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Lançado simultaneamente às 00h05 desta quinta-feira (12/2), em várias salas de cinema, “50 Tons de Cinza” recebeu vários preparativos para sua estreia em Goiânia. De tapete vermelho, a rapazes imitando o personagem.

Diferentemente da maioria dos livros que tem passado por adaptações cinematográficas, 50 tons agrada, trazendo consigo o “empoderamento” do diálogo, inclusive virtual, destaque para toda trama. Comunicação provocativa, a forma que se estabelece e se desenvolve, cria intimidade entre os personagens, algo que poderia levar mais tempo, se não fosse a forma como cada um se coloca.

O jogo de aproximação/afastamento é muito claro, e resulta na vinculação de ambos. Sexo ocorre, repetidas vezes, com muita sensualidade, boa fotografia, e sessão de sexo BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo) suavizadas, conclusão de quem leu o primeiro livro da série.

A proposta o Sr. Perfeição e a mocinha sonsa, é o grande trunfo, pois a protagonista é bonita, porém com baixa autoestima, apaixonando-se pelo bilionário, sendo correspondida. Entre um suspiro e outro, a atriz Dakota Johnson convence no papel que lhe é atribuído.

Por que Christian Grey é o Sr. Perfeito?

Ele é multimilionário, onipresente, sabe de tudo, pilota planador, fala várias línguas, é bonito, coleciona carros, pilota o próprio helicóptero, é dono de praticamente tudo, mora sozinho, e tem um abdômen trincado. O homem não cansa! E, ainda toca piano.

Por que a mocinha é sonsa?

Ana é quase caricata, óbvia, corre o risco de se tornar chata (ocorre no livro, não no filme graças a atuação de Dakota), nas sucessivas repetições de revirar os olhos, dar gritinho e suspirar ao vê-lo de surpresa, e as infinitas vezes que morde o lábio…ao menos a deusa interior que Ana discutia continuamente no livro, não aparece.

Quando a tendência era fixar no casal, Christian/Ana, com repetidas cenas de sexo, ao ponto dos personagens secundários sumirem, era a vez da inserção dos diálogos via e-mails, assim a trama flui melhor.

O toma lá da cá, cheio de sarcasmo entre Ana e Christian os levam impreterivelmente para cama ou para o “quarto vermelho da dor”. O pouco do romantismo é destacado em cenas que lembram uma comédia romântica, como é o caso do casal dançando Frank Sinatra Whitchcraft, e sobrevoando Seattle ao som de “Love me like you do”, de Ellie Goulding.

O filme, em alguns momentos parece uma vitrine, até o skyline do apartamento do Sr. Grey parece estar à venda, são vários produtos, várias marcas de carros, roupas, peças de decoração, alimentos, bebidas. Essas coisas vão datar o romance, mas, por agora, confere-lhe um toque de vanguarda — dando-lhe a imagem de filme-merchandising.

Os mistérios sobre o passado de Christian, deram ritmo e aguçaram a curiosidade.

Chamado de “pornô mulher”, não chega a isso, muitas cenas foram cortadas e o galã Jamie Dornan que “não curte romance”, não convence no papel de dominador.

O filme termina e o público espera a sequência, como se não tivesse chegado algum lugar, deixando indícios de que a segunda parte vem aí, a resposta para o suspense se haveria ou não a sequência.

Auriane Rissi é psicóloga e escritora.