Resultados do marcador: Senado

Um susto não é de todo improvável a Ronaldo Caiado se ele confiar demais na sua liderança disparada e priorizar campanha para “bater” no governo
[caption id="attachment_9700" align="alignleft" width="1990"] Ronaldo Caiado lidera as pesquisas, com Marina Sant’Anna em segundo e Vilmar Rocha em terceiro: haverá espaço para alguma surpresa, como aconteceu em 2002, quando o líder Iris Rezende perdeu? | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Está certo que a frente de Ronaldo Caiado (DEM) na corrida pelo Senado é magnífica. No levantamento Serpes mais recente, ele ostenta 33% das intenções de voto, contra 14% da petista Marina Sant’Anna e 10% de Vilmar Rocha (PSD). Para se ter uma ideia mais precisa da diferença, a soma de todos os adversários de Caiado, incluindo os nanicos, não chega a 30%.
Não se discute o conhecimento que Ronaldo Caiado desfruta junto ao eleitorado goiano. São cinco mandatos como deputado federal, com votações mais do que expressivas em alguns deles. Só na Câmara dos Deputados são 20 anos de presença. Além disso, consta de seu vasto currículo uma campanha à Presidência da República (em 1989, quando obteve menos de 1% dos votos) e uma ao governo do Estado (em 1994, quando nem chegou ao segundo turno).
Por aí se vê que o eleitor, principalmente os de meia idade para frente, tem elementos suficientes para conhecer Ronaldo Caiado. Se isso é vantagem — é indiscutivelmente é —, por outro lado tem aspectos problemáticos para o deputado candidato a senador. Muita gente não gosta de Ronaldo Caiado, razão porque sua rejeição na mesma pesquisa Serpes é a mais alta.
Nada menos que 14,4% dos eleitores rejeitam o líder dos produtores rurais, contra 9,1% dos que não querem Marina e 8,9% que refugam Vilmar Rocha. E 76% dos pesquisados formam no bloco dos que ainda não rejeitam ou não decidiram a quem rejeitar. Boa parte desses 76% vai optar por algum nome, mas outra parte vai continuar rejeitando alguém, principalmente a partir do momento em que ver os candidatos em campanha.
O perigo para Ronaldo Caiado está justamente aí. Figura forte, que muitos dizem passar uma ideia de autoritarismo, ele pode ver aumentado seu índice de rejeição assim que colocar a cara no vídeo. O sobrenome de uma oligarquia que por muito tempo — em tempos que a política não raro era exercida com truculência — mandou na política goiana pode reforçar essa ideia. Mas que fique bem claro aqui, Ronaldo Caiado não tem nada a ver com o que fez ou deixou de fazer qualquer antepassado seu.
O risco de perda de votos, portanto, existe naquilo que é específico do próprio Ronaldo Caiado. A par disso, a aliança organicamente inexplicável, a não ser pelo oportunismo político, com o PMDB de Iris Rezende também é complicada. DEM e PMDB são adversários, mais que isso, inimigos em muitas cidades. Caiado foi um dos mais severos críticos de Iris em passado recente. O eleitor anti-PMDB por convicção, e há muitos deles, pode deixar Caiado por rejeição a essa aliança estranha.
Por outro lado, há os adversários, que têm potencial de crescimento. Comecemos por Vilmar Rocha, o candidato da base aliada. É de se imaginar que a capilaridade de apoios dos adeptos de Marconi Perillo possa ajudar Vilmar em alguma medida. O próprio PSD (com muitos ex-DEM), presidido por Vilmar, tem uma razoável estrutura no interior goiano. Aí Vilmar Rocha pode ganhar votos que seriam destinados a Caiado.
Explica-se: os votos do líder ruralista estão na base aliada governista. Nesse sentido, se ele priorizar sua campanha em bater no governo, insistindo na desqualificação do governador, estará atritando com seu próprio eleitor. O registro se baseia em declarações em tom belicoso do próprio deputado na pré-campanha.
Já se ouviu que Iris seria preservado do papel agressivo contra Marconi, priorizando a apresentação de propostas, enquanto a Caiado caberia o papel de “malvado” contra o governador. Se ele entrar nessa, pode perder votos na base, além de ratificar a imagem de autoritário e irascível que de certa forma já está colada a ele.
É bem verdade que também se ouve nos bastidores Caiado vai mudar sua tática, ou seja, não se prestará a ser um “cabo de chicote” do PMDB na campanha ao governo, justamente para não atritar com seu nicho eleitoral.
E a petista Marina Sant’Anna pode vir a ser outro fator a balançar a tranquilidade das águas calmas do líder ruralista. Ela detém os votos fechados dos militantes petistas na capital e em algumas cidades. Nesse aspecto, Marina tem um ponto de partida razoável.
A suplente de deputado federal possui um histórico eleitoral interessante. Foi três vezes vereadora em Goiânia, ficou numa primeira suplência para deputado estadual e em 2002 foi candidata ao governo. Teve 15% dos votos, ou mais de 385 mil sufrágios. Nada menos que 25% dos votos na capital foram dados a ela. Marina deu uma “canseira” nos adversários e quase provocou um segundo turno entre Marconi e Maguito — a eleição foi vencida pelo tucano.
Marina tem um trabalho interessante junto aos públicos jovem, feminino e gay, tanto na Prefeitura de Goiânia (gestão de Pedro Wilson), como vereadora e ultimamente na Câmara dos Deputados. É dona de um discurso ameno, polido, propositivo, que tem ressonância principalmente no público universitário. Resumindo, Marina tem potencial de crescimento.
Por tudo isso, a eleição de Ronaldo Caiado, tida por muitos — e parece que por ele também — como favas contadas, pode causar um susto. Já pensou?
Exemplos não faltam. Lembremos um que envolve o próprio Iris. Em 2002, com duas vagas em disputa, o líder peemedebista foi candidato ao Senado. Liderava as pesquisas. Ao final, foram eleitos Demóstenes Torres, então no PFL, e Lúcia Vânia, do PSDB. Foi a segunda derrota fragorosa de Iris, que no pleito anterior tinha sido batido por Marconi Perillo na corrida ao Palácio das Esmeraldas.
Não se está dizendo aqui que a história vai se repetir em 2014, com o líder perdendo a corrida no apurar das urnas. Mas já diziam os antigos, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
O ex-deputado federal Chico Abreu (PR) será o primeiro suplente do candidato a senador pelo PSD, Vilmar Rocha. Trata-se de uma indicação do PR da deputada federal Magda Mofatto. A escolha também se deve ao fato de que Abreu tem forte presença política em Aparecida de Goiânia, município da Grande Goiânia que tem o segundo maior eleitorado de Goiás, perdendo apenas para a capital e superando Anápolis. Com o PR na chapa majoritária, a aliança do governador Marconi Perillo, que já tem o PSD de Vilmar Rocha e o PP do vice-governador José Eliton, fica mais robusta. O empresário Luciano Martins Ribeiro, diretor-presidente das lojas Novo Mundo, é cotado para a segunda suplência.
Senadores aprovam também a convocação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto CostaValter Campanato A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga irregularidades na Petrobras aprovou hoje (27) por unanimidade cinco requerimentos. Fazem parte da lista os que pedem acesso à documentação da Operação Lava Jato – que corre sob segredo de Justiça – e as cópias de processos em análise no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que tratam da troca de ativos entre a Petrobras e a Repsol YPF, no caso da Refinaria de Bahia Blanca, na Argentina. Os senadores também aprovaram a convocação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa – preso até a semana passada na Operação Lava Jato. Ele é investigado por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, suspeito de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Paulo Roberto Costa deixou a carceragem da Polícia Federal, no Paraná, há duas semanas, onde estava preso desde março. Com uma reunião esvaziada, na semana passada, esses mesmos requerimentos não foram votados por falta de quórum, por isso, desta vez, o presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) mudou a estratégia e garantiu quórum com oito dos 13 titulares no início da reunião. Mais uma vez sem a presença de parlamentares da oposição, neste momento, os senadores ouvem a presidenta da Petrobras, Graça Foster. Esta é a terceira vez que a executiva vem ao Congresso e a segunda, ao Senado, explicar denúncias de irregularidades envolvendo a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Ao falar às comissões de Assuntos Econômicos e de Meio Ambiente, em abril, Graça Foster reconheceu que a aquisição “não foi um bom negócio” e admitiu que a transação resultou em um prejuízo de US$ 530 milhões à estatal. Apesar da expectativa de instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito amanhã (28), Vital do Rêgo e o relator na comissão, José Pimentel (PT-CE), dizem que vão continuar cumprindo o cronograma de trabalho aprovado na primeira reunião do colegiado. Eles confirmaram que vão ouvir nesta quinta-feira (29) o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Jorge e o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada. José Jorge é o relator do processo no TCU, que investiga desde março de 2013 supostas irregularidades na compra da Refinaria de Pasadena. Já Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da área Internacional da estatal, que deixou o cargo em julho de 2012, é apontado como responsável pelo resumo executivo que recomendou a compra dos 50% restantes da Refinaria de Pasadena.

[caption id="attachment_2174" align="alignright" width="620"] Aécio Neves: pressão em defesa do DEM | Foto: Reprodução George Gianni /Veja[/caption]
O DEM se tornou, no país, quase um partido nanico, mas com políticos ideologicamente consistentes. Não indicará o vice-presidente na chapa do tucano Aécio Neves — que prefere compor com um tucano de São Paulo, como José Serra. Comentou-se que o executivo Henrique Meirelles, do PSD, poderia ser o vice do tucano, mas o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, presidente do partido, decidiu apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Portanto, Meirelles está descartado. Porém, como terá o apoio do DEM, o senador mineiro quer atender a prioridade política número um do partido para 2014: ampliar sua bancada de senadores. Por isso, acatando pedido do senador Agripino Maia e do prefeito de Salvador, ACM Neto, Aécio sugeriu ao governador Marconi Perillo que apoie o deputado federal Ronaldo Caiado para senador. O democrata goiano quer aliar-se ao tucano-chefe porque seu partido já o apoia.
Ocorre que, para indicar Caiado, Marconi teria de fazer uma reengenharia na chapa majoritária, hoje fechada com Vilmar Rocha para senador e José Eliton mantido na vice-governadoria. Esta é a chapa que o tucano-chefe quer. Pode até mudá-la, mas é a chapa que avalia como “da base”.
Ao contrário do que se comentou, Marconi não disse a Aécio Neves que, sim, vai abrir espaço para Caiado. O tucano-chefe tem avaliado com seus companheiros se vale a pena ter um apoio circunstancial e conflituoso como o de Caiado. Uma vez eleito senador, mas a eleição para governador ficando para o segundo turno, o democrata faria campanha para o tucano? Não se sabe. O que se comenta, na base marconista, é que, para quem quer manter aliança, Caiado mostra-se tímido e, sobretudo, distante da base.

Senador por Goiás teve requerimento que convocava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitado. Tucano classifica sua presença na comissão de mera “provocação”

[caption id="attachment_2693" align="alignleft" width="620"] Marconi Perillo: goverandor, na verdade, quer aliança ampliada | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Um aliado do governador Marconi Perillo, dos mais próximos, disse ao Jornal Opção: “Por birra, o governismo, que está reagindo com raiva e sem razão, está ‘entregando’ o deputado federal Ronaldo Caiado de mão-beijada à oposição, possivelmente ao PMDB de Iris Rezende. Fica-se com a impressão de que tucanos, pepistas e pessedistas não então entendendo que é mais inteligente ‘entregar’ o mandato de senador a Caiado e ‘permanecer’ com o governo do Estado. Ir para uma eleição, ‘carregando’ candidatos ‘pesados’, tendo como argumento a tese da ‘lealdade’ — sabendo que um político da base ‘traiu’ Caiado —, é suicídio. Nós precisamos entender que Marconi está crescendo, está se consolidando como o candidato mais sólido, mas precisa de apoio novo e consistente para ganhar a eleição. Quem dispensa um Caiado certamente não está pensando no projeto maior, que é reeleger Marconi, e sim em projetos pessoais. Quem não entrega os anéis às vezes perde os dedos”.
Na semana passada, espalhou-se na base governista, como rastilho de pólvora, que Marconi havia desistido de compor com Caiado. Não desistiu. Mas é fato que avalia que o democrata precisa se aproximar da base governista de maneira efetiva.