano está numericamente à frente do adversário

José Eliton se manifestou pela primeira vez após atentado que o feriu e vitimou o ex-prefeito de Itumbiara, Zé Gomes, e um policial militar

Levantamento divulgado pelo UOL mostra pessedista entre os dez prefeitáveis das 26 capitais brasileiras que arrecadaram em plataformas digitais

Vários políticos sairão fortalecidos das eleições de 2016 e alguns deles estarão extremamente cacifados para o pleito de 2018. O Jornal Opção listou quinze políticos, com base não apenas em possíveis resultados eleitorais, mas sobretudo como articularam de maneira eficiente na eleição deste ano. É claro que a lista é mínima e outros nomes poderiam ser acrescentados e, com os resultados eleitorais em mãos, se poderá proceder à elaboração de nova listagem, mais ampla e, igualmente, precisa. A ordem dos nomes abaixo é puramente alfabética.
1 — Adriana Accorsi/PT — Mesmo perdendo em Goiânia, cacifou-se para voos mais altos no futuro. A disputa na capital tornou-a mais conhecida no Estado.
2 — Antônio Gomide/PT — Não há a menor dúvida: trata-se do político mais importante de Anápolis hoje, acima de seu irmão, o deputado Rubens Otoni. Ao assumir o controle da campanha do prefeito João Gomes, do PT, fortaleceu-a. Deve ser vice de Daniel Vilela em 2018.
3 — Daniel Vilela/PMDB — Após derrotar um preposto de Iris Rezende, na disputa pela presidência do PMDB, o deputado federal atuou na campanha deste ano, em todo o Estado, com firmeza. “Habemos presidente” dizem os peemedebistas. Cacifado para o governo, em 2018.
4 — Francisco Júnior/PSD — Em Goiânia, ficou conhecido como o “candidato das boas propostas”. É um nome para 2020 ou 2024. Em 2018, fortalecido em 2016, tende a ser reeleito deputado estadual.
5 — Jânio Darrot/PSDB — O prefeito de Trindade, que deve ser reeleito, desponta como um dos principais líderes do tucanato para voos mais altos em pleitos futuros. É um gestor nato.
6 — José Eliton/PSDB — O vice-governador e secretário de Segurança Pública é apontado por políticos de todo o Estado como um articulador vigoroso e atento ao processo eleitoral. Altamente cacifado para o governo, em 2018.
7 — Lúcia Vânia/PSB — Discreta, como é de seu feitio, articulou o PSB em todo o Estado, com o apoio do PPS, e ocupou amplos espaços. De quebra, bancou um candidato consistente em Goiânia, Vanderlan Cardoso.
8 — Magda Mofatto/PR — Ao abandonar a campanha do Delegado Waldir em Goiânia, concentrou-se no interior e fortaleceu sua base eleitoral, tanto para disputar a reeleição para deputada quanto para um mandato de senadora.
9 — Maguito Vilela/PMDB — O prefeito de Aparecida de Goiânia bancou Gustavo Mendanha para sua sucessão e o jovem surpreendeu saltando de 3% para a liderança absoluta.
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Governador Marconi Perillo[/caption]
10 — Marconi Perillo/PSDB — O governador permanece como o grande player da política de Goiás. Articulou em todo o Estado, movimentando as peças do xadrez político, e em Goiânia contribuiu para elevar Vanderlan Cardoso de 11% para 27% nas pesquisas.
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Foto: Marcos Oliveira[/caption]
11 — Ronaldo Caiado/DEM — O senador articulou em todo o Estado e lançou candidatos a prefeito, embora poucos, fortes. Sinal de que descolou em parte do PMDB. Mas, se Iris Rezende perder em Goiânia, fragiliza-se no Estado.
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Deputado federal Rubens Otoni | Foto: Divulgação / Facebook[/caption]
12 — Rubens Otoni/PT — Sem alarde, circulou por todo o Estado, reorganizando as bases de seu partido. Embora não apareça muito, deve disputar o Senado em 2018.
13 — Thiago Peixoto/PSD — O deputado federal é uma vocação política confirmada e uma revelação em termos de gestão. Criativo e moderno, articulou muito no interior e por ir além da Câmara dos Deputados em 2018.
14 — Vanderlan Cardoso/PSB — Qualquer que seja o resultado em Goiânia, fincou pé na capital, tornando-se amplamente conhecido do eleitorado. Cacifado tanto na maior cidade do Estado quanto para futuros voos.
15 — Vilmar Rocha/PSD — Poucos políticos articularam tanto no interior quanto Vilmar Rocha. Ao bancar um candidato em Goiânia, Francisco Júnior, revelou-se independente e político de posição sólida e firme.
16 — Wilder Morais/PP — O senador, de longe, parece anódino, dada sua discrição. De perto, para quem acompanha a articulação política, percebe-se que é hábil. Marconi Perillo aprecia sua lealdade política. Ele articulou em todo o Estado.

Na quarta-feira, 28, o presidente do PSD, Vilmar Rocha, estava em Itumbiara, ao lado do vice-governador de Goiás, José Eliton, para participar de uma carreata da campanha do candidato do PTB a prefeito, José Gomes da Rocha. “Nós estávamos alegres, brincando. É como se todos estivessem não em campanha, mas comemorando a vitória de Zé Gomes.” De repente, aparece um homem, Gilberto Ferreira do Amaral, e começa a disparar uma pistola .40. “Tudo durou de 15 a 30 segundos. Pude observar o homem, que parecia determinado a fazer o que fez, não atirou a esmo. Ele parecia ter ódio ou raiva — queria matar.”
“Eu e o senador Wilder Morais estávamos atrás de José Eliton e Zé Gomes, ao lado estava a suplente da senadora Lúcia Vânia, uma médica. De início, a gente não sabia o que estava acontecendo. Mas, no veículo, logo percebi que Zé Gomes caía, já inerte, aos meus pés. Ele desabou e não deu um grito ou gemido. Ao lado, José Eliton caiu, logo perdendo os sentidos.”
“A minha camisa ficou levemente suja de sangue”, relata Vilmar Rocha.
Em seguida, Vilmar Rocha foi para o hospital, para verificar o Estado de saúde de José Gomes e José Eliton. “Lá, nos avisaram que Zé Gomes estava morto. José Eliton passaria por uma cirurgia, nos disseram. O secretário da Saúde da cidade me disse não era nada grave.”
Em Itumbiara, Vilmar Rocha não chegou a falar com José Eliton, que estava sedado. “Falei com o vice-governador na sexta-feira, 30, no hospital. Ele está bem e me recebeu em pé. O médico recomendou que fique em pé e, até, ande um pouco. Ele foi ferido com um tiro, mas sem gravidade, pois não houve nenhum problema interno.”

[caption id="attachment_76668" align="aligncenter" width="620"] Heuler Cruvinel e Paulo do Vale, de Rio Verde; Vinicius Luz e Victor Priori, de Jataí; Valmir Pedro e Azarias Machadinho, de Uruaçu; Marcelo Melo e Cristóvão Tormin, de Luziânia; Neuza Lúcia e Nick Barbosa, de Minaçu; Pedro Fernandes e Eronildo Valadares, de Porangatu; e Adib Elias e Jardel Sebba, de Catalão[/caption]
Sete municípios goianos — Rio Verde, Jataí, Porangatu, Uruaçu, Minaçu, Catalão e Luziânia — tiveram as campanhas mais acirradas de 2016
Em Rio Verde, Heuler Cruvinel, do PSD, e Paulo do Vale, do PMDB, fizeram rodízio em primeiro lugar. A campanha do município foi dura, crítica e de forte conteúdo político. O postulante pessedista é apontado como a renovação e o candidato peemedebista, como a tradição. Ao lado da campanha de Jataí, a de Rio Verde talvez tenha sido a mais emocionante.
Em Jataí, o milionário Victor Priori (DEM) avaliou que estava eleito por antecipação e, de repente, assistiu, de sua “caixa forte”, o crescimento vertiginoso do jovem Vinicius Luz (PSDB). O fato do democrata ter “mentido” sobre a reabertura da Perdigão em Jataí — a empresa negou sua informação — foi a gota d’água, porém, antes disso, o tucano já estava em ascensão. Os dois chegaram à reta final com números parecidos, mas com Vinicius Luz em primeiro.
Em Uruaçu, o favorito absoluto era Valmir Pedro, do PSDB. Mas aí apareceu Azarias Machadinho e bagunçou o coreto. Torrando muito dinheiro, o que inclusive desagradou a Igreja Católica, e faltando aos debates — porque, com o português estropiado, tem dificuldade de se expressar —, Machadinho cresceu e ameaça a liderança de Valmir Pedro. A disputa na cidade virou guerra.
Em Luziânia, o candidato do PSDB, Marcelo Melo, descolou, mas depois assistiu a ascensão do prefeito Cristóvão Tormin (PSD), mais devido ao peso da máquina do que pela qualidade da campanha si. O tucano manteve a dianteira, devido aos equívocos de Tormin, que, a rigor, não pode ser candidato.
Minaçu assistiu uma campanha acirrada, com o milionário caipira Nick Barbosa, do DEM, liderando e Neuza Lúcia de Souza Rodrigues, do PMDB, em segundo lugar, com números parelhos. Nick gasta dinheiro como se estivesse brincando de caçar Pokémon, mas Neuza passou a eleição colada.
Em Porangatu, Pedro Fernandes, do PSDB, surgiu como quem não queria nada, mas foi colocando seu bloco na rua, apresentando suas ideias aos eleitores, e, de repente, era o líder nas pesquisas, um pouco à frente do prefeito Eronildo Valadares, do PMDB. Mesmo com rejeição alta, o peemedebista mantém-se próximo. A campanha da cidade do Norte é pesada.
Catalão teve a eleição mais guerreira, com Adib Elias (PMDB), o favorito, e o prefeito Jardel Sebba (PSDB), no ataque o tempo todo.

O vice de José Antônio afirma que todas as hipóteses precisam ser investigadas
[caption id="attachment_76489" align="aligncenter" width="620"] Zé Gomes e Gugu Nader[/caption]
O ex-vereador Gugu Nader havia feito um pacto político com José Gomes da Rocha e aceitou ser o seu vice em Itumbiara na eleição deste ano. Agora, é vice do deputado José Antônio. “Zé Gomes era, acima de tudo, um político carismático e, ao mesmo tempo, um gestor dedicado e eficiente. Era também humano e, por isso, era amado pelo povo do município.” Por que foi assassinado por Gilberto Ferreira do Amaral? “Não tenho a explicação precisa, mas a cidade comenta muitas coisas.”
Gugu Nader não culpa ninguém pelo assassinato de José Gomes. “Não posso ser leviano, pois uma acusação falsa pode ser destrutiva para as pessoas. O que ouço na cidade é que Gilberto, o Béba, adorava o deputado estadual Álvaro Guimarães, o principal adversário de Zé Gomes, e mantinha relações de amizade com o vereador Rogério Rezende, que é casado com uma sobrinha do parlamentar. Béba, que, até onde sei, era um homem de bem, morava em frente à Rádio Difusora, de propriedade de Álvaro. Sua mulher vendia pamonha na porta da rádio. As pessoas que citei estão envolvidas com o crime? Não posso dizer e, na verdade, acho que não estão envolvidas, não. De qualquer modo, como afirma a polícia, é preciso verificar todas as hipóteses.”
O vice de José Antônio afirma que viu Gilberto do Amaral se aproximando do veículo onde estavam, com ele próprio na linda de frente. “Cheguei a cumprimentar o Gilberto, sem perceber o que estava planejando.”
Disseram que José Gomes deu um tapa no rosto de Gilberto do Amaral, ou mandou alguém agredi-lo, supostamente uma pessoa de nome Fabão. “A informação que tenho é que Zé Gomes nem chegou perto de Béba nesta campanha. É possível que alguém tenha inventado a história da briga até para justificar o crime.”
Gugu Nader frisa que o assassinato de duas pessoas — além de José Gomes, o cabo Vanilson João Pereira também morreu —, com mais duas pessoas baleadas, o vice-governador José Eliton e Célio Rezende, assessor de Comunicação da prefeitura, indicam “que se deu um ato de cunho político-eleitoral, notadamente um ato terrorista. Gilberto queria destruir a chapa que seria eleita com mais de 70% dos votos. O alvo principal, tudo indica, era José Gomes da Rocha. Mas, se atirava tão bem, como se diz, porque era caçador, por que atirou em mais pessoas, que estavam totalmente indefesas?”
Gilberto do Amaral, afirma Gugu, tinha mais um pente com balas no bolso de sua calça. “Estava lotado de balas. Béba foi à carreata para matar, não para brincar de atirar.” Em seguida, o vice insiste: “100% do motivo do assassinato foi político, um ato contra a nossa campanha. Porém, frise-se que não estou dizendo que mandaram Gilberto matar José Gomes”.