Por A.C. Scartezini

[caption id="attachment_3104" align="alignnone" width="620"] Lula da Silva promete recontar o mensalão, mas esquece-se de que quando estourou o escândalo ele se disse traído[/caption]
É curiosa a dosimetria do ex-presidente Lula. Naquela entrevista em Lisboa, há uma semana, ele calculou que o julgamento do mensalão teve “praticamente 80 por cento de decisão política e 20 por cento de decisão jurídica” do Supremo Tribunal Federal. A precisão do cálculo tropeça naquele “praticamente”, que no universo matemático contém dimensão indefinida.
Houve leitor de jornal, como o brasiliense José Humberto Mancuso, que escreveu carta afirmando que o conteúdo político do processo pode explicar a ausência de Lula entre os mensaleiros denunciados. Sendo chefe do governo que adotou o mensalão, estaria sujeito, inclusive, a impeachment.
“Tem companheiros do PT presos, eu indiquei seis pessoas da suprema corte que julgaram e acho que cada um cumpre com o seu papel”, afirmou o ex em outro momento da entrevista. O que ele quis dizer com isso? Politicamente, os seis deveriam corresponder favorecendo os petistas? O presidente na época indicou os seis ao Senado na expectativa de que fossem fiéis ao governo?
Na verdade, Lula indicou 6 entre 11 ministros, mas um deles morreu antes de participar do julgamento propriamente no plenário, Carlos Alberto Direito. Portanto, no placar de condenações pelo Supremo estavam cinco votos vindos da era Lula. O primeiro que ele indicou foi Joaquim Barbosa, o severo relator do mensalão e atual presidente do Supremo.
A partir de Barbosa, todas as outras indicações ocorreram quando o processo do mensalão já corria no Supremo. Então, o primeiro indicado por Lula foi o fiel Ricardo Lewandowski. Mais na frente veio o fiel Dias Toffoli, ex-advogado do PT. As indicações da presidente Dilma Rousseff foram decisivas na redução da pena de mensaleiros na etapa das infringências.
“O que eu acho é que não houve mensalão”, disse Lula em certo momento, em Lisboa, num caso onde o verbo achar funciona como um pensamento incerto, estranho a quem faz cálculos. Como presidente, em agosto de 2006, parecia mais seguro ao providenciar um pronunciamento em cadeia de televisão e rádio para se desculpar pelo mensalão:
— Eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia e que chocam o país.
Agora, na entrevista à televisão portuguesa, a jornalista Cristina Esteves perguntou por pessoas de confiança do então presidente e que estão presas por serem mensaleiras, como José Dirceu e José Genoino. Lula então interrompeu a pergunta. “Não se trata de gente de minha confiança”, atravessou, como quem se sentia incomodado com a conversa:
— Tem companheiro do PT preso e eu também não vou ficar discutindo a questão da suprema corte. O que eu acho é que essa história vai ser recontada.
Volta e meia Lula promete uma avaliação definitiva do mensalão que ocorreria ao final do processo no Supremo, o que ocorreu em março último. Há um mês, em entrevista a um grupo de blogueiros amigos, ele confirmou o compromisso que não se realiza:
“A história do mensalão vai ter que ser recontada nesse país e, se eu puder ajudar, vou ajudar a recontá-la. Quero que a verdade venha à tona. Como não quero julgar ninguém de forma precipitada, tem que esperar a poeira baixar.”

A cinco meses das urnas de outubro, a falta de meios para evitar a erosão de apoios e votos acentua a dependência da presidente Dilma ao guru Lula. As viagens intensas pelo país não funcionam. Nem a mudança na comunicação presidencial. Nem as formaturas semanais de alunos do Pronatec, programa de formação de técnicos profissionais com cursos gratuitos nos Estados. Nem as máquinas entregues pessoalmente a prefeitos.
[caption id="attachment_3103" align="alignnone" width="620"] “Poste” de Lula, o prefeito Fernando Haddad não pode sair às ruas[/caption]
Não há saída previsível para a reeleição. Então Dilma volta à sua fonte de poder, Lula. Foi a São Paulo atrás dele, um mês depois que o ex esteve com ela no Alvorada e ambos, simbolicamente, tiraram a foto onde apareceram em pé e com os punhos cruzados para expor uma aliança inabalável entre os dois. Depois daquilo, cada um ficou em seu canto. Dilma, autossuficiente.
Os apelos pelo retorno de Lula ajudam a desestabilizar a candidatura da presidente e estimulam a cautela entre os grandes financiadores de campanhas. As últimas pesquisas de opinião provocam os mesmos efeitos demolidores.
Hoje, desfez-se o sonho da reeleição no primeiro turno. Se Dilma estiver no segundo turno, será lucro. A vantagem a favor da presidente é que, se Lula a substituir, o ex demolirá o próprio mito como construtor de postes políticos. No caso, o projeto Dilma seria um fracasso. O prefeito Fernando Haddad não pode ir às ruas em São Paulo por causa da alta rejeição ao seu trabalho.
A ideia de eleger o companheiro Alexandre Padilha a governador de São Paulo, em outubro, patina diante da descoberta das relações do ex-ministro da Saúde com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, de combate à lavagem de dinheiro. Outro mito em xeque é a argumentação petista de que Dilma cai, mas os oposicionistas não se erguem.
Na mais recente pesquisa da agência MDA, divulgada na terça-feira, a votação de Dilma para presidente caiu de 43,7% em fevereiro para 37% no fim de abril. No mesmo período, os votos em Aécio Neves (PSDB) subiram de 17% para 21,6%. A votação em Eduardo Campos (PSB) cresceu de 9,9% para 11,8%.
A diferença a favor de Dilma sobre os dois concorrentes caiu de 16,8% em dezembro para 3,6% em abril. A tendência indica a realização de um segundo turno no fim de outubro. Então, na segunda votação Dilma venceria Aécio ou Campos. A folga seria menor em relação a Aécio: 39,2% para Dilma e 29,3% a Aécio. Contra Campos, vitória da presidente seria por 48,7% a 18%.
A queda de Dilma tem a ver com os escândalos de corrupção, o aumento do custo de vida e o desempenho negativo dos serviços públicos de saúde, educação e segurança, mais empregos e renda. Pela primeira vez, Aécio e Campos, favorecidos pela presença em programas dos partidos em tevê e rádio receberam votos que seriam de Dilma. Serão ainda mais conhecidos com o horário eleitoral gratuito.
A pesquisa da MDA para a Confederação Nacional de Transportes apurou também que a aprovação do governo Dilma caiu para 32,9% em abril contra 36,4% em fevereiro. No mesmo período a rejeição ao governo subiu para 30,6% em abril contra 24,8% em fevereiro.

[caption id="attachment_3106" align="alignnone" width="620"] José Genoino voltou mansinho para a cadeia. Regalias de José Dirceu na cela foram flagradas[/caption]
Os companheiros de Lula poderão pensar que o retorno de José Genoino à cela de José Dirceu no presídio da Papuda foi mais uma perseguição do ministro Joaquim Barbosa contra o PT. Agora, em represália ao ex-presidente que acusou, em Lisboa, o Supremo Tribunal Federal de julgar o mensalão politicamente.
A acusação de Lula não foi diplomática, nem lavou a alma dos mensaleiros do PT que sempre esperaram um gesto solidário do maior líder do partido. Dirceu e Genoino dependem de efeitos do julgamento que ainda podem afetar diretamente a vida cotidiana de ambos, mesmo que o segundo fique na prisão apenas até agosto, quando terá cumprido um sexto da pena de prisão por quatro anos e oito meses.
A fala de Lula em Lisboa chegou na hora errada e afrontou os juízes do mensalão. Errou o momento porque era iminente uma decisão no tribunal sobre a situação médica de Genoino. Ele tentou se aposentar com salário integral, mas médicos concluíram que a sua cardiopatia não o torna inválido.
Na terça-feira, veio outro golpe, quando uma junta médica da Universidade de Brasília entregou ao Supremo o laudo no qual afirma que o quadro clínico de Genoino não justificava a prisão em casa. Dois dias depois ele se apresentou à Papuda. Dessa vez, entregou-se sem o punho erguido e cerrado. Se o cerrasse, seria uma provocação. Entregou-se na quinta e dois dias depois festejou na prisão seus 68 anos.
E José Dirceu? Quando filhos dele convidaram deputados a visitar o pai em comissão esperavam provar que o pai não recebe regalias na Papuda. A constatação da ausência de privilégio demonstraria a falta de motivo para se retardar a autorização ao companheiro para trabalhar fora durante o dia, no regime semiaberto. Os filhos não esperavam que algo saísse errado.
O grupo foi ao presídio na terça-feira. No mesmo dia, por coincidência, em que o laudo de Genoino chegou ao tribunal. Quem se interessa por datas e teoria conspiratória, há uma informação: a entrevista de Lula à televisão em Lisboa foi ao ar no sábado anterior e saiu nos jornais brasileiros na segunda, ou seja, na véspera dos episódios com os dois mensaleiros.
Na Papuda, os deputados governistas da comissão consideraram modesto o aposento de Dirceu, semelhante aos de mais de 13 mil presidiários que residem no lugar, mas oposicionistas discordaram. Os dois lados concordaram apenas em que, ao chegarem à tarde, encontraram o antigo colega, cassado por causa do mensalão, vendo futebol europeu numa TV de plasma.
Começa que Dirceu era o único ocupante da acomodação. Nas outras celas, em condições normais, podem estar 12 presos. A cela do mensaleiro tem 23 metros quadrados as outras, 15. Alegou-se no presídio que a cela de Dirceu foi ampliada com a remoção de uma cantina. A reforma seria para permitir que todos os mensaleiros ficassem no mesmo aposento.
O confinamento seria uma questão de segurança, para evitar que aqueles presos sejam hostilizados pelos outros presidiários. Por que seriam hostilizados? Porque possuem regalias de que os outros presidiários não dispõem, como visitas com disciplina mais flexível. No cômodo mensaleiro há, entre outros confortos banho com água quente e forno de micro-ondas.
Para piorar a situação, um dos visitantes filmou Dirceu em conversa com o grupo. Filmou canhestramente e escondido, mas filmou e o filme foi entregue ao público. Com isso se rompeu o isolamento de Dirceu. O governo local disse que vai apurar quem realizou a filmagem, mas se foi o governador petista Agnelo Queiroz quem providenciou o conforto do companheiro...
[caption id="attachment_2651" align="alignnone" width="620"] PF revela ligação do doleiro Alberto Youssef com Alexandre Padilha[/caption]
A semana que se inicia deve exigir mais trabalho do ex-presidente Lula. Ele, que andou em silêncio nas novas crises que rondam o PT e a presidente Dilma. Para começar, o candidato que o ex escolheu a governador de São Paulo, ex-ministro Alexandre Padilha, é a nova vítima das relações com o doleiro Alberto Youssef, preso pela operação Lava Jato.
Lula poderá ver um fato positivo na ligação do amigo com o doleiro: Padilha ficará mais conhecido em São Paulo. Se tornar-se famigerado dessa forma é um bom negócio para quem deseja ser governador, é outra história. E quem levou Padilha ao doleiro? André Vargas.
Se o PT se rachou no Congresso diante da pressão da chefia do partido pela expulsão de Vargas, como ficam agora os companheiros em geral de Padilha, os de baixo e os de cima? Vargas chegou a achar que ganharia mais moral para se recusar a renunciar ao mandato de deputado pelo Paraná por causa da relação com Youssef.
André Vargas até que tinha conquistado uma vitória momentânea em sua resistência à renúncia. Ele destituiu a autoridade moral do presidente do partido, Rui Falcão, que se cansou de pedir ao companheiro que largasse o mandato para não ser expulso do partido.
O deputado estadual paulista Rui Falcão, como presidente do partido, argumentou a Vargas que o PT pagava o pato pela teimosia dele. A renúncia imediata preservaria a imagem petista num momento de turbulências para o governo. Ora, que consideração ele deveria ter pelo partido que o ameaçava de expulsão pela voz de Falcão?
Desnorteado, Falcão relatou a conversa em reunião com os deputados do PT. Alegou estar autorizado por Lula para pressionar Vargas com a expulsão — deve ter dito a mesma coisa ao próprio rebelde. Com a confissão, perdeu mais um bocado de autoridade. Depois dessa, o companheiro deixaria para renunciar diante do próprio chefe do partido, sem intermediário.
O pior foi que Falcão verificou na reunião que uma boa banda dos deputados estava solidária a Vargas, não queria a sua renúncia nem a expulsão do partido. O rebelde tinha suas razões quando afirmou que uns 30 companheiros da bancada estavam a seu favor. Falcão perdeu autoridade também entre os deputados. Para alívio de Falcão — e do PT — Vargas não resistiu à pressão: na sexta-feira, 25, se desfiliou do partido para evitar a expulsão.
Em relatório sobre a Lava Jato, a Polícia Federal insinua a existência de indícios de que Padilha, quando ainda ministro da Saúde, em novembro último indicou a Youssef o amigo Marcus Cezar Ferreira para a direção da Laborgen, empresa à qual o doleiro se associou para lavar dinheiro. Em conversa por telefone, Vargas disse ao doleiro que Ferreira era indicação de Padilha.
Mais tarde, o Labogen foi selecionado pelo Ministério da Saúde para negociar um contrato que poderia render ao laboratório o faturamento de R$ 31 milhões. A negociação foi suspensa quando se revelou a ligação entre Vargas e o doleiro.
Ao captar outra conversa entre Vargas e Youssef, a polícia deduziu que o deputado paulista Cândido Vaccareza, ex-líder do PT, manteve uma reunião com os dois, em seu apartamento, em Brasília, para conversar a respeito dos negócios do doleiro. Assim, Vaccareza, não muito simpático ao comando do partido e ao planalto, torna-se mais um problema para o PT de Falcão resolver.
[caption id="attachment_2653" align="alignnone" width="620"] Presidente da CCEE, Luiz Eduardo Barata faz o jogo do governo e diz que os técnicos que saíram não farão falta[/caption]
A silenciosa insatisfação de técnicos internos com a gestão política da Petrobrás iniciou as denúncias contra a petroleira. Em seguida estimulou a resistência aberta entre profissionais de uma fundação de pesquisa, o IBGE. Agora, surgiu oposição ao Planalto numa segunda empresa, privada, mas com interesses no governo, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Os dois últimos casos expõem a resistência de técnicos em sair da rotina profissional para se integrar ao esforço solicitado pelo Planalto para a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Na CCEE, a renúncia de três dos cinco membros do conselho de administração ocorreu em nome do conceito profissional. Os três temiam sujar o currículo com uma acusação de gestão perigosa.
O físico Ricardo Lima e os engenheiros Paulo Born e Luciano Freire se recusaram colaborar para o endividamento da Câmara, empresa sem o lucro financeiro como meta, para socorrer com R$ 11,2 bilhões o rombo das distribuidoras de energia desde as mudanças feitas por Dilma na política de eletricidade para reduzir temporariamente a conta de luz de empresas e residências.
O presidente Luiz Eduardo Barata foi um dos dois que permaneceram, o outro é Antonio Carlos Machado. “Eles não farão falta”, avaliou Barata que aqueles três eram dispensáveis na assinatura de contratos de empréstimos. Explicou que o estatuto da câmara estabelece que bastam as assinaturas de dois conselheiros.
Mas Barata suspeita que não bastem os R$ 11,2 bilhões previstos para empréstimos financiados por um grupo de dez bancos, sendo três públicos. “Não consigo dizer se o valor é suficiente”, confessou e informou que a avaliação foi da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em nome do Planalto, o Ministério da Fazenda e a Agência negociaram com a CCEE o socorro às distribuidoras.
A esperança da CCEE em recuperar o dinheiro agora emprestado só existe a partir do próximo ano, quando vier o aumento da conta de luz para compensar a queda de preço que ocorreu antes para agradar aos consumidores. Por causa do voto deles, os fregueses, não passa pela cabeça do Planalto a ideia de reajustar os preços antes das eleições de outubro.
A CCEE vive para fazer a contabilidade e a liquidação financeira das compras e vendas de energia entre empresas do sistema de eletricidade. Ela é formada por outras empresas que possuem cotas no negócio. Elas aprovaram, por razão política, em assembleia conjunta o empréstimo da Câmara. Mas correm o risco de manchar o balanço de cada uma.
O episódio de rebelião anterior, no IBGE, também começou quando duas dirigentes preferiram devolver os cargos a interromper a rotina profissional para socorrer o governo nas eleições. A diretora de Pesquisas, Márcia Quintslr, e a coordenadora-geral da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, Denise Britz discordaram do adiamento político de uma pesquisa rotineira.
A aplicação periódica da Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios Continua deveria começar logo para a divulgação do resultado em três de junho, a quatro meses das eleições. Veio a ordem para fazer o levantamento apenas em janeiro. A Pnad pode revelar que o índice nacional de desemprego é maior do que aquele feito em apenas seis regiões metropolitanas.
Ao final de uma longa discussão na quinta-feira, os funcionários decidiram não entrar em greve contra o governo. Concluíram que a paralisação justificaria o adiamento da pesquisa. Em Goiás, o Ministério Público Federal entrou com ação na Justiça Federal contra a decisão do IBGE em suspender a pesquisa.
[caption id="attachment_2655" align="alignnone" width="620"] Aécio Neves e Eduardo Campos: candidatos de oposição sem estímulos nos veículos da Rede Globo[/caption]
O sistema de comunicação dos Marinho adotou nos últimos dias o peso e contrapeso para aliviar suas relações com o governo. A televisão se tornou menos agressiva nas denúncias que pipocam contra o governo, como ocorre em relação à Petrobrás-Pasadena. O jornal, de certa forma, passou a desestimular a oposição a criar problemas para a presidente Dilma Rousseff.
Em “O Globo”, o contrapeso veio de forma mais sutil e esporádica do que na televisão. Movimenta-se de forma mais clara em espaços localizados do jornal, como as colunas políticas. As notas podem, por exemplo, insinuar que a CPI da Petrobrás não vai dar certo. Enquanto isso, ela avança. As colunas são mal informadas? Não é por aí.
As notas podem desestimular o PT a pressionar pela candidatura de Lula. Afirmam que ex-presidente não aceitaria os conselhos para ocupar o lugar de Dilma. Vindas de certos petistas, as sugestões não seriam levadas a sério por Lula. O problema estaria no partido, não na candidata à reeleição num governo que vai bem – passa-se o recado a políticos e leitores.
Os presidenciáveis da oposição são desestimulados. Mesmo que o prestígio de Dilma continue a cair nas pesquisas, o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB) não seriam ameaças. Ninguém os conhece e Lula não abandonaria a presidente na campanha.
E o que mais há nas notas sobre os candidatos da oposição? Aécio daria a impressão de que vai repetir na campanha o discurso catastrofista feito pelos tucanos em 2002 contra Lula. Discurso que não funcionou, pois o petista foi eleito. Campos é severo nas críticas ao governo, mas prestigia o ex-presidente, e gostaria de ser seu herdeiro.
Em contrapartida, Lula não fez novas insinuações contra a TV Globo. Nem voltou a defender o controle da mídia. Tudo isso esteve na conversa com o vice-presidente do grupo, João Roberto Marinho, no último dia 4, em São Paulo. Lula fez um desabafo negativo sobre a TV Globo e encaminhou Marinho a um encontro Dilma.
A presidente o recebeu quatro dias depois, em Brasília. Em pauta a preocupação das televisões porque o governo ensaia oferecer à nova geração de telefonia celular uma frequência de operação que seria capaz de interferir nos sinais das emissoras. O governo ainda não disse como ficará a frequência, mas a decisão terá de sair semanas antes da Copa do Mundo.

As pressões sobre a presidente forçam uma explicação mais densa sobre a compra e a operação de Pasadena antes que a comprometam mais ainda com o caso

Em viagens nesta semana, Dilma insistirá na acusação, mas a presidente da Petrobrás ofereceu munição para a campanha eleitoral da oposição

Dilma Rousseff se sentiu enganada ao ser induzida a aprovar a transação com base num resumo do contrato da operação, faltou o governo punir mais cedo quem a enganou

No mesmo dia em que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, depunha no Senado, a oposição ganhou mais munição, vinda da Polícia Federal, para tentar a CPI que investigue as suspeitas de irregularidades na petroleira

“Nós não temos a Rede Globo do nosso lado”, queixou-se Lula em campanha no interior para eleger o ex-ministro Alexandre Padilha a governador de São Paulo

Ex-presidente compara o caso da petroleira à investigação dos Correios, mas sem dizer que hoje a oposição pode tentar o impedimento de Dilma

A afirmação de Lula de que, se fosse possível, iria a cartório registrar que não será candidato a presidente impôs à sucessora Dilma Rousseff a obrigação de seguir a orientação do padrinho, anotada pelos blogueiros que o entrevistaram

Dois terços dos eleitores, 65%, esperam alta da inflação. Outros dois terços, 63%, acreditam que a presidente Dilma Rousseff fez pelo país menos do que esperavam

A confluência entre os escândalos de corrupção, a queda do prestígio da presidente Dilma Rousseff e o ano eleitoral levou o ex Lula a convocar a sucessora para a reunião fechada, em São Paulo, no último dia 4, uma sexta-feira