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O que Marconi faz por Trindade

[caption id="attachment_19566" align="alignnone" width="620"]Prefeito Jânio Darrot e primeira-dama Dairdes Darrot recebem Marconi Perillo em Trindade durante a entrega de certificado de qualificação profissional | Foto: Iris Roberto Prefeito Jânio Darrot e primeira-dama Dairdes Darrot recebem Marconi Perillo em Trindade durante a entrega de certificado de qualificação profissional | Foto: Iris Roberto[/caption] Jânio Darrot Especial para o Jornal Opção Minhas amigas, meus amigos: O convívio com o governador Marconi Perillo marca o início da mi­nha trajetória na atividade política. Ele me encorajou a participar e­fetivamente da vida pública. Juntos, em­preendemos inúmeras lutas em defesa dos interesses maiores da so­ciedade. E continuamos firmes na con­solidação de nossos sonhos e ideais. Marconi tem um amor especial para com Trindade e sempre manifestou este carinho desde o início da sua bem-sucedida caminhada. Em todos os governos, procurou beneficiar nossa população por meio de sucessivas obras de infraestrutura, programas sociais e serviços de qualidade. Desde o início de minha gestão na prefeitura, atendeu prontamente o município e, num curto es­paço de tempo, viabilizamos um vo­lume recorde de realizações resultado de uma parceria que deu muito certo. Este trabalho conjunto permitiu a reestruturação total e o reaparelhamento do Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin). Implantamos um centro cirúrgico para partos e outras cirurgias, fizemos a reforma predial e de leitos, contratamos mais médicos, dentre muitas outras ações. No plano social, ampliamos em Trinda­de o numero de beneficiários dos pro­gramas Renda Cidadã, Bolsa U­ni­­versitária, Bolsa Futuro, Passapor­te do Idoso e Cheque Mais Moradia. Com Marconi, a Nova Rodovia dos Romeiros se tornou realidade e se constitui, hoje, no grande cartão-pos­tal de Goiás. Garantimos a re­construção da GO-050 (Trindade-Campestre), construímos a GO-469 (Trindade-Abadia), bem como a GO-469 (Trindade-Goianira). Com o Rodovida Urbano, são recapeados 630 mil metros de asfalto. A extensão do Eixo Anhanguera até a cidade é conquista de dimensão histórica. Marconi é o governador que mais contribuiu com Trindade de maneira positiva em todos os tempos. Estamos certos, seguros que o desenvolvimento de Trindade e de Goiás continuará em ritmo forte e acelerado. Disposição para o trabalho, humildade e perseverança são atributos que acompanham os passos de Marconi na sua vitoriosa jornada de lutas. Agradeço a todas e todos que nos ajudaram nesta exitosa campanha eleitoral. O apoio dos eleitores de Trindade à reeleição do governador significa mais desenvolvimento, mais oportunidades e muito mais benefícios para todos. Saúde, paz e felicidades para você e para os seus familiares. Um abraço a todos! Jânio Darrot é prefeito de Trindade

“Este é um serial ou um psicopata? Só o laudo psiquiátrico poderá dizer”

João Bosco C. Freire Comento a matéria “Se considerado doente mental, suposto serial killer goiano pode ficar à solta” (Jornal Opção 2051) a partir do entendimento de que não há nem haverá mais nada em torno do caso. Tudo depende do exame de sanidade mental, cujo resultado incidirá no processo. No caso, se comprovada a insanidade e se ele tinha condições de se auto determinar ou não no momento, além de outros quesitos, é que se definirá o rumo a tomar: se doente mesmo e incapaz de se conduzir devido a mais uma anormalidade, a solução é o tratamento em presídio especial para o caso. Se doente, mas tinha, resumindo, consciência do que fazia, não é provável que impeça de ser julgado, é preciso mais ainda: de uma outra doença ou deformação, por formação, desenvolvimento incompleto ou retardado. Pelo que definiu o Psiquiatra Forense, ele não tem condições de ser absorvido pela sociedade nem de se tratar solto, em ambulatório. O psicopata, por exemplo, nasce psicopata e morre psicopata, não há cura; ele tem menos massa cefálica na parte frontal do cérebro e outras particularidades. Existem exames por aparelhos, atualmente, capazes de detectar a doença, desde o nascimento ou tenra idade. Na Finlândia, construíram um presídio especial para estes casos e o índice de criminalidade interna é zero. Psicopata não ataca psicopata. Este é um serial ou um psicopata? Ambos matam seguidamente, diferenciando na forma de execução. Só o laudo poderá dizer. Devido à quantidade de homicídios, pouco provável que mesmo sendo doente, não tenha capacidade de entender o mal que faz, pois tem habilidade e entendimento para fazê-lo além da percepção do clamor que o cerca. Creio que será julgado.

“Não podem contar nem a metade de seus assassinatos”

Alberto Nery Sobre a matéria “O pistoleiro brasileiro que matou 492 pessoas e não foi preso pela polícia e condenado pela Justiça” (Jornal Opção 2051): Eu era jovem e o ouvi dizer muitas vezes que havia matado mais gente do que muitos batalhões de polícia. Eu pensava que balela dele, mas quando mataram o Nativo no Carmo do Rio Verde e o acusaram ele desapareceu. Mas no Bico do Papagaio ele era famoso. Tra­balhou para muitos políticos. Não li o livro, mas de uma coisa eu tenho certeza: não conta nem a metade de seus assassinatos. A primeira vez que eu o vi eu devia ter uns 15 anos. Isso foi na cidade de Xambioá, hoje Tocantins.

“A maior preocupação é que o governo mantenha o modelo atual de economia”

Everaldo Leite Sobre a matéria “Lula indica Henrique Meirelles para ministro da Fazenda e mais dois nomes” (Jornal Opção 2051): A maior preocupação de vários analistas é que o governo mantenha o modelo atual de forte estímulo ao consumo e de intervenção setorial. De fato, este seria o pior caminho para a economia. Espera-se que a presidente Dilma ao menos crie mecanismos internos de eficiência na gestão pública, suprima alguns ministérios improfícuos, despolitize os bancos públicos e coíba sistematicamente a corrupção. As contas públicas não podem ser mais fechadas anualmente “na marreta” (a tal contabilidade criativa) para fazer acreditar que existe superávit primário e o setor privado precisa ser oxigenado via reformas microeconômicas. Uma mudança radical de sua equipe econômica, por si, já seria capaz de suavizar as tensões entre empresariado e governo. Everaldo Leite é economista.

“Se o Cristo Redentor pudesse se mexer, ele mesmo mandaria um abraço para o Nordeste brasileiro”

Nildo Marley “Nordestinos viram alvo de preconceito após vitória esmagadora de Dilma na região” (Jornal Opção Online): Tenho orgulho de sobra por ser nordestino. Falo feio, mas sou bonito por dentro e por fora. As mãos de Deus devem ter me feito da poeira do Nordeste. Não recebo bolsa de nada, mas se recebesse não estaria roubando nada de ninguém. Se o meu Nordeste parar, o nosso país morre de fome, digo nosso porque é meu por direito. Já vocês vivem a depender deste que maltratam por estupidez. Se aquela estátua de braços abertos no Rio de Janeiro, que chamam de o Cristo Redentor, pudesse fazer algum movimento ainda que fosse com os braços, já que não pode vir até aqui, ele mesmo apertaria a mão de um nordestino e mandaria um abraço para o Nordeste. Email: [email protected]

“É compreensível o descaso de quem tem o poder e não debate”

Cláudio Luiz Sobre a entrevista “O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água” (Jornal Opção 2048): Nessa correria da vida a qual fomos condicionados, nessa busca incessante de valores e deveres ao qual somos submetidos é de total compreensão o descaso de quem tem o poder e a máquina nas mãos de não querer debater e dialogar com a classe competente esse bem tão valioso que é o meio natural do qual todos dependemos. Não financeiramente, e muito menos emocionalmente, mas com certeza uma dependência tão profunda que põe em xeque a sobrevivência humana. E isso por um mísero momento de ilusão no qual vivemos comparados aos milhões de anos que um bioma que, como o cerrado, demorou para existir. E nós, simples mortais com hábitos embriões, nos colocamos no meio e fazemos o ato principal dessa destruição desenfreada que se chama sociedade desorganizada. É triste ler e entender o quão valioso são esses assuntos que, por causa dos interesses econômicos, vão continuar passando despercebidos e pessoas chegarão à extinção juntamente com o bem maior para a vida, a água. Email: [email protected]

“Vamos à luta por uma reviravolta na Educação deste nosso país”

Rosliene Achei uma maravilha a forma imparcial como o texto “Esquerda já controla o conteúdo da imprensa e quer controlar também o cofre” (Jornal Opção 2030) apresenta a questão da regulamentação da mídia. Não faz acusações a ninguém, nem protege ninguém, apenas mostra as tendências maléficas que essa coibição poderá trazer para a nossa democracia brasileira, já tão enfraquecida pelas ditaduras que se arrastaram e ainda se mantêm no poder, a custa dos cidadãos que, como eu, trabalham muito e não temos tempo para ler ou nos informar melhor! Vamos à luta por uma reviravolta na Educação no país! Email: [email protected]

“O voto do Sarney em Aécio já era esperado”

Antonio Alves “Veja vídeo: Sarney votou em Aécio no segundo turno” (Jornal Opção Online). O voto do Sarney em Aécio já era esperado por quem conhece a história política do país, Sarney é amigo pessoal da família há muitos anos, tanto que se tornou presidente por fazer parte como vice na chapa de Tancredo Neves para a presidência da República em 1983. Email: [email protected]  

Está começando a campanha

O executivo mais importante do Estado é alvo de cobiça pelo valor em si e pela posição estratégica que ocupa no tabuleiro da eleição ao governo em 2018

Governo vai extinguir cargos e fundir secretarias para cortar despesas

Governador reeleito Marconi Perillo prepara uma série de mudanças na máquina pública estadual até o final do ano, com exoneração de comissionados e alterações nas pastas

Crônica de uma derrota esperada

Final de 2013. Os partidos oposicionistas estão em guerra total pela hegemonia na oposição. O governo apenas esperou o momento certo para agir

Memórias de um lutador

Mesclando memórias e análises sobre origens e os desdobramentos do golpe militar de 1964, o ex-governador de São Paulo José Serra narra sua trajetória de filho único de um imigrante italiano vendedor de frutas no mercado de São Paulo ao batismo de fogo como presidente da União Nacional dos Estudantes, de exilado político na França e no Chile ao pesquisador de prestígio de um dos mais respeitados centros acadêmicos do mundo: a Universidade de Princeton

Contragolpe dos partidos esvazia a reforma e os conselhos que diminuiriam o Congresso

Menos poderosa, a presidente reeleita deverá repensar os projetos políticos e considerar o diálogo como algo aberto ao compartilhamento de poder

Goiânia voltará a brilhar como antes?

A crise de caixa na municipalidade precisa escapar da ótica política de oposição e situação. O jogo aqui é muito maior

A rejeição aos novos monitores do governo mostrou falha de planejamento no Planalto

[caption id="attachment_19547" align="alignleft" width="620"]Renan Calheiros, presidente do Congresso: “Não surpreenderá se a matéria for – e será – derrubada no Senado” / Foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado Renan Calheiros, presidente do Congresso: “Não surpreenderá se a matéria for – e será – derrubada no Senado” / Foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado[/caption] Ao repelir a regulamentação dos conselhos populares, o Congresso demonstra a falha do timing do Planalto e do PT ao colocar a questão em decreto que os parlamentares não poderiam emendar. Começa que a pressa em tratar do assunto no fim do mandato do governo despertou desconfiança, ainda mais por ser decreto e não um projeto de lei. É possível supor que, na dúvida sobre a reeleição da presidente Dil­ma, o PT procurou aparelhar o con­trole social do governo como forma de manter-se no poder no caso de uma vitória da oposição nas urnas. Isso em plena eclosão de descobertas de corrupção antiga e atual nos órgãos governamentais, o que ampliava a incerteza quanto ao rumo do humor dos eleitores. A falta de sensibilidade ao desconfiômetro do Planalto fez com que a votação do decreto ficasse para se realizar na hora e na forma erradas, entre a reeleição da presidente e o início do novo governo. Co­mo se verifica, é o momento em que se estimula a ansiedade das ban­cadas governistas pela ampliação do espaço de presença na nova equipe da Esplanada dos Ministérios. A falha quanto ao senso de oportunidade presidencial criou uma crise nas relações com os partidos aliados. Veja-se a anatomia da aprovação pela Câmara, na terça-feira, do decreto-legislativo que deputados do PMDB formularam para anular aquele outro da presidente, o que disciplina os conselhos populares. A evidência de maioria a favor da anulação dispensou o voto individual dos parlamentares. A votação foi simbólica. Com o Planalto estavam apenas os três partidos mais à esquerda no Congresso, o PT, o PCdoB e o PSol. Resta ao governo tentar impedir que os senadores confirmem a anulação do decreto petista aprovada pelos deputados. “Não surpreenderá se a matéria for – e será – derrubada no Senado”, anunciou previamente o presidente da casa, Renan Calheiros, alagoano do PMDB. A batalha do governo para salvar o decreto tem tudo para ser inglória no momento em que tantos cargos públicos podem ser abertos e preenchidos, inclusive no comando do Congresso. Calheiros, por exemplo, gostaria de presidir o Senado pela quarta vez, embora diga o contrário. No caso, seria arquivado o acordo pelo revezamento com o PT no cargo. É verdade que o PMDB do pre­sidente da Câmara, deputado Henrique Alves, está ferido pela derrota, há uma semana, na eleição a governador do Rio Grande do Nor­te. Contra ele, Lula fez campanha a favor do concorrente, Ro­bins­on Faria, atual vice-governador pelo PSD. A derrota deixa Alves sem emprego a partir de janeiro. Mas o PMDB gostaria de manter a posição indicando um desafeto do Planalto, o líder do partido na Câmara, deputado Eduardo Cunha, do Rio. A promoção de Cunha a presidente seria um agravo a Dilma, além de representar outro prejuízo para o PT no compromisso com o rodízio do comando parlamentar. Quanto a Henrique Alves, reconheça-se que o desgaste do PT junto ao presidente da Câmara tem a ver com o empenho dele, como intérprete do PMDB na conquista de posições e na defesa das competências parlamentares que seriam absorvidas pelos conselhos populares. Alves é o responsável pelo decreto-legislativo, que sistematicamente tentou votar antes que a campanha eleitoral pegasse embalo. O governo impediu a votação porque temeu a derrota dos conselhos. Então a votação ficou para este momento em que cargos importantes estão em oferta no governo e no Congresso. No ano que vem, as relações do Planalto com os partidos aliados tendem a se aquietar – o que não garante nova oportunidade aos conselhos populares. Antes, porém, Dilma terá de repensar o seu projeto político global para o segundo governo, a começar pela ideia chamada de regulação da mídia. O conteúdo do projeto é desconhecido, mas promete mais crise além do Congresso.

Regulação ou controle da mídia, a figura indica mais um projeto de dominação do PT

[caption id="attachment_19544" align="alignleft" width="620"]Vândalos atacam prédio da Editora Abril, que edita a revista Veja: denúncia sobre corrupção desagradou Lula e o PT / Foto: www.jornaltudobh.com.br Vândalos atacam prédio da Editora Abril, que edita a revista Veja: denúncia sobre corrupção desagradou Lula e o PT / Foto: www.jornaltudobh.com.br[/caption] A presidente Dilma tenta ajeitar as coisas. Passou a dizer que a chamada regulamentação da mídia não pensa em censura à imprensa com o controle do conteúdo das informações. Ela afirma que se trata de cogitação quanto à organização econômica de empresas de mídia. Seja lá o que for, a face visível do projeto se volta ao controle de meios de comunicação. É sintomático o fato de que, há quatro anos, Dilma herdou a questão do antecessor Lula e a engavetou no palácio porque não queria mais encrenca com a imprensa. O mensalão e a onda bolivariana contra a mídia no continente estão na origem e na contínua gestação do plano. Desde Lula, a coisa foi relembrada entre petistas a cada nova onda de denúncias de corrupção no governo dos últimos anos. O apoio ostensivo da imprensa à candidatura presidencial do tucano Aécio Neves contra a reeleição de Dilma exacerbou o desengavetamento da trama. Lula xingou a imprensa e jornalistas. Mais perigosos do que a oposição, por incontroláveis. Quando Dilma menciona o caráter econômico da mídia, sugere o modelo bolivariano de desmonte de conglomerados de comunicação para reduzir o poder deles na formação de opinião pública. A influência deles sobre consumidores e formadores de opinião se torna um risco ao Estado. Haveria um limite à multiplicação de meios de comunicação por uma mesma empresa. A implantação desse controle teria de passar pelo Congresso porque mexe com a liberdade de ex­pres­são ou com o regime jurídico de empresas privadas, mesmo que as de mídia explorem serviços públicos por concessão. Arriscaria o Planalto tra­tar da questão por mais um decreto, que o Congresso não pode e­mendar, mas apenas aceitar ou repelir? Ao assumir o Ministério das Co­municações há quase quatro anos, o companheiro Paulo Bernardo, recebeu a tarefa de cuidar da questão, mas não animou Dilma a ir em frente. O projeto legado por Lula continuou na gaveta apesar de cobranças petistas Talvez o misterioso plano opere sobre aquelas duas coisas, a liberdade de expressão e o regime jurídico de empresas. Quanto à primeira, a Constituição de 1988 parece definitiva. Está no nono item do artigo quinto, que, em seu conjunto, trata de direitos e deveres individuais e coletivos: — É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Enfim, o controle da mídia seria mais um passo de poder para o PT, como a reforma política e os conselhos populares. Os movimentos sociais educados no petismo seriam os soldados dessa expansão de domínios. Cada passo à frente na mobilização de militantes poderia ser um avanço na formação de milícias para confrontos armados com a posição, como na Venezuela chavista. O que sugere o ataque, há uma semana, à Editora Abril, em São Paulo, como protesto ou punição contra a publicação pela revista “Veja” de que o doleiro Alberto Youssef comunicou ao Ministério Público e à Polícia Federal, na delação premiada, que Lula e Dilma sabiam do assalto à Petrobrás. Aonde Lula pretende chegar com o estímulo ao conflito entre classes?

Os mensaleiros Zé Dirceu e Pizzolato iluminam a investigação de crimes governamentais

[caption id="attachment_19538" align="alignleft" width="620"]José Dirceu: mensaleiro vai cumprir restante da pena em liberdade / Foto: Ricardo Padue/Brasil Notícia José Dirceu: mensaleiro vai cumprir restante da pena em liberdade / Foto: Ricardo Padue/Brasil Notícia[/caption] O poder federal deixou a divulgação de fatos impopulares para depois da eleição presidencial, de modo a não prejudicar a candidatura da presidente Dilma. O Execu­tivo, por exemplo, deixou para depois o aumento dos juros básicos de 11 para 11,25%. Na mesma quarta-feira, comunicou mais um baque na economia: por causa da paralisação econômica, o aumento na arrecadação de impostos e contribuições foi de apenas 0,7% nos primeiros nove meses deste ano em relação ao mesmo período em 2013, descontada a inflação. A previsão inicial do governo era de 3,5%. Mau sinal para o próximo ano. No Judiciário, veio uma contribuição do ministro amigo Luís Roberto Barroso, no Supremo Tribunal Federal. Ele deixou divulgar na terça-feira algo que poderia ter feito uma semana antes: liberou o companheiro Zé Dirceu para a prisão residencial. Antes de sair das grades, Dirceu terá de esperar até a nova terça, dia 4, quando se apresenta à Vara de Execuções Penais, em Brasília, para conhecer formalmente as regras do regime domiciliar, que lhe permite sair para o trabalho e dormir em casa. Se saísse 11 dias depois, completaria na prisão um ano dos sete anos e 11 meses a que foi condenado pelo mensalão. No mesmo dia, na cidade italiana de Bolonha, a Corte de Ape­lação mandou soltar o mensaleiro petista Henrique Pizzolato. Ex-diretor de marketing do Banco do Brasil que fugiu do país ao ser condenado a 12 anos e sete meses de prisão. Ao soltá-lo, os italianos negaram a sua extradição pedida pelo governo brasileiro. [caption id="attachment_19540" align="alignleft" width="300"]Henrique Pizzolato: mensaleiro petista teve extradição negada na Itália / Reprodução Henrique Pizzolato: mensaleiro petista teve extradição negada na Itália / Reprodução[/caption] Com a coincidência desse desfecho para cada um, Zé Dirceu e Pizzolato formam, neste pós-reeleição, duas faces distintas que compõem o alívio para mensaleiros. No caso de Dirceu, o ministro Barroso evitou que o refresco fosse anunciado antes da eleição presidencial. Quanto a Pizzolato, foi uma coincidência, naturalmente. Se as duas situações fossem conhecidas dias antes, passariam aos brasileiros uma imagem de impunidade que seria prejudicial à reeleição. No mínimo, Dirceu e Pizzolato avivariam a lembrança dos eleitores quanto ao crime do mensalão, com prejuízo à imagem e votos do PT. Apesar da indignação com que o governo posou em Brasília a respeito do desprezo italiano pelo pedido de extradição de Pizzolato, a soltura do companheiro lá na Itália causa alívio. Se vier ao Brasil, será preso como foragido da Justiça. Se viesse preso com a extradição, poderia, de alguma forma, contar o que sabe sobre o mensalão. Enfim, a lembrança viva da impunidade relativa de mensaleiros serve como advertência sobre o futuro de políticos e outras pessoas que estão sendo comprometidas pela Operação Lava Jato sobre os roubos na Petrobrás. Com mais quatro anos no Planalto, o esquema petista incriminado poderá se valer da circunstância de ser governo proteger nas investigações e punições que, pelo andar da carruagem, um dia deverão acontecer.

Regulação da mídia é nome pomposo da tentativa de o Estado controlar a liberdade de imprensa

Na “Carta a Edward War­rington”, de 16 de janeiro de 1787, o presidente Thomas Jefferson (1743-1826), escreveu: “Se dependesse de decisão minha termos um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a segunda alternativa”. Franklin Martins e Rui Falcão, mais petistas do que jornalistas, divergem de Jefferson, avaliado, quem sabe, como démodé. A dupla e seus aliados, usando como pretexto uma reportagem da “Veja” — que revela, baseada em depoimento do doleiro Alberto Youssef, que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula da Silva sabiam dos malfeitos no Petrobrás —, querem regular a mídia. Um parêntese: só o mais néscio dos nefelibatas pode acreditar que uma presidente da República, que recebe informações da Polícia Federal, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e de fontes variadas, não sabe, às vezes não detalhadamente, o que ocorre numa multinacional estatal gigante como a Petrobrás. Quem leu a matéria atenta e cautelosamente deve ter percebido que não é excessiva e, se diz que os petistas-chefes sabiam dos esquemas corruptos, não acrescenta que estavam ou estão envolvidos. Não há indícios de que Dilma Rousseff e Lula da Silva estejam envolvidos em falcatruas. Ao concentrar fogo na “Veja”, a militância petista escondeu que o jornal “Folha de S. Paulo” confirmou que, de fato, o doleiro havia dito que os dois petistas sabiam das práticas de bas-fond na Petrobrás. A “deixa” da “Veja” serviu para azeitar o projeto-vingança contra a imprensa que rejeita a tutela petista. Dilma Rousseff — que tende a ser mais moderada — rejeitava, na maior parte do primeiro mandato, e com isso contrariava os reds petistas, a regulação da mídia. Agora, irritada com a “Veja” e, na verdade, com a imprensa em geral — que, efetivamente, torceu pela vitória de Aécio Neves —, a presidente disse que vai mandar para o Congresso Nacional um projeto de regulação econômica da mídia. “Eu não vou regulamentar a mídia no sentido de interferir na liberdade de expressão. Eu vivi sob a ditadura e, por viver sob a ditadura, eu sei o imenso valor da liberdade de imprensa”, desconversou a presidente. Em tese, o projeto não visa censurar jornais e revistas e controlar sua linha editorial. Em tese. O petismo e a presidente sugerem que estão “preocupados” com oligopólios e monopólios, tipo Grupo Globo e, em Goiás, o Grupo Jaime Câmara. Na mesma cidade, os grupos não poderiam ter televisão, rádio e jornal, além de produtos jornalísticos na internet. Parece uma boa ideia e os pacóvios das províncias parecem aprová-la. Porém, do grego Aristóteles ao italiano Nicolau Maquiavel e ao britânico Thomas Hobbes, sabe-se que ideias que parecem positivas costumam às vezes esconder ou embutir ideias negativas. Grandes grupos de comunicação, monopolistas ou não, conseguiram descolar-se do controle do Estado e isto não agrada aqueles que avaliam que o Estado não é uma coisa pública, mas sim praticamente privada, de um partido político. Como conquistaram uma certa independência, por ter vínculos comerciais fortes com o mercado — quanto mais anúncios particulares na “Veja”, na “Época”, na “Folha”, no “Estadão”, em “O Globo”, e em quaisquer outros veículos, mais autonomia —, algumas publicações deixaram, há algum tempo, de ser o sorriso do poder e se tornaram, às vezes não vagamente, o sorriso da sociedade. Aos “controladores” do Estado, que o privatizaram politicamente, tal liberdade não agrada. O combate aos ditos “monopólios”, que agrada alguns veículos de comunicação dos Estados menos aquinhoados com recursos federais — fala-se numa atraente e ilusória regionalização da distribuição das verbas do governo de Dilma Rousseff —, além de acadêmicos das escolas de Comunicação do País, esconde, na verdade, um combate frontal àqueles veículos e empresas que escaparam aos tentáculos de polvo gigante do poder.

Editora Rocco vai relançar três obras do Nobel de Literatura Patrick Modiano em dezembro

Layout 1 A Editora Rocco publicou no Brasil os livros de Patrick Modiano “Ronda da Noite” (tradução de Herbert Daniel, 111 páginas) “Dora Bruder” (tradução de Márcia Cavalcanti Ribas Vieira, 113 páginas), “Do Mais Longe do Esquecimento” (tradução de Maria Helena Franco Martins, 118 páginas), “Uma Rua de Roma”, “Vila Triste” (tradução de Angela Melim, 145 páginas) e “Meninos Valentes” (tradução de Angela Melim, 157 páginas) e a Cosac Naify lançou “Filomena Firmeza” (Flávia Varella, 95 páginas). A Rocco vai relançar, em dezembro, “Ronda da Noite” (uma pesada história sobre colaboracionismo, delação e corrupção dos franceses durante a ocupação nazista na França), “Uma Rua de Roma” (deve ser “Na Rua das Lojas Escuras”, que li numa tradução de Ana Luísa Faria e Miguel Serras Pereira; a edição é da Relógio d’Água. É a história de um homem que tenta recuperar sua memória e reconstruir sua história. É um romance belíssimo) e “Dora Bruder” (romance belo e doloroso sobre uma vítima do nazismo na França; como há escassos dados sobre sua história, exceto que era jovem e rebelde, o narrador imagina, mas não de maneira esclarecedora, e sim elíptica, uma vida para a judia Dora Bruder). “Uma Rua de Roma” ganhou o prêmio Goncourt em 1978. Merecidamente. A Rocco revela, em seu site, que os livros vão ganhar novo projeto gráfico. O anterior é acanhado. Desde que Patrick Modiano ganhou o Nobel de Literatura, seus livros (esgotados na Rocco e livrarias) desapareceram dos sebos. Gastei 152 reais para comprar sete obras. Hoje, quando “Filomina Firmeza” é o único fácil de encontrar, não se acha nenhum volume por menos de 150 reais. Antes, adquiri pelo menos dois exemplares por 4 e 4,5 reais. O valor do frete foi maior. Horace Engdahl, da Academia Sueca, afirma que Patrick Modiano é “um Proust de nosso tempo”. Talvez seja um Proust minimalista e mais próximo do autor de “Em Busca do Tempo Perdido” devido à sua obsessão com a memória. Seus romances são pequenos, com pouco mais de 100 páginas. Sua prosa é rápida, feita de parágrafos curtos e sem concessões ao leitor, que, para absorvê-la da melhor maneira possível — e não se sabe se a percepção é completa —, precisa ler com atenção redobrada, como se fosse um leitor-participante. As lacunas — a literatura de Patrick Modiano é pródiga em lacunas — têm de ser preenchidas pela imaginação do leitor. Fica-se com a impressão de que se está andando ao lado das personagens (os narradores são as figuras centrais), numa espécie de ziguezague permanente. De algum modo, ficamos tão confusos com certa falsa de lógica da vida, no momento em que está ocorrendo ou sendo contada, quanto as personagens. O narrador de “Do Mais Longe do Esquecimento” anda com Jacqueline por Paris e Londres, parece apaixonado pela bela mulher, porém mal sabe quem ela é. Jacqueline, personagem moderna (é uma mulher livre) e enigmática, desaparece-e-aparece-e-desaparece. Sua obsessão? Ir para Maiorca, na Espanha. O motivo? Seria alguma segurança? Nem o narrador sabe direito. Portanto, há um quê de Henry James (quiçá a ambiguidade) e de Marcel Proust (a memória como vital para recuperar a essência e, também, as filigranas da vida, da história), mas a forma de relatar a história, até como se o autor (ou o narrador) não estivesse contando nada de muito interessante e como se nada estivesse acontecendo, é diferente da dos autores de “As Asas da Pomba” e de “Em Busca do Tempo Perdido”. Enquanto James e Proust são adeptos de uma prosa mais arrastada, Patrick Modiano prefere uma prosa veloz e sintética. A literatura de Patrick Modiano é de alta qualidade e a Academia Sueca acertou ao conceder-lhe o Prêmio Nobel de Literatura de 2014.

Crítica do escritor Diogo Mainardi ao Nordeste merece resposta dura mas não é uma questão de Estado

  [caption id="attachment_19534" align="alignleft" width="1000"]Clique na imagem para ampliar Clique na imagem para ampliar[/caption] O Nordeste deu ao Brasil seu maior sociólogo, o pernambucano Gilberto Freyre, autor do clássico “Casa Grande & Senzala”; dois de seus principais prosadores, o alagoano Graciliano Ramos, autor de “Vidas Secas” e “São Bernardo, e a cearense Raquel de Queiroz, autora de “O Quinze” e “Memorial de Maria Moura”; dois de seus poetas mais sofisticados, os pernambucanos Manuel Bandeira, criador de “Estrela da Vida Inteira/Poesia Completa”, e João Cabral de Melo Neto, autor de “Educação Pela Pedra” e “Morte e Vida Severina”; um dos mais gabaritados historiadores, o pernambucano Evaldo Cabral de Mello, autor de “O Brasil Holan­dês” e “O Negócio do Brasil”, e um biógrafo excepcional, o jornalista cearense Lira Neto, autor da celebrada trilogia biográfica sobre o presidente Getúlio Vargas. Podem ser incluídos na lista os poetas Sousân­drade, do Maranhão, Castro Alves e Pedro Kilkerry, da Bahia, e Jorge de Lima, de Alagoas, e o romancista José Lins do Rego, da Paraíba. O Nordeste é pobre, há imensas zonas de atraso — assim como no riquíssimo Estado de São Paulo há grandes ilhas de pobreza (os Estados Unidos têm 46 milhões de pobres — 15% da população). Portanto, quando o escritor Diogo Mainardi, ex-colunista da revista “Veja”, afirma que o Nordeste é uma região “retrógrada” e “bovina”, porque contribuiu para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, a crítica peca pelo excesso. Primeiro, votar na petista não é necessariamente um ato retrógrado. Segundo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, não incluídos como “retrógrados” e “bovinos”, também foram decisivos para a vitória da política que está no poder. No “Manhattan Connection”, programa da Globo News, exibido no domingo, 26, Diogo Mainardi disse sobre o Nordeste: “É uma região atrasada, pouco educada, pouco instruída” e, por isso, “tem uma grande dificuldade para se modernizar na linguagem. A imprensa livre só existe na metade do Brasil para baixo. Tudo que representa a modernidade tá do outro lado”. Puro papo. Os maiores ditadores brasileiros, Getúlio Vargas, Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici, eram todos do Sul do País. O inconsistente Tiririca foi reeleito deputado federal por São Paulo. As diatribes do escritor têm a ver com o clima exacerbado da campanha e com o fato de que adora polêmicas. Porém, transformar o que disse Diogo Mainardi numa questão de Estado é mesmo falta do que fazer. O atacante Hulk, da seleção brasileira, contestou o escritor e disse que ele “não demonstra conhecimento” da “importância” da região para o país. “Infelizmente, o Mainardi demonstra ignorância e arrogância quando critica o Nordeste.” O jogador, mais do que políticos e intelectuais, fez o certo: respondeu prontamente ao ex-colunista da “Veja”. Os nordestinos e seus defensores devem fazer o mesmo: conceder entrevistas e publicar artigos criticando a opinião de Diogo Mainardi. O deputado Silvio Costa, do PSC de Pernambuco, talvez para fazer média com seu Estado e o Nordeste, praticamente exigiu que o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB), mande um ofício à Globo News para que esta exija que Diogo Mainardi se retrate. Se o escritor não aceitar a exigência de retratação, Silvio Costa recomenda que a Câmara processe-o judicialmente. A Justiça é o fórum adequado para se resolver pendengas que têm importância. No caso, o deputado Silvio Costa deveria pedir espaço num grande jornal e expor suas opiniões contrárias às de Diogo Mainardi. Poderia ligar para o editor do “Manhattan Connection”, sem nenhuma “pressão” do Legislativo ou judicial, e pedir alguns minutos para defender o Nordeste, mas admitindo, logicamente, que as pessoas têm direito à opinião — dura ou frágil, certa ou errada — sobre quaisquer assuntos.

Gertrudes e seu homem

cultural3Augusta Faro

As amarguras de Ger­tru­des doíam na alma tropeçante de quem parasse um pouquinho só pa­ra observá-las. Havia um sorriso de penumbra sempre lhe embaçando o olhar cor de chuva, de tormento, de desvairo e de profunda solidão.

Gertrudes apareceu na cidadezinha assim como sarna surge, de repente, sem explicação. Chegou com sua maturidade acalmada, retinta de fogo morto, sobrando apenas cinzas fabulosas. Alugou a casa da viúva Eleonora, do seu To­más, aquele de olhar branco, com os cabelos grudados e que possuía um sorriso tão alto e cheio de estranha sonoridade, que espantava os passarinhos de todas as árvores da praça e os morcegos da torre da igreja de Nossa Senhora do Bom Parto.

Gertrudes montou seu “ateliê de costura” (como escreveu na placa rústica e simpática do portãozinho) e trouxe tecidos de cores primorosas e sem semelhança com outras co­res de uso acostumado. Esses panos passavam uma intranquilidade danada no espírito dos homens de todas as idades e um contentamento esfuziante no espírito das mulheres.

A freguesia cresceu como a brisa de maio, assim silenciosa e rápida, inflexível em sua presença, que rangia de tão cheia de frescor. Ger­tru­des, muito prosa, falava até espumar os cantos da boca e contava grandeza do amor de seu homem, e tocava a pianola, e dava corda nos relógios, e plantava lírios amarelos nos fundos da casa e girassóis no jardim. Mas as amarguras de Gertrudes iam atrás dela, de tão forte presença que se assemelhavam a vultos de espíritos num acampamento solene.

A sociedade amou rapidamente aquela mulher, que dizia com a bo­ca benta de paixão: “Meu ma­ri­do chegou de viagem tarde da noite, agora dorme. É viajante, não tem porto, o coitado. Ama o lar, mas a profissão o consome. Vamos falar baixo, pois, se ele a­cor­dar, fica ansioso o resto do dia”. Puxava a porta, trazia as bo­tinas sujas de lama para perto da ba­cia no corredor do jardim. A ma­la abria sobre duas cadeiras ao sol.

Todo mundo que frequentava o ateliê de costura, sempre ouvia as estórias de Romão, esse nome sempre envolto de onírico mistério ruidoso, palpável e, sobretudo, impenetrável. Ninguém nunca o vira, só si­nais do cavalheiro distinto que “es­tralava” de amores por Gertrudes.

Sempre um presente acompanhava o retorno daquele rapaz escalavrado de vítrea aura impermeável, e que sufocava o ambiente com um perfume de macho saudável, vigoroso e quase satisfeito plenamente.

E Gertrudes fazia bolos e broa, peta e biscoitos, rocamboles com frutas cristalizadas, tão perfumadas, e abarrotava de “quitutes” os guarda-comidas. Sempre ha­via dois pratos, dois copos, duas xícaras, duas chávenas, e as­sim por diante, na enorme mesa “antigona” e toda trabalhada, a­co­modada num salão, só para re­feições. A toalha rendada de branco céu e, em tudo por tudo, uma zelosa harmonia parecia dançar valsa naquele ambiente. O interior da casa sempre sóbrio, elegante e distinto, bonito de se contemplar.

“Gertrudes não é desse mun­do, gente!”, diziam as moças cheias de vida e encantadas com tu­do. Leninha jurou de pé junto que viu mais de uma vez seu Ro­mão atravessar o pátio dos lírios desesperados. E contava na praça: “Ele é lindo, altão, moreno claro, tem uns olhos tão verdes como uma folha de parreira nova. É per­fumado, o homem. Deixou no ar um cheiro tão bom, que nem dei conta de ir embora dali, até que o sol me queimou e, quando ar­deu minha pele, consegui sair andando. Ele tem as mãos longas e ma­cias. Deram-me calafrios. Quando cheguei em casa, tive fe­bre a noite toda. Esse homem veio do começo do mundo, gente!”

A aura do marido de Gertru­des crescia com fama audível, indomável. Seus cheiros, sinais, astros, marcas estavam por todos os cantos e cantoneiras da casa. A curiosidade de vê-lo era atiçada, fora de toda compreensão, quanto mais casos Gertrudes cantava de Romão. De como o conhecera, do dia do casamento, do filho que lhe morreu na barriga, porque um jacaré imenso apareceu rolando no limpo chão.

Esse dia, Gertrudes, entrecortada de dor, pensou que fosse morrer e engomou a mortalha que bordara em noites de espera de Romão. Inteiramente de vidrilhos cor de água, cor de espuma, em desenhos e arabesco geometricamente riscados e que, olhados de longe, imitavam uma biga com sete cavalos e um cavaleiro, como aqueles antigas que corriam nos primórdios dos tempos cristãos, na cidade de Roma, que, de tão conhecida, até pereciam-lhe os encantos.
Era sempre e sempre um martírio sem conta, de uma fundura custosa, aquele sofrido pelas senhoras e moças que visitavam o ateliê de costura de Gertrudes.

E ela voejava pela imensa casa como borboleta, sempre a fazer mil coisas. E, entre uma e outra, olhava-se no espelho e contava mais um caso, e revelava as noites de amor com aquele potro de legítima gentileza e incansável ternura.

No fim de pouco tempo, as pernas das adolescentes, das moças velhas e novas, das donas viúvas e das senhoras casadas tremiam só de pensar em ter de experimentar o vestido, de provar a saia plissada, ou verificar se o chapéu melancólico, mas cheio de luz, estava em ponto de prova satisfatória.

Quem andava com a alma cheia de musgo, zumbindo resignação dolorida de ciúme consistente, como aço, era cada marido, ou cada pai, ou cada irmão.

O perfume de Romão, sempre rarefeito, sufocava e parecia derreter os ossos e nervos das freguesas. E Gertrudes a contar suas noites afogueadas, mostrar os presentes e pedir mais silêncio, pois ele ressonava. Chegara novamente de longa viagem.

A agitação interior das meninas costumava provocar câimbras nos pensamentos delas, as coitadas, ouvintes das confidências pesadas de tão reais, fundindo o coração e a alma, resultando daí um caldo de angustiante desejo e curiosidade sem termo.

Às vezes, quando a ausência da viagem era maior, Gertrudes caía na cama, inapetente, pálida e, todas as tardes, chorava inclementemente, que toda a cidade começava a rezar para que a profunda amargura descesse o rio o deixasse a costureira sossegada. Mas logo chegava o moço, com seus assombros em brasa, seu perfume e paixão indecifráveis, seus suspiros que carbonizavam até planos e bordados. Os quatro cantos da cidade pareciam sacudidos por terremotos dolorosos de tanto carinho.

Ninguém nunca conseguia explicar o porquê da desatinada amargura que emanava sempre e constantemente da costureira Gertrudes, estando o nobre amo e senhor presente ou estando em suas obscuras ausências de ambulante, mascateando miudezas raras e curiosas.
Após mais de ano de tanto martírio, meia dúzia de aventureiras insalubres e desalmadas planejaram invadir o quarto do cavalheiro para vê-lo dormindo e em pelo, pele, suores e suspiros.

Isso, evidentemente, quando Gertrudes fosse às compras na feira do morro ou no mercado velho, onde costumava ficar horas piruetando entre as vendinhas, aproveitando um gole de café, e então contava as façanhas de seu amado distante ou presente bem dentro de sua alcova dominada pela penumbra e cheiro de céu.

Numa manhã cravejada de mau agouro, as meninas tomaram coragem e penetraram no imenso e silencioso recinto. O homem ressonava, coberto de linho puro todo bordado de rosáceas de seda. Bárbara de seu Tonico, o seresteiro afamado, acendeu a vela da cabeceira, enquanto as meninas, devagarinho, para não despertá-lo, foram lhe tocando os linhos com a leveza das mãos e das palavras. O resfolegar da serpente interior das fêmeas mugia solene naquela manhã calorenta e pasmada até a raiz das nuvens.

Com vagar e doçura, foram descobrindo o rosto, os ombros, o meio do corpo daquele homem moreno, fragilizado pelo sono, dormindo tão justo e casto. Até que, por fim, descobriram-no por inteiro, nu, repousando na beleza de um deus grego, tão silencioso como uma estátua perfeita e fascinante de um museu de Tróia.

Era o dia do fim do mundo. Ele, ali, verdadeiro e completo. A menor das moças, Ditinha de Sá Rita, tocou-lhe os lábios. Estavam frios como gelo. Assustadas, vieram todas apalpando os cabelos de seda, os ombros cheios de flores, o peito vigoroso de pelos lisos e dourados e os pés alvos e de perfeição rara de se ver. Ele estava ausente de alma? Habitaria naquele instante o mundo subterrâneo, levado pela “indesejada de todas as gentes?”

Não é possível! Abram as janelas, acendam luzes do alto, escancarem tudo para o sol chegar! O ar fresco, restolho da madrugada há pouco morta, entrou em cheio no aposento. E elas reviravam agora aquele homem acalentado tanto tempo em sonhos, cercado de intenso silêncio e fragilidade exposta.

Os minutos enfraqueciam nos relógios de toda terra, para chegarem a mais esquisita constatação: era um boneco de goma, espécie de uma borracha, perfeito dos perfeitos.
Com mãos trêmulas e úmidas de suores, abriram-lhe com tesoura o ventre delicado viril e incandescente. O grito soou rompendo tímpanos. Uma caixa mecânica incrustada no plexo solar, para que os suspiros, gemidos ali dormitassem cumprindo sua sina cronometrada. O resto era algodão com sementes, saindo aos borbotões. Os olhos de vidro, lindos, brilhantes e lacrimosos. As orelhas, lábios e língua feitos de matéria como uma borracha especial e macia. Gritaram até a outra madrugada chegar. A cidade acorreu em massa. Frei Lauro, o caolho, veio tropeçante em pura castidade, suando frio com roxo beiço tremido.

Depois de três dias de afobação tresloucada, sentiram falta de Gertrudes. Esvaziaram Romão, beijaram-lhe todas as partes, num misto ódio e amor, e o partiram em pedaços nobres e pouco nobres. O perfume no ar, e Gertrudes nunca aparecia. Cada qual pôde levar um pedaço para casa, nem que fosse uma unha, daquele sonho deitado acima de todas as compreensões. As trevas vieram em forma de aguaceiro sem nome, sem tempo, e provocaram mediana enchente, lambendo pontes e pinguelas.

Uma semana depois, na prainha, bem abaixo do matadouro, estava Gertrudes, perfeita como viva, abraçada com os agrados que buscara do seu amado. Eram colônias, sais de banho, presentinhos e enfeites, um anel de pedra lilás, tudo para Romão, homem de suas palavras diurnas e noturnas. Nada sucumbiu à chuvarada e nem à enchente.

Gertrudes guardou entre os seios e braços os presentes do viajante, tudo bem guardadinho, para aquele que havia voltado de mais uma viagem. Mas quem pegou a estrada dessa vez foi Gertrudes, não foi o cavalheiro amoroso. A alma de Gertrudes foi vista mais de uma vez; às vezes, tomava forma de uma pomba sempre esperta e fria.

O corpo em nada foi maculado, mas recendia aquela antiga amargura disfarçante, que ficou repousando por todos os recantos da cidade, vinda daquela mulher que parecia adormecida, na curva maior da prainha, coberta de violetas e solidão. Ninguém nunca esclareceu se a senhora Gertrudes teria morrido na hora exata em que descobriram e violentaram seu sagrado segredo, ou se aguaceiro lhe havia roubado a flor da vida.

Até o último momento, ao fechar o esquife, ainda possuía o frescor dos vivos, a tristeza de quem está partindo e a saudade desmesurada de um ente querido que perdera definitivamente.

Augusta Faro é escritora.

A militância digital como protagonista da campanha de Marconi Perillo

Na mais elástica vitória contra Iris Rezende, o governador Marconi Perillo contou com a energia decisiva de voluntários virtuais, coordenados pelo jornalista João Bosco Bittencourt, que movimentaram o debate político e fizeram multiplicar as ações do candidato pelas redes sociais Untitled-15   Frederico vitor No dia seguinte ao triunfo nas urnas que o conduziu à reeleição, o governador Marconi Perillo imediatamente tratou de avisar em post no Facebook: “Amigas e amigos: ninguém pense que, encerrada a eleição, vamos abandonar as redes sociais. Não fizemos isso no passado, e não vamos fazer agora”. E nem poderia ser diferente. A vitória mais elástica sobre o rival Iris Rezende (PMDB) em segundo turno (57,44% de votos válidos contra 42,56% do ex-prefeito de Goiânia), depois de três embates, se deveu, em grande parte, ao diferencial do tucano: a relação cada vez mais entusiástica com os eleitores que se expandem no mundo virtual. A jornada expansiva de votos, um feito considerado improvável em face de tremendas dificuldades que Marconi enfrentou na primeira metade do governo, teve uma contribuição considerada decisiva: o engajamento 24 horas do experimentado jornalista João Bosco Bittencourt, 53, assessor especial do governador e fascinado por redes sociais que, pela primeira vez no pleito goiano, permitiu ao candidato desfrutar ao máximo destes recursos por meio de sucessivas inovações. No suporte das ações estava a FSB Comunicações e a equipe de Paulo Henrique. Segundo o ranking das maiores agências de comunicação do mundo, World PR Report, a FSB ocupa a 22ª posição como a agência brasileira melhor ranqueada. A estratégia foi consolidar um muito bem estruturado grupo de jovens voluntários apoiadores virtuais, chamados de “aguerridos” pelo governador, que exercitaram em profusão o papel de disseminadores das ações de campanha, das ideias, das propostas e também das críticas do candidato tucano. Na origem desta engrenagem estava João Bosco que detinha a matéria-prima central para as informações: ele acompanhou o governador em todos os acontecimentos de campanha e, pessoalmente, tratava de manter sua rede com fatos online, um esforço nunca visto no país. No caso, a diferença veio à tona por meio da primazia que se deu ao WhatsApp. O aplicativo que permite trocar mensagens pelo celular foi elevado à condição de plataforma-mãe pela facilidade para transmissão de textos, fotos e vídeos. Para chegar ao final da ponta, ou seja, para cumprir a missão de agregar o eleitor indeciso e alcançar simpatizantes, os apoiadores replicavam os acontecimentos online, bem como uma imensidão de produtos próprios, todos marcados pela criatividade. Esta montanha de ingredientes eleitorais, desta forma, chegava naturalmente às mais diferentes cercanias, desde o Facebook até o Twitter e o Instagram. Um levantamento final demonstrou que a campanha de Marconi Perillo no mundo virtual contabilizou 6 mil fotos, 900 vídeos e mais de mil textos. Untitled-1A efervescência de Marconi nas redes sociais contrastava de maneira acintosa com o burocratismo dos demais adversários. Além de Iris, Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT) praticamente apenas cumpriram tabela, ao fazer de suas plataformas montadas à última hora, meros depositários de ações de campanha ou agendas, sem nenhum Upgrade digno de repercussão. Na verdade, o que João Bosco Bittencourt fez ao capitanear a campanha de Marconi nas redes sociais foi multiplicar a já bem-sucedida trajetória do governador neste universo. Sem nenhum recurso ao estilo “robozinho” que turbina o número de seguidores, o tucano chegou, no dia 29 de outubro, três dias após a conquista eleitoral, à marca de 100 mil fãs no Facebook. No Twitter, tem outro contingente admirável: 47,4 mil seguidores. Mesmo no elitista Instagram soma 7.208 interlocutores. O que caberia ao assessor, tendo por base este capital humano, seria fazê-lo ainda mais poderoso. E isso aconteceu. Para se ter uma ideia, algumas invencionices da campanha chegaram a render um número fantástico de visualizações. Trata-se do chamado vídeo-selfie, uma novidade a que pessoalmente Marconi tem uma enorme simpatia. Este feito foi alcançado pela gravação feita pelo próprio governador durante a visita do ex-presidenciável Aécio Neves (PSDB) a Goiânia, no dia 21 de outubro. Ele registrou parte do trajeto entre o Aeroporto Santa Genoveva e a Praça Cívica, com mensagem de ambos que “bombou”. Ao fazer o agradecimento ao eleitorado após a vitória em 26 de outubro, o tucano voltou a usar o mesmo expediente, desta feita ao lado da primeira-dama Valéria Perillo, das filhas Isabella e Ana Luísa: a peça chegou a mais de 800 mil internautas. Os chamados hangouts também tiveram efeito devastador. Marconi foi o único candidato no país a manter um bate-papo permanente, duas vezes por semana, transmitido pela internet, e sempre com a participação de especialistas em determinados temas ou celebridades. Algumas edições também cravaram mais de meio milhão de assistência. É claro que uma andorinha só não faz verão. Alguns analistas mais radicais se inclinam a apontar que vitória nas urnas é resultado, “apenas”, de gestão e mídia. Segundo esta análise, apoio político se agrega naturalmente em face de governos bem-sucedidos. E, quanto aos recursos de divulgação, sai na frente quem tiver mais criatividade, velocidade e “bala na agulha”. Não bastam a TV e o rádio num universo que, cada vez mais, se diversifica nas formas de comunicação. No caso, João Bosco Bittencourt teve o mérito de não considerar as redes sociais como simples auxiliares. Deu a elas papel de protagonismo – e seu candidato se saiu muito bem.