Reportagens
Ideia fomentada por conspiradores é de que a União Democrática Nacional, agora em fase final de criação, garantirá o afastamento dos Bolsonaros dos problemas internos do PSL
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Lideranças do PSL goiano. Da esquerda para a direita: deputado federal Delegado Waldir; deputados estaduais Paulo Trabalho e Major Araújo; e o vereador Lucas Kitão I Foto: Reprodução/Colagem[/caption]
É cedo para colocar em cheque a resistência e fidelidade político partidária do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e sua prole. Porém, com os holofotes da imprensa direcionados ao possível desvio de dinheiro público para candidaturas laranjas da sigla que o consolidou presidente — as investigações da Polícia Federal (PF) ainda estão em curso —, a possibilidade de mudança de nome é, no mínimo, considerável.
Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) gesta diversos novos partidos — são 75 atualmente —, lideranças estudam calmamente o processo de formação de cada um dos embriões. É preciso cautela para definir aqueles que irão amamentá-los. Dentre os partidos que vem por aí, um deles é tido como uma espécie de reencarnação: a União Democrática Nacional (UDN). Sim, o partido da direita liberal da era Vargas (o PT chegou a ser chamado de "UDN de macacão" — dado o radicalismo).
Políticos comentam, nos bastidores da política e na imprensa nacional, que a família Bolsonaro estuda migrar para o novo e, ao mesmo tempo, velho partido. As principais articulações pró-UDN estariam supostamente ligadas à figura do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL). Especula-se que o parlamentar conta com o apoio do irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), do Rio de Janeiro.
Voz das lideranças
Em entrevista ao Jornal Opção, o presidente do PSL em Goiás, Delegado Waldir Soares, garante que as informações ventiladas sobre a possível relação do nome de Eduardo Bolsonaro com a recriação da UDN não passam de "fake news". "Qual deputado sairia do PSL, ou de qualquer partido, para se vincular à UDN — que não possui tempo de televisão, tempo no rádio? Esquece. Chance zero. É 'fake news'." E indagou: "Qual partido sobrevive sem tempo na mídia?".
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Delegado Waldir Soares: "Recriação da UDN pelos Bolsonaros é fake news" | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption]
Para o deputado a previsão é de se reduzir o número de partidos no Brasil e não de "ficar criando mais partidos de aluguel". "A palhaçada tem de acabar. O país não precisa mais do que três, quatro, cinco partidos. Se a ideia é representar a extrema direita não tem nada a ver conosco. Os parlamentares do PSL são de direita e não de extrema direita."
Delegado Waldir fria que "o PSL é fortíssimo. É o partido do presidente. Notícias plantadas para tentar desestabilizar o PSL é covardia de parte da imprensa. Quando começa a divulgar esse tipo de notícia, o jornalista tem de levar cartão vermelho, como os jogadores de futebol. Tem de afastar o jornalista por três ou seis meses. Não pode o jornalista publicar fake news e não acontecer nada. Qual é a fonte dele?".
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Paulo Trabalho: “A criação do partido pode não ser ruim. Seria mais um para representar a direita brasileira” I Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption]
Líder do PSL na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), Paulo Trabalho, diz acreditar que a criação da UDN não será tão simples quanto parece. “Existem vários boatos em torno disso.” Diferentemente de outras lideranças ligadas à sigla, o parlamentar busca avaliar a especulação com outros olhos. “A criação do partido pode não ser ruim. Seria mais um para representar a direita brasileira.”.
Para Paulo Trabalho, mesmo que as hipóteses se concretizem e o presidente deixe o PSL, o partido jamais será o mesmo. “Bolsonaro transformou a sigla. Ele trouxe muitas lideranças alinhadas ao seu perfil. O PSL tende a manter o viés deixado pelo presidente. E, se for para a UDN, irá fortalecer o partido — assim como fez com o PSL. Sendo assim, todo o grupo de partidos com esse mesmo alinhamento acabaria sendo beneficiado também.”
O deputado estadual Major Araújo considera provável a possibilidade de a família Bolsonaro migrar para a UDN. Ele explica que a criação de uma nova sigla abre janela para que todos os parlamentares possam fazer o mesmo, sem nenhum prejuízo. “Se todos forem, eu também migrarei."
Major Araújo, que está em fase de transição para o partido, diz que a decisão de ir para o PSL foi tomada com base na confiança no governo Bolsonaro e na ideologia do partido. “Para falar a verdade, a legenda é só um detalhe. [...] já passei por vários partidos políticos e tenho propriedade para afirmar que os estatutos são, basicamente, cópias uns dos outros.”
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Major Araújo: “Se todos forem, eu também migrarei." | Foto: Marcos Kennedy / Agência Assembleia de Notícias [/caption]
Apesar de assegurar que “o PSL não confirma a afirmação" (de que Eduardo Bolsonaro estaria estudando uma maneira de viabilizar a mudança), Major Araújo alega que, se o presidente migrar para a UDN, o PSL tende a não sobreviver. “Voltaria a ser um novo partido político nanico, e será condenado a extinção como aconteceu com o PRP, meu atual partido.” O deputado frisa que é preciso ter "cautela" neste momento. "Um passo errado e trazer um prejuízo muito grande."
Segundo o vereador Lucas Kitão (PSL), "a impressão é que se trata de especulações sem fundamento". O parlamentar diz acreditar que este não é o momento de a sigla se dividir e que, caso isso ocorra, poderia enfraquecer a base tanto na Câmara quanto no Senado. "Isso certamente resultaria em grandes dificuldades na aprovação das reformas que o governo se propõe a fazer."
Quanto às articulações em prol da migração de lideranças do PSL para a nova UDN, Lucas Kitão considera que talvez esses comentários sejam até "uma especulação da própria oposição na intenção de fragilizar a sigla". "A ideologia do PSL é muito atual. O partido só tem a crescer, tanto pelo fato de termos um presidente quanto pelo fato de representarmos os atuais e principais anseios da sociedade."
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Lucas Kitão: "A impressão é que se trata de especulações sem fundamento" I Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption]
Questionado sobre os atritos internos, o vereador disse que o pensamento, em qualquer sigla, nunca será homogêneo. "Mesmo criando uma nova UDN, ainda assim se terá divergência interna. Isso é natural em toda sigla." No seu ponto de vista, o PSL não enfrenta uma crise, e sim um período de amadurecimento. "Um amadurecimento de um partido que se tornou grande em pouco tempo. A criação desse novo partido pode até acontecer, mas duvido que a sigla se divida e que as principais lideranças deixem o PSL."
Ressalte-se que, antes da disputa pela Presidência em 2018, Bolsonaro, com o objetivo de encontrar uma sigla para lançar sua candidatura, chegou a cogitar sua incorporação à UDN. No entanto, o partido precisava se adequar a algumas medidas para viabilizar sua consolidação. Com pressa, Bolsonaro quase se tornou um Patriota — em termos partidários —, se vinculando, por fim, ao PSL.
À época, a não consolidação da criação da UDN se deu por diversos fatores. Dentre eles, o fato de a sigla ainda não ter sido validada junto ao TSE. A UDN conta atualmente com mais de 380 mil assinaturas, sendo necessárias 497 mil para viabilizar o registro. Contudo, apesar de ainda contar com um número insuficiente de assinaturas, o partido já possui diretórios em nove Estados brasileiros, além de CNPJ. Na prática, está criado — só falta a legalização no TSE.
Sendo a UDN um novo partido, políticos poderiam migrar para a sigla sem nenhum prejuízo ou impedimento (não perderiam o mandato, por exemplo). Perante a legislação eleitoral vigente, os interessados só podem mudar de time nas janelas partidárias. Tratando-se de um novo partido, a regra vai por água abaixo.
A UDN poderia, nada mais nada menos, reviver a direita liberal do Brasil (o PSL não tem o peso ideológico do udenismo — é mais um partido de oportunidade eleitoral, como o PRN de 1989, quando Fernando Collor foi eleito presidente). O peso histórico do partido poderia também ser um fator fundamental para a decisão de migração do presidente e seus aliados, tendo em vista que, ao mesmo tempo, o PSL não goza do mesmo respaldo ideológico. Dentro do próprio partido, Bolsonaro não conta com o apoio integral de seus membros, o que poderia ser encarado também como um fator de peso para a decisão.
Apesar das inúmeras teorias envolvendo o nome do parlamentar e a possível articulação em prol do renascimento e migração para o partido de perfil heterogêneo, Eduardo Bolsonaro veio às redes sociais no início da semana negar a formação de um novo partido. Confira o que disse no Twitter:
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Reprodução de publicação feita por Eduardo Bolsonaro no Twitter[/caption]
A ideia fomentada entre articuladores políticos é de que o partido, agora em fase final de criação, garantiria o afastamento dos Bolsonaros dos problemas internos do PSL.
Apesar de não possuírem ligação com os escândalos de desvio de verba em Pernambuco, a família Bolsonaro aparentemente teme que a contaminação do partido possa refletir negativamente no perfil de cada um e, claro, no resultado das futuras eleições. Cabe considerar que, na UDN, os políticos poderão trabalhar de maneira mais segura pela centralização das forças da direita.
Racha interno
Apesar de o PSL ter lançado Bolsonaro como candidato à Presidência, nem todas as lideranças da sigla Brasil afora, de fato, o apoiaram. Além disso, Bolsonaro foi surpreendido recentemente com os supostos desvios de dinheiro público para candidaturas laranjas do partido. Não é de hoje que a relação interna entre membros do partido tem sido gradativamente desgastada.
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Ex-minisitro Gustavo Bebianno (à esq) e presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) I Foto: Marcos Corrêa/PR[/caption]
O maior entrave entre dois gigantes do PSL atingiu o ponto de ebulição na tarde de terça-feira, 19. A exoneração do ex-ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência da República, não colocou um ponto final no imbróglio entre ele e o presidente. Pelo contrário, o desacordo foi oxigenado quando a revista "Veja" publicou, com exclusividade, áudios que desmentem as afirmações de Jair Bolsonaro (PSL) e um de seus filhos, o vereador, Carlos Bolsonaro (PSC). Bolsonaro disse que não havia conversado com Bebianno, mas ele provou, com os áudios, que, sim, haviam conversado. O desacordo entre ambos fica evidente nas mensagens de texto trocadas via aplicativo.
Aparentemente, a relação complicada entre Bebianno e Bolsonaro continua se arrastando. O ex-ministro enviou cartas a amigos e avisou: “Se algo acontecer comigo, abram”. Não se sabe exatamente o conteúdo, mas tem a ver, tudo indica, com a campanha do presidente Jair Bolsonaro e com a montagem do governo. A história foi revelada pela coluna “Radar”, da “Veja”.
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Reforma política que prevê o fim da reeleição deverá ser votada este ano no Senado. Enquanto isso, lideranças do Estado estudam sair de cena no próximo pleito
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Divulgação[/caption]
Em 2015, a Câmara dos Deputados votou pela aprovação do texto que prevê o fim da reeleição para os cargos do Executivo — presidente, governador e prefeito. O acolhimento da Proposta de Emenda à Constituição se deu meio a uma série de sessões realizadas para discutir os pontos centrais da reforma política.
O debate não é novo no Congresso Nacional. Desde 1997, ano em que a reeleição foi aprovada pelo após ser enviada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), há quem se posicione de maneira favorável e contrária.
Ainda que, neste momento, não seja tida como uma prioridade pelo Governo Federal, há quem continue trabalhando pela consolidação da ideia. É o caso do senador Jorge Kajuru, eleito pelo PSB goiano. Ele tem pressionado para que o Parlamento vote o projeto que põe fim à reeleição no Poder Executivo sob justificativa de que a legislação vigente prejudica a disputa eleitoral e impede a renovação na política.
De acordo com a Agência Senado, ao fazer uso da palavra em Plenário, Kajuru declarou: "Morro abraçado com esse meu projeto, com esse meu pensamento de que tem que acabar imediatamente [reeleição], dando mais um ano. Cada presidente, cada governador, cada prefeito terá direito a cinco anos de mandato e não terá direito a reeleição", defendeu.
Quanto à reeleição para o Legislativo, o senador manifestou interesse em discutir com os demais companheiros de Parlamento para que “juntamente com meus conselheiros, a gente encontre a melhor proposta”.
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Senadores Vanderlan Cardoso (à esq.) e Jorge Kajuru I Fotos: Arquivo[/caption]
O senador Vanderlan Cardoso (PP) também se posiciona contrário à reeleição. “Defendo o fim da reeleição desde antes de entrar na política”, ressalta. Ao Jornal Opção, o político afirmou que “cinco anos é tempo suficiente para o gestor que realmente sabe trabalhar fazer uma boa administração e cumprir todas as propostas que tenha feito em campanha”.
Quanto ao Legislativo, o parlamentar defende que “precisa funcionar da mesma maneira”. “É preciso compreender que a alternância de poder é benéfica para o Estado e para a Nação. Defendo um único mandato de cinco anos. Esse tempo basta para realizar todos os projetos que são apresentados na campanha”, concluiu o senador.
Por sua vez, o senador Luiz do Carmo (MDB) disse ao Jornal Opção que o grande problema da reeleição é o emparelhamento do Estado. "No momento que um governo se estabiliza no poder por muito tempo, todos os órgãos que o sustentam passam a ser formados predominantemente por pessoas ligadas de alguma forma ao posicionamento ideológico do governante". Para ele, isso é extremamente maléfico para a democracia, tendo em vista que o debate se acaba e a representatividade do governo se enfraquece. "Por isso, sou sim a favor do fim da reeleição no Poder Executivo", declarou.
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Senador Luiz do Carmo (MDB) I Foto: Y. Maeda / Alego[/caption]
"Contudo, gestão pública tem que ser pensada em longo prazo. Esse é o principal argumento daqueles que defendem a reeleição e é o motivo pelo qual ela foi criada em primeiro lugar. Um meio-termo para isso é elevar o mandato para os cinco anos. Dá mais prazo para os projetos do mandato serem concluídos sem aparelhar demais a estrutura", reforçou.
O emedebista diz acreditar que o projeto deva ser votado ainda este ano no Senado. "O Congresso Nacional teve uma renovação histórica porque as pessoas querem mudanças, e o fim da reeleição é uma das demandas da maioria daqueles que elegeram esses representantes". Para ele, a prova de que essa renovação está funcionando a partir da opinião pública foi o voto aberto para a eleição do presidente do Senado. "Quase todos os senadores optaram por seguir esse caminho porque sabiam que era isso que o povo exigia. Acredito que o assunto (fim da reeleição) será rapidamente discutido por esse motivo."
Imbróglio Pendente
No final de uma legislatura, todos os processos que estão em andamento são arquivados. E agora alguém teria que reapresentar esse texto para que ele volte a tramitar.
O advogado especializado em direito eleitoral Dyogo Crosara disse à reportagem que a proposta arquivada no Senado estende os mandatos dos atuais prefeitos até as próximas eleições de governadores e presidente. A ideia é igualar os períodos eleitorais.
Ele explica que a proposta pode ser reapresentada da maneira que está ou sugerir o contrário: a prorrogação do mandato do presidente e governadores. "Tudo dependerá de como ela deve ser apresentada. Se uma das duas coisas não for feita, eles nunca irão coincidir os mandatos. Não há outro meio para isso".
O advogado diz acreditar que, havendo essas condições, a proposta não deva passar. "Penso que seria mais fácil acabar com a reeleição sem ter que igualar o período eleitoral. Acho que a chance é grande do Senado apresentar uma proposta nesse sentido".
Chefes do Executivo
Recentemente, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), falou com a imprensa sobre o assunto. Em entrevista à GloboNews, o democrata criticou a reeleição no País e afirmou que o uso da máquina pública para garantir a continuidade do mandato foi o fator responsável por levar o Estado à situação de "colapso".
Caiado afirmou não se interessar pela reeleição e lembrou ter encabeçado movimentos contra a prática no Congresso Nacional. “Essa sempre foi a nossa proposta no Congresso, para que os mandatos tivessem cinco anos e que não tivesse reeleição no Brasil”, destacou à época.
O democrata disse acreditar que, havendo a possibilidade de futura reeleição, o governante não governa para Estado, nem para seu povo. “Governa visando exatamente a sua reeleição”.
Diante das afirmações do democrata, é provável que, ainda que houvesse a possibilidade, Caiado não dispute novamente o cargo de governador daqui há quatro anos. O que abriria espaço para uma nova liderança política assumir o controle do Estado.
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Prefeito de Goiânia, Iris Rezende (à esq.) e governador do Estado, Ronaldo Caiado (Dem). Ambos não devem disputar a reeleição I Foto: Leandro Vieira[/caption]
Outro que não tem demonstrado — ao menos publicamente — interesse em disputar uma nova eleição em 2020 é o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB). Durante sua passagem pela Câmara Municipal de Goiânia para solenidade de prestação de contas do segundo quadrimestre de 2018, o emedebista falou com a imprensa sobre o assunto e descartou a possibilidade de disputar novamente.
Aos 85 anos — destes, mais de 60 dedicados à política —, Iris afirma que ao final de seu atual mandato pretende encerrar sua carreira. Ele, antes de disputar a Prefeitura de Goiânia novamente, já havia afirmado a mesma coisa. Porém, justificou seu retorno com base na “falta de nomes do para o MDB”.
“Eu vim para consertar. Consertada a Prefeitura, não justifica eu com 85 anos envolvido com administração. Espero que a juventude, que hoje ocupa a Câmara Municipal, as secretarias, assuma a responsabilidade de trabalhar na administração do Executivo”, finalizou.
Governo Bolsonaro
Ao longo da campanha que elegeu Jair Bolsonaro (PSL) como presidente da República, o então candidato repetiu, por diversas vezes, suas principais propostas sobre a reforma política. À época, uma das bandeiras defendidas por Bolsonaro foi o fim do que chamou de instituto da reeleição.
Em dezembro, Bolsonaro voltou a tocar no assunto durante uma reunião com a bancada do Democratas. Conforme mostrado pelo Jornal Opção, ele teria solicitado a aprovação da proposta e declarado novamente seu apoio a medida.
Segundo informações do site O Antagonista, ao ser questionado se o governo irá propor ao Congresso o fim da reeleição ainda este mês, o ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstrou que a prioridade no momento é outra. Os holofotes continuam sobre a reforma da Previdência e o governo tende a se debruçar quase que exclusivamente sobre essa pauta ao longo dos próximos dias.
Primeiras mãos
O presidente do PSD em Goiás, Vilmar Rocha, participou dessa discussão nos anos 90. À época, como deputado federal, foi favorável à proposta. “Votei a favor. Hoje, não tenho uma opinião formada sobre o assunto, mas continuo achando interessante que os políticos tenham direito a uma reeleição”. Em justificativa, Vilmar alega que “a maioria dos países democráticos permite que isso ocorra”.
Vilmar Rocha: “Continuo achando interessante que os políticos tenham direito a uma reeleição”| Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Ele considera que este assunto tende a render longas discussões no Senado nos próximos dois anos. Apesar de não acreditar que o fim da reeleição será, de fato, concretizado, Vilmar diz que “se acontecer, deverá valer a partir de 2026”. Para ele, os políticos eleitos na última disputa poderão alegar que foram eleitos dentro da regra atual.
Diferente de Vilmar, a deputada federal Flávia Morais (PDT) acredita que a proposta passará com facilidade pelo Senado. “É uma proposta bem aceita, apesar de muito polêmica”. Ela defende também que, caso a ideia seja concretizada, que venha acompanhada da extensão do mandato em mais um ano. “É preciso mais tempo para que o gestor tenha condições de concluir aquilo que ele começou.”
Na visão da deputada, existem prós e contras na proposta encaminhada pela Câmara ao Senado. Mesmo reconhecendo que “muitas vezes a máquina pública é utilizada para favorecer o candidato que se encontra no Poder”, ela lembra que a possibilidade de reeleição pode ser encarada como um estímulo para o gestor, “que pode fazer um bom trabalho e ser reconduzido”.
Ela lembra que “a reeleição só acontece se houver um processo democrático vitorioso”. Por esta razão, Morais acredita que a reeleição de políticos não seja o maior problema da política brasileira. “Temos locais em que a administração é muito bem sucedida e a reeleição traz benefícios efetivos à sociedade”, reforça.
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Deputada Flávia Morais: “É uma proposta bem aceita, apesar de polêmica”| Foto: Ananda Borges/Câmara dos Deputados[/caption]
Já o deputado federal Delegado Waldir (PSL) disse ser contrário à reeleição, tendo votado a favor da matéria que a extingue na Câmara. "Um mandato só é suficiente. Também concordo com a extensão do mandato do Executivo para cinco anos. Quanto ao Legislativo, penso que deve haver um limite. O que precisamos é encontrá-lo."
Tramitação
Depois de longos embates travados pelos deputados no Parlamento, a proposta finalmente migrou para o outro lado do Congresso Nacional. Como o veredito não se restringe à avaliação da Câmara, todo o processo foi submetido novamente a uma nova análise.
Já sob a tutela dos senadores o texto aprovado anteriormente na Câmara foi desmembrado. Isso fez com que o restante da proposta tramitasse em separado do texto que tratava sobre a janela partidária — já aprovada e promulgada pelo Congresso, inclusive.
Segundo a Agência Senado, o texto recebido pelos senadores gerou discordância entre os integrantes da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ). Políticos de diferentes siglas sugeriram modificações ao analisarem a matéria.
Mais tarde, foram incorporadas regras mais rígidas ao documento. Depois de ser aprovado na CCJ, a matéria seguiu o trâmite regimental em direção a votação em Plenário. Segundo informações da Transparência, no final do ano a proposta foi arquivada e, agora, em 2019, se for aprovada em Plenário implicará também nos mandatos dos senadores e deputados.
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Governador do Estado Ronaldo Caiado (Dem) | Foto: Divulgação[/caption]
Um mês e meio após a posse do governador Ronaldo Caiado (DEM), lideranças de partidos que participaram da aliança que levou o democrata à vitória na eleição de outubro do ano passado ainda aguardam por mais espaço no governo. Poucos dentre os diversos representantes partidários que estiveram ao seu lado durante o período eleitoral vestiram a camisa dos titulares no primeiro escalão do governo, como o ex-prefeito de Formosa, Ernesto Roller (MDB), que, diante da proposta, entregou a prefeitura para integrar o secretariado.
A articulação de Caiado resultou na maior coligação entre os candidatos que disputaram ao seu lado. Intitulada A Mudança é Agora, a chapa contou com o apoio de PRP, PROS, PMN, PMB, PSC, DC, PSL, Podemos, PTC, PRTB e PDT. Com a candidatura consolidada, o democrata venceu a disputa no primeiro turno, com quase 60% dos votos.
Evidentemente, a aproximação de cada um dos partidos normalmente é pautada por interesses diversos. Com as definições tomadas por Caiado na escolha dos nomes do primeiro escalão, uma dúvida insiste em permear: qual espaço terão seus apoiadores neste governo que se inicia? Para alguns, esta é só uma questão de tempo, tendo em vista os inúmeros cargos que ainda não foram delegados.
Muitos são aqueles que aguardam ansiosamente pela convocação do democrata, o que abrirá, consequentemente, mais espaço a seus partidos. Para entender que rumo deve tomar a tão comentada distribuição de cargos nos próximos meses, o Jornal Opção conversou com algumas lideranças que apoiaram a candidatura do democrata, eleito com mais de 1 milhão e 700 mil votos.
Alianças políticas
Segundo o deputado federal José Nelto, eleito pelo Podemos, o partido ainda não alcançou espaço algum. “Não fomos chamados para uma conversa. Mas acredito que o governador deva estar arrumando um tempo na agenda para nos receber. Ele (Ronaldo Caiado) sabe o que está fazendo. É um político experiente e sabe que na política ninguém governa sozinho.”
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José Nelto: "Acredito que o governador deva estar arrumando um tempo na agenda para nos receber" I Foto: Arquivo / Jornal Opção[/caption]
O deputado federal disse ainda que, apesar de ter sido o primeiro partido a apoiar a candidatura do governador, o Podemos não reivindicou nenhum cargo no Executivo. “O espaço dependerá unicamente do governador. Não recebemos convite para ocupar cadeira alguma. Mas o prazo para isso existirá enquanto houver cargos no governo”, pontuou.
Segundo o deputado estadual Major Araújo, o PRP também não foi convidado para uma reunião com Caiado. “Nem o PRP, nem o Patriota, que se fundiram”, assegurou. Ele diz acreditar que o partido só terá espaço se assumir “uma postura mais agressiva”. “Se tivermos espaço, certamente isso irá nos ajudar, mas se não tivermos, também não atrapalha.”
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Major Araújo: "Não houve aliança com Caiado em troca de espaço, mas é comum que os governos contemplem as siglas e as lideranças que estiveram ao seu lado" I Foto: Divulgação[/caption]
Araújo avalia que “a sigla não está satisfeita”. “Há grande descontentamento por parte do PRP. Mas deixamos a cargo do governador, que foi parlamentar por muitos anos e entende muito bem sobre essa questão.” Apesar do descontentamento, o deputado acrescenta: “Não houve aliança com Caiado em troca de espaço, mas é comum que os governos contemplem as siglas e as lideranças que estiveram ao seu lado. Isso lamentavelmente não vem ocorrendo por parte do governador”.
Já o prefeito de Catalão, Adib Elias (MDB), se posicionou de maneira completamente favorável às definições e abertura dada pelo democrata. “Gostaria de deixar claro que nunca apoiamos Ronaldo Caiado em troca de cargos. Estou extremamente satisfeito com o tratamento que temos recebido por parte do governador. De qualquer forma, (ainda que houvesse oportunidade) não deixaríamos nossas prefeituras para ocupar cargos no governo. Essa é uma decisão nossa”, destacou.
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Prefeito de Catalão, Adib Elias (à esq) e secretário de Governo, Ernesto Roller, ambos do MDB I Foto: Divulgação[/caption]
Ao ser questionado sobre o nome de Ernesto Roller, integrante do partido que deixou a prefeitura de Formosa para assumir a Secretaria de Governo, Adib rebateu: “O Ernesto aceitou pois entendeu que era importante”. O prefeito reforçou que membros do MDB se reúnem semanalmente com o governador e que em nenhum desses encontros esse assunto foi abordado por eles.
Já o secretário de Governo de Caiado, Ernesto Roller, ao ser questionado sobre a abertura do governo para os partidos apoiadores do democrata, avaliou “como uma questão absolutamente normal, decorrente da atividade política. Estamos avaliando sobre critérios técnicos. Esse é o nosso critério.”
Líder do PSL na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o deputado Paulo Trabalho alegou que o governador tem tratado “muito bem” os integrantes do partido. “O PSL foi um dos primeiros partidos a abraçar a campanha de Caiado, na figura do presidente estadual e deputado federal Delegado Waldir.” O parlamentar explica que a sigla tem tramitado com facilidade no Executivo e reforçou que estão construindo o espaço gradativamente. “Estamos agindo de maneira calma e inteligente”.
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Paulo Trabalho: "O PSL foi um dos primeiro partidos a abraçar a candidatura de Caiado" Foto: Felipe Cardoso / Jornal Opção[/caption]
Quanto ao fato do governador ter escolhido nomes majoritariamente técnicos para compor a equipe de secretários, o parlamentar foi incisivo: “É algo inovador que vai ao encontro das medidas adotadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A medida desagrada setores políticos que estavam acostumados a fazer as velhas indicações. Mas concordo com ele e faria o mesmo se estivesse em seu lugar. Só assim poderemos diminuir o jogo de interesses particulares”, disse. Por fim, o parlamentar reforçou que em breve o partido deverá receber o devido reconhecimento por parte de Caiado.
Eleito com a maior quantidade de votos da 19ª legislatura da Alego, o deputado Henrique César (PSC) diz que o governador tem aberto espaço não só para o PSC, mas também para os demais partidos. Ainda que na contramão da opinião de alguns políticos, o parlamentar reforçou que a harmonia de Caiado com os partidos políticos trará muitos benefícios para o povo goiano.
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Henrique César: "Ainda há muito espaço no governo que não foi preenchido" | Foto: Divulgação[/caption]
Ao ser questionado sobre as possíveis indicações do democrata, Henrique César alegou que “ainda há muito espaço no governo que não foi preenchido”. “Justamente para que haja esse diálogo com os demais partidos. Ele já começou a chamar alguns. A Agência de Habitação (Agehab) já conta com a presença do presidente do PSC, Eurípedes do Carmo, por exemplo.” Para ele, os demais presidentes também devem ser convidados para compor outras posições dentro do governo.
Quanto à situação do PDT, o deputado Karlos Cabral salientou que ainda há uma conversação articulada na figura do presidente estadual da sigla. “Nos próximos dias, creio que deva haver uma aproximação com o Executivo para consolidar os espaços que iremos ocupar no governo. Repartir o poder é necessário. Só assim é que podemos nos considerar aliados de alguém”.
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Karlos Cabral: "Repartir o poder é necessário. Só assim é que podemos nos considerar aliados de alguém"| Foto: Divulgação[/caption]
O parlamentar não escondeu a expectativa existente, por parte da sigla, em compor alguns cargos no governo. “Acreditamos que em breve, passado esse momento de turbulência, as coisas vão se assentando e as composições partidárias vão acontecendo naturalmente.” Segundo Cabral, o partido está aguardando “o tempo que o governo precisa para conversar conosco.”
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Goiás produz nove milhões de litros de leite por dia. Pequenos fabricantes são maioria (80%), mas respondem por apenas 20% da produção total | Foto: Jonas Oliveira - SECS/Fotos Públicas[/caption]
Na semana passada, os produtores brasileiros de leite viveram dias de tensão com o fim das taxas antidumping – uma forma de proteger a produção nacional do leite importado. Concomitantemente, o Ministério da Agricultura vai aumentar as taxas de importação de leite contra a Europa e a Nova Zelândia para compensar o fim do antidumping. Esta taxa é cobrada desde 2001 e compensava o efeito da exportação do produto por preço abaixo do custo, causando prejuízos à produção local. Atualmente, o imposto de importação é de 28%.
Contudo, segundo Alfredo Luiz Correia, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de Goiás (Sindileite), a questão é mais profunda: o leite brasileiro não conseguiria competir com o importado porque os pequenos empresários não têm noção de quanto custa produzir um litro de leite em sua fazenda. "A produção de leite no Brasil carece de profissionalismo e eficiência", diz.
Para comparação, o diretor do Sindileite citou a produtividade de leite na Nova Zelândia, país de onde o Brasil importaria leite em pó, integral e desnatado com o fim das taxas antidumping. Os produtores neozelandeses, em primeiro lugar, sabem o custo de cada litro de leite produzido e, em segundo, sabem produzir de forma eficiente.
Cultura
O sindicalista visitou várias fazendas produtoras no país da Oceania. “Um pequeno produtor, que tem até 200 vacas na Nova Zelândia, não tem nenhum funcionário, por exemplo. No Brasil, um micro produtor com 50 vacas tem de dois a quatro funcionários. Um produtor que não sabe quanto custa o leite que ele produz como vai saber por quanto vender?”, questiona.
De acordo com Correia, isso ocorre por uma questão cultural. “O pequeno produtor não sabe quanto custa produzir um saco de milho [usado na alimentação da vaca]. A cultura é essa porque o avô e o pai produziam assim. Enquanto pensarem desta forma, vão ser eternamente exploradores de vacas”, lamenta.
Preço
Ele explica que o litro de leite mais bem pago do país está em Goiás. “O estado já foi o segundo maior produtor de leite nos anos 1990 e, atualmente, é o quinto. Em Goiás, paga-se a média de R$ 1,50 a R$ 1,70 por litro produzido, como matéria-prima. Em janeiro passado foram pagos esses valores. Em outros estados pratica-se em torno de R$ 0,90 a R$ 1,20”.
"As grandes indústrias de Goiás estão produzindo no Sul do Brasil, onde se tem oferta de leite por menor preço"E exatamente por esse valor praticado, Goiás não figura mais no topo do ranking de produção. Alfredo Correia cita duas grandes indústrias goianas que transferiram parte de sua produção para o Sul do país. “As grandes indústrias de Goiás, como Italac e Piracanjuba, estão produzindo no Sul do Brasil, onde se tem oferta de leite por menor preço”, conta Correia. A queda de Goiás nesse ranking de grandes produtores nacionais aconteceu há 15 anos. Ano após ano, estados como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul especializaram a mão de obra e a eficiência na produção, que não aconteceu em solo goiano, conta Correia. O estado goiano exporta 80% do leite produzido. Dessa fatia, 64% vão para São Paulo, o maior centro consumidor do País. “Como competir nesse centro consumidor se o meu preço é o mais alto do Brasil? O custo para enviar a matéria-prima aos paulistas é de dez centavos por quilo. Goiás está a mil quilômetros de São Paulo. O custo de transporte é muito caro. Energia em Goiás é caro. Tudo é caro”, dispara Correia. São Paulo Em entrevista à coluna "Direto da Fonte", do jornal O Estado de S. Paulo, o secretário paulista da Agricultura, Gustavo Junqueira, afirmou que o aumento do imposto sobre a importação de leite “é complexa e exigirá muita habilidade dos governantes”. Para Junqueira, os produtores precisam ter maior visibilidade sobre como o governo vai programar essa nova agenda. “É importante melhorar a regulação e as exigências burocráticas para que a competição com outros países seja equilibrada.” O secretário comenta ainda que em São Paulo, “o Executivo estadual prepara as empresas para competir por meio de adequações tributárias – como a eliminação de imposto nos hortifruti e redução do ICMS para combustível de aviação”. O Ministério da Agricultura informou na terça-feira, 12, que vai aumentar as taxas de importação de leite da Nova Zelândia e Europa a fim de equilibrar o fim das tarifas antidumping sobre os produtos. Mas as novas alíquotas não foram divulgadas. Em sua conta no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro tentou tranquilizar os produtores de leite ao anunciar que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, vai manter a competitividade do produto nacional. “Comunico aos produtores de leite que o governo, tendo à frente a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, manteve o nível de competitividade do produto com outros países. Todos ganharam, em especial os consumidores do Brasil”, escreveu o presidente no Twitter.
Proteção antidumping é boa para os produtores
O diretor do Sindileite avalia o efeito do fim de práticas antidumping no Brasil de duas formas: a primeira seria benéfica ao consumidor, com mais opções de produtos internacionais nas prateleiras dos mercados, mas, por outro lado, a reserva de mercado não é boa ao Brasil nem em outro qualquer lugar do mundo. [caption id="attachment_164861" align="alignnone" width="620"]
Segundo o diretor-executivo do Sindileite-GO, Alfredo Luiz Correia, apenas os grandes industriais do leite seriam beneficiados com o fim da taxa antidumping - que protege o mercado nacional da importação da Europa e Nova Zelândia | Foto: Fundepec[/caption]
“As grandes indústrias se beneficiaram com a facilidade de importar matéria-prima de outro país. Então eles colocariam o produto no mercado brasileiro com preço mais barato ao consumidor, o maior beneficiário da medida”, calcula Alfredo Correia.
O economista Everaldo Leite entende a importância em abrir o mercado brasileiro aos produtos internacionais, mas primeiro urge a necessidade de revisão dos impostos para que o produto nacional se torne competitivo frente aos importados. “O leite, como todos os produtos brasileiros, é sobretaxado. Todo produto recebe uma carga tributária de forma direta ou indireta muito pesada. Abrir para o mercado externo é muito importante, mas não adianta abrir sem reduzir o custo do mercado interno. A carga tributária sobre o leite faz o produto não ser competitivo em relação ao que vem de fora. É necessário rever essa questão. Primeiro se retira a carga tributária sobre o leite e depois se abre o mercado, para que o produto brasileiro seja tão competitivo quanto o de fora”, diz.
Ineficiência
“A realidade internacional, em preço de leite, gira em torno de 27 a 30 centavos de dólar por litro produzido. Aqui no Brasil paga-se R$ 1 real para ajudar o produtor, o que é um discurso retrógrado. Nós não podemos usar a ineficiência nacional para buscar medidas protecionistas. As medidas antidumping é melhor para o produtor, não para o consumidor”, comenta Alfredo Correia.
A União Europeia poderia inundar o mercado nacional com leite de baixo custo devido à produção em larga escala dos países membros. “A Nestlé, Danone e Polenghi são empresas mundiais que estão no Brasil. A queda do dumping as ajudaria a importar a matéria-prima com preço até mais baixo do que o praticado por aqui", diz.
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Para o economista Everaldo Leite, quem compra leite com o pequeno produtor passaria a comprar direto do exterior, sem as medidas de proteção ao mercado nacional | Foto: Reprodução[/caption]

