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Produção de Getúlio Ribeiro foi uma das grandes vencedora da mostra ABD do Fica de 2015, faturando os prêmios de Melhor Ficção, Melhor Ator e Melhor Montagem

A partir de quinta-feira o festival de filme documentário e experimental, II Fronteira, traz a Goiânia produções inéditas no Brasil do cineasta Bruce Baillie e da Canyon Cinema
[caption id="attachment_43912" align="alignnone" width="620"] Reprodução[/caption]
O Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental, II Fronteira, encerra a semana com duas mostras especiais: “Transgressões Queer” e “Underground Mines: Tons do Espectro se Elevam para o Olhar”, além da aguardada retrospectiva “Bruce Baillie e a Canyon Cinema”, que exibe, pela primeira vez no Brasil, parte da obra de Baillie e da Canyon Cinema em cópias 16mm, restauradas e únicas. A retrospectiva homenageia um dos mais renomados cineastas da vanguarda norte americana, Bruce Baillie, e seu trabalho como fundador da Canyon Cinema, uma das maiores e mais importantes distribuidoras de cinema experimental e avant-garde do mundo.
Para Toni D’Angela, um dos curadores do II Fronteira, “a câmera de Baillie abre mundos de imagens microscópicas, residuais, abre os esconderijos do olho. Baillie coloca sua visão sobre os aspectos de maior dimensão, a caminho da extinção, sobre o mundo que está por se esvair”. A retrospectiva “Bruce Baillie e a Canyon Cinema” trará filmes essenciais da carreira do cineasta, entre eles suas obras primas seminais Quixote (1965), Castro Street (1966) e Quick Billy (1971), exibidos na quinta e sexta-feira, 27 e 28, no Cine Goiânia Ouro.
A mostra engloba ainda trabalhos que costuram a história da Canyon, desde seu surgimento em 1961 até os dias atuais, representados por produções de James Broughton, Stan Brakhage, Robert Nelson, Paul Sharitis, Larry Gottheim, Bill Brand, Peter Hutton, Eve Heller e Nathaniel Dorsky, exibidos ao ar livre, na sexta-feira, 29, no Beco da Codorna (fundos do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro), que foi recentemente revitalizado pela Associação de Grafiteiros de Goiânia.
“A maneira como ele se coloca diante dos seus filmes, dos seus trabalhos dentro da Canyon enquanto distribuidora, as relações que ele cria no cinema experimental americano, são um trabalho de resistência muito forte. São filmes que desafiam uma série de amarras narrativas e clichês de certo senso comum que o cinema acabou se tornando. Eu acredito que as vanguardas tenham muito esse papel de contestar e de desafiar, de romper limites com a linguagem e com o próprio aparato tecnológico do cinema”, define Rafael Parrode, curador e diretor artístico do Fronteira.
Transgressões Queer
Com curadoria de Rafael Parrode, um dos idealizadores do Fronteira, e Ewerton Belico curador do Festival Internacional de Curtas-Metragem de Belo Horizonte e professor da Escola Livre de Cinema da capital mineira, a mostra “Transgressões Queer” traz, na sexta-feira, 28, às 22h, três filmes que sacodem, que abrem à força o campo do visível e extravasam códigos: “The Innocentes”, de Jean Paul Kelly; “Como Era Gostoso Meu Cafuçu”, de Rodrigo de Almeida; e “Nova Dubai”, de Gustavo Vinagre.
“Queer” pode ser traduzido como algo estranho, excêntrico, raro, extraordinário. Entretanto, a expressão é utilizada pejorativamente para designar homens e mulheres homossexuais, reiterando um posicionamento homofóbico e discriminatório. Por isso mesmo, é um termo utilizado e assumido por uma vertente dos movimentos homossexuais para reforçar sua perspectiva de oposição e contestação à heteronormatividade da sociedade. “Queer” representa a diferença que não quer ser aceita ou tolerada, traz uma conotação transgressiva e perturbadora.
Levando em conta o posicionamento político e os ideais que carregam o termo “Queer”, a mostra “Transgressões Queer” traz à tona trabalhos que tratam abertamente de reflexões acerca do mundo particular homossexual, suas ideias, suas implicações e complicações. Os brasileiros do Coletivo Surto & Deslumbramento, o realizador e argumentista carioca, radicado em São Paulo, Gustavo Vinagre e o canadense Jean Paul Kelly apresentam obras de transgressões violentas, poéticas e bem-humoradas.
Mostra Underground Mines
Recebendo com exclusividade no Brasil a turnê sul-americana de exibição e pesquisa do “Media City Film Festival”, pioneiro na transposição de fronteiras por atuar dos dois lados de um limiar internacional (EUA e Canadá), a “Underground Mines – Tons do Espectro se Elevam para o Olhar” traz curtas de cineastas canadenses, com o intuito de promover um intercâmbio de experiências com os cineastas sul-americanos. O programa é composto por filmes que buscam evidenciar a riqueza e diversidade da produção cinematográfica independente no Canadá.
A mostra tem curadoria de Oona Mosna, Diretora de Programação do “Media City Film Festival” e organizadora de sessões em importantes festivais em todo o mundo. Mosna é ainda editora da “Nicky Hamlyn: Film Works”, a única publicação dedicada aos filmes do artista canadense conceitual Iain Baxter& e fundadora do “Mobile Frames”, programa de residência para cooperação transfronteiriça dedicado exclusivamente a apoiar a criação de novas obras por cineastas análogos.
A Underground Mines acontece no último sábado do festival, 29 de agosto, em dois locais diferentes: a primeira parte, com filmes em 16mm é exibida no Cine Goiânia Ouro. Ocupando o centro da cidade, público e convidados caminham até a Praça Cívica, mas precisamente para o Cine Cultura, onde assistirem os filmes em 35mm. Após a exibição dos filmes o festival promove um debate com os artistas canadenses que integram a mostra.
Serviço
Retrospectiva Bruce Baillie & Canyon Cinema
Data: 27, 28 e 29 de agosto
Horário: 21h (quinta), 15h (sexta) e 14h (sábado)
Local: Cine Goiânia Ouro
(Sessão comentada com Patrícia Mourão. Mediação de Rafael Parrode.)
Bruce Baillie & Canyon Cinema (Exibição Ao Ar Livre)
Data: 28 de agosto
Horário: 20h
Local: Beco Da Codorna
Transgressões Queer
Data: 28 de agosto
Horário: 22h
Local: Cine Goiânia Ouro
Underground Mines: Tons Do Espectro Se Elevam Para O Olhar
Data: 29 de agosto
Horário: 16h (Parte 1)
Local: Cine Goiânia Ouro
Horário: 17h (Parte 2)
Local: Cine Cultura

Quinto filme da franquia combina uma trama articulada com cenas de ação de tirar o fôlego
[caption id="attachment_43904" align="alignnone" width="620"] Reprodução[/caption]
Frederico Vitor
Ele não parece conhecer limites. Para materializar a cena que serve como cartão de visitas do filme, Tom Cruise, com mais de 50 anos, dispensou o dublê e dependurou do lado de fora do enorme avião cargueiro Airbus A400, em plena decolagem. Logo de cara, o expectador nota que esta etapa da franquia não está para brincadeira, dado o realismo alcançado graças ao esforço arriscado do ator que estrela pela quinta vez a bem-sucedida franquia de ação.
“Missão: Impossível – Nação Secreta” consegue se aproximar da trama envolvente de “Missão Impossível” (1996), o primeiro da série e dirigido por Brian De Palma. Porém peca por cometer os mesmos erros de “M:I-II”, do diretor chinês John Woo, que apela para exaustivas lutas coreografadas e tomadas de câmeras que remetem a um vídeo clip. Neste, pelo menos a vilania teve brilho e destaque, como foi em “Missão Impossível III”, em que o magistral e saudoso ator Philip Seymour Hoffman (achado morto em seu apartamento em Nova York em 2014), deixou sua marca ao viver um dos mais mordazes antagonistas da série.
Em Nação Secreta, a franquia volta a Londres, a capital mundial da espionagem. O agente Ethan Hunt, interpretado por Cruise, precisa correr contra o relógio para salvar sua agência – Impossible Missions Force (IMF), em inglês, que significa Força de Missões Impossíveis. O organismo secreto do governo americano corre o risco de ser absorvida pela CIA, em razão de suas últimas espetaculares ações, como a explosão do Kremlin, em Moscou, sede do governo russo. O feito desagradou os burocratas de Washington, que querem o fim da agência.
Ethan Hunt, agora um foragido da estrutura de espionagem americana, a princípio age sozinho para provar a existência de um esquadrão formado por ex-agentes secretos renegados de várias centrais de inteligência ao redor do mundo. O grupo, conhecido como Sindicato, na realidade é uma anti-IMF, ou seja, seus integrantes são treinados nas mesmas técnicas que moldaram o super espião vivido por Cruise.
Agindo nas sombras e sempre com o saldo de dezenas de vidas inocentes, o Sindicato é liderado por Solomon Lane, interpretado pelo excelente ator britânico Sean Herris. O personagem é um perturbado ex-agente do MI-6 (famoso serviço secreto inglês, o mesmo de James Bond), que arquiteta e executa eventos sinistros pelo mundo, em razão de interesses escusos.
Nesta caçada ao temível Sindicato, Hunt não estará sozinho. O herói terá a companhia da agente MI-6 Ilsa Faust, vivida pela magnífica e deslumbrante atriz sueca Rebecca Ferguson. A espiã, uma beldade fatal que sabe lutar, atirar e pilotar motocicletas esportivas, consegue o feito de puxar a atenção do espectador que põe em cheque sua lealdade. Paira sobre sua personagem a desconfiança se ela é ou não uma agente dupla; ou seja, uma integrante sem escrúpulos da gangue de Solomon Lane que se aproxima de Hunt e de sua equipe para sabotá-los.
O ator Simon Pegg mais uma vez se encarrega da parte cômica do longa, com seu personagem Benji Dun, o assistente desajeitado de Hunt. Jeremy Renner volta à franquia, mas desta vez, ao contrário de “M: IV – Protocolo Fantasma”, seu personagem (agente William Brandt) é encarregado da parte burocrática, isto é, precisa proteger a existência do IMF junto às Comissões do Senado americano.
O filme tem locações em Rabat (Marrocos), Viena (Áustria) e Londres (Inglaterra). Se os efeitos especiais em nada deixam a desejar, o mesmo não pode dizer do roteiro, apesar da trama ser original e muito bem trabalhada. O excesso de reviravoltas e as piadas sem graça e fora de hora são os pontos falhos do longa. Contudo o diretor Christopher McQuarrie (que trabalhou com Cruise em “Jack Reacher”) acertou a mão em legar a esta etapa da franquia um clima mais sombrio – afinal se é um embate de agentes secretos, nada mais justo que a batalha ocorra nas sombras e nas surdinas.
No mesmo ano em que será lançado o 24ª filme da franquia James Bond, em 007 – Contra Spectre, Cruise saiu na frente e agraciou os cinéfilos aficionados pelo tema de espionagem com o seu ótimo “Missão: Impossível – Nação Secreta”. As comparações serão inevitáveis, porém cada qual com seu espaço e simbolismo. Para quem aprecia um filme de ação bem feito e bem produzido, esta é a chance.

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Em homenagem ao premiado cineasta Francis Ford Coppola, o Centro Cultural Banco do Brasil e o Cine Brasília exibem a mostra de cinema “Francis Ford Coppola: O Cronista Da América”. Em cartaz desde o dia 25 de junho, a mostra continua em cartaz até 20 de julho. São 25 longas dirigidos pelo cineasta e mais dois documentários biográficos. No CCBB, os ingressos custam R$ 4, a inteira, e R$ 2, a meia-entrada; já no Cine Brasília, todos pagam o valor da meia, R$ 6.
Os títulos estão sendo exibidos em 35 mm, DCP e em formato digital, comuns às diferentes fases de Coppola. Conhecido como o expoente da geração “New Hollywood”, que valoriza o cinema de autor nos EUA, o diretor foi indicado 14 vezes ao Oscar e venceu em cinco delas; também já foi premiado quatro vezes em Cannes, com duas Palmas de Ouro, Globos de Ouro e Camera Berlinale.

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A Caixa Cultural Brasília exibe “El Deseo – O Apaixonante Cinema de Pedro Almodóvar”. Em homenagem ao cineasta, a mostra teve abertura ontem e continua em cartaz até o domingo, 5. Serão apresentados todos os longas-metragens do diretor espanhol, mais dois documentários sobre sua vida e obra. A entrada é acessível, os ingressos custam R$ 4, a inteira e R$ 2, a meia.
Além da exibição dos filmes (são 21 títulos, no total), a programação realiza debate e masterclass. Na quinta-feira, 2, após a exibição de “Tudo Sobre o Desejo – O Apaixonante Cinema de Pedro Almodóvar” (doc), o crítico Ricardo Daehn e o pesquisador Sergio Moriconi realizam um bate-papo, com curadoria de Silvia Oroz e Breno Lira Gomes. No sábado, 4, a curadora Silvia Oroz ministra a masterclass “Pedro Almodóvar e o Melodrama”. As atividades são gratuitas e sujeitas à lotação do teatro.
Obra do sacerdote redentorista terá cenas gravadas em três países e seis localidades. A Capital da Fé terá cidade cenográfica
Felipe Cândido
Especial para o Jornal Opção
[caption id="attachment_38639" align="alignleft" width="250"] A produção está em fase de captação de recursos em leis de incentivo[/caption]
Com apoio logístico do governo municipal de Trindade, na gestão do prefeito Jânio Darrot (PSDB), realização da Yela Filmes, produção da Fundação Casa de Atores, Grupo de Teatro Desencanto, Cinemix, texto e direção de Fábio PH, o filme “Padre Pelágio – Santificado Seja o Vosso Nome” começa a ser realizado em Trindade.
A obra terá cenas previstas na Alemanha, Itália, Rio de Janeiro, Aparecida do Norte (SP), Goiânia e Trindade, e retratará a atuação de Pelágio Sauter, o padre redentorista alemão que desembarcou no Brasil em 1909 e nunca mais retornou a seu país de origem. Padre Pelágio faleceu na Santa Casa de Goiânia, em 1961, foi venerado pelo papa Francisco em 2014 e conta com evoluído processo de beatificação na Santa Sé, em Roma.
Em favor dos necessitados e enfermos, o padre andava grandes distâncias no lombo de um cavalo e possuía um vasto currículo de curas, muitas delas não explicadas pela medicina. Ele, que é considerado um dos grandes promotores da Romaria do Divino Pai Eterno, afirmava que amava a cidade de Trindade e por ela dedicou quase 40 anos da sua vida.
Cidade cenográfica
A encenação de Padre Pelágio será realizada em três fases da sua existência. Além disso, está previsto grande número de figurantes, figurinos de época, 110 atores com falas, dezenas de técnicos e a construção de uma cidade cenográfica em Trindade. As sequências de reconstituição do velório e enterro do padre — um dos mais concorridos da história de Goiás — e de uma romaria na década de 20 serão momentos de extremo desafio para os realizadores.
A produção atua na captação de recursos em leis de incentivo junto aos governos federais de Brasil e Alemanha e do governo de Goiás, e já conta com apoio da PUC TV, TV Aparecida e Sindicato dos Artistas de Goiás. Ações e mobilizações foram iniciadas, buscando a adesão e contribuição de católicos de todo o Brasil, incluindo a pré-venda do DVD.
Tendo no currículo serviços prestados para as principais emissoras do Brasil, este será o segundo longa-metragem do diretor e autor Fábio PH. “O projeto nasceu há dois anos, após ter engavetado temporariamente a ideia de fazer a novela ‘Me Ensina a Ser’”, conta. Em pesquisas sobre a história de Trindade, o diretor conheceu a trajetória de Padre Pelágio. “Acredito ser, hoje, uma das pessoas que mais entendem sobre a vida dele. Não dá para deixar isso escondido. Padre Pelágio é fabuloso, é uma das provas da presença e dos milagres do Deus vivo na terra”, destacou PH.
O consagrado teatrólogo Amarildo Jacinto assinará a direção de elenco. As oficinas começam a ocorrer no Grupo Desencanto de Teatro. “Padre Pelágio – Santificado Seja o Vosso Nome” será gravado a partir de maio do próximo ano e tem estreia nacional prevista para o dia 23 de novembro de 2016, data dos 55 anos de morte de Pelágio.
Serviço:
- “Filme Padre Pelágio – Santificado Seja o Vosso Nome”
- Informações sobre elenco – Grupo de Teatro Desencanto – 3110-3134
- Apoios e adesões ao projeto – (62) 3506-7013 / (62) 9310-9541

Sob a influência de Robert Altman, Paul Thomas Anderson adapta para as telas o livro “Vício Inerente”, do escritor norte-americano

Os produtores da trilogia teriam oferecido 1,5 milhão de dólares para que o intérprete de Christian Grey mostrasse tudo em novo longa

O diretor do longa, Adirley Queirós, mistura realidade e ficção com um final esperançoso para o País

Baseado em texto de Jorge Furtado e dirigido por Carolina Jabor, o longa escancara uma sociedade que se espanta com um beijo gay na TV e não encara a AIDS, o vício, a loucura, a escassez, o inóspito
[caption id="attachment_32337" align="alignnone" width="620"] Foto: Divulgação[/caption]
"Você é o que? Drogado, esquizofrênico?
Drogado.
Sorte.
E qual a sua droga?
Remédio pra ansiedade.
Já tomei de tudo.
E agora?
Agora, eu vou morrer.
Por que?
Precisa mais?" — Jorge Furtado
Yago Rodrigues Alvim
Assim se conheceram Judite e João. E assim que terminam, ela morre. O recorte tem como plano de fundo uma clínica de reabilitação, onde temáticas espraiam pelas paredes e além-elas. Ela, Judite, porta o vírus HIV. Ele, João, toma "Frontal com Fanta" — conto, presente no livro "Tarja Preta" (Objetiva), de Jorge Furtado. Este texto, que começa já pelo fim, inspirou o filme.
"Ela me perguntou quantas pessoas eu já vi morrer. Quantas pessoas você já viu morrer? Nenhuma, eu disse. Ela sorriu e disse eu vou ser a primeira. Eu disse vai. Ela disse boa sorte.
— Boa sorte."
Com direção de Carolina Jabor, filha do cineasta Arnaldo Jabor, o longa "Boa Sorte" já ganhou as prateleiras de livrarias — já ganhou prêmios no Festival de Paulínia (foi vencedor nas categorias júri popular e direção de arte). A estreia foi em 20 de novembro do ano passado.
"Me veio uma mistura de tristeza e a dificuldade de largar a Judite", disse Deborah Secco, que viveu por quase um mês (tempo de gravação) a personagem e que, por ela, acabou dois meses internada. Antes mesmo de começarem a gravar, a atriz teve acompanhamento médico para perder 11 quilos. João Pedro Zappa interpretou João. No longa, ele recebe a orientação médica: precisa "aprender a relaxar". Com Judite, ele aprende a crescer, seguir com a vida.
Da arte, estampa-se o vermelho nas vestes de Judite — são de admirar as cenas em que a atriz aparece. Ela sempre traz consigo esta cor de sangue. Dos simbolismos, o filme se embala na composição de Jorge Mautner, na voz de Caetano Veloso. "O vampiro" canta já na primeira estrofe: "Eu uso óculos escuros pras minhas lágrimas esconder/ E quando você vem para o meu lado, ai, as lágrimas começam a correr/ E eu sinto aquela coisa no meu peito/ Eu sinto aquela grande confusão/ Eu sei que eu sou um vampiro que nunca vai ter paz no coração".
O filme é sobre coisas puras. De quem busca a paz. A busca tem lá sua insatisfação, sua agonia. Na pureza, existe o cru. E lá mora o amor, a paz; é quase que cais (de paredes descoradas). E essa, talvez, seja a grande maestria da obra, que desvela um lugar inóspito e, ali, o que se vê dói. As relações humanas, tais como a de João com os pais ou de Judite com a vó (interpretada por Fernanda Montenegro), são gastas. O menino é invisível. "Frontal com Fanta" faz com que ele desapareça; perambule pela cidade sem que ninguém o note; converse sem dizer uma palavra sequer — faz com que ele lamba garotas, até não ser invisível mais. No filme, tem essa cena em que ele, João, lambe uma garota e leva um soco e, só assim, volta à sobriedade.
A sobriedade é a coisa que eles mais veem. De tanta sujeira que veem são os mais puros. Tem outra canção que marca (não o filme), mas sua divulgação: "Não Consigo", da Banda Tono. Num trecho, entoa "A tua flor não é flor pra qualquer jardim/ quero pra mim, pois já cansei de capim". E, assim, vai elencando coisas sagradas. Para João, primeiro vem "você" e, depois, "mulher". Já para Judite, das coisas sagradas, primeiro vem "o homem", depois, "o cachorro", por último, depois de tantos outros seres, está o vírus, que "quase não é bicho". João pergunta onde é que ele está. "Entre o homem e o cachorro" — ela responde.
Ainda que menos denso que o texto de Furtado, no claro, "Boa Sorte" é da pesada, com boas doses de ironia e descontração. Do todo, "Boa Sorte" escancara uma sociedade que se espanta com um beijo gay na novela das nove. Escancara uma sociedade que não encara a AIDS, o vício, a loucura, a escassez, o inóspito. Numa cena, Montenegro fuma maconha em papel de bíblia. Numa cena, Montenegro escancara: "O vício é uma desgraça".
E o barato é que o enlace entre duas pessoas está ali. Escondido em sumo limão, em que ela escreve: "A mente quer ser Deus. O corpo lembra que somos bichos. Minha mente mandou obedecer meu corpo. Obedeci. Meu corpo ficou feliz. Viveu muito, viveu rápido. Minha mente foi atrás. Judite estava indo embora quando apareceu o cachorro. Bobo e bonito, assim nascido. Achava que era invisível, mas não era. Cachorro recém-chegou. Não tinha pressa, não tinha pra onde ir. Judite não podia ir embora, deixar o cachorro ali, assim. Foi ficando".
Foi ficando, foi ficando até dizer "boa sorte".

A edição faz uma homenagem a Universidade do Chile, a suas pesquisas, produções e ações de conservação cinematográfica e ao diretor goiano experimental Martin Muniz, cujo talento foi reconhecido há pouco tempo

Longa que deu Oscar a Julianne Moore é forte por valorizar a memória a partir de seu esvaziamento

Lançado simultaneamente às 00h05 desta quinta-feira (12/2), em várias salas de cinema, “50 Tons de Cinza” recebeu vários preparativos para sua estreia em Goiânia. De tapete vermelho, a rapazes imitando o personagem.
Diferentemente da maioria dos livros que tem passado por adaptações cinematográficas, 50 tons agrada, trazendo consigo o “empoderamento” do diálogo, inclusive virtual, destaque para toda trama. Comunicação provocativa, a forma que se estabelece e se desenvolve, cria intimidade entre os personagens, algo que poderia levar mais tempo, se não fosse a forma como cada um se coloca.
O jogo de aproximação/afastamento é muito claro, e resulta na vinculação de ambos. Sexo ocorre, repetidas vezes, com muita sensualidade, boa fotografia, e sessão de sexo BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo) suavizadas, conclusão de quem leu o primeiro livro da série.
A proposta o Sr. Perfeição e a mocinha sonsa, é o grande trunfo, pois a protagonista é bonita, porém com baixa autoestima, apaixonando-se pelo bilionário, sendo correspondida. Entre um suspiro e outro, a atriz Dakota Johnson convence no papel que lhe é atribuído.
Por que Christian Grey é o Sr. Perfeito?
Ele é multimilionário, onipresente, sabe de tudo, pilota planador, fala várias línguas, é bonito, coleciona carros, pilota o próprio helicóptero, é dono de praticamente tudo, mora sozinho, e tem um abdômen trincado. O homem não cansa! E, ainda toca piano.
Por que a mocinha é sonsa?
Ana é quase caricata, óbvia, corre o risco de se tornar chata (ocorre no livro, não no filme graças a atuação de Dakota), nas sucessivas repetições de revirar os olhos, dar gritinho e suspirar ao vê-lo de surpresa, e as infinitas vezes que morde o lábio…ao menos a deusa interior que Ana discutia continuamente no livro, não aparece.
Quando a tendência era fixar no casal, Christian/Ana, com repetidas cenas de sexo, ao ponto dos personagens secundários sumirem, era a vez da inserção dos diálogos via e-mails, assim a trama flui melhor.
O toma lá da cá, cheio de sarcasmo entre Ana e Christian os levam impreterivelmente para cama ou para o “quarto vermelho da dor”. O pouco do romantismo é destacado em cenas que lembram uma comédia romântica, como é o caso do casal dançando Frank Sinatra Whitchcraft, e sobrevoando Seattle ao som de “Love me like you do”, de Ellie Goulding.
O filme, em alguns momentos parece uma vitrine, até o skyline do apartamento do Sr. Grey parece estar à venda, são vários produtos, várias marcas de carros, roupas, peças de decoração, alimentos, bebidas. Essas coisas vão datar o romance, mas, por agora, confere-lhe um toque de vanguarda — dando-lhe a imagem de filme-merchandising.
Os mistérios sobre o passado de Christian, deram ritmo e aguçaram a curiosidade.
Chamado de “pornô mulher”, não chega a isso, muitas cenas foram cortadas e o galã Jamie Dornan que “não curte romance”, não convence no papel de dominador.
O filme termina e o público espera a sequência, como se não tivesse chegado algum lugar, deixando indícios de que a segunda parte vem aí, a resposta para o suspense se haveria ou não a sequência.
Auriane Rissi é psicóloga e escritora.

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O filme pernambucano “Ventos de Agosto” trouxe a boa nova da reabertura do Cine Cultural, fechado desde dezembro do ano passado. E, como se não bastasse, as telas do Centro Cultural Marieta Telles Machado, na Praça Cívica, marca sua volta com o [ótimo] filme “Laurence Anyways”, do diretor canadense Xavier Dolan.
O longa é um mergulho, como os demais filmes do diretor, no universo da sexualidade e do gênero. A história de Laurence, um homem que deseja se tornar mulher, foi premiado na categoria de Interpretação Feminina Un Certain Regard, no Festival de Cannes, em 2012.
Vale lembrar que a faixa etária é de 14 anos e que, devido à duração do filme (160 min), o cinema não exibirá outro longa. Os ingressos custam R$ 8, a inteira, e R$ 4, a meia-entrada. Às sessões são às 19h, durante a semana, e às 18h30 aos sábados e domingos. “Laurence Anyways” será exibido de 12 a 18 de fevereiro.

Fechado desde dezembro, cinema foi reaberto no último sábado e deve retomar sessões diárias ainda nesta semana