Notícias

Encontramos 138436 resultados
“O objetivo maior do PCB é estruturar o partido no Estado”

Candidato a governador revela que os comunistas não estão preocupados com eleição, mas em aproveitar o pleito para divulgar a legenda, que busca a organização da sociedade para a construção do poder popular

Onde está o resultado da Operação Sexto Mandamento?

“Não matarás.” A velha ordem bíblica que nomeou a ação que abalou Goiás em 2011 não deu base para soluções concretas. Quase quatro anos depois, processos resultantes da operação ainda tramitam na Justiça

Goiânia tem ou não tem uma identidade?

Debate em torno de ícones, símbolos e comportamento que identificam a capital e seus moradores divide a opinião de historiadores, antropólogos, jornalistas, produtores culturais e críticos literários

A belle époque na coleção de cardápios de Bilac

A pesquisadora Lúcia Garcia escolheu a coleção de cardápios do poeta Olavo Bilac como seu objeto de estudo em busca de reflexos da vida cotidiana que se espraiava pelos lugares frequentados pela elite carioca às vésperas do fim do Segundo Reinado e nos anos iniciais da República

Adelto Gonçalves Especial para o Jornal Opção

Atribui-se a Lucien Fe­bvre (1878-1956), fundador da Escola dos An­na­les, a ideia segundo a qual a História poderia ser contada a partir da escolha de novos objetos de estudos, o que constituiu uma revolução na historiografia, tal foi o número de trabalhos que se seguiram a partir da década de 1950 com recortes específicos. Deixou-se de lado a concepção tradicional que marcaram os livros de História até então, baseados nos feitos dos grandes nomes — reis, presidentes, primeiros-ministros, governadores. Hoje, um livro que siga esse modelo é visto como quinquilharia de museu, a tal ponto que um autor chegou a ser acusado pejorativamente na universidade de candidato a membro de algum instituto histórico.

É claro que a História vista em mí­nimos detalhes é sempre mais interessante do que aquela que se baseia nos feitos dos “grandes”. O problema é encontrar nos arquivos resquícios do que pensaram ou disseram aqueles que eram iletrados e, portanto, não deixaram registros de suas vivências, queixas, emoções ou anseios. Quer se queira ou não, a His­tória sempre será escrita a partir da visão dos letrados, daqueles que dei­xaram registro do que viram e viveram, refletindo obrigatoriamente a visão de mundo da classe dominante.

[caption id="attachment_9644" align="alignleft" width="304"]Para uma História da Belle Époque: A Coleção de Cardápios de Olavo Bilac Para uma História da Belle Époque: A Coleção de Cardápios de Olavo Bilac[/caption]

Mas a que vêm estas reflexões? Vêm a propósito do livro “Para uma História da Belle Époque: A Coleção de Cardápios de Olavo Bilac”, de Lúcia Garcia, com prefácio do poeta e ensaísta Alberto da Costa e Silva, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras e ex-embaixador do Brasil em Portugal, Nigéria, Benim, Colômbia e Paraguai.

A partir da ideia de Febvre, Lúcia Garcia escolheu a coleção de cardápios do poeta Olavo Bilac (1865-1918), que faz parte do acervo da Academia Brasileira de Letras, como seu objeto de estudo em busca de reflexos da vida cotidiana que se espraiava pelos lugares frequentados pela elite carioca às vésperas do fim do Segundo Reinado e nos anos iniciais da República. Aliás, como observa Lúcia Garcia, Bilac, certamente, colecionava menus dos almoços, jantares e banquetes festivos de que participava no Brasil e no mundo.

É de assinalar que, como explica a autora, a palavra cardápio é um neologismo criado pelo filólogo Antônio de Castro Lopes (1827-1901) na década de 1890 para substituir a palavra francesa menu que, a rigor, significa miúdo e não tem em português equivalente, pelo menos no sentido de almoço, jantar ou ceia.

Diz a pesquisadora ainda que Bilac “preservava os cardápios para revisitar os momentos vividos, em benefício da memória, como antídoto ao esquecimento”. Entre os cardápios reproduzidos estão alguns de banquetes em homenagem ao próprio poeta, homem célebre ao seu tempo, e outros que celebravam o IV Centenário do Descobrimento do Brasil, a visita ao Rio de Janeiro da famosa atriz italiana Tina Di Lorenzo (1872-1930) e acontecimentos diversos.

Nos menus, acrescenta a pesquisadora, estão presentes as confeitarias Pascoal e Colombo, entre outros estabelecimentos comerciais conhecidos e frequentados pela classe dominante no Rio de Janeiro no início do século 20. Como diz Lúcia Garcia, a extensa coleção doada à ABL por Bilac, ou por seus familiares, revela a rede de sociabilidade do escritor, quer pela indicação do anfitrião, quer pela assinatura dos comensais. A essa época, é de ressaltar que havia uma “febre” entre as pessoas bem-postas na vida de colecionar autógrafos e cartões postais.

[caption id="attachment_9645" align="alignright" width="242"]Cultural_1885.qxd Olavo Bilac preservava os cardápios para revisitar os momentos vividos, em benefício da memória, como antídoto ao esquecimento[/caption]

Como diz Alberto da Costa e Silva no prefácio, esta coleção revela como novos padrões se iam popularizando no País e, como pela lista de pratos, afrancesavam-se cada vez mais as elites. A partir daí, Costa e Silva imagina o que se conversava à época os vizinhos de mesa, já que ecos dessas tertúlias não ficaram, a não ser esparsamente em crônicas, como as que Machado de Assis (1839-1908) e mesmo Bilac assinavam nos grandes jornais.

Diz: “É provável que, num almoço, se discutisse a abertura da Avenida Central pelo prefeito Pereira Passos ou a campanha sanitária de Oswaldo Cruz”. E acrescenta mais adiante: “Pois ainda havia quem não tivesse saído do assombro ou se acostumado, de alma rendida, à aspirina, à lâmpada elétrica, ao telégrafo, ao cabo submarino, do rádio, ao telefone, ao navio a vapor com hélice e casco de ferro, ao motor de combustão interna, ao automóvel com pneu de câmara de ar, às máquinas voadoras, aos raios-X, ao cinematógrafo e à partilha da África e de parte da Ásia entre as potências europeias”.

Da coleção constam ainda fotografias de um almoço — do qual não restou o cardápio — na década de 1910 na fazenda em Lou­vei­ra, no interior do Estado de São Paulo, de Júlio Mesquita (1862-1927), fundador e proprietário do jornal “O Estado de S. Paulo”, do qual Bilac também era colaborador. De notar, como assinala a pesquisadora, é que Bilac nas fotografias sempre fazia questão de aparecer de perfil. É essa também uma rara foto em que aparece alguém das classes menos favorecidas, o cozinheiro da fazenda de Mesquita, sentado meio a contragosto e sem jeito no primeiro degrau de uma escada à frente dos demais.

Lúcia Garcia (1979) é doutora e mestre em História Po­lítica pela Universidade do Es­tado do Rio de Janeiro. Partici­pou de vários projetos de pesquisa histórica documental e iconográfica nos últimos anos, tendo colaborado como consultora na “Comissão para as comemorações do bicentenário da chegada de D. João ao Rio de Janeiro” (Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro). É autora de “Euclides Da Cu­nha: Escritor por Aci­dente e Repórter do Ser­tão” (São Pau­­lo, Companhia das Letras), “A Transferência da Família Real para o Brasil 1808 2008”, com outros autores (Lisboa: Tribuna da His­tória), “Rio e Lisboa: Construções de um Império” (Lisboa: Câmara Muni­cipal) e “Documentos Oito­centistas da Biblioteca Nacional”, coautoria de Lilia Schwarcz (Rio de Janeiro, Bi­bli­o­teca Nacional). É coautora de “Im­presso no Brasil: Desta­ques da His­tória Gráfica”, organizado por Rafael Car­doso (Rio de Janeiro: Verso Brasil).

Adelto Gonçalves, mestre em Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispanoamericana e doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo.

Um dia de atraso

Paulo Lima Definitivamente, para o Feitosa aquela não foi uma das melhores manhãs. O chefe havia brigado com a a­mante, o faturamento não saiu do lugar e ele chegara no­va­men­te atrasado ― a terceira vez na mesma semana. Um recorde in­ve­jável para uma quarta-feira. Seu único consolo: naquele dia tra­balharia apenas no período matutino. Conseguira uma dispensa programada para ir ao mé­dico à tarde ― um hábito carioca na capital paulista. “Que ninguém desconfie da treta”, pensou. Alguém abre a porta de sua sala e avisa que a direção marcou uma reunião para as 13h00. “Ninguém poderia faltar”, insistiu o mensageiro. A ênfase era proposital, pois era sabido que o Feitosa programava nem retornar após o almoço. Justo naquela tarde a qual, depois de muitos “amanhã, quem sabe”, se rendera aos apelos da esposa para assistir a um filme no cinema, coisa que ele simplesmente odiava. Tinha que ser à tarde, pois de noite as crianças não deixavam e nos fins de semana os avós acampavam em sua casa. Na sua simplicidade, não conseguia entender por que, tendo em casa um videocassete, tinha de enfrentar o trânsito louco da velha Sampa para ver “O Silêncio dos Inocentes”, sucesso absoluto nos anos 1990. E agora, aquele maldita reunião. [caption id="attachment_9638" align="alignleft" width="300"]Cultural_1885.qxd Foto: M. File[/caption] Sabia que o chefe perdoaria a amante, mas nunca um fun­cionário ― especialmente ele ― que faltasse a um compromisso importante. Ligou para a esposa, avisou que iria direto do trabalho, levou uma bronca da patroa indignada com o fato de se aprontar toda para se encontrar com homem sujo e, ainda por cima, ficou sabendo que o sogro e sua digníssima também iriam. Não temia pelo sogro, um psiquiatra aposentado cuja única neurose era uma inexplicável obsessão por pontualidade. Temia, sim, pela jararaca, que insistia em dizer à filha que seu marido era um pervertido, atiçando um ciúme que por si só já ameaçava as sombras. Mas não estava em condições de exigir o que quer que fosse e confirmou para as 16h30. “Três horas me darão uma boa margem de manobra”, concluiu. Não, não era o seu dia. A reunião terminou as 16h00 e o cinema ficava a pelo menos 40 minutos do escritório, em condições normais de trânsito. Como havia garoado, a Marginal Tietê já era o centro das atenções. Saiu apressado, xingando intimamente o patrão pelas indiretas que insistentemente lhe dirigiu durante todo o tempo, esbarrou na secretária que manchou de batom vermelho o ombro de sua camisa branca e alcançou o carro já pensando numa boa explicação para a mais ciumenta das primeiras-damas. Olhou para o relógio, respirou fundo e arrancou, decidido. Não chegaria atrasado mais uma vez. No caminho, perdeu a conta dos sinais vermelhos que atravessou. E, com certeza, um dia pediria mil perdões ao dono do Del Rey (ou teria sido um Monza?) que amassou a lateral do seu Uno Mille, por culpa de sua justificada pressa. Estacionou na porta do cinema às 16h40. O sogrão apenas olhou para o relógio. A mulher e a sogra não tiravam o olhar de sobre o ver­melho comprometedor que lhe decorava a camisa. Cumpri­mentou a todos sem graça, comprou os bilhetes e passou por último pela roleta, explicando ao velho que acabara de assaltar um banco, coisa que normalmente demora mais do que o previsto. Nin­guém sorriu com a piada. As mulheres continuavam sérias, co­mo que prometendo exigir uma ex­plicação no momento oportuno. Sem dúvida, todo homem tem seu dia de cão e aquele fora dedicado ao Feitosa. Na mesma tarde, ao mesmo tempo em que corria para chegar na hora marcada, um casal corria por ruas próximas após assaltar um banco, tendo causado a morte de uma velhinha que estava no local e sofria do coração. Dirigiam um Uno Mille prateado, que também se chocou com vários carros, tendo sua placa anotada às pressas por um guarda de trânsito, com as possíveis inscrições: PQ-1381. A do Feitosa era PQ-1831. Fim do filme, efusivamente elogiado pelo sogro, as senhoras não pareciam tão animadas. Ao sair do cinema, o inusitado: os quatro foram abordados por três policiais que apontavam suas armas para o matador de serviço. Além disso, uma equipe da Rede Globo apontava suas câmaras para o grupo, um batalhão de fotógrafos e repórteres de rua se digladiava por um espaço melhor, curiosos se acotovelavam e uma multidão contida por um cordão de isolamento improvisado pedia por linchamento. Um homem alto e magro, relativamente bem trajado, lhe mostra uma insígnia parecida com aquelas dos filmes americanos. ― O senhor é o proprietário deste veículo? ― falou, apontando para o Mille prateado, estacionado em local proibido. ― S-sim... Sou sim. O velho e bom Feitosa, gaguejando, já procurava se lembrar de algum amigo do Detran para se livrar da multa. ― O senhor foi visto dirigindo perigosamente este veículo com uma mulher loira ao seu lado, após assaltarem uma agência do Banco Itaú, deixando uma senhora morta no local. Sua placa foi anotada por aquele guarda ali e a lateral amassada confirma que o senhor bateu num Monza azul. Se o senhor tem algo a declarar, sugiro que nos acompanhe até a delegacia, antes que não consigamos deter a multidão. Não se sabe ao certo quanto tempo aquele homem que começou mal o seu dia ficou ali paralisado, sem conseguir pronunciar uma única palavra. Era o silêncio de um inocente, que sabia que qualquer coisa que dissesse poderia piorar o impiorável. Afinal, à sua volta, além de centenas de populares enfurecidos, estavam um oficial de justiça, a imprensa trans­mitindo o acontecimento ao vivo e do outro lado da telinha o seu patrão apreciando tudo, policiais prontos para atirar, seu carro novo já não tão novo assim ao lado de uma placa de “proibido estacionar”, um guarda de trânsito com ar convicto, sua esposa em choro convulsivo, a sogra em estado de graça e, de quebra, um psiquiatra doido para tirar o atraso. Paulo Lima é escritor e publicitário.

“O PMDB está minguando com Iris e Marconi vai ganhar a eleição de novo”

Uma das lideranças mais respeitadas do partido diz que o governador faz gestão de destaque e terá voto até de peemedebistas de longa militância

Procurador-geral de Justiça apresenta reclamação constitucional ao STF contra casos de nepotismo no TCE-GO

Segundo consta no pedido, Juliana Souza Pedroso de Moraes, Fátima Siqueira Fernandes, Lucas Leonel Miranda e Lívia Cardoso Lopes seriam filhos ou irmãos de servidores do TCE-GO

Iris inicia campanha na próxima 3ª-feira (15) durante inauguração de comitê

Ao longo desta semana, Iris, como de costume, se reuniu com lideranças políticas em seu escritório político

Brasileiros devem se orgulhar do sucesso da Copa, diz presidente do Comitê Olímpico Internacional

Depois de visitar nesta quinta (10) as obras no Rio de Janeiro, Thomas Bach classificou a Vila Olímpica de “fantástica”

Técnico holandês pede vitória contra o Brasil como presente de despedida

Após a Copa, ele assumirá o cargo de técnico do time inglês Manchester United

Prefeitura de Caldas Novas inicia a construção do Parque Ambiental do município

“Esse será um lugar arborizado, onde as pessoas poderão ter mais contato com a natureza, sem precisar sair da cidade, próximo do conforto do lar”, pontuou Evandro Magal

Bruna Marquezine atuará em filme de Hollywood ao lado da cantora Anitta

O longa, dirigido por John Swetnam, conta a história de Kacy (Sophia Aguiar), uma dançarina que alcança a fama após seus vídeos publicados no site YouTube se tornarem um sucesso

Melhor jogador da Copa: Mesmo após lesão, Neymar concorre ao prêmio Bola de Ouro

O craque concorre com os argentinos Messi, Di María e Mascherano, os alemães Müller, Hummels, Lahm e Toni Kroos, o holandês Robben e o colombiano James Rodríguez

Dilma lança WhatsApp e anuncia programa “Banda Larga para Todos” como proposta de campanha

Dilma, que já faz de outras redes sociais um canal de contato direto com os eleitores, é a primeira presidenciável a aderir ao aplicativo como ferramenta eleitoral

Desmentindo rumores, bancada estadual do PMDB garante permanência na disputa eleitoral

Nélio Fortunato, deputado citado pela imprensa local como provável desistente, alegou que sua candidatura à reeleição é irrevogável