Aécio Neves e Eduardo Campos: candidatos de oposição sem estímulos nos veículos da Rede Globo
Aécio Neves e Eduardo Campos: candidatos de oposição sem estímulos nos veículos da Rede Globo

O sistema de comunicação dos Marinho adotou nos últimos dias o peso e contrapeso para aliviar suas relações com o governo. A televisão se tornou menos agressiva nas denúncias que pipocam contra o governo, como ocorre em relação à Petrobrás-Pasadena. O jornal, de certa forma, passou a desestimular a oposição a criar problemas para a presidente Dilma Rousseff.
Em “O Globo”, o contrapeso veio de forma mais sutil e esporádica do que na televisão. Movimenta-se de forma mais clara em espaços localizados do jornal, como as colunas políticas. As notas podem, por exemplo, insinuar que a CPI da Petrobrás não vai dar certo. Enquanto isso, ela avança. As colunas são mal informadas? Não é por aí.

As notas podem desestimular o PT a pressionar pela candidatura de Lula. Afirmam que ex-presidente não aceitaria os conselhos para ocupar o lugar de Dilma. Vindas de certos petistas, as sugestões não seriam levadas a sério por Lula. O problema estaria no partido, não na candidata à reeleição num governo que vai bem – passa-se o recado a políticos e leitores.
Os presidenciáveis da oposição são desestimulados. Mesmo que o prestígio de Dilma continue a cair nas pesquisas, o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB) não seriam ameaças. Nin­guém os conhece e Lula não aban­donaria a presidente na campanha.

E o que mais há nas notas sobre os candidatos da oposição? Aécio daria a impressão de que vai repetir na campanha o discurso catastrofista feito pelos tucanos em 2002 contra Lula. Discurso que não funcionou, pois o petista foi eleito. Campos é severo nas críticas ao governo, mas prestigia o ex-presidente, e gostaria de ser seu herdeiro.

Em contrapartida, Lula não fez novas insinuações contra a TV Globo. Nem voltou a defender o controle da mídia. Tudo isso esteve na conversa com o vice-presidente do grupo, João Roberto Marinho, no último dia 4, em São Paulo. Lula fez um desabafo negativo sobre a TV Globo e encaminhou Marinho a um encontro Dilma.

A presidente o recebeu quatro dias depois, em Brasília. Em pauta a preocupação das televisões porque o governo ensaia oferecer à nova geração de telefonia celular uma frequência de operação que seria capaz de interferir nos sinais das emissoras. O governo ainda não disse como ficará a frequência, mas a decisão terá de sair semanas antes da Copa do Mundo.