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Amazônia: colônia de Brasília?

Ray Cunha Será instalada nesta semana na Câmara comissão especial destinada a debater o Projeto de Lei 5.692, do deputado fluminense Sérgio Zveiter (PSD), que “dispõe sobre o monopólio da União na exploração das riquezas da Amazônia, com a criação do Conselho Nacional de Política da Amazônia e da Agência Nacional de Exploração dos Recursos Naturais da Amazônia, garantindo a proteção ao meio ambiente e a soberania nacional”. O PL transforma a Hileia numa espécie de território federal, legalizando a colônia que a região já é de fato, por meio de mais uma estatal paquidérmica, e sediada em Brasília, como é o caso das Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte), que é do Norte, mas é sediada em Brasília. Desde sempre, os governos que se revezam na capital da República governam de costas para o Trópico Úmido. Sintetizando isso, observe-se que grandes projetos são instalados na Amazônia, e não para a Amazônia. Veja-se, para resumir, a produção de energia hidrelétrica e a extração de minerais. Também o discurso sobre desenvolvimento sustentável da Hileia é distorcido. Sustentável para quem? Para índios, ribeirinhos, quilombolas, moradores da periferia das cidades amazônicas? O que parece acontecer é que para Brasília o importante são as hidrelétricas, os minérios, a madeira, como se a Amazônia fosse inesgotável. E por conta dessa falta de visão é que provavelmente as máfias se espojam numa bacanal sem fim, escravizando caboclos, geralmente analfabetos e sem sequer certidão de nascimento, traficando animais e mulheres, e movimentando o inominável mercado de crianças escravas sexuais. Estamos no limiar da terceira revolução. A primeira foi a industrial, no século 19; a segunda, tecnológica, deu-se no fim do século 20; a terceira será a da sustentabilidade, num planeta que marcha para o esgotamento, e o Brasil, continente tropical, é a nação certa para isso, especialmente se cuidar do seu maior patrimônio, a Amazônia, subcontinente equatorial que vem sendo pilhado desde o século 16, agora por Brasília. A Amazônia só será desenvolvida sustentavelmente com políticas de estado, no longo prazo, e nunca descontinuadas, como a Zona Franca de Manaus e o Linhão de Tucuruí, por exemplo, além de projetos menores, mas importantes, como a ampliação do Porto de Santana, no Amapá, e a construção da Hidrovia do Marajó, no Pará. Na Amazônia, a terceira revolução traz no seu bojo dois fatores básicos: desmatamento zero e conservação da maior bacia hidrográfica do planeta, que contém 20% da água doce de superfície da Terra. Belém e Manaus, as maiores cidades da Hileia, equiparadas, sobretudo, no inchaço das suas favelas, já estão com seus subsolos comprometidos, poluídos. Enquanto Belém empesta com esgoto o rio Guamá, Manaus vai transformando a desembocadura do colosso que é o rio Negro em esgoto. Estrategistas brasileiros já traçaram o perfil de um remoto ataque bélico dos Estados Unidos ao Brasil. Apenas um porta-aviões da frota americana do Atlântico Sul bombardearia as usinas hidrelétricas e o parque industrial de São Paulo, além das principais instalações militares brasileiras, concentradas no Sudeste e no Sul. Isso, claro, se em troca de um naco da Amazônia, China ou Rússia não peitassem os americanos, que contam com a mais respeitável máquina militar do mundo, o que não quer dizer que chineses e russos não tenham capacidade de acabar também com a civilização na face da Terra. Contudo, a Amazônia seria para os americanos como mil Vietnã. A maior parte da selva amazônica é virgem e tão exuberante que sobreviveria e logo se recuperaria até a um ataque nuclear, quanto mais de napalm. Porém, para tomar posse de um país é preciso pôr os pés nele. O Brasil tem o maior exército de índios do planeta, aquartelado, é claro, na Amazônia, e o coração das trevas, a selva profunda, é tão inóspita que os americanos, sem um pingo de melanina, seriam devorados por pium e carapanã. As baixas seriam grandes demais. Assim, o projeto de lei de Sérgio Zveiter mostrará na Câmara, no infindável caminho que percorrerá, se percorrer, que a Amazônia só será brasileira se for devidamente ocupada e desenvolvida, por projetos que não sejam apenas para usurpar, mas que sirvam também para os amazônidas. Ray Cunha é jornalista e escritor.

Petistas dizem estranhar o fato de que tucanos preferem disputar com Iris Rezende a Antônio Gomide e Júnior Friboi

Num encontro informal, na segunda-feira, 24, um grupo de militantes do PT dizia mais ou menos o seguinte: “Por que os tucanos defendem tanto a candidatura de Iris Rezende para governador?” Um dos petistas apresentou a seguinte explicação: “Iris, se candidato, possibilitará que o governador Marconi Perillo continue se apresentando como ‘o novo’. Ele é o candidato dos sonhos do tucano, que parece saber como batê-lo eleitoralmente”. Outro petista acrescentou: “Júnior Friboi (PMDB), em que pese sua linguagem xucra, e Antônio Gomide (PT) representam o novo. O novo é sempre perigoso, sobretudo no segundo turno”.

Coprofagia na política, esse mau hábito nacional

Fosse o caso, tudo bem que em um país que insiste em se fazer famoso pelo apreço a glúteos, o hábito da coprofagia não soaria estranho, dada a funcionalidade daquela região anatômica

Os 10 maiores exportadores mundiais de armas e a geopolítica do ferro e fogo

Relatório divulgado por instituto internacional que monitora o comércio global de armamentos deixa às claras como as potências usam a bilionária indústria bélica para criar zonas de influência [caption id="attachment_714" align="alignleft" width="620"]Linha de montagem do caça americano F-35A Lightning II, que será exportado para nove países Linha de montagem do caça americano F-35A Lightning II, que será exportado para nove países[/caption] De acordo com o último relatório produzido e divulgado pelo Stockholm International Peace Research, organização sueca fundada em 1966, que realiza pesquisas científicas em questões sobre conflitos, segurança e paz mundial, os dez países que mais exportaram armas entre o período de 2009 a 2013 foram: Estados Unidos, Rússia, Alemanha, China, França, Reino Unido, Espanha, Ucrânia, Itália e Israel. O resultado dos estudos demonstra que, mesmo décadas após o término da Guerra Fria, os Estados Unidos e a Rússia — o principal país que compunha o bloco soviético — ainda continuam dividindo a maior fatia do bolo do mercado mundial de armas. Ambos dominam 56% do total. Mais do que isso. Norte-americanos e russos continuam brigando por áreas de influência por meio da prospecção de governos que se tornam clientes dos aparatos bélicos fabricados nos respectivos países. A novidade é a China que, de 2009 ao ano passado, saiu da condição de grande importadora para brigar com tradicionais exportadores, como França e Reino Unido. Os chineses apresentaram um crescimento de mais de 200% neste tipo de mercado, no curto período de quatro anos.

Estados Unidos
Os Estados Unidos, detentores do maior complexo industrial militar do planeta, foram responsáveis por 29% das armas exportadas e 61% deste volume foi de aeronaves — caças, aviões cargueiros, helicópteros táticos, de ataque e transporte pesado. Os principais parceiros exemplificam a tendência da nova política internacional da Casa Branca que voltou suas atenções para Ásia, mais especificamente para o Pacífico, próximo ao Mar da China. Tanto a Austrália quanto a Coreia do Sul foram os maiores compradores de armas americanas. Cada país adquiriu 10% do total das exportações ianques. O governo de Camberra, histórico aliado de Washington, importou nos últimos anos 36 caças supersônicos Boeing F/A-18 Super Hornet, seis aviões cargueiros de transporte pesado, Boeing C-17 Globemaster III, seis aeronaves de alerta aéreo antecipado, Boeing 737 AEW&C, e participam do programa de desenvolvimento e aquisição do caça de 5ª geração Lockheed Martin F-35A Lightning II. Foi assinado o contrato de aquisição de 100 células destas aeronaves de combate de última geração. Para a força terrestre australiana foram comprados dos Estados Unidos 60 tanques pesados M1A1 Abrams, carro de combate padrão do Exército e Fuzileiros Navais americanos. Armas levas, explosivos, sistemas de mísseis e equipamentos de uso individual também fazem parte do inventário importado dos Estados Unidos. Somado a isto, milhares de munições, dezenas de sistemas de radares e sensores remotos de origem americana foram incorporadas às belonaves da frota da Real Marinha Australiana. A Coreia do Sul, que vive há décadas um litígio militar com a vizinha Coreia do Norte, sempre foi uma tradicional cliente das empresas armamentista dos Estados Unidos. Nos últimos anos, os asiáticos incorporaram à suas forças armadas cerca de 60 caças Boeing F-15 Strike Eagle. Também foi encomendada a frota de meia dúzia de aviões radares Boeing 737 AEW&C. Armas leves, mísseis ar-ar, terra-ar, ar-superfície e terra-ar-terra representaram grande parte das importações sul-coreanas. Canadá, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Japão, Taiwan, Israel, Turquia, Itália, Espanha, Colômbia, Singapura, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Índia, Polônia, Chile, Egito, Paquistão, Marrocos e México fazem parte do grupo de grandes compradores de armas de origem americana. [caption id="attachment_711" align="alignleft" width="620"]Boeing FA-18 Super Hornet com as cores da Real Força Aérea Australiana Boeing FA-18 Super Hornet com as cores da Real Força Aérea Australiana[/caption]
Rússia
A indústria bélica é tão importante para a economia russa que depois do gás natural e petróleo, as armas são os principais itens de exportação. Não por acaso que o fuzil de assalto mais fabricado e comercializado no mundo é o Kalashnikov AK-47. Curiosamente, os maiores clientes do portfólio de armas russas são a Índia (38%) e China (12%). Ambos são integrantes dos BRICs — bloco formado pelas maiores economias emergente, Brasil, Rússia, Índia e China — e rivalizam pela supremacia econômica e geopolítica na Ásia, com aspirações de influência global. A inclinação indiana em comprar armamento de origem russa se deu pela necessidade de contrabalancear o alinhamento militar do Paquistão aos Estados Unidos e China. Os paquistaneses, vizinhos ao oeste, são rivais beligerantes dos indianos por conta da disputa territorial travada pelo domínio da região fronteiriça da Caxemira. Válido lembrar que tanto Índia quanto Paquistão possuem armas nucleares. Os chineses também viram em Moscou uma saída para o embargo de armas imposto pelos americanos ao regime de Pequim. Tanto indianos e chineses importam dos russos armas leves em geral — fuzis, pistolas, munições e rádios comunicadores —, blindados leves, tanques, caças supersônicos (MIGs e Sukhois), aviões de transporte e alerta aéreo antecipado, helicópteros de transporte e ataque, sistemas de bateria antiaérea, mísseis, radares, submarinos e porta-aviões. A Rússia também presta suporte comercial de armas ao regime bolivariano da Venezuela e ao governo do presidente sírio Bashar al-Assad. O Brasil importou dos russos neste período, baterias antiaéreas portáteis por soldados (Igla-S) e uma dúzia de helicópteros de ataque do modelo MI-35, atualmente em operação na Amazônia baseados na Base Aérea de Porto Velho-RO. [caption id="attachment_712" align="alignleft" width="620"]O falecido Mikhail Kalashnikov ao lado de sua criação o fuzil de assalto Ak-47 O falecido Mikhail Kalashnikov ao lado de sua criação o fuzil de assalto Ak-47[/caption]
Alemanha
Os alemães foram responsáveis por 7% das armas exportadas. Os principais parceiros foram os Estados Unidos (10%), Grécia (8%) e Israel (8%). Os americanos são grandes apreciadores de pistolas, fuzis, rifles, metralhadoras e submetralhadoras alemãs da marca Heckler & Koch (HK). As principais unidades de forças especiais — Seals Navy, Comando Delta e Marines-Recon — se utilizam largamente destes artefatos de origem germânica. Os gregos têm uma planilha diversificada de importação de armas da Alemanha, como tanques pesados do Tipo Leopard 2, caminhões militares, obuseiros, submarinos, foguetes, mísseis e as tradicionais armas leves. À exemplo dos americanos, os israelenses também são assíduos importadores de fuzis e metralhadoras alemãs que são empregados em suas forças armadas e de segurança. Apesar de se posicionarem na terceira colocação, atrás de Estados Unidos e Rússia, o volume das exportações da Alemanha diminuíram 24% em relação ao período 2004-2008. O Brasil importou dos alemães mais de 200 tanques pesados do tipo Leopard 1A5 e sistema de baterias antiaéreas do sistema autopropulsado Gepard 1A2.
China
A China é responsável por 6% das armas exportadas e o volume exportado subiu 212% em relação ao período 2004-2008. Os principais destinos das armas de fabricação chinesa são: Paquistão (47%), Bangladesh (13%) e Mianmar (9%). Os paquistaneses são mais do que compradores de armas chinesas, eles mantém uma parceria de longa data no processo de desenvolvimento e fabricação de tanques, blindados, bombas, mísseis e caças, como o supersônico FC-1. O governo paquistanês forma com a China um muro de contenção geopolítico e militar contra a Índia, grande rival de ambos e a maior motivadora da aliança sino-paquistanesa. Bangladesh e Mianmar, também por motivos estratégicos, são grandes importadores de armas leves, aviões, caças e radares da expansiva indústria bélica chinesa. Bolívia e Venezuela, países sul-americanos do bloco bolivariano, recentemente compraram da China jatos (K-8) subsônicos de treinamento avançado.
França
A França foi responsável por 5% das armas exportadas e o volume exportado teve queda de 30% em relação ao período 2004-2008. Os principais parceiros foram a China (13%) e Marrocos (11%). Aviões (caças), helicóptero, mísseis, foguetes, blindados leves sobre rodas, navios e submarinos são os principais produtos da indústria bélica francesa exportado a outros países. O Brasil tem contrato com a França na construção de submarinos convencionais e de propulsão nuclear para a Marinha e a fabricação, em solo brasileiro, de 50 helicópteros de transporte (EADS-Helibras EC-735 Cougar) para as forças armadas brasileiras. Ambos os contratos somam mais de R$ 6 bilhões.
Reino Unido
Outrora grande exportador de armas, o Reino Unido é responsável por 4% dos artefatos exportados, a mesma proporção do período 2004-2008. Os principais clientes são o Reino da Arábia Saudita (42%) e os Estados Unidos (18%). Recentemente, os sauditas compraram dos ingleses 72 caças supersônicos Eurofighter Typhoon e 22 jatos subsônicos de treinamento avançado e ataque BAe Hawk — válido lembrar que em encomendas bilionárias como esta também se negocia uma gama de mísseis, bombas, munições, manutenção da aeronave e peças sobresselentes. Mísseis anti-tanque de fabricação britânica foram largamente exportados para o exército do país árabe.
Espanha
Os espanhóis foram responsáveis por 3% das armas exportadas e teve um aumento de cerca de 80% no volume exportado em relação ao período 2004-2008. Os principais destinos os produtos militares “made in Spain” são: Noruega (21%) e Austrália (12%). Destaque para os aviões militares de transporte médio e de patrulha marítima. Em 2008, a Austrália encomendou estaleiro espanhol Navantia, dois navios de assalto/porta-helicópteros por € 990 milhões. As belonaves possuem capacidade para operar até seis helicópteros táticos/transporte NH90 ou quatro helicópteros pesados CH-47 Chinook em seu convés de voo. A marinha australiana poderá utilizar aviões de decolagem curta e pouso vertical F-35B. Além das capacidades aeromóveis, estes navios foram projetados para operações anfíbias, podendo receber até 1.000 soldados e aproximadamente 110 veículos, incluindo tanques pesados.
Ucrânia
A Ucrânia, que nos últimos dias teve voltada para si a atenção do mundo por conta da crise com a Rússia, foi responsável por 3% das armas exportadas e teve aumento de cerca de 75% no volume exportado em relação ao período 2004-2008. Os principais parceiros foram a China (21%) e Paquistão (8%). Os ucranianos negociaram com os dois países asiáticos armas leves, materiais de artilharia, blindados leves sobre rodas, barcos anfíbios de assalto do tipo hovercrafts, tanques modelo T-80, mísseis e tecnologias militares sensíveis. Depois do colapso soviético, os ucranianos herdaram um grande acervo de armas e conhecimento e técnicas aeronáuticas avançadas em guiagem de mísseis, foguetes e aviões de transporte pesado e estratégico.
Itália
Os italianos fabricaram 3% do total de armas exportadas, o que incluiu polêmicos envios para a Líbia ainda na época de Kadafi. Atualmente os principais parceiros são a Índia (10%) e Emirados Árabes Unidos (9%). Aviões de transporte médio, fragatas, blindados e sistemas de mísseis são os produtos mais exportados para os dois países asiáticos.
Israel
Israel é responsável por 2% das armas exportadas e já foi acusado de não divulgar todos os seus acordos. Os principais destinos de armas israelenses são a Índia (33%) e Turquia (13%). Os principais produtos exportados são armas leves (fuzis, pistolas e metralhadoras), mísseis, sistemas de vigilância e controle e aviões espiões não tripulados.
E o Brasil?
Até o final da década de 80, o Brasil foi um grande exportador de armas, principalmente para países vizinhos, do Oriente Médio — Iraque e Arábia Saudita — e África. Com o fim da Guerra Fria e sucessivas crises financeiras que se abateram no País, a indústria bélica nacional quase foi extinta. [caption id="attachment_713" align="alignleft" width="620"]Embraer A-29 Super Tucano nas cores da Força Aérea Colombiana Embraer A-29 Super Tucano nas cores da Força Aérea Colombiana[/caption] No início da década de 2000, porém, houve o renascimento da indústria militar brasileira. Diferentemente de seu período áureo, em que eram exportados blindados, sistemas de artilharia e de lançamento múltiplo de foguetes, atualmente os principais produtos comercializados pela cadeia produtiva militar brasileira são aviões leves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilância e sensoriamento remoto (Emb-145 AEW), ambos fabricados pela Embraer. Os aviões turboélices Super Tucanos — considerada a melhor aeronave do mundo para missões de ataque leve, reconhecimento e contra-insurgência — foram exportados nos últimos anos para Colômbia, Chile, República Dominicana, Equador, Mauritânia, Indonésia, Burkina Faso, Senegal e Estados Unidos. Os Emb 145 AEW, jatos equipados com um potente radar de alerta aéreo antecipado, inteligência e sensoriamento remoto, foram vendidos para a Índia, Grécia e México. Outro setor que merece menção é a indústria brasileira de armas leves, como a empresa gaúcha Taurus que exporta em grande quantidade pistolas, revólver, escopetas, metralhadoras e carabinas. Produtos da marca têm compradores cativos nos Estados Unidos, tanto por civis quanto por forças policiais. A estatal Imbel, que produz fuzis para as Forças Armadas e para exércitos de dezenas de outros países, tem aumentado sua participação no mercado mundial de armas leves. Outras duas empresas brasileiras que merecem ser lembradas é a Avibras e Mectron. A primeira produz lançadores múltiplos de foguete (Astros II) que foram exportados em grande escala para Arábia Saudita, Malásia, Indonésia, Angola, Catar, Bahrein e Iraque. Já a segunda corporação se destaca pelo desenvolvimento e fabricaçãode mísseis ar-ar de curto alcance (MAA-1 Piranha), bastante comercializado para o Paquistão. Além do MAA-1 Piranha, há outros mísseis projetados pela Mectron que deverão angariar uma boa fatia no mercado internacional, tais como: MSS-1.2, arma anti-tanque com guiagem à laser, usado em combates à curta distância; MAN-1, míssil antinavio de 60-70 km de alcance desenvolvido pela Mectron em parceria com a Marinha do Brasil; MAR-1 míssil tático do tipo ar-superfície, anti-radiação de médio alcance, com guiamento passivo por radar e o SCP-01, sistema de radar projetado para ser instalado a bordo do caça subsônico de ataque ítalo-brasileiro AMX para operar como sensor principal de seu subsistema de armamentos.

Site oficial apresenta a obra, documentos, fotos de Renato Russo, o criador da Legião Urbana

renato_russo Quem acessar este site (www.renatorusso.com.br), partir de quinta-feira, 27, ficará sabendo quase tudo sobre grande compositor, cantor e músico Renato Russo. Ele faria 54 anos exatamente no dia 27 de março deste ano. Trata-se de do primeiro site oficial, portanto legal, do artista. O site terá fotos, biografias, curiosidades e toda a discografia do Legião Urbana. O leitor vai encontrar também informações sobre livros, peças teatrais e filmes que contam a vida de Renato Russo. O site pretende ser uma fonte de consulta segura a respeito do genial artista. Bancado pela Legião Urbana Produções Artísticas, gerida por Giuliano Manfredini, único filho de Renato Russo, o site foi desenvolvido pela agência carioca Milk Design.

Ivanor Florêncio acerta ao nomear Amauri Garcia para o Departamento de Musicalidade

nov-imprensa Comenta-se no meio cultural que o secretário da Cultura da Prefeitura de Goiás, o petista Ivanor Florêncio Mendonça, é caipira e que seu sonho é construir um Caipiródromo na capital. Papo furo, coisa de ressentidos e de elitistas, porque o novo chefão quer uma gestão mais popular (o que não quer dizer populista) no campo cultural. Observe-se que ele começa a se cercar de gente competente e séria. Ivanor Florêncio, mostrando que tem bom olho para escolher auxiliares, nomeou o jornalista e músico Amauri Garcia para diretor do Departamento de Musicalidade. O nome é meio pomposo, simulando coisa do realismo socialista, mas o que importa mesmo é que Amauri Garcia é competente e sério. Ele vai fazer alguma coisa, ou melhor, ele vai fazer a coisa certa. A área de música só tem a ganhar com a indicação.

Há racismo e nenhum humor em montagem que mostra Barack Obama e Michelle Obama como macacos

themorgn (1)Na primeira metade da década de 1940, a Europa estava praticamente dominada pela Alemanha do nazista Adolf Hitler (discípulo do rei Leopoldo, da Bélgica?). Enquanto a Inglaterra lutava bravamente contra a Wehrmacht, as forças armadas alemãs, a França e a Bélgica, para citar dois países europeus, obedeciam as tropas de Hitler. Muitos franceses e belgas se empolgaram com o nazismo. Quando os Estados Unidos decidiram participar da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Europa estava praticamente agachada, à espera do golpe final e quase admitindo que teria de falar alemão. Os EUA do presidente Franklin D. Roosevelt, depois da hesitação inicial (a sociedade americana não queria participar de uma guerra distante e que, aparentemente, nada tinha a ver com seus interesses), mandou homens para lutar contra os alemães e enviou recursos para a Inglaterra de Winston Churchill e para a União Soviética de Stálin. Historiadores admitem que, sem o farto apoio militar e financeiro dos americanos, a Europa dificilmente teria resistido. Quase 70 depois do fim da guerra, com a economia da Europa reestruturada, é muito fácil esquecer o apoio dos Estados Unidos e, como fazem os norte-americanos, relegar a bravura dos soviéticos a um implausível segundo plano. Na quarta-feira, 26, o presidente Barack Obama visita o Cemitério e Memorial americano no Campo de Flandes, na Bélgica, onde estão enterrados 368 americanos que morreram na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Ele será acompanhado pelo rei Felipe e pelo primeiro-ministro da Bélgica, Elio di Rupo. Porém, quem sabe desmemoriado e certamente percebendo o país de Abraham Lincoln e Barack Obama tão-somente como rei do imperialismo, o jornal belga “De Morgen” publicou uma montagem na qual Obama e sua mulher, Michelle, aparecem como se fossem macacos. O jornal sugere que a montagem havia sido enviada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, no momento, dados aos problemas na Ucrânia-Crimeia, num contencioso com os Estados Unidos. “De Morgen” inicialmente tentou se defender sugerindo que a montagem havia sido publicada na seção de sátiras e, em tese, o humor é livre para “criticar” o que quiser. Ante a avalanche de críticas, e não apenas na Bélgica, o editor do jornal belga recuou: “Quando você considera o fragmento fora do seu contexto, que funciona corretamente na seção de sátira, então você não vê a piada, mas apenas uma imagem que evoca puro racismo. Nós supomos erradamente que o racismo não é mais aceito, e que, desta forma, não poderia ser objeto de uma piada”. Ao humor, de fato, se concede uma liberdade ampla. Mas que humor há em apresentar Obama e Michelle como macacos? Nenhum. No caso, é racismo mesmo. Se Rudyard Kipling Se és capaz de manter a tua calma quando Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa; De crer em ti quando estão todos duvidando, E para esses no entanto achar uma desculpa; Se és capaz de esperar sem te desesperares, Ou, enganado, não mentir ao mentiroso, Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, E não parecer bom demais, nem pretensioso; Se és capaz de pensar — sem que a isso só te atires, De sonhar — sem fazer dos sonhos teus senhores. Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires Tratar da mesma forma a esses dois impostores; Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas Em armadilhas as verdades que disseste, E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas, E refazê-las com o bem pouco que te reste; Se és capaz de arriscar numa única parada Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, Resignado, tornar ao ponto de partida; De forçar coração, nervos, músculos, tudo A dar seja o que for que neles ainda existe, E a persistir assim quando, exaustos, contudo Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!"; Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes E, entre reis, não perder a naturalidade, E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes, Se a todos podes ser de alguma utilidade, E se és capaz de dar, segundo por segundo, Ao minuto fatal todo o valor e brilho, Tua é a terra com tudo o que existe no mundo E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho! [Tradução de Guilherme de Almeida] If Rudyard Kipling If you can keep your head when all about you Are losing theirs and blaming it on you, If you can trust yourself when all men doubt you But make allowance for their doubting too, If you can wait and not be tired by waiting, Or being lied about, don't deal in lies, Or being hated, don't give way to hating, And yet don't look too good, nor talk too wise; If you can dream — and not make dreams your master, If you can think — and not make thoughts your aim; If you can meet with Triumph and Disaster And treat those two impostors just the same; If you can bear to hear the truth you've spoken Twisted by knaves to make a trap for fools, Or watch the things you gave your life to, broken, And stoop and build ‘em up with worn-out tools; If you can make one heap of all your winnings And risk it all on one turn of pitch-and-toss, And lose, and start again at your beginnings And never breath a word about your loss; If you can force your heart and nerve and sinew To serve your turn long after they are gone, And so hold on when there is nothing in you Except the Will which says to them: "Hold on!" If you can talk with crowds and keep your virtue, Or walk with kings — nor lose the common touch, If neither foes nor loving friends can hurt you; If all men count with you, but none too much, If you can fill the unforgiving minute With sixty seconds' worth of distance run, Yours is the Earth and everything that's in it, And — which is more — you'll be a Man, my son!

Livro de Ruy Castro revela e critica as mais desastrosas traduções de títulos de filmes

“East of Sumatra” virou “Ao Sul de Sumatra”. “O tradutor deve ter ganhado sua bússola numa rifa. ‘East’”, como se sabe em Sumatra mas não no Brasil, é ‘leste’”

James Salter sugere que o Grande Romance Americano é Huckleberry Finn, de Mark Twain

[caption id="attachment_692" align="alignleft" width="620"]James Salter: aos 88 anos, o prosador norte-americano lança mais um romance, aclamado pela crítica. Ele diz que arrepende-se de não ter escrito mais livros | Foto: Corina Arranz/ABC James Salter: aos 88 anos, o prosador norte-americano lança mais um romance, aclamado pela crítica. Ele diz que arrepende-se de não ter escrito mais livros | Foto: Corina Arranz/ABC[/caption] A repórter Inés Martín Rodrigo, do jornal “ABC”, de Madri, entrevistou longamente o escritor americano James Salter, autor de “Última Noite e Outros Contos” (Com­panhia das Letras, tradução de Samuel Titan Júnior). A entrevista, com 17.112 caracteres (o que prova que os espanhóis valorizam o texto longo de qualidade), saiu na edição de 3 de março deste ano. Para lê-la integralmente, clique aqui. A entrevista foi feita a propósito do novo romance de Salter, “Todo lo que hay” (“All That Is”, de 2014). Depois de longo inverno, ele diz que está de volta ao batente — tanto que o título da entrevista é: “Tenho 88 anos e estou pronto para começar de novo”. Re­comendo que o leitor inicie a leitura da obra de Salter por suas belíssimas memórias, “Dias Intensos — Reminiscências” (Edi­tora Imago). Seus livros são de alta qualidade; Salter merece ser mais conhecido e editado no Brasil. Traduzi trechos da entrevista, às vezes mais adaptando, por isso, no parágrafo anterior, forneço o link para o leitor que quiser ler a entrevista inteira e, ele próprio, fazer uma versão mais precisa das falas da entrevistadora e do entrevistado. Inés Martín Rodrigo — O fracasso é uma possibilidade na vida do escritor? James Salter — Se não tem certo reconhecimento pode ser que o escritor se sinta fracassado. Mas pode não ser um fracasso. Pense em Emily Dickinson: nun­ca publicou nada em vida e se converteu em uma das grandes poetas americanas. Inés — O que pensa do e-book? Salter — Não sei muito as respeito. Não uso e-reader. Minha mulher tem um, aprecia e me parece bom. Mas, nos livros de papel, posso escrever, é uma necessidade, gosto de tocar o papel. Inés — O livro em papel sobreviverá? Salter — Bem, não sei. Isto quem terá de averiguar é você. Creio que sim, porque há algo agradável nos livros, inclusive seu cheiro. Tocar na tela do Kindle é como estar em um hotel, onde tudo parece muito agradável, mas nada disso é seu. O livro eletrônico não é seu. Inés — “Todo lo que Hay” tem recebido muito boas críticas. Aos 88 anos, que importância tem a crítica para o sr.? Salter — Neste momento de minha vida, uma boa crítica não é mais importante do que outra que não é tão boa. Com isso não quero dizer que seja indiferente às críticas. Todo mundo gosta de receber elogios. Quem escreve quer ser lido e admirado. Sou perfeitamente humano, mas sou um homem velho. A entrevistadora diz que, depois de 30 anos sem publicar um ro­mance, Salter está de volta ao batente, e publicando um livro de qualidade. Sua resposta: Salter — Estou pronto para recomeçar. Mas um escritor precisa de tranquilidade para escrever, eu ao menos necessito de silêncio, calma, tranquilidade. O escritor afirma que, no mo­mento, tem dificuldade de encontrar um lugar silencioso. 2013, afirma, foi “um ano muito agitado”. Ele revela que, quando está escrevendo, gosta de solidão, “Mas não gosto de viver isolado.” Só aprecia a solidão quando a busca, em geral para escrever seus contos e romances. Inés — O sr. escreveu romances, relatos, jornalismo de viagens, memórias e até um livro de culinária com sua mulher. Porém, quem é James Salter? Salter — Sou um prosador. É como me sinto mais seguro. Meu único arrependimento, ao longo de todos esses anos, foi não ter escrito mais. É sempre um prazer escrever coisas, inclusive pequenas. En­contro um grande prazer escrevendo, inclusive no ato físico de escrever. É um desfrute, um gozo. Inés — Quando encontrou sua voz? Salter — Acredito que foi em “Juego y Distracción” [no Brasil, “Um Esporte e um Passatempo”, Editora Imago]. Mas há pessoas que tentam me convencer que encontrei minha voz desde o princípio. Não sei. Em “Um Esporte e um Passatempo” senti que sabia como escrever. Inés — Em “Quemar los Diás” [no Brasil, “Dias Intensos — Reminiscências”], suas memórias, o sr. disse: “A morte dos reis pode ser contada, mas não a de um filho”. Salter — Eu nunca pude usá-la como material narrativo. Não pude escrever sobre a morte de minha própria filha. [Uma filha de Salter morreu eletrocutada em Aspen. Ele encontrou o corpo.] Inés — Pensa em um leitor em particular quando escreve? Salter — Penso sobretudo nos leitores jovens. Estão cheios de vida, são curiosos e inteligentes, porque, do contrário, não teriam ouvido falar de certos livros. Inés — Que são o amor e o sexo para um escritor como o sr.? Salter — Creio que a pessoa mais afortunada é aquela que tem amor, paixão e sexo... Sobretudo se tem os três ao mesmo tempo [risos de Salter]. São os ingredientes básicos da vida. Inés — De volta ao mundo anglo-saxão: por que há tanta obsessão com a ideia do Grande Romance Americano? Salter — Não sei quem formulou essa frase pela primeira vez, mas os escritores que surgiram depois da Guerra [Segunda Guerra Mundial, 1939-1945], ao menos a minha geração (Saul Bellow e Philip Roth, entre outros), tinham a ideia de que o Grande Romance Americano ainda estava por ser escrito e um deles poderia escrevê-lo. A ideia persiste, mas não sei se existe tal coisa. O Grande Romance Es­panhol é provavelmente “Dom Quixote” [Salter diz “O Quixote”, de Miguel de Cervantes] e se há um Grande Romance Americano é “Huckleberry Finn” [de Mark Twain]. Ainda há autores que acreditam que podem escrevê-lo [ou alcançá-lo, o que confere um sentido mais dúbio à fala de Salter. Convém ressaltar que, na tradução, uso “é”, mas, na verdade, o escritor prefere seria “Huck Finn”]. Inés — Quando Jonathan Franzen lançou “Liberdade”, a revista “Time” publicou o título: “O grande romancista americano”. Salter — Bom, é demasiado cedo para julgá-lo. Não o li. (“Como tanta gente, eu sonhava em escrever o Grande Romance Americano.” Quem disse isto? Norman Mailer, Truman Capote, John Updike? Nada disso. A frase é de Jacqueline Kennedy. A história está contada na página 30 do livro “Jackie Editora — A Vida Literária de Jacqueline Kennedy Onassis” (Record, 432 páginas, tradução de Clóvis Marques), de Greg Law­rence. Felizmente, a obsessão americana não é de todos os países. Depois de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, e de “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, ninguém parou de escrever e pensou, certa e seriamente, em escrever o Grande Romance Brasileiro.)

Grupo Jaime Câmara contrata ex-diretor da Abril e planeja aumentar faturamento nacional

[caption id="attachment_687" align="alignleft" width="620"]Cristiano Câmara e Paulo Ricardo Caragelasco: a política é melhorar os produtos e aumentar o faturamento nacional. Uma missão difícil Cristiano Câmara e Paulo Ricardo Caragelasco: a política é melhorar os produtos e aumentar o faturamento nacional. Uma missão difícil[/caption] Ex-diretor da Grupo Brasil, Paulo Ricardo Caragelasco é o novo diretor financeiro do Grupo Jaime Câmara. O presidente do GJC, Cristiano Câmara, decidiu mudar, aos poucos, os principais executivos da empresa. Antes, havia contratado Maurício Duarte para o cargo de vice-presidente. Cristiano Câmara tem sugerido, nas reuniões com os executivos, que seu objetivo é melhorar e agregar os produtos do GJC e aumentar o faturamento. Com a internet, hoje mal explorada pelos veículos do grupo, acredita-se, entre os dirigentes, que o “Pop”, sobretudo — a TV Anhan­guera tem caráter mais restrito, até pelo tempo curto que tem na programação da TV Globo —, pode-se tornar um jornal nacional. No momento, com o acesso fechado, não é um jornal regional (do Centro-Oeste) e nem mesmo estadual, porque onde não chega como impresso, e não chega em vários lugares — ou, quando chega, o número de exemplares é muito pequeno —, não existe. Há a possibilidade de se aumentar o faturamento a partir de uma cobertura mais, digamos, nacional? É possível, mas não é fácil, pois o mercado é altamente competitivo. Hoje, o jornal é visto como provinciano. Uma das características de um jornal provinciano, ou interiorano, é não ter quadro próprio de articulistas. Quem abre o “Pop” fica com a impressão de que é uma sucursal dos jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Seus principais articulistas, e não são exclusivos — as colunas são distribuídas para jornais do país —, são Elio Gaspari (“Folha de S. Paulo”), Dora Kramer (“O Estado de S. Paulo”) e Miriam Leitão (“O Glo­bo”). O suplemento “Magazine” está cada dia mais ocupado por textos das agências. Não raro, um texto que saiu no “Estadão” no sábado é publicado no “Pop” na segunda-feira. Aos que perguntam se vai mudar quadros na redação, Cristiano Câmara diz que, por enquanto, não. Ele tem reafirmado que tem apreço pela editora-chefe, Cileide Alves. O grupo pretende valorizar repórteres que se dedicarem de maneira mais efetiva às atividades do jornal. Profissionais que usam a empresa como uma espécie de “bicolândia”, trabalhando em dois ou três lugares, aos poucos serão substituídos por jornalistas “full time”.

Pressão intensa sobre traficantes de drogas colabora para aumento do roubo de automóveis

[caption id="attachment_683" align="alignleft" width="207"]Polyanna Arruda Borges: quem  encomendou e quem pediu o roubo  de seu automóvel foram condenados a mais de vinte anos de prisão Polyanna Arruda Borges: quem encomendou e quem pediu o roubo
de seu automóvel foram condenados a mais de vinte anos de prisão[/caption] A publicitária Polyanna Arruda Borges foi assassinada em setembro de 2009, aos 26 anos. Tudo começou assim: Leandro Garcez Cascalho encomendou um Prisma preto ao receptador Diango Gomes Ferreira, que acionou Assad Haidar de Castro e Marcelo Barros Carvalho. Hassad Haidar e Marcelo Barros saíram à procura de um veículo com as características descritas e, numa rua de Goiânia, encontraram Polyanna. Tomaram-lhe o carro e, em seguida, a mataram. Acatando a precisa denúncia do Ministério Público, a Justiça condenou Assad Haidar (45 anos) e Marcelo Barros (25 anos e oito meses), mas não aplicou uma pena branda àquele que encomendou o automóvel e àquele que promovia receptações. Diango Gomes foi condenado a 23 anos e dois meses de cadeia e Leandro Garcez, a 21 anos e quatro meses. Na quinta-feira, 20, a repórter Rosana Melo, do “Pop”, publicou uma matéria, “Carros para capitalizar o tráfico”, que sugere, mais uma vez, que a polícia, o Ministério Público e a Justiça têm de observar com atenção como quase tudo começa — com a receptação. Melo mostra que as recentes apreensões de drogas, em grande volume, descapitalizaram alguns traficantes que agem em Goiânia e cidades próximas, como Aparecida de Goiânia e Senador Canedo. Para adquirirem dinheiro fácil e rápido, com o objetivo de comprar droga para revendê-la, os traficantes exigem que usuários de crack roubem carros. A reportagem do “Pop” mostra que cada automóvel roubado vale 200 reais e, se de luxo, 500 reais. Em seguida, os traficantes comercializam os veículos noutros Estados e, até, países. Os documentos são “esquentados” (legalização pirata, mas eficaz). A polícia confirmou à repórter Melo que o aumento do roubo de carros, em março, tem a ver com a prisão dos traficantes. Como ocorreu no caso de Polyanna, que hoje teria 30 anos, a polícia tem de localizar os receptadores, por intermédio dos usuários de crack — alguns chegam a ser pequenos traficantes, anota Melo —, e remeter o inquérito ao Judiciário. Com penas maiores, os receptadores certamente se sentirão pressionados a reduzir suas atividades. Um delegado de polícia, ouvido pelo “Pop”, disse: “Todos os carros foram roubados de mulheres que estavam paradas e sozinhas”.

Jarbas Rodrigues Jr., editor da coluna Giro, de O Popular, ressuscita economista da PUC e do PT

Layout 1 Jarbas Rodrigues Jr., editor da coluna “Giro” (“Pop”, sexta-feira, 21), pode ter cometido a gafe do ano. O jornalista entrevistou Luiz Alberto de Oliveira, o Bambu, a propósito da extinção de 1,1 mil cargos comissionados no governo de Goiás. A nota é correta. No entanto, a caricatura não é de Bambu, e sim de outro Luiz Alberto de Oliveira. A caricatura é do economista Luiz Alberto Gomes de Oliveira, que foi professor da Pontifícia Univer­sidade Católica de Goiás (PUC) e secretário da Prefeitura de Goiânia. Um dos melhores quadros do PT goiano, Oliveira morreu em 2011. A caricatura deve ser velha, de arquivo, ou então entregaram a fotografia errada para o chargista e caricaturista Jorge Braga.

Sai biografia alentada de Francisco Julião, um dos primeiros esquerdistas financiados por Fidel Castro no Brasil

Capa Francisco Julião V2 RB.ai O pernambucano Francisco Julião (1915-1999), o grande líder das Ligas Camponesas, é uma lenda da esquerda brasileira. Ele foi um dos primeiros líderes esquerdistas do país a receber dinheiro do governo de Fidel Castro, czar de Cuba, para fazer a revolução comunista no Brasil. Não deu certo. Para explicá-lo, Cláudio Aguiar lança “Francisco Julião — Uma Biografia” (Civilização Brasileira, 854 páginas). Trecho da sinopse divulgada pelo site da Editora Civilização Brasileira: “Considerado por seus adversários como simples agitador social, incendiário, revolucionário, e por seus aliados de esquerda um visionário, Julião foi responsável por importantes conquistas sociais para o campesinato brasileiro. “Nos primeiros anos da década de 1960, ele organizou a maior greve camponesa no Brasil, com fortes reflexos no Nordeste, ocasião em que forçou o governo a reconhecer, pela primeira vez, o piso salarial para o trabalhador rural da zona canavieira pernambucana e, a seguir, assegurar à mesma categoria o direito à sindicalização. “Esta biografia traz, finalmente, para o público brasileiro a oportunidade de conhecer quem foi este líder carismático e intelectual, que interferiu significativamente nos rumos político e social do Brasil no século XX.” “Cláudio Aguiar recupera a trajetória de Julião, o criador das célebres Ligas Camponesas, e o compara, na luta pela emancipação do campesinato, a Joaquim Nabuco em sua defesa da libertação dos escravos”, diz Merval Pereira, comentarista político de “O Globo”. No caso, um exagero evidente, e aparentemente endossado por Merval Pereira. Por mais que Francisco Julião tenha sua importância, não tem a mesma relevância histórica de Joaquim Nabuco, que, além de ativista contra a escravidão, era um intelectual dos mais notáveis. Tudo indica que não se trata de uma biografia “contra”, mas também não é uma hagiografia.

Correspondente Herbert Moraes: da guerra do Oriente Médio para a paz da capital goiana

[caption id="attachment_671" align="alignleft" width="620"]Herbert Moraes entrevista Dita Kraus, sobrevivente de Auschwitz Herbert Moraes entrevista Dita Kraus, sobrevivente de Auschwitz[/caption] Herbert Moraes, correspondente da TV Record e colunista do Jornal Opção em Tel Aviv, passa férias em Goiânia. Herbert, há quase 10 anos trabalhando no Oriente Médio, é um dos jornalistas que mais conhecem os problemas dos países da região. Re­centemente, entrevistou Dita Kraus, uma sobrevivente de Auschwitz. Aos 14 anos, Dita Kraus se tornou bibliotecária não-oficial do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia. A história está parcialmente contada num livro do escritor argentino-canadense Alberto Manguel, que foi secretário de Jorge Luis Borges, e num romance histórico de um jornalista espanhol, Antonio Iturbe. Dita Kraus tem 84 anos e mora em Israel, onde Herbert a localizou. Publicada a entrevista, ela escreveu uma carta para o jornalista goiano dizendo que havia captado de maneira perceptiva o que havia dito. Ao escrever o texto, Herbert registrou suas expressões faciais, os incômodos por mexer em feridas tão graves e não inteiramente cicatrizáveis. Ela gostou disso. O segredo do correspondente internacional? Como em qualquer lugar, boas fontes e uma combinação de paciência e persistência, além, é claro, de um conhecimento preciso dos povos da região. Costuma-se dizer que Tel Aviv é uma bolha, em termos de segurança, mas o Oriente Médio, além do petróleo, é um barril de pólvora. Herbert cobriu a maioria dos últimos conflitos da região. Acos­tumou-se ao que acontece lá? Ninguém acostuma-se, mas adapta-se. Sobretudo, gosta do que faz. Por enquanto, curte a paz relativa de Goiânia, sua cidade natal.

Poema Um aviador irlandês prevê a morte, de W. B. Yeats, em traduções de Nelson Ascher e Jorge Wanderley

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Um aviador irlandês prevê a morte
W. B. Yeats Encontrarei meu fim no meio das nuvens de algum céu sobejo; os que combato, eu não odeio. também não amo os que protejo; Kiltartan Cross é meu país, seus pobres são a minha gente, nada a fará mais infeliz do que já era, ou mais contente. Não é por lei ou por dever, turba ou políticos, que luto, mas pelo afã de me entreter, a sós, nas nuvens em tumulto. Tudo na mente foi pesado: nada que espere ou que recorde vale-me a pena comparado com esta vida ou esta morte. [William Butler Yeats (1865-1939), poeta, dramaturgo, critico e ficcionista irlandês. O poema foi extraído do livro “Poesia Alheia — 124 Poemas Traduzidos” (Imago, 378 páginas), do poeta, crítico e tradutor Nelson Ascher. Pode ser conferido na página 99]  
Um aviador irlandês prevê sua morte
W. B. Yeats O meu destino, sem receio É entre as nuvens que eu o vejo: Aos que combato, eu não odeio, Nem amo aqueles que protejo. Eu sou lá de Kiltarten Cross. Um dos seus pobres habitantes: Termine a guerra e logo após Eles serão como eram antes. Não luto por lei ou dever, Políticos ou multidão. Um doce impulso deu-me a ver As nuvens e seu turbilhão. Avaliei tudo: no final O que há por vir não muda a sorte, E o que passou fez tanto mal Quanto esta vida ou esta morte. [Poema extraído do livro “22 Ingleses Modernos — Antologia Poética” (Civilização Brasileira, 162 páginas), organização, tradução e notas de Jorge Wanderley. O texto pode ser conferido na página 33.]  
Na Irish Airman foresees his Death
W. B. Yeats I know that I shall meet my fate Somewhere among the clouds above: Those that I fight I do not hate Those that I guard I do not love; My country is Kiltartant’s poor, No likely end could bring them loss Or leave them happier than before. Nor law nor duty bade me fight, Nor public men, nor cheering crowds. A lonely impulse of delight Drove to this tumult in the clouds; I balanced all, brought all to mind, The years to come seemed waste of breath, A waste of breast the years behind In balance with this life, this death.